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10/08/2013

Leitura espiritual para 10 Ago

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 9, 30-50

30 Tendo partido dali, atravessaram a Galileia; e Jesus não queria que se soubesse. 31 Ia instruindo os Seus discípulos e dizia-lhes: «O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens e Lhe darão a morte, mas ressuscitará ao terceiro dia depois da Sua morte». 32 Mas eles não compreendiam estas palavras e temiam interrogá-l'O. 33 Nisto chegaram a Cafarnaum. Quando estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «De que discutíeis pelo caminho?». 34 Eles, porém, calaram-se, porque no caminho tinham discutido entre si qual deles era o maior. 35 Então, sentando-Se, chamou os doze e disse-lhes: «Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos». 36 Em seguida, tomando uma criança, pô-la no meio deles e, depois de a abraçar, disse-lhes:37 «Todo aquele que receber uma destas crianças em Meu nome, a Mim recebe, e todo aquele que Me receber a Mim, não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou». 38 João disse-lhe: «Mestre, vimos um homem, que não anda connosco, expulsar os demónios em Teu nome e nós lho proibimos porque não nos segue». 39 Jesus, porém, respondeu: «Não lho proibais, porque não há ninguém que faça um milagre em Meu nome e que possa logo dizer mal de Mim. 40 Porque quem não é contra nós, está connosco. 41 «Quem vos der um copo de água, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. 42 «Quem escandalizar um destes pequeninos que crêem em Mim, melhor fora que lhe atassem ao pescoço a mó que um asno faz girar, e que o lançassem ao mar. 43 Se a tua mão é para ti ocasião de pecado, corta-a; melhor te é entrar na vida eterna mutilado, do que, tendo as duas mãos, ir para a Geena, para o fogo inextinguível. 44 Omitido pela Neo-Vulgata. 45 Se o teu pé é para ti ocasião de pecado, corta-o; melhor te é entrar na vida eterna coxo, do que, tendo os dois pés, ser lançado na Geena. 46 Omitido pela Neo-Vulgata. 47 Se o teu olho é para ti ocasião de pecado, lança-o fora; melhor te é entrar no reino de Deus sem um olho do que, tendo dois, ser lançado na Geena, 48 “onde o seu verme não morre e o seu fogo não se apaga”. 49 Todo o homem será salgado no fogo. 50 O sal é uma coisa boa; porém, se se tornar insípido, com que haveis de lhe dar o sabor? Tende sal em vós, e tende paz uns com os outros».



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

PRIMEIRA PARTE

A PESSOA DE JESUS CRISTO

Capítulo V

CRISTO ENQUANTO HOMEM CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE

    Como é Cristo enquanto homem? Já dissemos que é perfeito homem e tem uma natureza humana íntegra à qual não falta nada do que é propriamente humano, já que na Encarnação «a natureza humana foi assumida, não absorvida» [i].
    Agora estudaremos as diferentes faculdades e qualidades humanas de Jesus Cristo. Não examinaremos as propriedades da sua natureza divina que se estudam noutro tratado. Concretamente, consideraremos neste capítulo a graça e santidade de Cristo assim também o seu conhecimento humano, e no capítulo seguinte veremos outros traços que completam a sua humanidade perfeita: a sua vontade livre, a sua afectividade, etc.

1. Qualidades da humanidade de Cristo para ser o instrumento do Verbo na obra da nossa salvação

    Já sabemos que o Filho de Deus se encarnou para ser, como homem, a causa da nossa salvação; por isso a sua humanidade deve ser o instrumento, indissoluvelmente unido ao Verbo, adequado para a obra salvífica.
    E trata-se de um instrumento vivo e racional, não inerte ou passivo, que simplesmente fosse movido pelo agente principal, mas que tem a sua acção própria. Por isso Cristo na sua humanidade tem aquelas qualidades que são convenientes para a finalidade da Encarnação: p. Ex. para comunicar-nos a verdade e a graça divinas pelas quais nos salvamos, está dotado de todas essas qualidades, está «cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14), já que «da sua plenitude todos recebemos» (Jo 1,16).
    Além do mais, temos de considerar que essas propriedades da sua natureza humana procedem da sua união coma divindade, pois Deus é a fonte de todo o bem e a perfeição duma criatura depende da sua união com Deus. E quanto mais unido se está com deus, mais se participa da sua bondade e mais abundantes bens se recebem, assim como quanto mais alguém se aproxima do fogo mais se aquece. Pois bem, não há uma união mais íntima da criatura com Deus que a união na própria pessoa divina, daí que Cristo na sua humanidade esteja cheio dos dons divinos: é um homem natural e sobrenaturalmente perfeito.
    Assim como o Filho de Deus feito homem tem aquelas qualidades naturais e sobrenaturais que são convenientes para a nossa salvação, por essa mesma razão não assumiu com a natureza humana aqueles mesmos defeitos ou limitações que dificultariam a obra salvífica, tais como o pecado ou a ignorância. Ainda que tenha assumido aquelas limitações da nossa natureza que servem a finalidade da Encarnação e que não são defeito moral e não desdizem da sua condição, tais como a passibilidade e a dor.

2. A graça e a santidade de Cristo

a) Aspectos que compreende a santidade de Cristo

    A santidade. A santidade é um atributo próprio de Deus, o só Santo, «três vezes santo» (Is 6,3). O conceito de santidade refere-se ao ser divino em si mesmo que é transcendente sobre tudo o criado; e, como consequência, encerra a ideia de pureza, de ausência de pecado e de tudo o que é contrário à vida divina.
    A noção de santidade também se aplica às criaturas que se dizem «santas» enquanto estão unidas a Deus e participam da vida divina. Nesta união com Deus podem distinguir-se dois aspectos. O ontológico e o operativo.
    Na Bíblia diz-se que algo ou alguém é santo em sentido ontológico na medida em que está unido a Deus., na medida em que foi assumido por Ele e lhe pertence, y, por conseguinte, está destinado ou consagrado ao seu serviço exclusivo: p. ex. no Antigo Testamento chamam-se santos o Templo, o Sábado, o povo de Deus, etc. A noção de santidade no Novo Testamento, além de conservar a ideia de consagração ou dedicação a Deus, enriquece-se com uma participação na vida divina por acção do Espírito Santo que transforma o homem interiormente, que o diviniza, o faz justo e o purifica do pecado: p. ex. os baptizados em Cristo (cf. Act 9,13; Rom 15,25).
    No sentido operativo e moral diz-se que é santo quem vive estavelmente a união sobrenatural com Deus pela fé e o amor e, portanto, move-se em tudo guiado pela vontade santa de Deus e serve-o de coração («o justo vive da fé» Rom 1,17). E a consequência dessa união e desse amor a Deus é a limpeza de todo o pecado, que o homem se conduza longe de todo o pecado e de tudo o que o afaste de Deus.

    A santidade de Cristo. Na Sagrada Escritura, Cristo é chamado Santo (cf. Lc 1,35; Act 3,14) o santo de Deus (cf. Jo 6,69). Evidentemente é santo enquanto Deus. Mas também é santo enquanto homem, e isto em três sentidos: em primeiro lugar, porque a sua humanidade está unida ao único Santo em unidade de pessoa, é de Deus e pertence inteiramente ao Verbo; em segundo lugar, porque mediante a graça a sua humanidade está divinizada na sua essência e nas suas potências; e em terceiro lugar, é santo no aspecto moral porque vive sempre unido à vontade de seu Pai e n’Ele não há pecado algum.
    Vejamos estes aspectos da santidade de Cristo enquanto homem.

b) Cristo enquanto homem é santo porque a sua humanidade está unida ao Verbo e lhe pertence. A graça de união

    Pela união hipostática, a humanidade de Cristo é santa enquanto foi assumida pelo Filho de Deus, é inteiramente de Deus, pertence ao Verbo, está destinada e consagrada ao seu serviço, e é em si mesma instrumento da divindade. Pela união hipostática a humanidade de Cristo tem a santidade infinita do Verbo.
    Esta mesma união hipostática, considerada como um dom outorgado à natureza humana assumida, chama-se «graça de união». Com efeito, para a humanidade de Cristo é uma graça o facto de ter sido elevada à maior união com a divindade a que um ser pode ser elevado. E este dom gratuito é a própria pessoa do Verbo que foi dada á natureza humana como termo da assunção: é um dom infinito [ii].

c) Cristo enquanto homem também é santo por graça habitual

    A graça habitual é o dom sobrenatural que Deus outorga ao homem pelo qual o une a si e o torna semelhante a si próprio, fazendo-o participe da natureza divina (cf. Pd 1,4) que é santa. Por isso a graça chama-se também «santificante» porque é uma qualidade que transforma a natureza do homem divinizando-o, tornando-o justo e santo.
    Os Evangelhos falam-nos explicitamente da existência desta graça em Jesus Cristo: estava «cheio de graça» (Jo 1,14), ou «crescia em graça» (Lc 2,52).
É fácil de entender a conveniência de que Cristo tivesse a graça habitual, já que a sua humanidade não é santa por si mesma, nem se transformou em divina pela união hipostática, uma vez que permanece sempre a distinção das duas naturezas. Por isso, é necessário que a humanidade de Cristo chegue a ser divina e santa por participação, que é o efeito próprio da graça habitual ou santificante[iii].

d) A plenitude de graça habitual em Cristo

    A revelação não só nos diz que Jesus tem a graça habitual ou santificante, como também que estava «cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14), e nos fala da sua «plenitude de graça» (Jo 1,16; cf. Ef 4,13).
    Com efeito, a graça é causada no homem pela presença de Deus nele, tal como a luz do ar é consequência da presença do Sol. A razão da plenitude de graça em Cristo é que a sua humanidade está unida a Deus na humanidade mais estreita imaginável, em unidade de pessoa, pelo que recebe a máxima e mais plena comunicação possível da vida divina.
    Em que consiste esta plenitude de graça? Considerando-a como uma realidade criada que tem o seu sujeito na alma, é evidente que a graça habitual não pode ser infinita em si mesma, mas limitada. Mas Cristo recebeu na sua humanidade a graça no mais alto grau que pode dar-se. Por isso se pode dizer que a graça em Cristo é de certo modo ilimitada ou infinita «sem medida» (Jo 3,34); enquanto a nós se nos dá segundo medida (cf. Ef 4,7). Quer dizer, Jesus possuía a graça com toda a perfeição possível: com todos os efeitos, virtudes, dons e operações que esta pode ter e alcançar.
    Esta plenitude de graça é própria e exclusiva de Cristo, pois foi-lhe conferida para que Ele fosse o princípio universal da justificação de todo o género humano. Todas as graças que os homens tiveram d’Ele provêm, como da sua fonte; e por isso Ele as possui todas, no mais alto grau: «Da sua plenitude todos temos recebido graça por graça» (Jo 1,16). Esta mesma plenitude de graça habitual em Cristo, enquanto é a Cabeça e o princípio da santificação de todos, conhece-se com o nome de «graça capital».

e) As virtudes sobrenaturais, os dons e carismas de Cristo

    Juntamente com a graça, Cristo tem todas as virtudes, dons e carismas do Espírito Santo na forma conveniente à sua perfeição de Filho de Deus e à sua missão de Redentor.

    As virtudes sobrenaturais. Como a Sagrada Escritura testemunha, Cristo teve muitas virtudes, e em grau admirável: a humildade, a obediência, a misericórdia, a pureza, a paciência, etc. Especialmente brilha n’Ele um amor sem mácula a seu pai e a nós, os homens, até ao ponto de oferecer a sua vida por cada um.
    Sabemos que a graça diviniza a alma na sua essência, mas a sua acção civilizadora estende-se também às potências da alma mediante as virtudes sobrenaturais para que o homem possa realizar obras sobrenaturais. E a humanidade de Cristo estava plenamente enriquecida  e divinizada pelo Espírito Santo, portanto não podiam faltar-lhe as virtudes infusas, e estas em grau máximo e perfeito.
    Todavia, Jesus não teve aquelas virtudes que supõem em si mesmas alguma carência ou imperfeição: p. ex. não teve a fé (pois já possuía a visão de Deus), nem propriamente teve a esperança (pois já tinha a união com Deus), nem a penitência (pois não teve pecado).

    Os dons do Espírito Santo. A revelação diz-nos que Jesus, «cheio do Espírito Santo (…) era conduzido pelo espírito» (Lc 4,1); e também possuía os dons do Espírito Santo em grau excelentíssimo e eminente (cf. Is 11,2).
Sabemos que os dons do Espírito Santo levam à sua perfeição última as virtudes para que o homem actue totalmente segundo o querer de Deus. Daí que Cristo possuísse esses dons para que a perfeição de todas as virtudes fosse plena.

    Os carismas. Juntamente com a plenitude de graça, Cristo possui em plenitude os carismas do Espírito Santo, isto é, os dons divinos convenientes para desempenhar uma missão salvífica.
Jesus tem de modo perfeito todos os carismas que os homens tiveram para levar a cabo alguma missão para a edificação dos outros (os dons próprios dos apóstolos, profetas, pregadores, doutores, pastores, etc.), pois d’Ele provêm (cf. Jo 1,16), e a Ele correspondem como salvador de todos e supremo Mestre da nossa fé.

Vicente Ferrer Barriendos

(trad do original castelhano por ama)

Bibliografia:
Alguns documentos do Magistério da Igreja

JOÃO PAULO II, Enc. Redemptor hominis, 1979.
JOÃO PAULO II, Catequesis sobre el Credo, em Creo en Jesucristo, Pa­labra, Madrid 1996.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Mysterium Filii Dei, 1972.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis nun­tius, 1984.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Instr. Libertatis cons­cientia, 1986.
CONGR. PARA A DOUTRINA DA FÉ, Decl. Dominus Iesus, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, p. I, secção 2, cap. 2, nn. 422-682.
CONFERENCIA EPISCOPAL ESPANHOLA, COMISSÃO EPIS­COPAL PARA A DOUTRINA DA FÉ, Cristo presente na Igreja. Nota doutrinal sobre algumas questões cristológicas e im­plicações eclesiológicas, 1992.

Relação de abreviaturas:

Sagrada Escritura

Am                  Amos
Ap                    Apocalipse
Col                   Epístola aos Colossenses
1 Cor               Primeira Epístola aos Coríntios
2 Cor               Segunda Epístola aos Coríntios
1 Cro               Livro I das Crónicas e Paralipómenos
2 Cro               Livro II das Crónicas e Paralipómenos
Dan                  Daniel
Dt                    Deuteronómio
Ef                     Epístola aos Efésios
Ex                    Êxodo
Ez                    Ezequiel
Flp                   Epístola aos Filipenses
Gal                   Epístola aos Gálatas
Gen                 Génesis
Act                   Actos dos Apóstolos
Heb                 Epístola aos Hebreus
Is                     Isaías
Jb                    Job
Jer                   Jeremias
Jo                    Evangelho de São João
1 Jo                 Primeira Epístola de São João
2 Jo                 Segunda Epístola de São João
3 Jo                 Terceira Epístola de São João
Lc                    Evangelho de São Lucas
Lv                    Levítico
Mal                   Malaquias
Mc                   Evangelho de São Marcos
Miq                  Miqueias
Mt                    Evangelho de São Mateus
Os                    Oseias
1 Pd                 Primeira Epístola de São Pedro
2 Pd                 Segunda Epístola de São Pedro
Qo                   Livro de Qohélet (Eclesiastes)
1 Re                 Livro I dos Reis
2 Re                 Livro II dos Reis
Rom                Epístola aos Romanos
Sab                  Livro da Sabedoria
Sal                   Salmos
1 Sam              Livro I de Samuel
2 Sam              Livro II de Samuel
Tg                    Epístola de São Tiago
Sir                    Livro de Bem Sirá (Eclesiástico)
1 Tes               Primeira Epístola aos Tesalonicenses
2 Tes               Segunda Epístola aos Tesalonicenses
1 Tim               Primeira Epístola a Timóteo
1 Tim               Senda Epístola a Timóteo
Tit                    Epístola a Tito
Zc                    Zacarias

Outras siglas empregues

a.                     Artigo
Cap.                 Capítulo
CCE                  Catecismo da Igreja Católica (Cathecismus Catholicae Ecclesiae)
cf.                    Confira-se
Conc.               Concílio
Congr.             Congregação
Const.              Constituição
Decl.                Declaração
DS                   Enchiridion Symbolorum de Dezinguer-Schönmetzer
DV                   Constituição Dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II
Enc.                 Encíclica
GS                   Constituição dogmática Gaudium et spes do Concílio Vaticano II
LG                    Constituição dogmática Lumen gentium do Concílio Vaticano II
p. / pp.            Página / páginas
p. ex.               Por exemplo
p.                     Pergunta
s. / ss.             Seguinte / Seguintes
S. Th.               Summa Theologiae de São Tomás de Aquino
t.                     Tomo





[i] GS, 22,2; Cf. CCE, 470.
[ii] Cf. S. Th. III,2,10; III,6,6; III,7,13; etc.
[iii] Cf. S.Th. III,7,1,ad 1; III,7,9 ad 2.

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