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23/11/2013

Leitura espiritual para 23 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 16, 5-33

5 «Agora vou para Aquele que Me enviou e nenhum de vós Me pergunta: Para onde vais? 6 Mas, porque vos disse estas coisas a tristeza encheu o vosso coração. 7 «Contudo, digo-vos a verdade: A vós convém que Eu vá, porque se não for, o Paráclito não virá a vós; mas, se for, Eu vo-l'O enviarei. 8 Ele, quando vier, convencerá o mundo quanto ao pecado, à justiça e ao juízo. 9 Quanto ao pecado, porque não creram em Mim; 10 quanto à justiça, porque vou para o Pai e vós não Me vereis mais; 11 quanto ao juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. 12 Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não as podeis compreender agora. 13 Quando vier, porém, o Espírito da Verdade, Ele vos guiará no caminho da verdade total, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas que estão para vir. 14 Ele Me glorificará, porque receberá do que é Meu e vo-lo anunciará. 15 Tudo quanto o Pai tem é Meu. Por isso Eu vos disse que Ele receberá do que é Meu e vo-lo anunciará. 16 «Um pouco, e já não Me vereis; outra vez um pouco, e ver-Me-eis, porque vou para o Pai». 17 Disseram então entre si alguns dos Seus discípulos: «Que é isto que Ele nos diz: Um pouco, e já não Me vereis, e outra vez um pouco, e ver-Me-eis? Que significa também: Porque vou para o Pai?». 18 Diziam pois: «Que é isto que Ele diz: Um pouco? Não sabemos o que Ele quer dizer».19 Jesus, conhecendo que queriam interrogá-l'O, disse-lhes: «Vós perguntais uns aos outros porque é que Eu disse: Um pouco, e já não Me vereis, e outra vez um pouco, e ver-Me-eis.20 Em verdade, em verdade vos digo que haveis de chorar e gemer, e o mundo se há-de alegrar; haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria. 21 A mulher, quando dá à luz, está em sofrimento, porque chegou a sua hora, mas, depois que deu à luz a criança, já não se lembra da sua aflição, pela alegria que sente de ter nascido um homem para o mundo. 22 Vós, pois, também estais agora tristes, mas hei-de ver-vos de novo e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos tirará a vossa alegria. 23 Naquele dia, não Me interrogareis sobre nada. «Em verdade, em verdade vos digo que, se pedirdes a Meu Pai alguma coisa em Meu nome, Ele vo-la dará. 24 Até agora não pedistes nada em Meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. 25 «Disse-vos estas coisas em parábolas. Mas vem o tempo em que não vos falarei já por parábolas, mas vos falarei abertamente do Pai. 26 Nesse dia pedireis em Meu nome, e não vos digo que hei-de rogar ao Pai por vós, 27 porque o próprio Pai vos ama, porque vós Me amastes e acreditastes que saí do Pai. 28 Saí do Pai e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo e vou para o Pai». 29 Os Seus discípulos disseram-Lhe: «Eis que agora falas claramente e não usas nenhuma parábola. 30 Agora conhecemos que sabes tudo e que não é necessário que alguém Te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus».31 Jesus respondeu-lhes: «Credes agora?». 32 «Eis que vem a hora, e já chegou, em que sereis espalhados cada um para seu lado e em que Me deixareis só; mas Eu não estou só, porque o Pai está comigo.33 Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em Mim. Haveis de ter aflições no mundo; mas tende confiança, Eu venci o mundo».


VIDA
CAPÍTULO 37.

9. Isto e outras coisas acontece-me dizer, conhecendo primeiro, no entanto, como era suave o lugar que me estava preparado no inferno para o que merecia. Mas algumas vezes desatina tanto o amor, que não me sinto, senão que, em todo o meu juízo, faço estas queixas e tudo me sofre o Senhor. Louvado seja tão grande Rei! Achegarmo-nos aos da terra com estes atrevimentos!... Ainda ao rei, já não me maravilho de que não se ouse falar, que é de razão que se tema e aos senhores que representam ser cabeças; mas já está o mundo de modo que teriam de ser mais longas as vidas para aprender os pontinhos e novidades e maneiras que hoje há de educação, se é que se há-de gastar alguma parte dela em servir a Deus. Eu me benzo de ver o que se passa." O caso é que eu já não sabia como viver quando aqui me meti; porque não se toma por engano quando há descuido em não tratar as pessoas por muito mais do que merecem, senão que tão deveras o tomam por afronta, que é necessário dar satisfações da intenção, se houve, como digo, descuido; e praza ainda a Deus o acreditem.
10. Torno a dizer que, certamente, eu não sabia como viver, porque se vê aflita uma pobre alma. Vê que a mandam que ocupe sempre o pensamento em Deus e que é necessário trazê-lo n'Ele para se livrar de muitos perigos. Por outro lado, vê que cumpre não perder ponto em pontos do mundo, sob pena de dar ocasião a que se tentem os que têm posta a sua honra nestes pontos. Trazia-me isto fatigada e nunca acabava de dar satisfações, porque não podia, embora o tentasse, deixar de cometer muitas faltas nisto, que, como digo, não se têm no mundo por pequenas. E será verdade que nas Religiões, que de razão devíamos ser desculpadas, nestes casos, há desculpa? Não, pois dizem que os mosteiros hão-de ser corte de boa educação e que têm de a saber. Eu, certo é, não posso entender isto. Tenho pensado se algum santo disse que haviam de ser corte para ensinar aos que quisessem ser cortesãos do Céu e o entenderam ao revés. Pois quem, em boa razão, há-de ter contínuo cuidado de contentar a Deus e aborrecer o mundo, não sei como o possa ter tão grande em agradar aos que vivem nele, em coisas que tantas vezes mudam. Ainda se se pudesse aprender de uma vez, passara; mas até para títulos de cartas é já preciso que haja cátedra onde se ensine como se há-de fazer, por assim dizer; porque ora se deixa papel dum lado, ora do outro, e a quem não se costumava dar por magnífico, se há-de dar por ilustre.
11. Eu não sei onde isto irá parar, porque ainda não tenho cinquenta anos e, nos que vivi, tenho visto tantas mudanças, que já não sei viver. Os que agora nascem e viverem muito, que hão-de eles, pois, fazer? Por certo que tenho lástima de gente espiritual que está obrigada a viver no mundo por alguns santos fins, pois é terrível cruz a que nisto levam. Se todos pudessem combinar fazer-se ignorantes e querer que os tivessem por tais nestas ciências, de muito trabalho se livrariam.
12. Mas, em que tolices me tenho metido! Para tratar das grandezas de Deus, meti-me a falar das baixezas do mundo. Pois o Senhor me fez mercê de o ter deixado, quero já sair dele; lá se avenham os que com tanto trabalho sustentam estas ninharias. Praza a Deus que, na outra vida, que é sem mudanças, não as paguemos. Ámen.

CAPÍTULO 38.
Trata dalgumas grandes mercês que o Senhor lhe fez, tanto em mostrar-lhe alguns segredos do Céu, como outras grandes visões e revelações que Sua Majestade teve por bem que visse. Diz os efeitos com que a deixavam e o grande aproveitamento que ficava em sua alma.

1. Estando uma noite tão doente que me queria escusar de ter oração, tomei um rosário para me ocupar vocalmente, procurando não recolher o entendimento, embora no exterior estivesse recolhida num oratório. Quando o Senhor quer, pouco aproveitam estas diligências. Estive assim um pouco, e veio-me um arrebatamento de espírito com tanto ímpeto, que não pude resistir-lhe. Parecia-me estar metida no Céu, e as primeiras pessoas que ali vi foi a meu pai e a minha mãe, e vi coisas tão grandes - em tão breve espaço como o de se poder dizer uma Ave Maria - que fiquei bem fora de mim, parecendo-me muito demasiada mercê.
Isto de durar tão breve tempo, bem pode ser que fosse mais, mas parece-nos muito pouco. Temi que fosse alguma ilusão, ainda que não me parecia. Não sabia que fazer, porque tinha grande vergonha de ir com isto ao confessor; não por humildade, a meu parecer, senão por julgar que faria troça de mim dizendo: com que então temos um S. Paulo ou S. Jerónimo para ver coisas do Céu! E por estes gloriosos santos terem tido coisas destas, isto a mim me fazia mais temor, e não fazia senão chorar muito, porque me parecia que não levava nenhum caminho. Enfim, embora muito o sentisse, fui ao confessor, porque calar alguma coisa jamais o ousava, por mais que sentisse em dizê-la, pelo grande medo que tinha de ser enganada. Ele, como me viu tão aflita, consolou-me muito e disse-me muitas coisas boas para me tirar a pena.
2. Andando mais o tempo, aconteceu-me e acontece ainda algumas vezes. Ia o Senhor mostrando-me maiores segredos. Querer ver a alma mais do que se lhe representa, não há forma, nem é possível, e assim eu não via, de cada vez, senão o que o Senhor me queria mostrar. Era porém tanto, que o menos bastava para ficar espantada e a alma muito aproveitada para estimar e ter em pouco todas as coisas da vida.
Quisera eu poder dar a entender alguma coisa do menos que entendia e, pensando como o poderei fazer, vejo que é impossível. Só a diferença que há entre, esta luz que vemos e a que ali se representa, sendo tudo luz, é tal que não há comparação, porque a claridade do sol parece coisa muito deslustrada. Enfim; não alcança a imaginação, por muito subtil que seja, pintar nem traçar como seja esta luz, nem coisa alguma das que o Senhor me dava a entender com um deleite tão soberano que não se pode dizer. É que todos os sentidos gozam em tão alto grau e suavidade, que não se pode encarecer, e assim é melhor não dizer mais nada.
3. Uma vez havia estado assim mais duma hora, mostrando-me o Senhor coisas admiráveis, parecendo-me que não se tirava de ao pé de mim. Disse-me: Olha, filha, ó que perdem os que são contra Mim; não deixes de lhes dizer isto.
Ai! Senhor meu! e que pouco aproveita o eu falar àqueles a quem suas obras cegam, se Vossa Majestade não lhes dá luz! A algumas pessoas a quem Vós a tendes dado, têm-lhes aproveitado saber as Vossas grandezas; mas vêem-nas, Senhor meu, manifestadas a coisa tão ruim e miserável, que eu tenho em muito o ter-me acreditado alguém. Bendito seja o Vosso nome e misericórdia, pois - ao menos eu - tenho visto em minha alma conhecida melhoria.
Quisera ela depois ficar-se sempre ali e não tornar a viver, porque foi grande o desprezo que me ficou de quanto é cá de baixo; parecia-me lixo e vejo quão baixamente nos ocupamos os que nos detemos nisto.
4. Quando estava com aquela senhora que tenho dito,. aconteceu-me, uma vez, sentir-me mal do coração (porque, como já o disse, tenho sofrido muito dele, embora já não sofra), como ela era de muita caridade, me fez tirar, para as ver, jóias de ouro e pedras preciosas, que as tinha de grande valor, em especial uma de diamantes avaliada em muito. Ela pensou que me alegraria com isso. Eu estava-me rindo comigo mesma e tendo compaixão de ver o que os homens estimam, recordando-me do que o Senhor nos tem guardado e pensava quão impossível me seria, embora eu a mim mesma me quisesse convencer, ter em conta aquelas coisas, se o Senhor não me tirasse a lembrança de outras.
É isto um grande senhorio para a alma, tão grande que não sei se o entenderá senão quem o possuir; é o verdadeiro e natural desapego, que nos vem sem esforço nosso, pois tudo é feito por Deus. É que Sua Majestade mostra estas verdades de tal modo, que ficam tão impressas, que se vê claramente que, por nós mesmos, não poderíamos adquirir isto, desta maneira, em tão breve tempo.
5. Ficou-me também pouco medo à morte, a qual eu sempre temia muito. Parece-me agora coisa facílima para quem serve a Deus, porque num momento se vê a alma livre deste cárcere e posta em descanso. Este levar Deus o espírito nestes arroubamentos, e mostrar-lhe coisas tão sublimes, afigura-se-me a mim muito semelhante a quando uma alma sai do corpo, que num instante se vê em todo este bem; deixemos as dores de quando se arranca, que disso pouco caso se há-de fazer; e, os que deveras amarem a Deus e tiverem dado de mão às coisas desta vida, mais suavemente devem morrer.
6. Também me parece que me aproveitou muito para conhecer a nossa verdadeira pátria e ver que somos cá na terra peregrinos, e grande coisa é ver o que há por lá e saber onde havemos de viver. Porque, se alguém tem de ir viver com sossego em uma terra, é-lhe de grande ajuda para passar os trabalhos do caminho, já ter visto que é lugar onde há-de viver muito a seu descanso; é-o também para considerar com facilidade as coisas celestiais e procurar que seja lá a nossa conversação. Isto é de muito lucro. Só o olhar para o Céu recolhe a alma, porque, como o Senhor se dignou mostrar algo do que lá há, está-se pensando no que se viu, e acontece-me, algumas vezes, que os que me acompanham e com quem me consolo, são os que eu sei que lá vivem; esses é que verdadeiramente me parecem os vivos, e os que cá vivem tão mortos, que todo o mundo, dir-se-ia, não me faz companhia, em especial quando tenho aqueles ímpetos.
7. Tudo me parece um sonho e que é burla o que vejo com os olhos do corpo. O que já tenho visto com os da alma, é o que ela deseja e, como se vê longe, este é o morrer. Enfim, é grandíssima a mercê que o Senhor faz a quem dá semelhantes visões; porque a ajuda muito e também a levar uma pesada cruz, porque nada a satisfaz, tudo lhe dá no rosto. E se o Senhor não permitisse, às vezes, que se olvidasse, embora se torne a lembrar, não sei como se poderia viver. Bendito seja e louvado para sempre jamais!
Praza a Sua Majestade, pelo Sangue que Seu Filho derramou por mim, visto ter querido que eu entenda alguma coisa de tão grandes bens e comece de algum modo a gozar deles, não me aconteça o mesmo que a Lúcifer que, por sua culpa, perdeu tudo. Não o permita Ele por quem é! Não tenho pouco temor algumas vezes, embora por outra parte, e é muito habitual, a misericórdia de Deus dá-me segurança de que, pois me tirou de tantos pecados, não quererá deixar-me de Sua mão, para que me perca. Isto suplico eu a V. Mercê que sempre Lhe peça.
8. Não são porém tão grandes as ditas mercês, segundo julgo, como esta que agora direi, por muitas causas e grandes bens que dela me ficaram, particularmente a grande fortaleza de alma; embora vista cada coisa de per si é, porém, tão grande que não há com que a comparar.
9. Um dia, na véspera do Espírito Santo, depois da Missa, fui para um lugar bem apartado, onde eu rezava muitas vezes, e comecei a ler num Cartusiano o referente a esta festa. Lendo os sinais que devem ter os que começam e aproveitam e os perfeitos, para se conhecer se está com eles o Espírito Santo, e depois de ter lido estes três estados, pareceu-me, tanto quanto podia perceber, que, por bondade de Deus, não deixava Ele de estar comigo. Estando-O eu louvando e recordando-me que, duma outra vez que o tinha lido, estava bem falha de tudo aquilo, que isso via eu muito bens assim como agora entendia o contrário de mim, conheci que era grande a mercê que o Senhor me tinha feito. E assim comecei a considerar o lugar que tinha merecido no inferno pelos meus pecados e dava muitos louvores a Deus, porque me parecia que nem conhecia a minha alma tanto a via mudada. Estando nesta consideração, deu-me um ímpeto grande sem entender o motivo; parecia que a alma me queria sair do corpo, porque não cabia nele, nem se achava capaz de esperar tanto bem. Era ímpeto tão excessivo, que eu não o podia reprimir e, segundo me parece, diferente de outras vezes, nem entendia o que tinha a alma, nem o que queria, que tão alterada estava. Encostei-me, que nem sentada podia estar, porque me faltava toda a força natural.

santa teresa de jesus


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