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29/10/2013

Leitura espiritual para 29 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 5, 1-16

1 Depois disto, houve uma festa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. 2 Ora há em Jerusalém, junto da porta das Ovelhas, uma piscina, que em hebraico se chama Bezatha, a qual tem cinco galerias. 3 Nestas jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, paralíticos, que esperavam o movimento da água. 4 Omitido pela Neo-Vulgata. 5 Estava ali um homem que havia trinta e oito anos se encontrava enfermo. 6 Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, disse-lhe: «Queres ficar são?». 7 O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina quando a água é agitada; e, enquanto eu vou, outro desce primeiro do que eu». 8 Jesus disse-lhe: «Levanta-te, toma o teu leito e anda». 9 No mesmo instante, aquele homem ficou são, tomou o seu leito e começou a andar. Ora aquele dia era um sábado. 10 Por isso os judeus diziam ao que tinha sido curado: «Hoje não te é lícito levar o teu leito». 11 Ele respondeu-lhes: «Aquele que me curou, disse-me: Toma o teu leito, e anda». 12 Perguntaram-lhe então: «Quem é esse homem que te disse: Toma o teu leito e anda?». 13 Porém, o que tinha sido curado não sabia quem Ele era, porque Jesus havia desaparecido sem ser notado, devido à multidão que estava naquele lugar. 14 Depois disto, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Eis que estás são; não peques mais, para que não te suceda coisa pior». 15 Foi aquele homem anunciar aos judeus que era Jesus quem o tinha curado. 16 Por isto os judeus perseguiam Jesus, porque fazia estas coisas ao sábado.



VIDA

CAPÍTULO 20.

10. Com esta comunicação cresce o desejo e o extremo de soledade em que se vê, com uma pena tão aguda e penetrante, que, embora a alma já estivesse posta naquele deserto, parece-me que ao pé da letra, se pode então dizer o que disse o real Profeta estando na mesma soledade: «Vigilavi, et factus sum sicut passer solitarius in tecto». Senão que a ele, como santo, lhe daria o Senhor a sentir isto num modo mais excessivo. E de tal maneira se me representa então este versículo, que me parece que o vejo em mim e consola-me ver que outras pessoas - quanto mais sendo. elas tais - sentiram tão grandes extremos de soledade.
Parece que a alma não está em si, senão no telhado ou tecto de si mesma e de tudo quanto é criado, porque até acima da parte muito superior da alma, me parece que ela está.
11. Outras vezes parece que a alma anda como necessitadíssima, dizendo e perguntando a si mesma: «Onde está o teu Deus?». É de notar que a tradução destes versos eu não sabia bem qual era e, depois que a compreendi, consolava-me de ver que mos havia trazido Deus à memória sem procurá-lo eu. Outras vezes me recordava do que diz S. Paulo: que estava crucificado para o mundo. Não digo que isto seja assim, bem vejo que não; mas parece-me estar assim a alma: nem do Céu lhe vem consolo nem está nele, nem da terra o quer nem está nela; está como crucificada entre o céu e a terra, padecendo sem lhe vir socorro de nenhum lado. Porque o que lhe vem do Céu, (que é, como tenho dito, uma notícia de Deus admirável, muito acima de tudo o que podemos desejar), é para mais tormento. Acresce o desejo de maneira que - a meu parecer - a intensidade da dor tira algumas vezes os sentidos, mas está-se pouco tempo sem eles. Parecem transes de morte, mas traz consigo um tão grande contentamento este padecer que não sei a que o comparar. É um duro martírio saboroso, pois tudo quanto se pode representar à alma de coisas da terra - embora seja do que lhe costuma dar mais prazer - nenhuma admite; logo parece lançá-lo para longe de si.
Bem entende que não quer senão a seu Deus, mas d'Ele não ama uma coisa particular; e a Ele todo inteiro que quer e não sabe o que quer. Digo que não sabe porque a imaginação não lhe representa nada; nem penso que, durante muito tempo daquele em que está assim, operam as potências, tal como na união e no arroubamento as suspende o gozo, aqui é a dor.
12. Oh, Jesus! Quem pudesse dar isto bem a entender a V Mercê, até para que me dissesse o que é, pois nisto anda agora sempre a minha alma! O mais normal -em se vendo desocupada - é ficar nestas ânsias de morte e teme, quando vê que começam, porque sabe que não há-de morrer. Mas, chegada a isto, o que houvesse de viver quereria fosse neste padecer; embora seja tão excessivo que a natureza mal o pode suportar. E assim, algumas vezes, quase me falta de todo o pulso - segundo dizem algumas das irmãs que então se chegam a mim e isto já melhor entendem- e sinto as canas dos braços abertas e as mãos tão hirtas; que eu, algumas vezes, não as posso juntar e assim me ficam dores até ao outro dia nos pulsos e no corpo, parece que se desconjuntaram.
13. Eu bem penso que, alguma vez, há-de ser o Senhor servido, se isto vai por diante como agora, que se acabe com acabar a vida, pois, a meu parecer, bastante é para isso tão grande pena, mas eu não o mereço. Então toda a ânsia é morrer. Não me recordo do purgatório nem dos grandes pecados que tenho feito, pelos quais merecia o inferno. Tudo se me olvida com aquela ânsia de ver a Deus e aquele deserto e soledade parece melhor à alma, que toda a companhia do mundo.
Se alguma coisa lhe pudesse dar consolo é tratar com quem tivesse passado por este tormento; mas ver que, embora se queixe dele, ninguém, segundo lhe parece, a há-de acreditar!
14. Também a atormenta ser esta pena tão grande que não quisera solidão como em outras, nem companhia, a não ser com quem se pudesse queixar. É como quem tem a corda ao pescoço e se está afogando, e procura tomar fôlego. Assim parece-me que este desejo de companhia provém da nossa fraqueza, porque nos põe em perigo de morte. Isto sim, de certo, que o faz. E tenho-me visto nesse perigo algumas vezes com grandes enfermidades e ocasiões, como tenho dito, e creio poder dizer que este é tão grande como todos os outros. E assim, o desejo que o corpo e a alma têm de não se apartarem, é que faz pedir socorro para tomar fôlego e, com dizê-lo e queixar-se e distrair-se, buscar remédio para viver, muito contra a vontade do espírito ou da parte superior da alma que não quereria sair desta pena.
15. Não sei se atino no que digo ou se o sei dizer, mas bem me parece isto passar-se assim. Veja, V. Mercê que descanso posso ter nesta vida; pois o que eu tinha -que era a oração e soledade, porque ali me consolava o Senhor-é agora habitual este tormento. É, porém, tão saboroso e a alma vê que é de tanto preço, que já lhe quer mais que a todos os regalos que costumava ter. Parece-lhe mais seguro, porque é caminho de cruz e contém em si um gosto de muito valor, a meu parecer, porque dele não participa o corpo, senão da pena somente e é a alma a que padece e goza sozinha do gozo e contento que dá este padecer.
Eu não sei como isto possa ser, mas sei que é assim. E, segundo penso, eu não trocaria esta mercê que o Senhor me faz - e muito de Sua mão e, como tenho dito, nada adquirida por mim, porque é muito sobrenatural -, por todas as que depois direi. Não digo todas juntas, senão tomada cada uma de per si. E não se deixe de ter na lembrança que é depois de tudo o que vai escrito neste livro e em que agora metem o Senhor.
16. Estando eu a princípio com temor (como me acontece quase sempre a cada nova mercê que me faz o Senhor, até que, com a continuação, Sua Majestade me infunde segurança), Ele disse-me que não temesse e a tivesse em mais conta que todas as que me tinha feito. Nesta pena se purifica a alma e se lavra e purifica, tal como o ouro no crisol, a fim de melhor poder receber os esmaltes de seus dons, e que ali se purificava pelo que havia de estar no purgatório.
Bem entendia que era grande mercê, mas fiquei com muita mais segurança e o meu confessor disse-me que era bom. E embora eu temesse por ser tão ruim, nunca pude crer que fosse mau; era antes o muito sobrado bem que me fazia temer, lembrando-me quão mal o havia merecido. Bendito seja o Senhor que tão bom é. Amen.
17. Vejo que saí do meu propósito, porque comecei a falar de arroubamentos e isto que disse é ainda mais que arroubamento, e assim deixa os efeitos mencionados.
18. Agora voltemos aos arroubamentos, ao que neles acontece mais ordinário.
Digo que muitas vezes me parecia que me deixava o corpo tão leve que dele me tirava todo o peso; e algumas era tanto à força que quase não me apercebia pôr os pés no chão. Pois, quando a alma está em arroubamento, o corpo fica muitas vezes como morto, sem nada poder fazer por si e, tal como é tomado por este arroubamento, assim se fica sempre: ou em pé, ou sentado, ou mãos abertas, ou fechadas. E ainda que poucas vezes se percam os sentidos, algumas tem-me acontecido de os perder de todo, porém poucas vezes e por pouco tempo. Normalmente, o sentido turva-se e, ainda que nada possa fazer por si quanto ao exterior, não deixa de entender e ouvir, mas como de longe.
Não digo que entenda e ouça quando está no maior auge deste ímpeto (chamo o mais subido, aos momentos em que se perdem as potências, porque estão muito unidas com Deus), porque então não vê, nem ouve, nem sente, segundo me parece. Mas, como disse na oração de união de que falei atrás, esta transformação da alma toda em Deus dura pouco; mas no tempo que dura, nenhuma potência se sente, nem sabe o que ali passa.
Deve ser para que não se compreenda enquanto vivemos na terra; pelo menos Deus não o quer; por não termos capacidade para isso. Tenho-o visto por mim.
19. Perguntar-me-á V Mercê, como é que, algumas vezes, dura tanto tempo o arroubamento. Muitas vezes, o que se passa comigo é que - como disse na oração passada - se goza com intervalos. E muitas vezes se engolfa a alma ou a engolfa o Senhor em Si, para melhor dizer, e, detendo-a assim um pouco, fica-se só com a vontade. Parece-me que este bulício destas outras duas potências é como o de uma linguetazita destes relógios de sol, que nunca pára; mas quando o Sol da Justiça quer, fá-las deter.
Digo que isto é por pouco tempo. Mas, como foi grande o ímpeto e levantamento de espírito, embora estas potências tornem a mexer-se, permanece engolfada a vontade e, como senhora de tudo, faz aquela operação no corpo. Já que as outras duas potências buliçosas a querem estorvar - e de inimigos os menos - não a estorvem também os sentidos e assim faz com que estejam suspensos, porque assim o quer o Senhor. E, na maior parte das vezes, estão cerrados os olhos, ainda que não os queiramos cerrar; e, se alguma vez estão abertos - como já disse -, não se atina nem se adverte no que vê.
20. Aqui é muito menos o que o corpo pode fazer por si, para que, quando se tornarem as potências ajuntar, não haja tanto que fazer. Por isso, a quem o Senhor der isto, não se desconsole quando se vir assim atado o corpo durante muitas horas e o entendimento e a memória às vezes distraídos. Verdade é estarem estas potências habitualmente embebidas em louvores a Deus ou em querer compreender o que se passou por elas e ainda para isto não estão bem despertas, senão como uma pessoa que tenha dormido muito e sonhado e ainda não acabou de despertar.
21. Declaro-me tanto nisto porque sei que há agora, mesmo neste lugar, pessoas a quem o Senhor faz estas mercês, e se os que as governam não passaram por isto, parecer-lhes-á, talvez, que elas hão-de estar como mortas no arroubamento, em especial se não são letrados e é lástima o que se padece com os confessores que não o compreendem, como direi depois. Porventura não saberei o que digo; V Mercê o entenderá, se eu atinar em alguma coisa, pois o Senhor já lhe deu experiência disso, embora, como não é de há muito tempo, talvez não o tenha ainda considerado tanto como eu.
Assim é que, embora muito procure fazê-lo, durante bom espaço de tempo, não há forças no corpo para se poder menear; todas as levou consigo a alma. Muitas vezes fica são - pois estava bem enfermo.e cheio de grandes dores - e com mais capacidade, porque é grande coisa o que ali se dá, e quer o Senhor algumas vezes, como repito, que goze o corpo, pois já obedece ao que a alma quer. Depois que volta a si, se foi grande o arroubamento, acontece andarem um dia ou dois, e até três, tão absortas as potências ou a alma como embevecida, que parece não anda em si.
22. Aqui é a pena de ter de voltar a viver; aqui o nascerem-lhe asas para bem voar; já lhe caiu a penugem. Aqui se levanta já de todo a bandeira por Cristo, pois outra coisa não parece senão que o alcaide-mor desta fortaleza subiu, ou que o levaram à torre mais alta a levantar bandeira por Deus. Olha para os de baixo como quem está a salvo; já não teme os perigos, antes os deseja, como pessoa a quem, de certa maneira, ali foi dada segurança da vitória. Aqui se vê mui claramente o pouco em que tudo o que é cá de baixo se há-de estimar e a ninharia que tudo é. Quem está no alto alcança muita coisa; já não quereria querer, nem quisera ter livre alvedrio, e assim o suplica ao Senhor. Dá-lhe as chaves da sua vontade.
Eis aqui o hortelão feito alcaide-mor: não quer fazer outra coisa senão a vontade do Senhor; nem deseja ser senhor de si, nem de nada, nem dum pêro deste horto... Se alguma coisa de bom nele houver, que o reparta Sua Majestade. Doravante não quer coisa própria, senão que Ele disponha de tudo conforme à Sua glória e à Sua vontade.

santa teresa de jesus


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