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31/10/2013

Leitura espiritual para 31 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 6, 1-15

1 Depois disto, passou Jesus ao outro lado do mar da Galileia, isto é, de Tiberíades. 2 Seguia-O uma grande multidão porque via os milagres que fazia em favor dos doentes. 3 Jesus subiu a um monte e sentou-Se ali com os Seus discípulos. 4 Ora a Páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. 5 Jesus, então, tendo levantado os olhos e visto que vinha ter com Ele uma grande multidão, disse a Filipe: «Onde compraremos pão para dar de comer a esta gente?». 6 Dizia isto para o experimentar, porque sabia o que havia de fazer. 7 Filipe respondeu-Lhe: «Duzentos denários de pão não bastam para que cada um receba um pequeno bocado». 8 Um de Seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-Lhe: 9 «Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas que é isso para tanta gente?». 10 Jesus, porém, disse: «Mandai sentar essa gente». Havia naquele lugar muita relva. Sentaram-se, pois; os homens em número de cerca de cinco mil. 11 Tomou, então, Jesus os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre os que estavam sentados; e igualmente distribuiu os peixes, tanto quanto quiseram. 12 Estando saciados, disse aos Seus discípulos: «Recolhei os pedaços que sobraram para que nada se perca». 13 Eles os recolheram, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que tinham comido. 14 Vendo então aqueles homens o milagre que Jesus fizera, diziam: «Este é verdadeiramente o profeta que deve vir ao mundo». 15 Jesus, sabendo que O viriam arrebatar para O fazerem rei, retirou-Se de novo, Ele só, para o monte.



VIDA

CAPÍTULO 21.
8. São, pois, estes os efeitos que realizam os arroubamentos quando são do espírito de Deus. Verdade é que há mais e menos. Digo menos, porque no princípio, embora cause estes efeitos, não estão experimentados com obras e assim não se pode entender que os têm. Também vai crescendo a alma em perfeição, procurando que não haja memória de teia de aranha e isto requer algum tempo. E quanto mais crescem nela o amor e a humildade, maior cheiro exalam de si estas flores de virtudes, para ela e para os outros.
Verdade é que, num rapto destes, o Senhor pode operar de maneira a que fique à alma pouco trabalho em adquirir a perfeição. Ninguém poderá mesmo acreditar, se não o tiver experimentado, o que o Senhor dá aqui; não há - a meu parecer - diligência nossa que a isso tanto possa chegar. Não digo que, com o favor do Senhor, trabalhando a alma durante muitos anos e servindo-se dos meios que descrevem os que têm escrito sobre oração, seus princípios e meios, não cheguem à perfeição e a muito desapego com grande custo. Mas não será, porém, em tão breve tempo nem sem nenhum esforço da nossa parte, como obra aqui o Senhor, pois determinadamente tira a alma da terra e lhe dá senhorio sobre quanto nela há, e isto ainda que nesta alma não haja mais merecimentos que havia na minha, o que sem encarecimento posso dizer, não era quase nenhum.
9. O motivo pelo qual o faz Sua Majestade, é porque quer, e fá-lo como quer, e ainda que não haja na alma disposição, dispõe-na para receber o bem que Sua Majestade lhe dá. Assim, nem sempre concede suas mercês por as terem merecido, cultivando bem o horto, embora esteja muito certo que, a quem faz isto bem e procura desapegar-se, não deixe Sua Majestade de regalar. É, porém, de Sua vontade mostrar algumas vezes Sua grandeza na terra que é mais ruim, como tenho dito, e dispõe-na para todo o bem, de maneira que pareça, em certo modo, que já não é livre para voltar a viver com ofensas a Deus, como costumava. Tem o pensamento tão habituado em entender o que é verdadeira verdade, que tudo o mais lhe parece jogo de meninos. Ri-se consigo mesma algumas vezes, quando vê pessoas sérias, de oração e religião, fazer muito caso duns pontos de honra que esta alma tem já debaixo dos pés. Dizem que é discrição e autoridade do seu estado para maior proveito. Sabe ela, no entanto, muito bem que mais aproveitaria num só dia em que pospusesse aquela autoridade por amor de Deus, que, com ela, em dez anos.
10. Assim vive esta alma vida trabalhosa e sempre com cruz, mas vaiem grande aumento. Quando se dá a conhecer aos que, com ela tratam, vêm que está lá muito no cume; e dentro em pouco estará muito mais melhorada, porque Deus a vai favorecendo sempre mais. É alma sua, é Ele que a tem já a Seu cargo e assim a ilumina, dir-se-ia que com a Sua assistência a está sempre guardando para que não O ofenda, e favorecendo e despertando para que O sirva.
Chegando a minha alma a ponto de que Deus lhe fizesse esta tão grande mercê, cessaram os meus males e o Senhor deu-me fortaleza para sair deles. Já tanto se me dava estar metida nas ocasiões e com pessoas que me costumavam distrair, como não. Antes, até me ajudava o que me costumava causar dano. Tudo me era depois meio para conhecer melhor a Deus e amá-Lo e ver o que Lhe devia e ter pesar do que eu havido sido.
11. Bem entendia eu que aquilo não vinha de mim nem o tinha ganho com minhas diligências, pois não tinha ainda havido tempo para isso. Sua Majestade havia-me dado fortaleza para isso, só por Sua bondade.
Até agora, desde que o Senhor me começou a fazer esta mercê destes arroubamentos, sempre tem vindo crescendo esta fortaleza e Ele, por Sua bondade, tem metido de Sua mão para eu não voltar atrás. Nem mesmo me parece - e assim é - que faço alguma coisa de minha parte, senão que entendo claramente que o Senhor é O que opera.
E, por isto, me parece que almas a quem o Senhor faz estas mercês, indo com humildade e temor, sempre compreendendo que o Senhor mesmo é Quem o faz, e nós quase nada, se podem meter entre qualquer gente. Por mais divertida e viciosa que seja, nada fará ao caso, nem a moverá em nada; antes, como tenho dito, a ajudará e ser-lhe-á motivo para tirar muito maior proveito. São já almas fortes que o Senhor escolhe para fazer bem a outras, ainda que esta fortaleza não lhes venha delas. Pouco a pouco, em chegando até aqui uma. alma, o Senhor vai-lhe comunicando segredos muito grandes.
12. Aqui é que são as verdadeiras revelações, êxtases e as grandes mercês e visões; e tudo contribui para humilhar e fortalecer a alma e faz com que tenha em menos conta as coisas desta vida e conheça mais claramente as grandezas do prémio que o Senhor tem preparado para os que O servem.
Praza a Sua Majestade que a grandíssima liberalidade que tem tido com esta miserável pecadora sirva, de algum modo, para que se esforcem e animem os que isto lerem, a deixar tudo, de todo em todo, por Deus. Pois, se tão cabalmente paga Sua Majestade que ainda nesta vida se vê claramente o prémio e o lucro que têm os que O servem, que será na outra?

CAPÍTULO 22. Trata de quão seguro caminho é para os contemplativos não levantarem o espírito a coisas altas se o Senhor o não levanta, e como a Humanidade de Cristo deve ser caminho para chegar à mais alta contemplação. Fala dum engano em que andou algum tempo. É muito proveitoso este capítulo.
1. Uma coisa quero dizer, segundo julgo, importante; se parecer bem a V. Mercê, servirá de aviso, pois poderá ser que lhe seja útil. Nalguns livros que tratam de oração, diz-se: que embora a alma não possa por si chegar a este estado, porque tudo quanto o Senhor opera nela é obra sobrenatural, ela poderá contudo ajudar-se, levantando o espírito de tudo o criado e elevando-o com humildade, depois de ter andado muitos anos pela via purgativa e aproveitado na iluminativa. Não sei bem porque dizem iluminativa; julgo ser a dos que vão aproveitando.
E avisam muito nestes livros que apartem de si toda a imaginação corpórea e se acheguem a contemplar na Divindade; porque, segundo dizem, embora seja a Humanidade de Cristo, embaraça ou impede, nos que vão já tão adiante, a mais perfeita contemplação.
Trazem, a este propósito, o que o Senhor disse aos Apóstolos quando da vinda do Espírito Santo, digo, quando subiu aos Céus. Parece-me a mim que, se eles tivessem então a fé que tiveram depois da vinda do Espírito Santo e cressem que o Senhor era Deus e Homem, não lhes seria impedimento - para a mais alta contemplação - o pensar na Sagrada Humanidade; pois isto não foi dito à Mãe de Deus, ainda que O amasse mais que todos.
É que a estes lhes parece - como esta obra é toda espírito - que qualquer coisa corpórea a pode estorvar ou impedir. E assim, o que se há-de procurar, é considerar que Deus está em todas as partes e ver-se engolfado n' Ele.
Isto parece-me bem, algumas vezes; mas apartar-se, de todo, de Cristo e fazer entrar na mesma conta a este divino Corpo com as nossas misérias e com tudo o criado, não o posso sofrer! Praza a Sua Majestade que eu me saiba dar a compreender.
2. Eu não o contradigo, porque são letrados e espirituais e sabem o que dizem e, por muitos caminhos e vias, leva Deus as almas. Como tem levado a minha é o que eu quero agora dizer, e no perigo em que me vi por me querer conformar com o que lia, que no mais não me intrometo. Creio bem que, quem chegar a ter união e não passar adiante - digo, a arroubamentos e visões e outras mercês que Deus faz às almas - terá o dito como o melhor, como eu fazia. Mas se eu me tivesse atido a isso, creio que nunca teria chegado ao ponto em que estou presentemente. Pois, a meu parecer, isto é engano; bem pode ser que seja eu a enganada; mas direi o que me aconteceu.
3. Como eu não tinha mestre, lia por estes livros, por onde, pensava eu, iria pouco a pouco entendendo alguma coisa. Depois entendi que, se o Senhor não me ensinasse, eu poderia depreender pouco dos livros, porque não era nada o que entendia até que Sua Majestade mo dava a entender, por experiência, nem sabia o que fazia. E começando, pois, a ter um pouco de oração sobrenatural - digo de quietude - procurava desviar toda coisa corpórea, conquanto não ousasse ir levantando a alma, porque - como fui sempre tão ruim - via que era atrevimento. Parecia-me, no entanto, sentir a presença de Deus, e assim é, e procurava ficar-me recolhida com Ele. É oração saborosa, se Deus ali ajuda, e o deleite é muito. E como vi aquele lucro e aquele gosto, já não havia quem me fizesse voltar à Humanidade, pois que, de facto, me parecia em verdade, que me era impedimento.
Oh! Senhor da minha alma e meu Bem, Jesus Crucificado! Não me recordo vez alguma desta opinião que tive, que não me dê pena e me pareça que Vos fiz uma grande traição, ainda que por ignorância.
4. Tinha eu sido muito devota de Cristo toda a minha vida. Porque isto foi já para o fim (digo no fim, antes que o Senhor me fizesse estas mercês de arroubamentos e visões), e era-o em tanto extremo que durou muito pouco o permanecer nesta opinião e assim sempre eu voltava ao meu costume de folgar com este Senhor, em especial quando comungava. Quisera eu sempre trazer diante dos olhos Seu retrato e imagem, já que não podia trazê-Lo tão esculpido em minha alma como quisera. Será possível, Senhor meu, que coubesse em meu pensamento - sequer, uma hora - que Vós me havíeis de impedir um maior bem? De onde me vieram a mim todos os bens senão de Vós?
Não quero pensar que nisto tivesse tido culpa porque me magoa muito. Decerto que era ignorância e assim Vós quisestes, por Vossa bondade, remediá-lo, dando-me quem me tirasse deste erro e que depois eu Vos visse tantas vezes - como adiante direi - para que mais claramente entendesse quão grande era o erro e o dissesse a muitas pessoas, como tenho feito e agora o escrevo aqui.
5. Tenho para mim que a causa de muitas almas não aproveitarem mais e de não chegarem a uma muito grande liberdade de espírito, quando chegam a ter oração de união, é por isto mesmo. Julgo haver duas razões em que posso fundar a minha opinião; e bem pode ser não diga nada, mas o que disser, tenho-o visto por experiência, pois se encontrava muito mal a minha alma até o Senhor lhe dar luz; porque todos os seus gozos eram como que a sorvos e, saindo deles, não se achava com a Sua companhia, como depois a teve para os trabalhos e tentações.
Uma, é que há um tanto de pouca humildade, tão solapada e escondida, que não se sente. E, quem será o soberbo ou miserável, como eu, que embora houvesse trabalhado toda a sua vida com quantas penitências e orações e perseguições se possam imaginar, não se dê por muito rico e muito bem pago, quando o Senhor lhe consentir estar ao pé da Cruz com S. João? Não sei em que juízo cabia não se contentar com isto, a não ser no meu, que de todas as maneiras se perdia no que havia de ganhar.
6. Se todas as vezes - por condição da natureza ou enfermidades - não se pode pensar na Paixão por ser penoso, quem nos impede de estar com Ele depois de ressuscitado, pois tão perto O temos no Sacramento, onde já está glorificado? E não O vemos tão fatigado e feito em pedaços, escorrendo sangue, cansado pelos caminhos, perseguido daqueles a quem fazia tanto bem, não acreditado pelos Apóstolos. Sim, porque, certamente, nem há quem sofra o estar a pensar sempre em tantos trabalhos como os que passou. Ei-Lo pois aqui sem dor, cheio de glória, esforçando a uns, animando a outros, antes que subisse aos Céus, companheiro nosso no Santíssimo Sacramento, que parece não estava na Sua mão apartar-se de nós um só momento! E que tenha estado na minha o apartar-me eu de Vós, Senhor meu, para melhor Vos servir!... Que, enfim, quando Vos ofendia não Vos conhecia... Mas que, conhecendo-Vos, pensasse ganhar mais por este caminho! Oh! que mau caminho levava, Senhor! Bem me parece que ia sem caminho, se Vós não me voltásseis a pôr nele; pois vendo-Vos junto de mim, logo vi todos os bens. Não metem vindo trabalho que, olhando-Vos a Vós, tal estivestes diante dos juízes, não se torne fácil de sofrer. Com tão bom amigo presente, com tão esforçado capitão, que foi o primeiro no padecer, tudo se pode sofrer. É ajuda e dá força; nunca falta; é Amigo ver dadeiro. E vejo eu claramente e vi depois que, para contentar a Deus e para Ele nos fazer grandes mercês, quer que seja por mãos desta Humanidade Sacratíssima, na qual Sua Majestade disse que Se deleita. Muitas, muitas vezes o tenho visto por experiência e tem-mo dito o Senhor. Tenho visto claramente que por esta porta temos de entrar, se queremos que a soberana Majestade nos mostre grandes segredos.

santa teresa de jesus


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