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18/10/2013

Leitura espiritual para 18 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 24, 13-35

13 No mesmo dia, caminhavam dois deles para uma aldeia, chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. 14 Iam falando sobre tudo o que se tinha passado. 15 Sucedeu que, quando eles iam conversando e discorrendo entre si, aproximou-Se deles o próprio Jesus e caminhou com eles. 16 Os seus olhos, porém, estavam como que fechados, de modo que não O reconheceram. 17 Ele disse-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Eles pararam cheios de tristeza. 18 Um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Serás tu o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que ali se passou nestes dias?». 19 Ele disse-lhes: «Que foi?». Responderam: «Sobre Jesus Nazareno, que foi um profeta, poderoso em obras e em palavras diante de Deus e de todo o povo; 20 e de que maneira os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte, e O crucificaram. 21 Ora nós esperávamos que Ele fosse o que havia de libertar Israel; depois de tudo isto, é já hoje o terceiro dia, depois que estas coisas sucederam. 22 É verdade que algumas mulheres, das que estavam entre nós, nos sobressaltaram porque, ao amanhecer, foram ao sepulcro 23 e, não tendo encontrado o Seu corpo, voltaram dizendo que tinham tido a aparição de anjos que disseram que Ele está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam que era assim como as mulheres tinham dito; mas a Ele não O encontraram». 25 Então Jesus disse-lhes: «Ó estultos e lentos do coração para crer tudo o que anunciaram os profetas! 26 Porventura não era necessário que o Cristo sofresse tais coisas, para entrar na Sua glória?». 27 Em seguida, começando por Moisés e discorrendo por todos os profetas, explicava-lhes o que d'Ele se encontrava dito em todas as Escrituras. 28 Aproximaram-se da aldeia para onde caminhavam. Jesus fez menção de ir para mais longe. 29 Mas os outros insistiram com Ele, dizendo: «Fica connosco, porque faz-se tarde e o dia já declina». Entrou para ficar com eles. 30 Estando com eles à mesa, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o, e lho deu. 31 Abriram-se os seus olhos e reconheceram-n'O; mas Ele desapareceu da vista deles. 32 Disseram então um para o outro: «Não é verdade que nós sentíamos abrasar-se-nos o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». 33 Levantando-se no mesmo instante, voltaram para Jerusalém. Encontraram juntos os onze e os que estavam com eles, 34 que diziam: «Na verdade o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». 35 E eles contaram também o que lhes tinha acontecido no caminho, e como O tinham reconhecido ao partir o pão.


VIDA

CAPÍTULO 9.
6. É mister haurir daqui forças de novo para servir e procurar não ser ingrato porque, com essa condição, as dá o Senhor. Se não usamos bem do tesouro e do alto estado em que nos põe, Ele no-lo tornará a tirar e ficaremos muito mais pobres; e Sua Majestade dará as joias a quem com elas brilhe e aproveite a si e aos outros.
Pois, como aproveitará e gastará com largueza quem não entende que está rico? É impossível -, a meu parecer -, dada a nossa natureza, ter ânimo para grandes coisas quem não compreende que é favorecido por Deus. É que somos tão miseráveis e tão inclinados às coisas da terra, que mal poderá aborrecer, de facto, tudo o que é cá de baixo e com grande desapego, quem não entender que tem algum penhor lá de cima. É com estes dons que o Senhor nos dá a fortaleza que perdemos com os nossos pecados. E, como poderá desejar que todos se descontentem com ele e o aborreçam, e como praticará todas as demais grandes virtudes que possuem os perfeitos quem não tiver alguma prova do amor que Deus lhe tem, juntamente com uma fé viva? É tão falho de vida este nosso natural que nos deixamos levar pelo que vemos presente; assim estes mesmos favores são os que despertam a fé e a fortalecem. Bem pode ser que eu, como sou tão ruim, julgue por mim. Outros haverá que não precisem mais que da verdade da fé para fazer obras muito perfeitas; mas eu, como miserável, de tudo isto tenho precisado.
7. Estes, eles o dirão. Eu digo o que passou por mim, conforme me mandaram. Se não estiver bem, rasgá-lo-á aquele a quem isto envio; melhor de que eu, saberá entender o que vai mal. A este suplico, por amor do Senhor, que o que até aqui tenho dito da minha ruim vida e pecados, o publique; desde já lhe dou licença, e a todos os meus confessores, que também o é aquele para quem isto vai. E se quiserem, já em minha vida, para que não se engane mais o mundo, pois pensa que há algum bem em mim. E certo certo, com verdade digo, pelo que agora entendo de mim: dar-me-á grande consolo.
Para o que de aqui em diante disser, não a dou; nem quero, se a alguém o mostrarem, digam quem é, por quem isto passou, nem quem o escreveu. Por isso não me nomeio, nem a ninguém; mas escreverei tudo o melhor que puder para não ser conhecida. E isto, peço-o por amor de Deus. Bastam pessoas tão letradas e graves para autorizar alguma coisa boa, se o Senhor me der graça para a dizer, porque, se o for, será Sua e não minha; pois eu, nem tenho letras, nem boa vida, e não sou ajudada por letrado nem por pessoa alguma. Só os que me mandaram escrever sabem que o escrevo, e ao presente não estão aqui. É quase furtando o tempo e com pena, porque me estorva de tecer, e estou em casa pobre e com muitas ocupações. Ainda assim, se o Senhor me tivesse dado mais habilidade e memória, eu poder-me-ia aproveitar do que tenho ouvido ou lido, mas é pouquíssima a que tenho. Se, pois, algo de bom eu disser, é que o Senhor o quererá para algum bem; o que for mal será meu e V. Mercê o tirará.
Para uma e outra coisa nenhum proveito tem o dizer o meu nome. Em vida, está claro que se não há-de dizer o bem; depois de morta, não há para quê, a não ser para perder autoridade o bem e não se lhe dar nenhum crédito, por ser dito de pessoa tão baixa e tão ruim.
8. E por pensar que V. Mercê fará isto por amor do Senhor lhe peço e os demais que o hão de ver, escrevo com liberdade; de outro modo teria grande escrúpulo, menos de dizer meus pecados que, para isto não tenho nenhum. No mais, basta ser mulher para me caírem as asas, quanto mais mulher e ruim. E, assim, tudo o que for mais do que dizer simplesmente a história da minha vida, tome-o V. Mercê só para si - pois tanto me tem importunado para que escreva alguma declaração das mercês que Deus me faz na oração - se for conforme às verdades da nossa santa fé católica. E se não, V. Mercê queime-o logo, que a isto me sujeito. Direi, pois, o que se passa em mim para que, sendo conforme a isto, lhe possa ser de algum proveito e, se não for, desenganará a minha alma para que não ganhe o demónio onde me parece que ganho eu. Bem sabe o Senhor, como depois direi, que sempre tenho procurado buscar quem me ilumine.
9. Por mais claramente que eu queira dizer estas coisas de oração, será bem escuro para quem não tiver experiência. Alguns impedimentos direi que, a meu entender, não deixam ir adiante neste caminho, e outras coisas em que há perigo, e do que o Senhor me tem ensinado por experiência, e que depois tratei com grandes letrados e pessoas espirituais de há muitos anos. E vêem que em só vinte e sete anos - que há que tenho oração - e apesar de andarem tantos tropeços e tão mal este caminho -, metem dado Sua Majestade a experiência como a outros em quarenta e sete e em trinta e sete, que têm caminhado por ele com penitência e grande virtude.
Seja bendito por tudo e sirva-se de mim, por Quem é Sua Majestade, que bem sabe o meu Senhor que não pretendo outra coisa nisto, senão que seja louvado e engrandecido um pouquito por se ver que, em um muladar tão sujo e de mau odor, se fizesse horto de tão suaves flores. Praza a Sua Majestade, que por minha culpa, não as torne eu a arrancar e volte a ser o que era. Isto peço, por amor do Senhor, que o peça V. Mercê, pois sabe quem eu sou com mais clareza do que me deixou aqui dizer.

CAPÍTULO 11. Diz a razão por que não se ama a Deus com perfeição em breve tempo. Começa a declarar, por uma comparação, quatro graus de oração. Vai tratando aqui do primeiro. É muito proveitoso para os que começam e para os que não têm gostos na oração.
1. Falando agora dos que começam a ser servos do amor - porquanto não me parece outra coisa o determinarmo-nos a seguir neste caminho da oração a Quem tanto nos amou - é uma dignidade tão grande que me regalo estranhamente em pensar nela; porque o temor servil logo desaparece se, neste primeiro estado, vamos como devemos ir. Oh! Senhor da minha alma e Bem meu! Por que não quisestes que, em se determinando uma alma a amar-Vos fazendo quanto pode no deixar tudo para melhor se empregar neste amor de Deus, ela logo gozasse ao subir à posse deste amor perfeito? Disse mal: deveria ter dito e queixar-me por nós não querermos, pois toda a culpa é nossa de não se gozar logo de tão grande dignidade. Pois, em se chegando a ter este verdadeiro amor de Deus com perfeição, ele traz consigo todos os bens. Fazemo-nos, no entanto, tão difíceis e somos tão tardios em nos darmos de todo a Deus que, como Sua Majestade não quer que gozemos de coisa tão preciosa senão a grande preço, não acabamos de nos dispor.
2. Bem vejo que não há com que se possa comprar na terra tão grande bem; mas, se fizéssemos o que podemos em não nos apegarmos às coisas dela, e todo o nosso cuidado e trato fosse no Céu, creio sem dúvida que, muito em breve se nos daria este bem, se, em breve, de todo nos dispuséssemos, como alguns santos o fizeram. Mas, parecendo-nos que damos tudo, oferecemos a Deus a renda e os frutos e ficamo-nos com a raiz e a posse. Determinámo-nos a ser pobres - e é de grande merecimento - mas muitas vezes tornamos a ter cuidados e fazemos diligência para não nos faltar, não só o necessário, senão também o supérfluo, e em procurar amigos que no-los dêm. E assim pomo-nos em maior cuidado e, porventura, perigo, para que nada nos falte do que antes tínhamos em possuir a fazenda.
Parece também que renunciamos à honra de ser religiosos ou ao ter já começado a ter vida espiritual e a seguir a perfeição, e não nos têm ainda tocado num ponto de honra, quando nos esquecemos que já a demos a Deus e nos queremos tornar a adornar com ela e a tomar-lha - como dizem - das mãos. E depois de O termos -de livre vontade, ao que parece - feito Senhor dela!... Assim é com todas as outras coisas.
3. Estranha maneira de buscar amor de Deus! E logo o queremos às mãos cheias, como se costuma dizer. Termos as nossas afeições, visto que não procuramos efectuar nossos desejos, nem acabamos de os levantar da terra e, muitas consolações espirituais, não está bem nem me parece que se coadune uma coisa com a outra. E assim, porque se não acaba de dar tudo junto, não se nos dá por junto este tesouro. Praza ao Senhor que, gota a gota, no-lo dê Sua Majestade, embora seja custando-nos todos os trabalhos do mundo.
4. Muito grande misericórdia faz Ele a quem dá graça e ânimo para se' determinar a procurar este bem com todas as forças, porque, quando se persevera, não se nega' Deus a ninguém. Pouco a pouco vai habilitando o ânimo para que se saia com esta vitória. Digo ânimo, porque são tantas as dificuldades que não comecem o demónio apresenta a princípio para que não comecem de facto este caminho, como quem sabe o dano que daqui lhe vem, porque não só perde aquela alma senão muitas. Se o que começa se esforça, com o favor de Deus, para chegar ao cume da perfeição, creio que jamais vai sozinho ao Céu; sempre leva muita gente atrás de si; como a bom capitão, dá-lhe Deus quem vá em sua companhia. Põe-lhe diante o demónio tantos perigos e dificuldades, que é mister não pouco ânimo para não voltar atrás, senão mui muito e muito favor de Deus.
5. Falando, pois, dos primeiros tempos dos que já estão determinados a prosseguir este bem e a sair-se com esta empresa (que do resto, do que comecei a dizer de mística teologia - creio que se chama assim - falarei mais adiante), é nestes primeiros tempos que têm o maior trabalho; porque são eles os que trabalham, conquanto seja o Senhor a dar-lhes os meios para isso. Nos outros graus de oração o mais é prazer, ainda que, primeiros, medianos e últimos, todos levem suas cruzes embora diferentes. Por este caminho, por onde foi Cristo, hão-de ir os que O seguem, se não se querem perder; e bem-aventurados trabalhos que ainda cá nesta vida tão sobejamente se pagam.
6. Terei de me aproveitar de alguma comparação, embora as quisesse escusar por ser mulher e escrever simplesmente o que me mandam; mas esta linguagem de espírito é tão má de declarar aos que não têm letras, como eu, que terei de buscar algum meio e poderá ser que as mais vezes não acerte com a comparação; servirá para dar recreação a V. Mercê ver tanta ignorância.
Parece-me agora ter lido ou ouvido esta comparação, que, como tenho má memória, nem sei onde nem a que propósito; mas, para o meu, contenta-me agora. Há-de fazer conta, quem principia, que começa a plantar um horto em terra muito infrutífera, que, temi muito más ervas, para que nele se deleite o Senhor. Sua Majestade arranca as más ervas e vai plantando as boas. Façamos pois de conta que isto já está feito quando uma alma se determina a ter oração e já dela começou a usar. Com a ajuda de Deus, devemos procurar, como bons hortelãos, que cresçam estas plantas e ter cuidado de as regar para que se não percam, mas que venham a dar flores de grande olor, a fim de recrear a este Senhor nosso e Ele venha deleitar-Se muitas vezes a este horto e a gozar entre estas virtudes.
7. Pois vejamos agora de que maneira se pode regar, para que entendamos o que temos de fazer, o trabalho que nos há-de custar, se é maior que o ganho, e quanto tempo se há-de ter.
Parece-me a mim que se pode regar de quatro maneiras: ou com tirar água dum poço, que é à custa de grande trabalho; ou com nora e alcatruzes, em que se tira com um torno (tenho-a tirado assim algumas vezes) e é com menos trabalho que estoutro e tira-se mais água; ou de um rio ou arroio, e com isto se rega muito melhor, pois fica mais farta a terra de água e não é preciso regar tão amiúde, e é com muito menos trabalho do hortelão; ou com chover muito, que a rega o Senhor sem trabalho nenhum nosso e é sem comparação muito melhor que tudo o que ficou dito.
8. Agora, pois, aplicar estas quatro maneiras de ter água, com que se há-de sustentar este horto - porque, sem ela, perder-se-á -, é o que a mim me faz ao caso. Pareceu-me poder assim declarar algo de quatro graus de oração em que o Senhor, por Sua bondade, tem posto algumas vezes a minha alma. Praza a Sua bondade eu atine a dizê-lo de maneira que aproveite a uma das pessoas que me mandaram escrever. A esta tem-na o Senhor levado - em quatro meses - muito mais adiante do que eu estava ao fim de dezassete anos. Tem-se disposto melhor e assim, sem trabalho seu, rega este vergel com todas estas quatro águas; embora a última ainda não lhe seja dada senão a gotas; mas vai de modo a depressa se engolfar nela, com a ajuda do Senhor. Gostarei que se ria; se lhe parecer desatino a maneira de o declarar.
9. Dos que começam a ter oração, podemos dizer que são os que tiram água do poço. É muito à sua custa, como tenho dito, porque se hão-de cansar em recolher os sentidos e, como estão acostumados a andar distraídos, é forte trabalho. Têm necessidade de se irem acostumando a não se lhes dar nada de ver nem de ouvir, e até mesmo de o pôr por obra nas horas de oração, de estar em soledade e, apartados de tudo, pensar na sua vida passada embora isto, no entanto, primeiros e últimos, todos o hão-de fazer muitas vezes; ainda que haja mais e menos neste pensar, como depois direi. Ao princípio ainda lhes dá pesar, porque não acabam de perceber se se arrependem dos pecados; e,: sim, que o fazem, pois se determinam a servir a Deus tão deveras. Hão-de procurar pensar na vida de Cristo e cansa-se nisto o entendimento.
Até aqui nós o podemos conseguir por nós mesmos, entende-se com o favor de Deus, pois sem ele já se sabe que nem podemos ter um bom pensamento. Isto é começar a tirar água do poço, e praza ainda a Deus que a haja! Ao menos não falta por nossa parte, pois a vamos tirar e fazemos o que podemos para regar estas flores. E é Deus tão bom que, quando por motivos que Sua Majestade sabe - e porventura para grande proveito nosso -, Ele quer que o poço esteja seco, mesmo sem água sustenta as flores e faz crescer as virtudes, fazendo nós, como bons hortelãos, o que está em nossas mãos. Chamo aqui água às lágrimas, e, embora não as haja, à ternura e ao sentimento interior de devoção.

santa teresa de jesus


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