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20/10/2013

Leitura espiritual para 20 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 1, 1-18

1 No princípio existia o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 Estava no princípio com Deus. 3 Todas as coisas foram feitas por Ele; e sem Ele nada foi feito. 4 N'Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens, 5 e a luz resplandeceu nas trevas, mas as trevas não O receberam. 6 Apareceu um homem enviado por Deus que se chamava João. 7 Veio como testemunha para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele. 8 Não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. 9 O Verbo era a luz verdadeira, que vindo a este mundo ilumina todo o homem. 10 Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, mas o mundo não O conheceu. 11 Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam.12 Mas a todos os que O receberam, àqueles que crêem no Seu nome, deu poder de se tornarem filhos de Deus; 13 eles que não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 E o Verbo fez-Se carne, e habitou entre nós; e nós vimos a Sua glória, glória como de Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. 15 João dá testemunho d'Ele e clama: «Este era Aquele de Quem eu disse: O que há-de vir depois de mim é mais do que eu, porque existia antes de mim». 16 Todos nós participamos da Sua plenitude, e recebemos graça sobre graça; 17 porque a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade foram trazidas por Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus; o Unigénito de Deus, que está no seio do Pai, Ele mesmo é que O deu a conhecer.



VIDA

CAPÍTULO 12.
5. Pois, isto que digo - que não subam sem que Deus os faça subir - é linguagem de espírito; entender-me-á quem tiver alguma experiência - que eu não o sei dizer - se, tal como o digo, não se entende. Na mística teologia de que comecei a falar, deixa de trabalhar o entendimento porque Deus o suspende, como depois mais hei-de declarar, se o souber e Ele me der para isto o Seu favor. Presumir ou pensar de o suspendermos nós, é o que eu digo que não se faça, nem se deixe de discorrer com ele porque ficaremos numa pasmaceira e frios e não faremos uma nem outra coisa. Quando o Senhor suspende o entendimento e o faz parar, dá-lhe com que se espante e se ocupe e, sem discorrer, entenda mais no espaço dum Credo do que nós podemos entender com todas as nossas diligências da terra em muitos anos. Mas ocuparmos nós as potências da alma e pensarmos fazê-las estar quietas, é desatino.
E torno a dizer, ainda que não se entenda: não é de grande humildade. Embora não haja culpa, pena sim que haverá, pois será trabalho perdido, e fica a alma com um desgostozinho como quem vai a saltar e a seguram por detrás: parece-lhe já ter empregado sua força e encontra-se sem efectuar o que com ela queria fazer. No pouco lucro que lhe fica, verá - quem nisto quiser reparar - este pouquito de falta de humildade que digo. Porque isto tem de excelente esta virtude: não há obra que ela acompanhe que deixe a alma desgostada.
Parece-me tê-lo dado a entender e, porventura, será só para mim. Abra o Senhor os olhos dos que o lerem com a experiência, e - por pouca que seja - logo o compreenderão.
6. Bastantes anos passei em que lia muita coisa e não entendia nada; e também muito tempo em que, embora mo desse Deus a entender, não sabia dizer palavra para o dar a compreender, e não me custava isto pouco trabalho. Quando Sua Majestade quer, num momento, ensina tudo de maneira que me espanto. Uma coisa posso dizer com verdade: embora falasse com muitas pessoas espirituais que me queriam dar a entender o que o Senhor me dava para que o soubesse dizer, o certo é que era tanta a minha rudeza que, nem pouco nem muito, isso me aproveitava. Ou assim o quereria o Senhor - para que não tivesse ninguém a quem agradecer -, pois Sua Majestade foi sempre o meu mestre. Seja por tudo bendito, que grande confusão é para mim poder dizer isto com verdade. Sem o querer, nem pedir (pois nisto não tenho sido nada curiosa - e teria sido virtude sê-lo senão em outras vaidades), deu-me Deus num momento a graça de compreender tudo com toda a claridade e de o saber dizer, de maneira que se espantavam meus confessores e eu mais do que eles, porque entendia melhor a minha rudeza. Isto é de há pouco e, assim, o que o Senhor não me ensina, não procuro saber, se não for coisa que toque à minha consciência.
7. Torno outra vez a avisar que muito importa não levantar o espírito, se o Senhor não o eleva. O que isto seja, entende-se logo. Em especial para mulheres é maior o mal, pois poderá o demónio causar alguma ilusão; ainda que tenho por certo o Senhor não consentir que faça dano a quem procura com humildade achegar-se a Ele, antes tirará mais proveito e lucro por onde o demónio pensava fazê-lo perder. Por ser este caminho mais usado dos principiantes e porque importam muito os avisos que dei, me fui alongando tanto. Tê-los-ão escrito em outras partes muito melhor, eu o confesso, e foi com farta confusão e vergonha que o escrevi, embora não com tanta como havia de ter.
Seja o Senhor bendito por tudo, pois a uma como eu, quer e consente que fale em coisas Suas, tais e tão sublimes.

CAPÍTULO 13. Continua a tratar do primeiro grau de oração e dá uns conselhos para algumas tentações que o demónio apresenta algumas vezes. É muito proveitoso.
1. Parece-me bem falar de algumas tentações que tenho visto haver ao princípio -algumas tenho-as eu tido - e dar alguns avisos sobre coisas que julgo necessárias. Procure-se andar ao princípio com alegria e liberdade, porque há pessoas a quem parece que se lhes vai a devoção se se descuidam um pouco. Bom é cada qual andar com temor para não se fiar pouco nem muito de si mesmo, pondo-se em ocasiões em que lhe é fácil ofender a Deus. Isto é muito necessário até já se estar muito forte na virtude. E não há muitos que o estejam tanto que, metidos em ocasiões favoráveis ao seu natural, se possam descuidar. Que sempre - enquanto vivemos, e até por humildade - é bom conhecer a nossa miserável natureza. Mas há muitas coisas em que se pode, como já disse, tomar recreação, mesmo para se voltar mais forte à oração. Em tudo é preciso discrição.
2. Ter grande confiança, pois convém muito não apoucar os desejos, mas esperar de Deus que, se nos esforçamos, pouco a pouco - embora não seja logo -poderemos chegar aonde muitos santos chegaram com Seu favor. Se eles nunca se tivessem determinádo a desejá-lo e pouco a pouco pô-lo por obra, nunca teriam subido a tão alto estado. Quer Sua Majestade e é amigo de almas animosas, logo que andem com humildade e sem nenhuma confiança em si. Não tenho visto a nenhuma destas que se fique cá por baixo neste caminho, nem a nenhuma alma cobarde - sob capa de humildade que ande em muitos anos o que essas outras andam em muito poucos. Espanta-me o muito que faz neste caminho o animar-se a grandes coisas; porque, embora depois a alma não tenha forças, dá um voo e chega a muito, ainda que - como avezita que tem fracas penas - se canse e fique mais algum tempo.
Isto aproveitou-me muito como aquilo que diz Santo Agostinho: «Dá-me, Senhor, o que me mandas e manda o que quiseres». Pensava muitas vezes que S. Pedro nada tinha perdido em se lançar ao mar, embora depois temesse. Estas primeiras determinações são grande coisa, ainda que, neste primeiro estado, seja preciso ir-se detendo e ater-se à discrição e parecer do mestre; mas há-de olhar-se a que seja tal, que não ensine a andar como sapos nem se contente com que a alma se afaça a só caçar lagartixas.
A humildade, no entanto, sempre à frente para se compreender que não hão-de vir - estas forças - das nossas.
4. Mas é mister entendermos como há-de ser esta humildade, porque penso que o demónio faz muito dano, a fim de que não vão muito adiante almas que têm oração, fazendo-lhes compreender mal a humildade, e que lhes pareça soberba o ter grandes desejos e querer imitar os santos e desejar o martírio. Logo nos diz ou dá a entender que as coisas dos santos são para admirar, mas não para as fazermos nós que somos pecadores.
Isto também o digo eu; mas temos de olhar ao que é de espantar 6 e ao que é de imitar. De facto, não seria bem que uma pessoa fraca e enferma se expusesse a muitos jejuns e penitências ásperas, e fosse para um deserto onde não pudesse dormir nem tivesse que comer, ou coisas semelhantes. Mas sem pensar que nos podemos esforçar com o favor de Deus a ter um grande desprezo do mundo, a não estimar honras, nem estar atido à fazenda. Temos uns corações tão apertados, que parece nos há-de faltar a terra em querendo-nos descuidar um pouco do corpo para darmos ao espírito. Depois nos parece que ajuda ao recolhimento ter muito bem consertado tudo o que é preciso, porque os cuidados inquietam a oração.
A mim, isto me pesa; termos tão pouca confiança em Deus e tanto amor próprio, que nos inquiete este cuidado. E assim é que, onde o espírito está tão pouco medrado como isto, umas ninharias nos dão tão grande trabalho como a outros coisas grandes e de muito tomo. E, a nosso juízo, presumimos de espirituais!
5. Parece-me agora a mim esta maneira de caminhar a querer conciliar corpo e alma para não perder cá na terra o descanso e gozar lá no Céu de Deus. E assim será, se andarmos em justiça e apegados à virtude, mas é passo de galinha; nunca com ele se chegará à liberdade de espírito. Maneira muito boa de proceder, me parece, para o estado de casados, que hão-de viver conforme à sua vocação; mas para outro estado, de maneira alguma desejo tal maneira de aproveitar, nem me farão crer que é boa. Tenho-a experimentado e sempre me ficaria assim, se o Senhor, por Sua bondade, não me tivesse ensinado outro atalho.
6. Ainda que, nisto de desejos, sempre os tive grandes, procurava isto que tenho dito: ter oração e viver a meu belo prazer. Creio que, se tivesse tido quem me lançasse a voar, mais me teria eu empenhado em que estes desejos fossem com obras. Mas são - por nossos pecados - tão poucos e tão contados os que não tenham neste caso discrição demasiada, que julgo ser isto causa bastante para os que começam, não chegarem mais depressa a uma grande perfeição. O Senhor nunca falta, nem é por Ele que há falha; nós é que somos os faltosos e miseráveis.
7. Também se podem imitar os santos procurando solidão e silêncio e outras muitas virtudes, que não nos matarão estes negros corpos que tão concertadamente se querem levar para desconcertar a alma. E o demónio ajuda muito a torna-los inaptos; quando vê um pouco de temor. Mais não quer para nos dar a entender que tudo nos há-de matar e tirar a saúde; até o ter lágrimas faz-nos temer de cegar... Passei por isto e por isso o sei, e não sei que melhor vista nem saúde podemos desejar que perdê-la por tal causa.
Como sou tão enferma, até que me determinei a não fazer caso do corpo nem da saúde, sempre estive atada, sem valer para nada; é ainda agora faço bem pouco. Mas quis Deus que eu entendesse este ardil do demónio; e quando ele me punha diante ó perder a saúde, dizia: «Pouco vai em que eu morra». Quando era o descanso: «Não tenho necessidade de descansar, mas sim de cruz». E assim outras coisas. Vi claramente que, em mui muitas delas, embora eu de facto fosse muito enferma, era tentação do demónio ou frouxidão minha. Desde que não ando com tantos cuidados e não sou tão amimada, tenho muito mais saúde.
Assim vai muito de, nos princípios - ao começar a ter oração - não apoucar os pensamentos. Creiam o que digo, porque sei isto por experiência. E, para que escarmentem em mim, poderá também aproveitar o dizer estas minhas faltas.
8. Outra tentação que há logo muito de ordinário, é desejar que todos sejam muito espirituais, pois começam a saborear o sossego e o lucro que ele traz. Desejar isto não é mal; o procurá-lo é que poderá não ser bem se não há muita discrição e dissimulação para proceder de modo a não parecer que querem ensinar; porque neste caso, quem quiser fazer algum bem, precisa de ter as virtudes muito fortes para não causar tentação aos outros.
Aconteceu isto comigo - e por isso o compreendo - quando procurava, como já tenho dito, que outras tivessem oração. Como, por um lado, me viam enaltecer o grande bem que era ter oração e por outro lado me viam com grande pobreza de virtudes, trazia-as eu tentadas e desatinadas, como depois me disseram. E tinham sobrada razão, porque não percebiam como se podia harmonizar uma coisa com a outra. E fui eu causa de não terem por mal o que de si o era, por verem que o fazia algumas vezes, parecendo-lhes haver algum bem em mim.
9. E isto faz o demónio: parece ajudar-se das boas virtudes que temos para autorizar - no que pode - o mal que pretende. Por pouco que este seja, quando é numa comunidade, deve ganhar muito, quanto mais que o que eu fazia de mal o era muito, muito. E assim, em muitos anos, só três aproveitaram do que lhes dizia; mas depois, quando o Senhor me havia já dado mais forças na virtude, em dois ou três anos aproveitaram muitas, como depois direi.
E, além disto, há outro grande inconveniente que é prejudicar a alma; pois o que mais havemos de procurar ao princípio é de cuidar só dela, fazendo de conta que não há na terra senão Deus e ela; e isto é o que muito lhe convém.
10. Dá ainda outra tentação que é sentir pena dos pecados e faltas que se vêem nos outros. É que todas elas vêm com capa de zelo pela virtude que é mister entender e andar com cuidado. Persuade o demónio que a pena é só por se querer que não se ofenda a Deus e pesar-lhes por Sua honra, e logo o querem remediar. Inquieta isto tanto que impede a oração, e o maior dano é pensar que é virtude e perfeição e grande zelo de Deus.
Deixo a pena que dão os pecados públicos - se o houvesse por costume - duma Congregação ou os males da Igreja, dessas heresias onde vemos perderem-se tantas almas. Este pesar é muito bom e, como tal, não inquieta. A certeza será pois, para a alma que tiver oração, descuidar-se de tudo e de todos e tomar conta de si mesma e em contentar a Deus. Isto convém muito, muito, porque, se fosse dizer os erros que tenho visto cometer, fiados na boa intenção! ...
Procuremos, pois, atender sempre às virtudes e às coisas boas que virmos nos outros e tapar seus defeitos com os nossos grandes pecados. E com esta maneira de agir - embora não se faça logo com perfeição ganha-se uma grande virtude, que é: de termos a todos por melhores do que nós. E começa-se a lucrar por aqui com o favor de Deus que é necessário em tudo, e, quando falta, escusadas são as diligências. Supliquemos-Lhe que nos dê esta virtude, pois, fazendo nós o que está em nossas mãos, Deus não faltará.

santa teresa de jesus


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