Páginas

19/10/2013

Leitura espiritual para 19 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 24, 36-53

36 Enquanto falavam nisto, apresentou-Se Jesus no meio deles e disse-lhes: «A paz seja convosco!». 37 Mas eles, turbados e espantados, julgavam ver algum espírito. 38 Jesus disse-lhes: «Porque estais turbados, e porque se levantaram dúvidas nos vossos corações? 39 Olhai para as Minhas mãos e os Meus pés, porque sou Eu mesmo; apalpai e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que Eu tenho». 40 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas, estando eles, por causa da alegria, ainda sem querer acreditar e estupefactos, disse-lhes: «Tendes aqui alguma coisa que se coma?». 42 Eles apresentaram-Lhe uma posta de peixe assado. 43 Tendo-o tomado comeu-o à vista deles. 44 Depois disse-lhes: «Isto é o que Eu vos dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos». 45 Então abriu-lhes o entendimento, para compreenderem as Escrituras, 46 e disse-lhes: «Assim está escrito que o Cristo devia padecer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, 47 e que em Seu nome havia de ser pregado o arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas destas coisas. 49 Eu vou mandar sobre vós o Prometido por Meu Pai. Entretanto permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto». 50 Depois, levou-os até junto de Betânia e, levantando as Suas mãos, abençoou-os. 51 E enquanto os abençoava, separou-Se deles e era levado para o céu. 52 Eles, depois de O adorarem, voltaram para Jerusalém com grande alegria, 53 e estavam continuamente no templo louvando a Deus.


VIDA

CAPÍTULO 11.
10. Que fará pois, aqui, quem vê durante muitos dias que não há mais que secura e desgosto e dissabor, e sente tão má vontade para vir tirar água? Pois, tudo deixaria se não se lembrasse que dá prazer e serve ao Senhor da horta, e não olhasse a não perder tudo quanto já serviu, e ainda ao que espera ganhar com o grande trabalho que é deitar muitas vezes o balde ao poço e tirá-lo sem água? E muitas vezes lhe acontecerá até nem para isto se lhe alçarem os braços, nem poder ter um bom pensamento, porque este trabalhar com o entendimento - entendido está - é o tirar água do poço.
Pois, como digo, que fará aqui o hortelão? Alegrar-se e consolar-se e ter por grandíssima mercê o trabalharem horto de tão grande Imperador. E visto saber que O contenta naquilo, e seu intento não há-de ser de contentar-se a si mesmo senão a Ele, louve-O muito; o Senhor tem nele confiança pois vê que, sem pagar-lhe nada, tem tão grande cuidado do que lhe encomendou. Ajude-O a levar a cruz e pense que toda a vida nela viveu. Não queira aqui seu reino, nem deixe jamais a oração; e assim determine-se - embora esta aridez lhe dure toda a vida - a não deixar Cristo cair sob o peso da cruz. Tempo virá em que se lhe pague tudo por junto. Não tenha medo de perder o trabalho. A bom amo serve, para ele está olhando. Não faça caso de maus pensamentos; olhe que também os representava o demónio a São Jerónimo no deserto.
11. Têm seu preço estes trabalhos, que, como quem os passou muitos anos, são grandíssimos, quando tirava uma gota de água deste bendito poço pensava que me fazia Deus mercê. E parece-me que para estes trabalhos é mister mais ânimo de que para outros muitos do mundo. Mas tenho visto claramente que Deus não os deixa sem grande prémio ainda nesta vida, pois é bem certo que, numa só hora das que, desde então para cá, o Senhor de Si mesmo me tem dado a gostar, ficam - a meu parecer - pagas todas as angústias que passei muito tempo para me manter em oração.
Tenho para mim que o Senhor quer dar muitas vezes no princípio, e outras vezes no fim, estes. tormentos e outras muitas tentações que se oferecem, para experimentar a Seus amadores e saber se poderão beber o cálice e ajudá-Lo a levar a cruz, antes de lhes confiar grandes tesouros. E para bem nosso, creio, quer Sua Majestade levar-nos por aqui, para entendermos bem o pouco que somos. É que depois as mercês são de tão grande dignidade, que antes que no-las dê, quer que - por experiência - vejamos primeiro a nossa miséria, para que não nos aconteça como a Lúcifer.
12. Que fazeis Vós, Senhor meu, que não seja para maior bem da alma que entendeis já ser Vossa e que sé põe em Vosso poder para seguir-Vos por onde fordes até à morte da cruz,24 e que está determinada a ajudar-Vos a levá-la e a não Vos deixar só com ela?
Quem vir em si esta determinação, não, não tem que temer! Gente espiritual não tem de que se afligir; postos já em tão alto grau, como é querer tratar a sós com Deus e deixar os passatempos do mundo, o mais difícil está feito. Louvai por isto a Sua Majestade e confiai na Sua bondar de, porque nunca faltou a Seus amigos. Tapai os olhos para não pensar, porque dá devoção àquele em tão poucos dias, e não a mim em tantos anos. Acreditemos que é tudo para maior bem nosso. Leve-nos Sua Divina Majestade por onde quiser; já não somos nossos, senão Seus. Grande mercê nos faz em querer que queiramos cavar no horto do qual é Senhor e permanecermos junto d'Ele que, de certeza, está connosco. Se Ele quer que cresçam estas plantas e flores, a uns, com dar-lhes água que tiram deste poço, a outros, sem ela, que se me dá a mim? Fazei, Senhor, o que quiserdes, não Vos ofenda eu, não se percam as virtudes, se alguma já me destes, só por Vossa bondade. Padecer quero, Senhor, pois Vós padecestes. Cumpra-se em mim de todas as maneiras a Vossa vontade e não praza a Vossa Majestade que coisa de tanto preço, como Vosso amor, se dê a gente que Vos serve só por gostos.
13. Há-de notar-se muito - e digo-o porque o sei por experiência - que a alma que neste caminho espiritual de oração mental começa a caminhar com determinação e pode por si mesma conseguir não fazer muito caso, nem de se consolar nem desconsolar muito, quer lhe faltem estes gostos e ternura, quer lhos dê o Senhor, tem já andado grande parte do caminho. Não tenha medo de voltar atrás, por mais que tropece, porque o edifício vai começado em firme fundamento. Sim, não está o amor de Deus em ter lágrimas nem nestes gostos e ternura, que na maior parte os desejamos e consolamos com eles, mas sim em servi-Lo com justiça e fortaleza de ânimo e humildade. Mais me parece isto receber, que darmos nós alguma coisa.
14. Para mulherzitas como eu; fracas e com pouca fortaleza, parece-me convir o que Deus agora faz comigo: levar-me com regalos para que possa sofrer alguns trabalhos que Sua Majestade tem querido dar-me. Mas que servos de Deus, homens de tomo, de letras, de entendimento, façam tanto caso como vejo fazer, de que Deus não lhes dá devoção sensível, dá-me desgosto ouvir. Não digo que não a tomem, se Deus lha der, e a tenham em muito, porque então terá Sua Majestade visto que convém; mas, quando a não tiverem, não se aflijam e entendam que não é necessária, pois Sua Majestade não a dá, e andem senhores de si. Creiam que é falta; eu o tenho experimentado e visto. Creiam que é imperfeição e não andar com liberdade de espírito, senão fracos para acometidas.
15. Isto não o digo tanto para os que começam, (embora faça tanto finca - pé nisto, porque lhes importa muito começar com esta liberdade e determinação), mas para outros; pois haverá muitos, e há realmente, que começaram e nunca mais acabam. E creio ter nisto grande parte este não abraçar a cruz desde o princípio, e andarão aflitos parecendo-lhes que não fazem nada! Em deixando de obrar o entendimento, não o podem sofrer e, porventura, é então que medra a vontade e cobra forças e eles não o entendem.
Temos de pensar que o Senhor não olha a estas coisas, que embora a nós nos pareçam faltas, não o são. Sua Majestade conhece a nossa miséria e baixo natural bem melhor do que nós mesmos, e sabe que estas almas já desejam pensar n'Ele e ama-Lo sempre. Esta determinação é o que Ele quer; estoutra aflição, que nos damos a nós mesmos, não serve senão para inquietar a alma e, se havia de estar incapaz de aproveitar durante uma hora, esteja quatro. Porque, muitas vezes nasce da indisposição corporal. Tenho grandíssima experiência disto e sei que é verdade, porque o tenho observado com cuidado e tratado depois com pessoas espirituais. Somos tão miseráveis que, a encarceradita desta pobre alma participa das misérias do corpo. As mudanças do tempo e a variabilidade de humores muitas vezes fazem que, sem culpa sua, não possa fazer o que quer, mas que padeça de todas as maneiras. E quanto mais a quiserem então forçar, pior é e mais dura o mal; haja, pois, discrição para ver quando assim é e não afoguem a pobre. Entendam que são enfermos; mude-se a hora da oração e muitas vezes será alguns dias. Passem como puderem este desterro, que farta má ventura é a de uma alma que ama a Deus, ver que vive nesta miséria e que não pode o que quer, por ter a tão mau hóspede, como é este corpo.
16. Disse "com discrição", porque algumas vezes o demónio fará isto; e assim é bom nem sempre deixar a oração, quando há grande distraimento e perturbação no entendimento; nem sempre atormentar a alma obrigando-a ao que não pode.
Há outras ocupações exteriores, de obras de caridade e de leitura; mas às vezes nem mesmo para isto estará. Sirva então ao corpo por amor de Deus, para que ele sirva outras muitas vezes a alma; e tome alguns passatempos santos de conversação - que o sejam - ou ir passear ao campo, conforme aconselhar o confessor. Em tudo é grande coisa a experiência, pois dá a entender o que nos convém e em tudo se se serve a Deus. Suave é Seu jugo e é grande negócio não levar a alma arrastada, como se diz, mas com suavidade, para seu maior aproveitamento.
17. Assim, torno a avisar - e ainda que o diga muitas vezes nada se perde com isso - pois importa muito: de securas, de inquietação e distraimento dos pensamentos, ninguém se deprima nem aflija. Se quer ganhar liberdade de espírito e não andar sempre atribulado, comece por não se espantar com a cruz e verá como o Senhor também lha ajuda a levar, e o contento com que anda e o proveito que tira de tudo. Porque já se vê que, se do poço não mana água, nós não lha podemos pôr. Verdade é que não havemos de ficar descuidados para a tirar, quando a haja; porque então já Deus quer, por este meio, multiplicar as virtudes.

CAPÍTULO 12. Prossegue no assunto deste primeiro grau de oração. Diz até onde podemos chegar, com o favor de Deus, e o dano que há em querer elevar o espírito a coisas sobrenaturais, até que o Senhor o faça.
1. O que pretendi dar a entender no capítulo anterior - embora me tenha desviado muito em outras coisas, por me parecerem muito necessárias - foi dizer o que podemos por nós mesmos adquirir e como, nesta primeira devoção, nos podemos em certo modo ajudar a nós mesmos. É que, pensar e esquadrinhar o que o Senhor passou por nós, move-nos à compaixão e é saborosa esta pena e as lágrimas que daqui procedem. Pensar na glória que esperamos e no amor que o Senhor nos teve e 'na Sua ressurreição, infunde em nós um gozo que nem é de todo espiritual nem sensível, mas sim gozo virtuoso, e pena muito meritória.
Desta maneira são todas as coisas que causam devoção adquirida, em parte, com o entendimento, que esta não se pode merecer nem ganhar se Deus a não dá. Convém muito a uma alma a quem o Senhor não fez subir mais do que até aqui, não procurar fazê-lo subir mais acima por si mesma: e note-se isto muito porque não lhe aproveitará senão para perder.
2. Pode neste estado fazer muitos actos para se determinar a trabalhar muito por Deus e despertar o amor; assim como para ajudar a crescer as virtudes, conforme diz um livro chamado «Arte de servir a Deus», que é muito bom e apropriado para os que estão neste grau, porque trabalha o entendimento. Pode representar-se que está diante de Cristo e acostumar-se a enamorar-se muito da Sua Sagrada Humanidade, trazendo-O sempre consigo. E fale com Ele. É pedir-Lhe ajuda para as necessidades e queixar-se-Lhe dos trabalhos. É alegrar-se com Ele nos contentos e não O olvidar por eles. Isto sem procurar orações compostas, mas palavras conforme aos seus desejos e necessidade.
É excelente maneira de aproveitar e muito em breve. Quem trabalhar em trazer consigo esta preciosa companhia e se aproveitar muito dela e deveras cobrar amor a este Senhor, a Quem tanto devemos, eu o dou por aproveitado.
3. Para isto não se nos há-de dar nada de não ter devoção sensível, como tenho dito,' mas sim agradecer ao Senhor que nos deixa andar desejosos de O contentar, embora sejam fracas as obras. Este modo de trazer a Cristo connosco aproveita em todos os estados e é um meio seguríssimo para ir aproveitando no primeiro e chegar em breve ao segundo grau de oração e, nos últimos, andar seguros contra os perigos que o demónio pode armar.
4. Pois isto é o que podemos. Quem quiser passar daqui e levantar o espírito a sentir gostos que, lhe não são dados, perde uma e outra coisa, a meu parecer, porque é coisa sobrenatural; e perdida a ajuda do entendimento, fica a alma deserta e com muita aridez. E como este edifício vai todo fundado em humildade, quanto mais chegados a Deus, mais adiante há-de ir esta virtude e, se assim são for, vai tudo perdido. E parece algum género de soberba querermos subir a mais, pois Deus já faz demasiado, segundo o que somos, em nos achegar a Si.
Não se há-de entender com isto que o digo do subir - com o pensamento - a pensar coisas altas do Céu e das grandezas que lá há ou de Deus, e Sua grande sabedoria. Embora eu nunca o fizesse, que para isso não tinha habilidade, como já tenho dito, Deus fazia-me mercê de que entendesse esta verdade - pois eu achava-me tão ruim - que até para pensar coisas da terra, não era pouco atrevimento, quanto mais as do Céu. Outras pessoas se aproveitarão, em especial se têm letras, que é, a meu parecer, um grande tesouro para este exercício, se forem com humildade. Há uns dias para cá o tenho visto por alguns letrados que há pouco começaram e têm aproveitado mui muito. Isto faz-me ter grandes ânsias de que muitos sejam espirituais, como adiante direi.

santa teresa de jesus


Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.