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11/11/2013

Duas palavras apenas...

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Na Missa deste Domingo, (que incluiu a celebração do Sacramento da Confirmação na minha paróquia), chamaram-me a atenção duas pequenas palavras do Evangelho que conta o episódio do chamamento de Zaqueu, atenção essa reforçada durante a homília do nosso Bispo D. António Marto.
 
Costumo servir-me, no dia-a-dia, da Bíblia, dita dos Capuchinhos, que nesta passagem sobre Zaqueu, (Lc 19, 1-10), tem o seguinte versículo 3: «Procurava ver Jesus, e não podia…»
Ora as pequenas palavras que me chamaram a atenção na leitura do Evangelho e depois quando o nosso Bispo O citou novamente, foram: «quem era»
Recorri à “Bíblia de Jerusalém”, bem como à “Bíblia Anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra”, e lá estava o mesmo versículo, mas com a seguinte redacção: «Procurava ver quem era Jesus…»
 
E estas duas pequenas palavras fazem uma diferença extraordinária na percepção da conversão de Zaqueu.
 
Com efeito, Zaqueu não queria “apenas” ver Jesus!
O desejo, a vontade de Zaqueu ia mais longe, ou seja, ele não queria “apenas” ver, queria saber quem era Jesus, queria saber o que fazia daquele Homem um homem diferente dos outros, um homem que transformava as pessoas em que tocava, quer pela Sua Palavra, quer pelas suas acções, quer pelo seu toque pessoal.
 
Ora «quem procura, encontra», (Mt 7, 8), e assim Zaqueu ao procurar “ver quem era Jesus” é tocado, não só pela figura de Jesus, mas sobretudo por quem Jesus era/é, e esse encontro pessoal com Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, não o poderia deixar indiferente, e por isso mesmo a sua vida mudou, as suas prioridades mudaram, o seu modo de proceder mudou, deixou de ser apenas ele, para passar a ser ele e os outros como irmãos, e, claro, a conversão aconteceu.
 
Também hoje em dia há muitos que querem «ver Jesus», mas não querem «ver quem era/é Jesus»!
 
Querem ver uma figura “mediática”, um homem histórico, um homem diferente, um homem que marcou a humanidade, um homem “revolucionário”, um homem que “terá” feito uns milagres, mas não querem «ver quem era/é Jesus», verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.
É que, se apenas queremos ver uma pessoa, vemo-la, e pronto, está vista, vamos adiante, assim "a modos" como ver uma “estrela” mediática do cinema ou do desporto.
Uma vez vista, fica “completo” o conhecimento, porque apenas saciámos os olhos, e por isso mesmo rapidamente esquecemos esse acontecimento.
Agora se queremos ver uma pessoa, porque ela nos chama a atenção para o que diz e o que faz, porque há outros que a acham interessante, com ideias interessantes, etc., então não a queremos só ver, mas também a queremos ouvir, também queremos saber o que pensa e como pensa, também queremos saber o que faz, como faz e porque faz, ou seja, queremos saber “quem é” essa pessoa, e muito provavelmente partilhar das suas ideias e imitá-la naquilo que ela tem de bom.
 
Então, se procuramos apenas «ver» Jesus Cristo, ficamos pelo Jesus histórico, pelo homem diferente, pelo homem que fazia coisas magníficas, etc., mas não vamos mais longe no conhecimento, e assim esse pouco conhecimento rapidamente se perde, e não tem qualquer efeito nas nossas vidas.
 
Mas se queremos, se desejamos, «ver quem era/é» Jesus Cristo, então já estamos predispostos a escutá-Lo, a entende-Lo, a segui-Lo, a imitá-Lo.
Então, como a Zaqueu, Ele toca-nos, transforma-nos, conduz-nos, não porque se introduziu como alguém que força a entrada, mas porque nós desejámos, porque nós quisemos, «ver quem era/é» Jesus Cristo.
 
Apenas duas palavras fazem uma diferença tão grande, sobretudo se essas palavras são Palavra de Deus, e por isso mesmo vão para além do seu entendimento meramente literal.
 
 
Marinha Grande, 7 de Novembro de 2013
Joaquim Mexia Alves
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