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03/11/2013

Leitura espiritual para 03 Nov 2013

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 6, 52-71

52 Disputavam, então, entre si os judeus: «Como pode Este dar-nos a comer a Sua carne?». 53 Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue não tereis a vida em vós. 54 Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia. 55 Porque a Minha carne é verdadeiramente comida e o Meu sangue verdadeiramente bebida. 56 Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue permanece em Mim e Eu nele. 57 Assim como Me enviou o Pai que vive e Eu vivo pelo Pai, assim quem Me comer a Mim, esse mesmo também viverá por Mim. 58 Este é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que comeram os vossos pais, e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente». 59 Jesus disse estas coisas ensinando em Cafarnaum, na sinagoga. 60 Muitos dos Seus discípulos ouvindo isto, disseram: «Dura é esta linguagem! Quem a pode ouvir?». 61 Jesus, conhecendo em Si mesmo que os Seus discípulos murmuravam por isto, disse-lhes: «Isto escandaliza-vos? 62 Que será quando virdes subir o Filho do Homem para onde estava antes? 63 É o Espírito que vivifica; a carne para nada aproveita. As palavras que Eu vos disse são espírito e vida. 64 Mas há alguns de vós que não crêem». Com efeito Jesus sabia desde o princípio quais eram os que não acreditavam, e quem havia de O entregar. 65 Depois acrescentou: «Por isso Eu vos disse que ninguém pode vir a Mim se não lhe for concedido por Meu Pai». 66 Desde então muitos dos Seus discípulos retiraram-se e já não andavam com Ele. 67 Por isso Jesus disse aos doze: «Também vós quereis retirar-vos?». 68 Simão Pedro respondeu-Lhe: «Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna. 69 E nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus». 70 Jesus replicou: «Não fui Eu que vos escolhi a vós, os doze? E, contudo, um de vós é um demónio». 71 Falava de Judas, filho de Simão Iscariotes, porque era este que O havia de entregar, não obstante ser um dos doze.


VIDA

CAPÍTULO 24.

Prossegue o mesmo assunto e diz como foi progredindo a sua alma, depois que começou a obedecer e o pouco que lhe aproveitava resistir às mercês de Deus e como Sua Majestade lhas ia fazendo maiores.

1. Ficou minha alma tão branda desta confissão, que parecia não havia coisa a que não me dispusesse; e assim comecei a mudar em muitas coisas, ainda que o confessor não apertasse comigo, antes parecia fazer pouco caso de tudo. Com isto movia-me mais, porque me levava por via de amar a Deus e como quem me deixava libertada e não me constrangia, se à isto me não pusesse por amor.
Estive assim quase dois meses, pondo todo o meu esforço em resistir aos regalos e mercês de Deus. Quanto ao exterior, via-se a mudança, porque já o Senhor começava a dar-me ânimo para passar por algumas coisas que pareciam exageros como diziam pessoas que me conheciam e até as da mesma casa. E do que eu antes fazia, tinham razão, que era em extremo; mas, naquilo a que era obrigada pelo hábito e profissão que tinha, ficava muito aquém.
2. Lucrei, deste resistir a gostos e regalos de Deus, o ensinar-me Sua Majestade; porque antes eu julgava que, para Ele me dar regalos na oração, era preciso muito retiro e quase não ousava bulir. Vi depois o pouco que isso fazia ao caso; porque, quanto mais procurava distrair-me, mais me cobria o Senhor daquela suavidade e glória que parecia me rodeava toda e que por nenhuma parte poderia fugir e assim era. Tinha eu tanto cuidado, que me causava pesar. O Senhor tinha-o maior para me fazer mercês e em assinalar a Sua acção muito mais do que costumava, nestes dois meses, para que eu melhor entendesse que mais não estava em minha mão. Comecei a sentir de novo amor à Sacratíssima Humanidade. Começou-se a assentar a oração como edifício que já tinha alicerce e eu a afeiçoar-me a mais penitência, de que andava descuidada por serem tão grandes minhas enfermidades. Disse-me aquele varão santo que me confessou, que algumas coisas não me poderiam fazer mal. Porventura me dava Deus tanto mal porque, como eu não fazia penitência, queria-ma dar Sua Majestade. Mandava-me fazer algumas mortificações não muito saborosas para mim. Tudo fazia, porque me parecia que mo mandava o Senhor, e dava-lhe graça para que mo mandasse de maneira a que eu lhe obedecesse. Minha alma ia já sentindo qualquer ofensa que fizesse a Deus, por pequena que fosse, de maneira que, se tinha alguma coisa supérflua, não podia descansar até que a eliminasse. Fazia muita oração para que Deus me tivesse de Sua mão; pois tratava com Seus servos, não permitisse que voltasse atrás, o que me parecia fora grande delito, e eles perderem crédito por mim.
3. Neste tempo veio a este lugar o Padre Francisco, que era duque de Gandia e havia já alguns anos que, deixando tudo, entrara na Companhia de Jesus. Procurou o meu confessor, e o cavaleiro que tenho dito - e também me vinha ver - que eu lhe falasse e desse conta da oração que tinha, pois sabia que ele ia muito adiante em ser muito favorecido e regalado por Deus; como a quem tinha deixado muito por Ele, já nesta vida lho pagava. Assim, depois de me ter ouvido, disse-me que era espírito de Deus e lhe parecia já não era bem resistir-Lhe mais. Até então havia sido bem feito, mas que começasse sempre a oração por um passo da Paixão e, se depois o Senhor me levasse o espírito, Lhe não resistisse, mas o deixasse levar a Sua Majestade, não o procurando eu. Como quem ia bem adiante, deu o remédio e o conselho, pois fazia nisto muito a experiência. Disse que já era erro o resistir mais. Eu fiquei muito consolada e o cavaleiro também; alegrou-se muito com que dissesse que era espírito de Deus e sempre me ajudava e dava conselhos no que podia, que era muito.
4. Neste tempo mudaram o meu confessor deste para outro lugar, o que eu senti mui muito, porque pensei havia de voltar a ser ruim e não me parecia possível achar outro como ele. Ficou a minha alma como num deserto, muito desconsolada e temerosa. Não sabia que fazer de mim. Uma parenta minha tratou de me levar para sua casa e logo cuidei de procurar outro confessor nos da Companhia. Foi o Senhor servido que eu começasse a tomar amizade com uma senhora viúva, de muita qualidade e oração, que tratava muito com eles. Fez-me confessar a seu confessor e estive em sua casa muitos dias; vivia ali perto. Eu consolava-me por tratar muito com eles porque, só de entender a santidade de seu trato, era grande o proveito que a minha alma sentia.
5. Este Padre começou a pôr-me em maior perfeição. Dizia-me que, para de todo contentar a Deus, não havia de deixar nada por fazer; também com muita prudência e brandura, porque não estava ainda a minha alma nada forte, mas sim muito tenra, em especial em deixar algumas amizades que tinha. Embora não ofendesse a Deus com elas, era muita a afeição e parecia-me a mim que era ingratidão deixá-las e assim dizia-lhe que, pois não ofendia a Deus, porque havia eu de ser desagradecida. Disse-me que encomendasse o caso a Deus por alguns dias e rezasse o hino Veni Creator para que me inspirasse naquilo que era o melhor. Tendo estado um dia muito em oração e suplicado ao Senhor que me ajudasse a contentá-Lo em tudo, comecei o hino; e estando-o a dizer, veio-me um arroubamento tão súbito que quase me tirou de mim, coisa de que eu não pude duvidar, por que foi muito claro. Foi a primeira vez que o Senhor me fez esta mercê de arrobamentos  Compreendi estas palavras: já não quero que tenhas conversações com homens, senão com anjos. A mim me causou isto muito espanto, porque o movimento da alma foi grande e muito em espírito me foram ditas estas palavras e assim atemorizei-me, embora, por outra parte, me desse grande consolo, o qual me ficou depois de sossegar. A meu parecer, isso foi causado pela novidade.
6. Isto tem-se cumprido bem, pois nunca mais tenho podido assentarem amizade, nem ter consolação, nem amor particular, senão a pessoas que percebo que o têm a Deus e O procuram servir. Se não entendo isto, ou que é pessoa que trata de oração, é para mim cruz penosa tratar com alguém. Nem isso está na minha mão, nem faz ao caso serem parentes ou amigos. Isto é assim sem dúvida, segundo o meu parecer.
7. Desde aquele dia fiquei tão animosa para deixar tudo por Deus, como se Ele, naquele momento - não me parece ter sido mais - quisesse deixar outra a Sua serva. Assim, não foi necessário que mo tornassem a mandar; porque o confessor, como me via tão apegada a isto, não tinha ousado dizer determinadamente que o fizesse. Devia estar aguardando que o Senhor operasse, como o fez. Nem pensei podê-lo conseguir, porque já eu mesma o tinha tentado, mas era tanta a pena que me dava que, como coisa em que me parecia não haver inconveniente, o deixava. Aqui já me deu o Senhor liberdade e força para o pôr por obra. Assim o disse ao confessor e deixei tudo, conforme me mandou. Fez não pouco proveito à pessoa com quem eu tratava, verem mim esta determinação.
8. Seja Deus bendito para sempre que, num momento, me deu a liberdade que eu, com todas as diligências quantas tinha feito em muitos anos, não tinha podido alcançar por mim; ainda que fazendo muitas vezes tão grande esforço, que me prejudicava à saúde. Como foi feito por Quem é poderoso e Senhor verdadeiro de tudo, nenhuma pena me causou.

CAPÍTULO 25. 
Trata da maneira como se entendem estas falas que Deus faz à alma, sem se ouvirem, e de alguns enganos que pode haver nisso e em que se conhecerá quando é engano. É muito proveitoso para quem se encontrar neste grau de oração, porque é muito bem explicado e de grande doutrina.

1. Parece-me que será bom declarar como é este falar de Deus à alma e o que ela sente, para que V. Mercê o entenda? Porque, desde esta vez que disse, em que o Senhor me fez esta mercê, até agora, tem sido muito frequente, como se verá no que está por dizer.
São umas palavras muito bem articuladas, mas que não se ouvem com os ouvidos corporais, e se entendem muito mais claramente que se se ouvissem. Deixar de ó entender, por mais que se resista, é impossível. Cá na terra, quando não queremos ouvir, podemos tapar os ouvidos ou prestar atenção a outra coisa, de modo a que, embora se oiça, não se perceba. Nestas práticas, porém, que Deus faz à alma, não há nenhum remédio, porque, embora me pese, me fazem escutar e estar o entendimento tão atento para compreender aquilo que Deus quer que entendamos, que não há querer ou deixar de querer. Aquele que tudo pode, quer que entendamos que se há-de fazer o que Ele quer, e mostra-Se verdadeiro Senhor nosso. Isto tenho eu experimentado muito, porque andei quase dois anos resistindo, pelo grande medo que trazia, e ainda agora tento fazê-lo algumas vezes, mas de pouco me aproveita:
2. Quisera eu declarar os enganos que pode aqui haver, (ainda que, para quem tenha muita experiência, julgo que serão poucos ou nenhum; mas esta experiência há-de ser muita) e a diferença que há, de quando o espírito é bom ou mau, ou como também pode ser apreensão do mesmo entendimento - o que poderia acontecer - ou falar o mesmo espírito a si mesmo. Isto não sei se pode ser, mas ainda hoje me pareceu que sim.
Quando é obra de Deus, tenho bem provado que, em muitas coisas que. se me diziam dois ou três anos antes, todas se têm cumprido, e até agora nenhuma tem saído mentira; e outras coisas onde se vê claramente ser espírito de Deus, como depois se dirá.
3. Parece-me a mim que, estando uma pessoa a encomendar uma coisa a Deus, com grande afecto e preocupação, poderá afigurar-se-lhe que percebe alguma coisa, se isso se fará ou não, e isto é muito possível. Embora quem tenha entendido desta outra maneira, verá claramente o que é, porque é muita a diferença. Se é coisa fabricada pelo entendimento, por muito subtil que seja, ele entende que é ele quem ordena algo e quem fala. O que não é outra coisa senão alguém estar a compor o que há-de dizer ou a escutar o que outro lhe diz, e verá o entendimento, que então não escuta, pois que actua; e as palavras que ele assim fabrica são como coisa surda, fantasiada, e não têm a claridade destas outras. Aqui está na nossa mão tanto o distrair-nos como calar quando falamos; neste não há meio.
E outro sinal, maior que todos, é que estas falas do entendimento não operam. Esta outra que diz o Senhor, são palavras e obras. Mesmo que as palavras não infundam devoção, mas repreensão, logo à primeira dispõem uma alma e a habilitam, enternecem, dão luz, regalam e aquietam. E se a alma estava com aridez ou alvoroço ou desassossego de alma como com a mão lho tira; ainda melhor: dir-se-ia que o Senhor quer que se entenda que é poderoso e que Suas palavras são obras.
4. Parece-me que esta diferença é, nem mais nem menos como a que há quando falamos ou ouvimos. Porque o que eu falo, como já disse, eu o vou ordenando com o entendimento; mas se me falam, não faço mais que ouvir sem nenhum trabalho. No primeiro caso é como uma coisa que nós não podemos bem deter minar se é ou não, é como alguém que está meio adormecido; no outro é voz tão clara, que não se perde uma silaba do que se ouve dizer. E acontece ser em momentos em que o entendimento e a alma estão tão alvorotados e distraídos, que não acertariam a ajustar uma boa razão e, no que lhe dizem encontram cozinhadas grandes sentenças que ela, mesmo estando muito recolhida, não poderia alcançar e, à primeira palavra, como digo, de todo a mudam. Especialmente no arroubamento, em que as potências estão suspensas, como se entenderão coisas que antes não tinham ainda vindo à memória? Como virão então, se quase não opera, e a imaginação está como embevecida?
5. Advirta-se que quando se vêem visões ou quando se ouvem estas palavras, nunca é - a meu parecer - enquanto a alma está unida no mesmo arroubamento; porque então, como já deixei declarado, creio que na segunda água, de todo se perdem todas as potências e, segundo me parece, ali nem se pode ver, nem entender, nem ouvir. Está toda ela debaixo de outro poder, e neste tempo, que é muito breve, não me parece que o Senhor lhe deixe liberdade para nada. Passado este breve tempo, em que a alma fica ainda em arroubamento, é que se dá isto que digo; porque ficam as potências de modo que, embora não estejam perdidas, quase nada operam; estão como absortas e incapazes de concertar razões. E há tantas para se perceber a diferença entre umas e outras que, se alguma vez se engana, não serão muitas.

santa teresa de jesus


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