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05/08/2013

Resumos da Fé cristã 64

TEMA 39. A oração

4. Condições e características da oração 

A oração, como todo o acto plenamente pessoal, requer atenção e intenção, consciência da presença de Deus e diálogo efectivo e sincero com Ele. Condição para que tudo isso seja possível é o recolhimento. A palavra recolhimento significa a acção pela qual a vontade, em virtude da capacidade de domínio sobre o conjunto das forças que integram a natureza humana, procura moderar a tendência para a dispersão, promovendo dessa forma o sossego e a serenidade interiores. 
Esta atitude é essencial nos momentos dedicados especialmente à oração, interrompendo outras tarefas e procurando evitar as distracções. Mas não há-de ficar limitada a esses tempos, devendo estender-se de modo a chegar ao recolhimento habitual, que se identifica com uma fé e um amor que, enchendo o coração, levam a procurar viver a totalidade das acções em referência a Deus, de modo expresso ou implicitamente.

Outra das condições da oração é a confiança. Sem uma confiança plena em Deus e no seu amor, não haverá oração, pelo menos oração sincera e capaz de superar as provas e dificuldades. Não se trata, apenas, da confiança em que uma determinada petição seja atendida, mas da segurança que se tem em quem sabemos que nos ama e nos compreende, e diante de quem se pode, portanto, abrir sem reservas o próprio coração (cf. Catecismo, 2734-2741).

Por vezes, a oração é diálogo que brota facilmente, inclusive acompanhado de gozo e consolo, do fundo da alma; mas noutros momentos – talvez com mais frequência – pode reclamar decisão e empenho. Pode então insinuar-se o desalento que leva a pensar que o tempo dedicado ao convívio com Deus carece de sentido (cf. Catecismo, n. 2728). Nessas alturas, salienta-se a importância de outra das qualidades da oração: a perseverança. A razão de ser da oração não é a obtenção de benefícios, nem a busca de satisfações, complacências ou consolos, mas a comunhão com Deus; daí a necessidade e o valor da perseverança na oração, que é sempre, com alento e gozo ou sem eles, um encontro vivo com Deus (cf. Catecismo, 2742-2745, 2746-2751).

Traço específico e fundamental da oração cristã é o seu carácter trinitário. Fruto da acção do Espírito Santo que, infundindo e estimulando a fé, a esperança e o amor, leva a crescer na presença de Deus, até saber-se, simultaneamente, na terra em que se vive e trabalha, e no céu presente pela graça no próprio coração 9. O cristão que vive de fé sabe-se convidado a conviver com os anjos e os santos, com Santa Maria e, de modo especial, com Cristo, Filho de Deus encarnado, em cuja humanidade percebe a divindade da sua pessoa e, seguindo esse caminho, a reconhecer a realidade de Deus Pai e do seu amor infinito e a entrar, cada vez com mais profundidade, num convívio confiado com Ele.

A oração cristã é, por isso e de modo eminente, uma oração filial. A oração de um filho que, em todo o momento – nas alegrias e nas dores, no trabalho e no descanso – se dirige com simplicidade e sinceridade ao seu Pai para colocar nas suas mãos os afãs e sentimentos que experimenta no próprio coração, com a segurança de encontrar n’Ele compreensão e acolhimento; mais ainda, um amor que dá sentido a tudo.

josé luis illanes

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

Bibliografía básica:
Catecismo da Igreja Católica, 2558-2758.

Leituras recomendadas:

São Josemaria, Homilias «O triunfo de Cristo na humildade»; «A Eucaristia, mistério de fé e de amor»; «A Ascensão do Senhor aos céus»; «O Grande Desconhecido» e «Por Maria, a Jesus», em Cristo que passa, 12-21, 83-94, 117-126, 127-138 y 139-149. Homilias «A intimidade com Deus»; «Vida de oração» e «Rumo à santidade», em Amigos de Deus, 142-153, 238-257, 294-316.
J. Echevarría, Itinerários de vida cristã, Diel, Lisboa 2006, pp. 105-120.
J.L. Illanes, Tratado de teología espiritual, Eunsa, Pamplona 2007, pp. 427-483.
M. Belda, Guiados por el Espíritu de Dios. Curso de Teología Espiritual, Palabra, Madrid 2006, pp. 301-338.
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Notas:
9 Cf. São Josemaria, Temas Actuais do Cristianismo, 116.


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