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15/08/2013

Leitura espiritual para 15 Ago

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 11, 27-33; 12, 1-12

27 Voltaram a Jerusalém. E, andando Jesus pelo templo, aproximaram-se d'Ele os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, 28 e disseram-Lhe: «Com que autoridade fazes Tu estas coisas? E quem Te deu o direito de as fazer?». 29 Jesus disse-lhes: «Eu também vos farei uma pergunta; respondei-Me e Eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. 30 O baptismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-Me». 31 Mas eles discorriam entre si: «Se respondermos que era do céu, Ele dirá: “Porque razão, então, não crestes nele?”. 32 Responderemos que é dos homens?...». Temiam o povo, porque todos tinham a João como um verdadeiro profeta. 33 Então responderam a Jesus: «Não sabemos». E Jesus disse-lhes: «Pois nem Eu vos digo com que autoridade faço estas coisas».
12 1 E começou a falar-lhes por parábolas: «Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, edificou uma torre e arrendou-a a uns vinhateiros, e ausentou-se daquele país. 2 Chegado o tempo, enviou aos vinhateiros um servo para receber deles a sua parte dos frutos da vinha. 3 Mas eles, apanhando-o, bateram-lhe, e mandaram-no embora de mãos vazias. 4 Enviou-lhes de novo outro servo, e também a este o feriram na cabeça, e o carregaram de injúrias. 5 Enviou de novo outro, e mataram-no. Assim fizeram a muitos outros, dos quais bateram nuns e mataram outros. 6 «Tendo ainda um filho muito amado, também o enviou por último, dizendo: “Respeitarão o meu filho”. 7 Porém, aqueles vinhateiros disseram uns para os outros: “Este é o herdeiro, vinde, matêmo-lo e será nossa a herança”. 8 Pegaram nele, mataram-no, e lançaram-no fora da vinha. 9 «Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá, exterminará os vinhateiros e dará a vinha a outros. 10 Vós nunca lestes este passo da Escritura: “A pedra que fora rejeitada pelos que edificavam, tornou-se pedra angular. 11 Pelo Senhor foi feito isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos”». 12 Procuravam apoderar-se d'Ele, mas temeram o povo. Tinham compreendido bem que dissera esta parábola contra eles. E, deixando-O, retiraram-se.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

SEGUNDA PARTE
A OBRA REDENTORA DE JESUS CRISTO
Capítulo VII

O MISTÉRIO DA REDENÇÃO

2. O ensinamento da Bíblia sobre a redenção do homem

d) Uma clarificação conveniente: o sentido teológico das expressões analógicas que se aplicam a Deus

    Por causa da transcendência do divino, a Sagrada Escritura e a teologia usam imagens e conceitos humanos e aplicam-nos a Deus em razão de alguma semelhança. Nestes casos há que entender bem o sentido com que os atribuímos a Deus, pois só se usam segundo uma analogia e não em sentido unívoco. Por isso, ao interpretar essas expressões, que são legítimas, não nos podemos deixar levar por impressões imediatas demasiado humanas que nos levam a tirar consequências equivocadas: não podemos imaginar Deus ao modo humano, pois Ele não é como nós. Por exemplo, aqueles conceitos que encerram em si mesmos alguma imperfeição não se atribuem a Deus propriamente mas só em sentido figurado [i].
    No nosso caso é especialmente necessário entender o sentido das expressões que empregamos, pois a soteriologia serve-se de muitas metáforas e exemplo tomados das relações humanas para ilustrar a obra de Cristo (v. g.: ofensa, perdão;, castigo, satisfação; escravidão, resgate; inimizade, reconciliação, etc.). De facto, têm-se dado explicações inadequadas da redenção que têm como base uma concepção muito humana de Deus e das elações entre Ele e os homens; por exemplo, quando a obra de Cristo se apresenta em termos de uma compensação a Deus por algum mal que se lhe tenha causado pelo pecado, ou como castigo pelos nossos pecados [ii]. Por isso, procuremos agora clarificar alguns conceitos.

    O pecado. O pecado é um acto desordenado da nossa vontade que nos aparta de Deus: é um mal que está em nós, não é um mal inferido a Deus em si mesmo.
    Portanto, quando dizemos analogicamente que é uma «ofensa ou um agravo a Deus» significamos que o pecado é uma acção injusta que tem da nossa parte uma semelhança com aquelas que ofendem ou agravam a outro homem; mas não significamos que Deus tenha sofrido algum menosprezo, ou que se lhe tenha causado alguma pena ou tenha diminuído a sua felicidade. A Igreja sempre sustentou a imutabilidade de Deus, que não pode mudar: não pode diminuir, nem sofrer. O mal produzido pelo pecado só se dá na criatura que erra, se envilece e, sobretudo, perde a união com Deus nosso bem. Assim, ante a infidelidade do seu povo, pergunta o Senhor: «Mas acaso me ofendem a mim, não ofendem antes a eles mesmos, para sua vergonha?» (Jer 7,19). O mal não sofre quem dá coices contra o aguilhão pontegudo (cf. Act 9,5 Vg).

    A reparação do pecado. A reparação do pecado consiste na libertação da desordem, do mal introduzido no homem; é restaurar o homem caído segundo a imagem de Deus na qual foi criado. Concretamente, consiste na conversão do homem a Deus mediante a graça que o une a Deus e corrige a sua separação d Deus (a culpa), e também na eliminação das penalidades que o pecado leva consigo (a pena).
    Portanto quando falamos analogicamente de satisfação do pecado» ou de «desagravo» significamos que se requerem algumas acções do homem para a completa reparação do pecado, o que tem uma semelhança com o que se costuma fazer entre os homens para o perdão de uma ofensa; mas não significamos que essas acções consistam em oferecer a Deus uma compensação adequada para restaurar o bem divino que estivesse diminuído pelo pecado, ou por um mal que a Ele se tivesse inferido. Além do mais, que poderia dar o homem a Deus como compensação, que não tenha recebido d’Ele? (cf. 1 Cor 4,7; Rom 11, 35).

3. As principais explicações da Tradição patrística sobre a redenção

    Ao tratar da obra da salvação, os Padres da Igreja  empregaram as imagens e a terminologia do Novo Testamento, mas, além disso, foram desenvolvendo outras explicações diferentes da obra de Cristo. Vejamos somente as linhas mais gerais.

    A divinização do homem, nos Padres orientais. Os Padres gregos sublinham que Cristo veio comunicar-nos a semelhança com Deus perdida com o pecado O Verbo, com a sua própria Encarnação santifica tudo o que toca. Santo Atanásio e outros Padres orientais empregam com gosto a imagem do «intercambio»: o Verbo fez-se particípe do nosso, da humanidade, para fazer-nos particípes do seu, a divindade.
    Os Padres gregos fixam-se sobretudo no aspecto descendente e gratuito da salvação, ainda que também assinalem que a fonte da salvação, tornada possível pela Encarnação, é a Morte e Ressurreição de Cristo.

    O sacrifício redentor, nos Padres ocidentais. Os padres latinos fixam-se sobretudo no aspecto ascendente da salvação, quer dizer, na obra realizada pela nossa Cabeça em nome de toda a humanidade para nos ganhar a salvação; ainda que assinalem também claramente que a redenção é pura graça. Santo Ambrósio, Santo Agostinho e outros Padres ocidentais sublinham especialmente que Cristo, como nossa Cabeça, oferece a seu Pai o sacrifício perfeito da sua vida para reparar o nosso pecado e reconciliar-nos com Deus.

4. Algumas interpretações históricas incompletas ou erróneas sobre a redenção

    Uma breve revista de algumas das principais teorias incompletas ou erróneas sobre a redenção servir-nos-á para clarificar alguns conceitos e entender melhor este mistério.

a) Os direitos do demónio

    Nalguns escritos cristãos dos primeiros séculos, deu-se a teoria sobre a redenção que se conhece como «os direitos do demónio»[iii]. Segundo esta explicação, ao cometer o pecado de origem, o homem ter-se-ia feito voluntariamente escravo do demónio. O sangue de Jesus seria o «resgate», ou preço, pago ao demónio para livrar o homem da sua escravidão.
    Esta teoria foi combatida por São Gregório de Nacianzo, e desde então foi unanimemente rejeitada. Com efeito, é uma teoria errónea em que se interpreta a «redenção» de modo muito literal, segundo os usos humanos (como uma «re-compra», para conseguir a libertação do homem – o demónio - ), e que é alheia à unidade de toda a Escritura: p. ex. quanto ao poder do demónio, que parece ter direitos absolutos sobre nós.

b) A interpretação jurídica de Santo Anselmo de Cantorbey

    Santo Anselmo de Cantorbey (século XI-XII) via a Deus como Senhor soberano, cuja honra é ofendida pelo pecado. Ante esta ofensa, a ordem da justiça divina exije com todo o rigor uma reparação voluntária adequada (satisfação) ou melhor um castigo. Ora bem, a dívida era tão grande, infinita por ser Deus o ofendido, que não devendo pagá-la senão o homem, e não podendo pagá-la senão Deus, tinha que ser homem e Deus quem satisfizesse a honra divina ferida. Para isso, o próprio Deus provê a restauração da ordem quebrada dando-nos o seu Filho para que, feito homem, possa oferecer essa satisfação de valor infinito, e assim liberte a humanidade da pena devida pelo pecado.
    È uma interpretação válida em diversos aspectos e que influiu muito na teologia posterior, mas é demasiado jurídica, com uma concepção muito humana de Deus, do pecado como ofensa inferida a Deus, da sua reparação como compensação que deve receber do homem, e duma justiça divina que obriga a Deus a exigir os seus direitos.

c) A redenção como ensinamento por via do exemplo, em Pedro Abelardo

    Pedro Abelardo (século XII) é talvez o principal expoente duma explicação da obra de Cristo por via do exemplo[iv]. Para ele a redenção é o resultado de uma revelação do amor de Deus, manifestado sobretudo na Paixão d Cristo; esse amor suscita a nossa resposta de amor, incita-nos a seguir o seu exemplo, e assim podemos obter a justificação.
    É uma interpretação insuficiente pois deixa sem explicar como Jesus Cristo repara o pecado do mundo e comunica a graça que renova o pecador.

d) A redenção como substituição penal, segundo os reformadores protestantes

    Os primeiros reformadores protestantes retomaram a teoria anselmiana da satisfação sem distinguir, como ele tinha feito, entre as alternativas de satisfação ou castigo. Para Lutero, a satisfação tem Lugar precisamente mediante um castigo. Cristo cai debaixo da ira de Deus, porque, segundo a sua interpretação de São Paulo cf. Gal 3,13), tomou sobre si não só as consequências do pecado mas também o próprio pecado: Cristo fez-se pecador.
    A morte é castigo infligido por Deus Pai a seu Filho em nosso lugar (Calvino acrescenta que Jesus não só morreu como pecado, como também baixou a inferno e sofreu as penas dos condenados). E porque Cristo pagou plenamente a dívida devida a Deus, nós ficamos dispensados de todo o castigo. Assim pois, Cristo redime-nos por meio de uma «substituição penal»: toma o nosso lugar e é castigado por Deus em nosso lugar[v].
    Esta teoria e errónea, e apresenta Deus não cm Pai que nos ama mas como um soberano vingativo e, além do mais, injusto pois condena o inocente em lugar do culpado.

e) Explicações autonomistas e naturalistas nascidas do subjectivismo moderno

    No século XX deram-se outras teorias nascidas duma postura subjectivista. Nelas, Cristo é o mestre, o guia ético e o exemplo de vida; mas o seu influxo no homem é só moral, de modo que a salvação não nos vem d’Ele, antes é o homem quem se redime a si mesmo autonomamente, seguindo Cristo. Assim, a sua Morte é vista simplesmente como o símbolo supremo do esforço da humanidade em livrar-se do mal.
    Dentro dessa coerente houve quem tivesse pensado que Cristo seria o modelo de luta contra as estruturas sociais injustas. São as «teologias da libertação», entre as que se encontram algumas inspiradas no marxismo. Essas teorias reduzem a origem do mal a uma má distribuição da riqueza, e cifram a libertação da humanidade na reforma política e social. Todavia, o mal não pode ser derrotado plenamente por essas reformas exteriores, uma vez que têm a sua fonte no coração do homem: são os corações os que têm que ser transformados primeiramente com a vida do alto.

Vicente Ferrer Barriendos

(trad do original castelhano por ama)

Bibliografia:
Alguns documentos do Magistério da Igreja

JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Pa­labra, Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nun­tius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis cons­cientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap. 2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPIS­COPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e im­plicações eclesiológicas, 1992.

Relação de abreviaturas:

Sagrada Escritura

Am                  Amos
Ap                    Apocalipse
Col                   Epístola aos Colossenses
1 Cor               Primeira Epístola aos Coríntios
2 Cor               Segunda Epístola aos Coríntios
1 Cro               Livro I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro               Livro II das Crónicas e Paralipómenos
Dan                  Daniel
Dt                    Deuteronómio
Ef                     Epístola aos Efésios
Ex                    Êxodo
Ez                    Ezequiel
Flp                   Epístola aos Filipenses
Gal                   Epístola aos Gálatas
Gen                 Génesis
Act                   Actos dos Apóstolos
Heb                 Epístola aos Hebreus
Is                     Isaías
Jb                    Job
Jer                   Jeremias
Jo                    Evangelho de São João
1 Jo                 Primeira Epístola de São João
2 Jo                 Segunda Epístola de São João
3 Jo                 Terceira Epístola de São João
Lc                    Evangelho de São Lucas
Lv                    Levítico
Mal                   Malaquias
Mc                   Evangelho de São Marcos
Miq                  Miqueias
Mt                    Evangelho de São Mateus
Os                    Oseias
1 Pd                 Primeira Epístola de São Pedro
2 Pd                 Segunda Epístola de São Pedro
Qo                   Livro de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re                 Livro I dos Reis
2 Re                 Livro II dos Reis
Rom                Epístola aos Romanos
Sab                  Livro da Sabedoria
Sal                   Salmos
1 Sam              Livro I de Samuel
2 Sam              Livro II de Samuel
Tg                    Epístola de São Tiago
Sir                    Livro de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes               Primeira Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes               Segunda Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim               Primeira Epístola a Timóteo
1 Tim               Senda Epístola a Timóteo
Tit                    Epístola a Tito
Zc                    Zacarias

Outras siglas empregues

a.                     Artigo
Cap.                 Capítulo
CCE                  Catecismo da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf.                    Confira-se
Conc.               Concílio
Congr.             Congregação
Const.              Constituição
Decl.                Declaração
DS                   Enchiridion Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV                   Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc.                 Encíclica
GS                   Constituição dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG                    Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp.            Página / páginas
p. ex.               Por exemplo
p.                     Pergunta
s. / ss.             Seguinte / Seguintes
S. Th.               Summa Theologiae de São Tomás de Aquino
t.                     Tomo





[i] É o caso de atribuir paixões a Deus (a tristeza, a ira, a vingança); ou o que supõe falta de bondade n’Ele (odiar ou causar o mal a alguém); ou falta de providência (não proteger ou abandonar alguém); ou o que supõe mudança n’Ele (arrepender-se, ser agravado ou ofendido pelo pecado, perdoar), etc.
[ii] Cf. COMISIÓN TEOLÓGICA INTERNACIONAL, Cuestiones selectas sobre Dios redentor (1994), em Documentos 1969-1996, BAC, pp. 511-512; 527.
[iii] Santo Ireneu, Orígenes e São Gregório de Nisa.
[iv] Posteriormente os protestantes liberais do século XIX, e outros, seguiram esta mesma teoria.
[v] Por vezes a oratória popular protestante, inclusive a católica, interpreta erróneamente em sentido literal e penal a passagem de Isaías, que é metafórico: «Ele foi ferido pelas nossas rebeldias, moído pelas nossas culpas. Ele suportou o castigo que a paz nos trás, e com as suas feridas fomos curados (Is 53,4-5).

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