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17/10/2013

Leitura espiritual para 17 Out

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 23, 50-56; 24, 1-12

50 Então um homem, chamado José, que era membro do Sinédrio, varão bom e justo, 51 que não tinha concordado com a determinação dos outros, nem com os seus actos, oriundo de Arimateia, cidade da Judeia, que também esperava o reino de Deus, 52 foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. 53 Tendo-O descido da cruz, envolveu-O num lençol e depositou-O num sepulcro aberto na rocha, no qual ainda ninguém tinha sido sepultado. 54 Era o dia da Preparação e o sábado ia começar. 55 Ora as mulheres, que tinham vindo da Galileia com Jesus, acompanharam José, e observaram o sepulcro e o modo como o corpo de Jesus fora nele depositado. 56 Voltando, prepararam perfumes e unguentos. No sábado, observaram o descanso, segundo a Lei.
Lc 24 1 No primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, levando os perfumes que tinham preparado. 2 Encontraram removida a pedra do sepulcro. 3 Entrando, não encontraram o corpo do Senhor Jesus. 4 Aconteceu que, estando perplexas com isso, eis que apareceram junto delas dois homens com vestidos resplandecentes. 5 Estando elas medrosas e com os olhos no chão, disseram-lhes: «Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? 6 Ele não está aqui, ressuscitou. Lembrai-vos do que Ele vos disse quando estava na Galileia: 7 Importa que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ressuscite ao terceiro dia». 8 Então lembraram-se das Suas palavras. 9 Tendo voltado do sepulcro, contaram todas estas coisas aos onze e a todos os outros. 10 As que diziam aos Apóstolos estas coisas eram Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago, e as outras que estavam com elas. 11 Mas estas palavras pareciam-lhes como que um delírio e não lhes deram crédito. 12 Todavia, Pedro levantou-se, correu ao sepulcro e, inclinando-se, viu só os lençois e retirou-se para casa, admirado com o que sucedera.


VIDA

CAPÍTULO 9. Trata por que meios começou o Senhor a despertar a sua alma e a iluminá-la em tão grandes trevas e a fortalecer a sua virtude para não O ofender.
1. Andava pois já a minha alma cansada e, embora quisesse, não a deixavam descansar os ruins costumes que tinha. Aconteceu-me que, entrando eu um dia no oratório, vi uma imagem, que para ali trouxeram a guardar; tinham-na ido buscar para certa festa que se fazia na casa. Era a de Cristo muito chagado e tão devota que, ao pôr nela os olhos, toda eu me perturbei por O ver assim, porque representava bem o que passou por nós. Foi tanto o que senti por tão mal Lhe ter agradecido aquelas chagas, que o coração, me parece, se me partia e arrojei-me junto d' Ele com grandíssimo derramamento de lágrimas, suplicando-Lhe me fortalecesse de uma vez para sempre para não O ofender.
2. Eu era muito devota da gloriosa Madalena e muitas, muitas vezes, pensava na sua conversão, em especial quando comungava. Como sabia de certeza que o Senhor estava ali dentro de mim, punha-me a Seus pés, parecendo-me que não eram de rejeitar as minhas lágrimas; nem mesmo sabia o que dizia, que muito fazia Ele consentindo que eu as derramasse por Sua causa, pois tão depressa olvidava aquele sentimento. Encomendava-me àquela gloriosa Santa para que me alcançasse perdão.
3. Mas, esta última vez, desta imagem que digo, parece-me que me aproveitou mais, porque estava já muito desconfiada de mim e punha toda a minha confiança em Deus? Penso que Lhe disse então que não me levantaria dali até que fizesse o que Lhe suplicava. Creio certamente que me aproveitou, porque fui melhorando muito desde então.
4. Tinha eu este modo de oração: como não podia discorrer com o entendimento, procurava representar Cristo dentro de mim e sentia-me melhor -a meu parecer - nos passos onde O encontrava mais só. Parecia-me que, estando só e aflito, como pessoa necessitada, me havia de admitir a mim. Destas simplicidades tinha eu muitas.
Em especial achava-me muito bem na oração do Horto; ali era o fazer-Lhe eu companhia. Pensava naquele suor e aflição que ali tinha tido. Se pudesse, desejaria limpar-Lhe aquele tão penoso suor, mas recordo-me de que jamais ousava determinar-me a fazê-lo, pois se me representavam os meus tão graves pecados. Ficava-me ali com Ele o mais que me permitiam meus pensamentos, porque eram muitos os que me atormentavam. Muitos anos, a maior parte das noites, antes que adormecesse, quando para dormir me encomendava a Deus, pensava sempre um pouco neste passo da oração do Horto, ainda mesmo antes de ser freira, porque me disseram que se ganhavam muitos perdões. Tenho para mim que assim ganhou muito a minha alma, porque comecei a ter oração sem saber que coisa era e já o costume tão assente em mim me fazia não a deixar, bem como de me persignar para dormir.
5. Voltando ao que dizia do tormento que me davam os pensamentos, este modo de proceder sem discurso do entendimento tem isto: a alma há-de estar ou com muito ganho ou perdida: digo perdida por não poder considerar. Em aproveitando, aproveita muito, porque é em amar. Mas, para chegar aqui, é muito à sua custa, salvo as pessoas a quem o Senhor quer muito em breve fazer chegar à oração de quietude, e conheço algumas. Para as que vão por este caminho é bom ter um livro para depressa se recolherem. Aproveitava-me também a mim, ver o campo, água ou flores. Nestas coisas encontrava eu memória do Criador; digo que me despertavam e recolhiam e serviam de livro, tal como pensar na minha ingratidão e pecados. Em coisas do Céu e em coisas sublimes, era meu entendimento tão grosseiro, que nunca jamais as pude imaginar até que - por outro modo - o Senhor mas representou.
6. Tinha tão pouca habilidade para representar coisas com o entendimento que, se não era o que via, não me aproveitava nada da minha imaginação, como fazem outras pessoas que se podem servir dela a fim de se recolherem. Eu só podia pensar em Cristo como homem; assim, jamais O pude representar em mim por mais que lesse da Sua formosura e visse imagens. Era eu como quem está cego ou às escuras que, embora falando com uma pessoa e sentindo que está com ela -porque sabe de certeza que está ali, digo que percebe e crê que está ali - não a vê. Desta maneira me acontecia a mim quando pensava em Nosso Senhor. Por esta razão, era eu tão amiga de imagens. Desventurados os que, por sua culpa, perdem este bem! Até parece que não amam o Senhor, porque, se O amassem, folgariam de ver Seu retrato, tal como nos dá contentamento ver o de uma pessoa a quem se quer bem.
7. Por este tempo, deram-me as «Confissões» de Santo Agostinho. Parece que o Senhor assim o ordenou, porque eu não as procurei nem nunca as tinha visto. Sou muito afeiçoada a Santo Agostinho, porque o mosteiro onde estive de secular era da sua Ordem; e também por ter sido pecador. Nos Santos que, depois de o terem sido, o Senhor voltou para Si, achava eu muito consolo, parecendo-me que neles havia de encontrar ajuda; e assim como o Senhor lhes havia perdoado, podia fazer a mim.
Uma coisa me desconsolava, como disse; a eles, o Senhor só uma vez havia chamado e não voltavam a cair; a mim eram já tantas, que isto me afligia. Mas pensando no amor que me tinha, tornava a animar-me, pois da Sua misericórdia jamais desconfiei; de mim, muitas vezes.
8: Oh! valha-me Deus, como me espanta a dureza da minha alma, apesar de ter tido tantas ajudas de Deus! Faz-me andar temerosa ao ver o pouco que eu podia e quão atada me via para não me determinar a dar-me de todo a Deus.
Quando comecei a ler as «Confissões», parecia-me ver-me eu ali. Comecei a encomendar-me muito a este glorioso Santo. Quando cheguei à sua conversão e li como ouviu aquela voz no jardim, não me parecia senão que o Senhor me falava a mim; de tal modo o sentiu o meu coração. Estive um grande bocado que toda me desfazia em lágrimas, e dentro de mim mesma com grande aflição e fadiga.
Oh! o que sofre uma alma, valha-me Deus, por perder a liberdade que havia de ter de ser senhora, e que tormentos padece! Eu me admiro agora como podia viverem tanto tormento. Seja Deus louvado, que me deu vida para sair de morte tão mortal!
9. Parece-me que a minha alma ganhou tantas forças da Divina Majestade, que deve ter ouvido meus clamores e ter tido dó de tantas lágrimas. Começou a crescer em mim a disposição de estar mais tempo com Ele e a tirarem-se-me dos olhos as ocasiões; porque, uma vez afastadas estas, logo voltava a amar Sua Majestade. Bem entendia eu, a meu ver, que O amava, mas não compreendia em que consiste o amar deveras a Deus, como o devia entender.
Parece-me que não acabava eu de me dispor a querê-Lo servir, quando Sua Majestade começava a tornar-me a mimosear. Não me parece senão que, o que os outros procuram com grande trabalho adquirir, instava o Senhor comigo para que eu o quisesse receber, dando-me já, nestes últimos anos, gostos e regalos. Suplicar eu que mos desse, ou ternura ou devoção, jamais a isso me atrevi; só Lhe pedia que me desse graça para não O ofender e perdoasse meus grandes pecados. Como os via tão grandes, nem sequer ousava advertidamente desejar regalos ou gostos. Muito, achava eu, fazia Sua piedade; e na verdade fazia-me muita misericórdia consentindo-me diante de Si e trazendo-me à Sua presença, pois bem via que, se Ele tanto o não procurasse, eu por mim não iria.
Só uma vez na minha vida me recordo de Lhe pedir gostos, estando com muita aridez e, como adverti no que fazia, fiquei tão confusa, que a mesma pena de me ver tão pouco humilde, me deu o que me atrevera a pedir. Bem sabia que me era lícito pedi-los, mas parecia-me sê-lo para os que estão dispostos, tendo procurado com todas as suas forças o que é verdadeira devoção, ou seja, não ofender, a Deus e estar prontos e determinados para todo o bem.
Achava que aquelas minhas lágrimas eram mulheris e sem força, pois não alcançava com elas o que desejava. Contudo, creio que me valeram; porque, como digo, em especial depois destas duas vezes de tão grande compunção, lágrimas e dor de meu coração, comecei a dar-me mais à oração e a tratar menos de coisas que me fizessem mal; ainda que não as deixasse de todo - mas, como digo -, foi-me ajudando Deus a desviar-me delas.
Como Sua Majestade não estava à espera senão de alguma disposição em mim, foram crescendo as mercês espirituais da maneira que direi. Coisa não habitual é dá-las o Senhor, senão aos que estão em mais pureza de consciência.

CAPÍTULO 10. Começa a declarar as mercês que o Senhor lhe fazia na oração. Como nos podemos ajudar e o muito que importa que entendamos as mercês que o Senhor nos faz. Pede a quem envia esta relação da sua vida que fique no segredo o que escrever daqui em diante, já que lhe mandam declarar em pormenor as mercês que lhe faz o Senhor.
1. Tinha eu algumas vezes, como já disse, embora com muita brevidade, o começo do que agora direi. Acontecia-me, nesta representação que eu me fazia de me pôr ao pé de Cristo - da qual já falei e até algumas vezes lendo, vir-me a desoras um tal sentimento da presença de Deus, que de nenhuma maneira podia duvidar que estivesse dentro de mim e eu toda engolfada n'Ele.
Isto não era a modo de visão. Creio ser o que se chama mística teologia. Suspende a alma de maneira que toda parece estar fora de si. Ama a vontade, a memória - segundo julgo - está quase perdida, o entendimento não discorre, a meu parecer, mas não se perde; no entanto, como digo, não trabalha, senão que está como que espantado do muito que alcança; porque quer Deus entenda, que daquilo que Sua Majestade lhe representa, nenhuma coisa entende.
2. Primeiro tinha tido mui de contínuo uma ternura que, em parte, algo dela - ao que me parece - se pode procurar. É um regalo que nem é de todo bem sensível, nem é bem espiritual. Tudo é dado por Deus. Mas penso que para isto podemos contribuir muito, considerando nossa baixeza e a ingratidão que temos para com Deus, o muito que fez por nós, Sua Paixão com tão graves dores, Sua vida tão atormentada; e deleitando-nos de ver Suas obras, Sua grandeza, o quanto nos ama e outras muitas coisas em que tropeça muitas vezes quem com cuidado quer aproveitar, embora não ande com muita advertência. Se, a par disto, há algum amor, regala-se a alma, enternece-se o coração, vêm as lágrimas. Algumas vezes parece que as arrancamos à força; outras que o Senhor no-las dá para não podermos resistir. Parece que nos paga Sua Majestade aquele cuidadito com um dom tão grande como é o consolo que dá a uma alma ver que chora por tão grande Senhor; e não me espanto, pois lhe sobra razão de se consolar. Ali se regala, ali folga.
3. Parece-me bem esta comparação que agora se me oferece: estes gozos de oração são como os que devem ter aqueles que estão no Céu, pois, como não vêm mais do que o Senhor - conforme ao que merecem - quer que vejam e vêm seus poucos méritos, cada um está contente no lugar onde está. E isto, apesar de haver tão grande diferença entre gozar e gozar no Céu, muito mais do que aqui há duns gozos espirituais a outros, que é grandíssima.
E, verdadeiramente, uma alma, ainda no princípio, quando Deus lhe faz esta mercê, quase lhe parece que já nada mais há a desejar e dá-se por bem paga de tudo quanto tem servido. E tem sobrada razão: pois uma lágrima destas que, como digo, quase nos esforçamos por ter - embora sem Deus não se faça coisa alguma -, parece-me a mim que nem com todos os trabalhos do mundo se pode comprar, porque com elas se ganha muito. E que maior ganho que o de ter algum testemunho de contentarmos a Deus?
Assim, quem aqui chegar, louve-O muito, reconheça-se por muito devedor, porque já parece que o Senhor o quer para Sua casa e escolhido de Seu reino, se não volta atrás.
4. Não se preocupe dumas humildades que há - das quais penso tratar - que lhes parece humildade não entender que o Senhor lhes vai dando dons. Compreendamos bem como isto é, que no-los dá Deus sem nenhum merecimento nosso e agradeçamo-lo a Sua Majestade; porque, se não conhecermos que recebemos, não nos estimulamos a amar. E é coisa muito certa que, quanto mais nos virmos ricos, reconhecendo que somos pobres, mais proveito nos advirá, e até mesmo mais verdadeira humildade. O resto é acobardar o ânimo e dar-lhe a entender que não é capaz de grandes bens e, começando o Senhor a dar-lhos, começa-se a atemorizar com medo de vanglória.
Creiamos que, Quem nos dá os bens, nos dará graça para que, começando o demónio a tentar neste ponto, o entendamos e nos fortaleça para resistir; digo, se andamos com lhaneza diante de Deus, pretendendo contentá-Lo só a Ele e não aos homens.
5. É coisa muito sabida amarmos mais uma pessoa quando muito nos lembramos das boas obras que nos faz. Pois, se é lícito e tão meritório, termos sempre na memória que de Deus temos o ser e que nos criou do nada e nos sustenta e de todos os mais benefícios da Sua morte e trabalhos, que muito antes de nos, criar já os tinha feito por cada um dos que agora vivem, por que não será lícito reconhecer e ver e considerar muitas vezes que costumava falar em vaidades e agora me concedeu o Senhor que não queira falar senão d'Ele? Eis aqui uma joia que, lembrando-nos que é dada e que já a possuímos, forçosamente convida a amar: este é o fruto da oração fundada na humildade.
Pois, que será quando virem em seu poder outras joias mais preciosas, como têm já recebido alguns servos de Deus de menosprezo do mundo e até de si mesmos? É claro que se hão-de ter por mais devedores e mais obrigados a servir e entender que não tinham nada disto e a reconhecer a liberalidade do Senhor. A uma alma tão pobre e ruim e de nenhum merecimento como a minha, que bastava a primeira destas joias e sobrava para mim, quis dar-me mais riquezas do que eu pudera desejar.

santa teresa de jesus


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