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06/11/2013

Leitura espiritual para 06 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 8, 21-41

21 Jesus disse-lhes mais: «Eu retiro-Me: vós Me buscareis, e morrereis no vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir». 22 Diziam, pois, os judeus: «Será que Ele Se mate a Si mesmo, pois diz: Para onde Eu vou, vós não podeis ir?». 23 Ele disse-lhes: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. 24 Por isso Eu vos disse que morreríeis nos vossos pecados; sim, se não crerdes que “Eu sou”, morrereis nos vossos pecados». 25 Disseram-Lhe então eles: «Quem és Tu?». Jesus respondeu-lhes: «É exactamente isso que Eu vos estou a dizer. 26 Muitas coisas tenho a dizer e a julgar a vosso respeito, mas O que Me enviou é verdadeiro e o que ouvi d'Ele é o que digo ao mundo». 27 Eles não compreenderam que Jesus lhes falava do Pai.28 Jesus disse-lhes mais: «Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis que “Eu sou” e que nada faço por Mim mesmo, mas que, como o Pai Me ensinou, assim falo. 29 O que Me enviou está comigo, não Me deixou só, porque Eu faço sempre aquilo que é do Seu agrado». 30 Dizendo estas coisas, muitos acreditaram n'Ele. 31 Jesus disse então aos judeus que creram n'Ele: «Se vós permanecerdes na Minha palavra sereis verdadeiramente Meus discípulos, 32 conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres». 33 Eles responderam-Lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravosde ninguém; como dizes Tu: Sereis livres?». 34 Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. 35 Ora o escravo não fica para sempre na casa, mas o filho é que fica nela para sempre. 36 Por isso, se o Filho vos livrar, sereis verdadeiramente livres. 37 Bem sei que sois descendentes de Abraão, mas procurais matar-Me porque a Minha palavra não penetra em vós. 38 Eu digo o que vi em Meu Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai». 39 Eles replicaram: «O nosso pai é Abraão». Jesus disse-lhes: «Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão. 40 Mas agora procurais matar-Me, a Mim, que vos disse a verdade que ouvi de Deus. Abraão nunca fez isto. 41 Vós fazeis as obras do vosso pai». Eles disseram-Lhe: «Nós não somos filhos da prostituição, temos um pai que é Deus».


VIDA

CAPÍTULO 27.

15. E pensamos que se serve já mais a Deus em que nos tenham por sábios e discretos! Isso deve ser, segundo se usa de discrição. Logo nos parece que é de pouca edificação não andar, cada um em seu estado, com muita compostura e autoridade. Até o frade, o clérigo e a freira nos parecerá que, trazerem coisa velha e remendada, é novidade e dar escândalo aos fracos; e até o estarem muito recolhidos e ter oração, conforme está o mundo e tão olvidadas as coisas de perfeição de grandes ímpetos que tinham os santos, que penso faz mais dano às desventuras que se vêem nestes tempos e que não daria escândalo a ninguém os religiosos darem a entender por obras, como o dizem por palavras, o pouco em que se há-de ter o mundo; pois, destes escândalos, o Senhor tira grandes proveitos. E se uns se escandalizam, outros entram em si e têm remorsos. Houvesse sequer um esboço do que passou Cristo e Seus Apóstolos, pois agora, mais do que nunca, é preciso.
16. E, que bom aquele que Deus nos levou agora no bendito Frei Pedro de Alcântara! Não está já o mundo para sofrer tanta perfeição. Dizem que estão as saúdes mais fracas e que não estamos nos tempos passados. Este santo homem era deste tempo; estava tão robusto o seu espírito como em outros tempos e, por isso, tinha o mundo debaixo dos pés. Pois, embora não andem desnudos nem façam tão áspera penitência como ele, muitas coisas há, como outras vezes tenho dito, para se pisar o mundo e o Senhor as ensina quando vê ânimo. E que grande lho deu Sua Majestade a este santo que digo, para fazer quarenta e sete anos tão áspera penitência, como todos sabem! Quero dizer algo dela, porque sei que tudo é verdade.
17. Foi ele que mo disse a mim e a outra pessoa de quem pouco se encobria. A causa de mo dizer era a amizade que me tinha, porque quis o Senhor que a tivesse para acudir por mim e me animarem tempos de tanta necessidade, como tenho dito e direi. Parece-me que me disse que em quarenta anos só tinha dormido hora e meia entre noite e dia, e o maior trabalho de penitência que teve nos princípios foi o de vencer o sono, e para isto estava sempre de joelhos ou de pé. Só dormia sentado e a cabeça encostada a um madeirozito que tinha pregado à parede. Deitado, embora quisesse, não podia, porque sua cela, como se sabe, não tinha de comprimento mais que quatro pés e meio.
Em todos estes anos jamais pôs o capuz, por grandes sóis e chuvas que houvesse, nem nada nos pés, nem vestido, a não ser um hábito de estamenha, sem nenhuma outra coisa sobre a carne, e este tão apertado que mal se podia sofrer e uma capa do mesmo pano por cima. Dizia-me que, nos grandes frios, a tirava e deixava a porta e o postigo da cela abertos para que, pondo depois a capa e cerrando a porta, contentava o corpo, para que sossegasse com mais abrigo. Comer de três em três dias era o mais normal, e perguntou-me porque me espantava, pois era muito possível a quem se acostumava a isso. Um seu companheiro disse-me que lhe acontecia estar oito dias sem comer. Devia ser estando em oração, porque tinha grandes arrobamentos e ímpetos de amor de Deus, de que uma vez fui testemunha?
18. Sua pobreza era extrema, e foi tal a sua mortificação na mocidade, que me disse que lhe havia acontecido estar três anos numa casa da sua Ordem e não conhecera frade, a não ser pela fala; porque não levantava nunca os olhos, e assim nem aos lugares aonde de necessidade tinha de ir sabia, a não ser indo atrás dos frades. Isto também lhe acontecia pelos caminhos. A mulheres jamais fitava; e isto durante muitos anos. Dizia-me que já tanto se lhe dava ver como não ver. Já era muito velho quando o vim a conhecer, e tão extrema a sua fraqueza, que não parecia senão feito de raízes de árvores.
Com toda esta santidade era muito afável, embora de poucas palavras, a menos que fosse interrogado. Nestas era muito ameno, porque tinha um mui lindo entendimento. Outras muitas coisas quisera eu dizer, mas tenho medo de que V. Mercê me diga para que me meto nisto, e com este medo tenho escrito. Assim termino dizendo que foi o seu fim como a sua vida: pregando e admoestando os seus frades. Quando viu que já se acabava disse o Salmo: Laetatus sum in his quae dicta sunt mihi; e, posto de joelhos, morreu.
19. Depois tem sido o Senhor servido que eu tenha mais ajuda dele que em vida, aconselhando-me em muitas coisas. Tenho-o visto muitas vezes com grandíssima glória. Disse-me, a primeira vez em que me apareceu: bem-aventurada penitência que tanto prémio lhe havia merecido, e outras muitas coisas. Um ano antes de morrer, apareceu-me estando ausente, e eu soube que havia de morrer e o avisei, estando a algumas léguas daqui. Quando expirou, apareceu-me e disse-me que ia descansar. Eu não o acreditei e disse-o a algumas pessoas; e, passados oito dias, veio a notícia de que tinha morrido, ou que tinha começado a viver para sempre, para melhor dizer.
20. Ei-la aqui acabada esta aspereza de vida com tão grande glória. Parece-me que muito mais me consola agora, do que quando cá estava. Disse-me uma vez o Senhor que não se Lhe pediria coisa alguma em seu nome que não a ouvisse. Muitas que lhe tenho encomendado para que as peça ao Senhor, as tenho visto cumpridas. Seja bendito para sempre. Amen.
21. Mas, quantas palavras tenho dito para levar V. Mercê a não estimar em nada coisa alguma desta vida, como se não o soubesse, ou não estivesse já determinado a deixar tudo e o não tivesse posto por obra. Vejo tanta perdição no mundo que, embora não aproveite mais o dizê-lo que eu cansar-me de o escrever, me serve de descanso, ainda que é contra mim tudo o que digo. O Senhor me perdoe o que neste caso O tenho ofendido, e V. Mercê, que o canso sem propósito. Parece que quero que faça penitência do que eu nisto pequei.

CAPÍTULO 28. 
Trata das grandes mercês que lhe fez o Senhor e como Ele lhe apareceu a primeira vez. Declara o que é visão imaginária. Diz os grandes efeitos e sinais que deixa quando é de Deus. É muito proveitoso este capítulo e digno de se ter em conta.

1. Voltando ao nosso propósito, passei alguns, poucos dias, com esta visão muito contínua e fazia-me tanto proveito, que não saía de oração; e tudo quanto fazia, procurava fosse de sorte a não descontentar Aquele que via tão claramente que tinha por testemunha. E, ainda que algumas vezes temia com o muito que me diziam, durava pouco o temor, porque o Senhor me assistia.
Estando um dia em oração, quis o Senhor mostrar-me só as mãos com tão grandíssima formosura, que não o poderia eu encarecer. Causou-me isto grande temor, porque qualquer novidade faz com que eu o tenha grande nos princípios de qualquer mercê sobrenatural que o Senhor me faça. Poucos dias depois, vi também aquele divino rosto que de todo, me parece, me deixou absorta. Não podia eu entender porque era que o Senhor se mostrava assim pouco a pouco, visto que depois me havia de fazer mercê de que O visse de todo, até compreender que o Senhor me ia levando conforme a minha fraqueza natural. Seja bendito para sempre, porque tanta glória junta, uma criatura tão baixa e ruim não a poderia suportar e, como quem isto sabia, ia o piedoso Senhor dispondo.
2. Parecerá a V. Mercê que não era preciso muito esforço para ver umas mãos e rosto tão formoso. São-no tanto os corpos glorificados, que a glória que trazem consigo, e o ver coisa tão sobrenaturalmente formosa, desatina e, assim, me causava tanto temor, que toda me perturbava e alvorotava, embora depois ficasse com certeza e segurança e com tais efeitos que depressa perdia o temor.
3. Um dia de São Paulo, estando na Missa, se me representou toda esta Humanidade sacratíssima, como se pinta ressuscitado, com tanta formosura e majestade, como particularmente escrevi a V. Mercê, quando instantemente mo mandou, o que se me fez assaz custoso, porque nada se pode dizer que não seja antes desfazer; mas o melhor que soube já o disse, e assim não há para que voltá-lo a dizer aqui. Só digo que, quando outra coisa não houvesse para deleitar a vista no Céu, senão a grande formosura dos corpos glorificados, bastaria para causar grandíssima glória, em especial ver a Humanidade de Jesus Cristo, Senhor Nosso, ainda que aqui se mostre Sua Majestade conforme ao que pode sofrer a nossa miséria; que será no Céu onde de todo se goza de tal bem?
4. Esta visão, embora seja imaginária, nunca a vi com os olhos corporais, nem a nenhuma, senão com os olhos da alma.
Dizem os que o sabem melhor do que eu, ser mais perfeita a visão passada do que esta, e esta muito mais do que as que se vêem com os olhos corporais. Estas, dizem, são as mais baixas e onde o demónio mais ilusões pode fazer, embora eu então não pudesse entender tal, e desejava, já que se me fazia esta mercê, que fosse vendo-a com os olhos corporais, para que me não dissesse o confessor que era ilusão. E também me acontecia, depois de passada a visão - isto era logo em seguida -, pensar eu também que seria ilusão minha e afligia-me de tê-lo dito ao confessor, julgando que o teria enganado. Aqui era outro pranto, e ia a ele dizer-lho. Perguntava-me se a mim assim me parecia, ou se eu o tinha querido enganar. Eu lhe dizia a verdade, porque, a meu parecer, não mentia, nem tal havia pretendido, nem por coisa alguma do mundo diria uma coisa por outra. Isto bem o sabia ele e assim procurava sossegar-me, e eu sentia tanto em ir a ele com estas coisas, que não sei como o demónio me incutia o medo de que o poderia fingir para me atormentar a mim mesma.
Mas o Senhor deu-Se tanta pressa em fazer-me esta mercê e declarar esta verdade que bem depressa se me tirou a dúvida se era ilusão, e depois vi muito claramente a minha tolice: porque se estivesse muitos anos imaginando como figurar coisa tão formosa, não poderia nem saberia, porque excede a tudo quanto cá na terra se pode imaginar, até só a brancura e resplendor.
5. Não é resplendor que deslumbre, mas uma brancura suave e resplendor infuso, que dá grandíssimo deleite à vista e não a cansa, como não cansa a claridade com que se contempla esta formosura tão divina. É uma luz tão diferente desta de cá, que a claridade do sol que vemos, parece coisa tão deslustrada, em comparação daquela luz que se representa à vista, que não se quereriam depois abrir os olhos. É como ver uma água muito clara que corre sobre cristal e reverbera nela o sol, e uma muito turva e com grande nevoeiro que corre por cima de terra. Não que se represente sol, nem que a luz seja como a do sol; parece, enfim, luz natural, e estoutra coisa artificial. É luz que não tem noite mas, como sempre é luz, nada a turva. Enfim, é de sorte que, por grande entendimento que uma pessoa tivesse, em todos os dias da sua vida não a poderia imaginar como é. E põe-na Deus diante tão de súbito, que até não daria lugar a abrir os olhos, se fosse preciso abri-los; mas não faz mais ao caso estarem abertos ou fechados, quando o Senhor quer porque, embora não queiramos, se vê. Não há diversão que baste, nem há poder de se resistir, nem assaz diligência nem cuidado para isso. Isto tenho-o eu bem experimentado, como direi.
6. O que eu agora quereria dizer é o modo como o Senhor .se mostra nestas visões. Não digo que declararei de que maneira pode ser impressa esta luz tão forte no sentido interior, e no entendimento imagem tão clara, que parece que verdadeiramente está ali, porque isto é de letrados. Não quis o Senhor dar-me a entender o como, e sou tão ignorante e de tão rude entendimento que, embora muito mo tenham querido declarar, ainda não acabei de entender o como. E isto é certo: embora a V Mercê lhe pareça que tenho vivo entendimento, não o tenho; porque, em muitas coisas, experimentei que ele não compreende mais do que lhe dão a comer, como dizem. Algumas vezes se espantava, quem me confessava, de minhas ignorâncias; e jamais me dei ao trabalho de entender, nem mesmo o desejava, como Deus faz isto ou como pode ser. Nem o perguntava, ainda que - como tenho dito -, de há muitos anos para cá tratava com bons letrados. Se uma coisa era pecado ou não, isto sim; no mais, não era para mim preciso, senão pensar que Deus fez tudo e via não haver de que me espantar, mas sim motivo de O louvar. Antes me fazem devoção as coisas dificultosas e tanto mais, quanto mais o são.

santa teresa de jesus


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