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31/07/2013

Leitura espiritual para 31 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 5, 1-20

1 Chegaram ao outro lado do mar, ao território dos gerasenos. 2 Ao sair Jesus da barca, foi logo ter com Ele, saindo dos sepulcros, um homem possesso de um espírito imundo. 3 Tinha o seu domicílio nos sepulcros, e já ninguém conseguia segurá-lo com cadeias. 4 Tendo sido preso muitas vezes com grilhões e com cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões e ninguém o podia dominar. 5 E sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras. 6 Ao ver de longe Jesus, correu e prostrou-se diante d'Ele 7 e clamou em alta voz: «Que tens Tu comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus eu Te conjuro que não me atormentes». 8 Porque Jesus dizia-lhe: «Espírito imundo sai desse homem». 9 Depois perguntou-lhe: «Como te chamas?». Ele respondeu: «O meu nome é Legião, porque somos muitos». 10 E suplicava-Lhe insistentemente que não o expulsasse daquela região. 11 Andava ali, próximo do monte, uma grande vara de porcos a pastar. 12 Os espíritos imundos suplicaram-Lhe: «Manda-nos para os porcos, para nos metermos neles». 13 Jesus consentiu. Então os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos, e a vara, que era de cerca de dois mil, precipitou-se por um despenhadeiro no mar onde se afogaram. 14 Os guardadores fugiram e contaram o facto pela cidade e pelos campos. E o povo foi ver o que tinha sucedido. 15 Foram ter com Jesus e viram o que tinha estado possesso do demónio sentado, vestido e são do juízo; ele, que tinha estado possesso de uma legião inteira; e tiveram medo. 16 Os que tinham visto contaram-lhes o que tinha acontecido ao endemoninhado e aos porcos. 17 Então começaram a pedir a Jesus que se retirasse do seu território. 18 Quando Jesus subia para a barca, o que fora possesso do demónio começou a pedir-Lhe que lhe permitisse acompanhá-l'O. 19 Mas Jesus não o permitiu, antes lhe disse: «Vai para tua casa, para os teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve piedade de ti». 20 Ele retirou-se e começou a proclamar pela Decápole que grandes coisas Jesus lhe tinha feito; e todos se admiravam.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

DE MAGISTRO (DO MESTRE)

PERFIL BIOGRÁFICO (2)

Uma canção de criança pode mudar uma vida

Entre os dignitários procurados por Agostinho figurava Ambrósio, bispo de Milão, um dos homens mais poderosos do império. O jovem professor buscava com ele uma colocação oficial.
Em vez disso, encontrou respostas para algumas de suas dúvidas. “Esse homem de Deus acolheu-me como um pai. Eu imediatamente o amei’. Passa a assistir, todos os domingos, aos sermões de Ambrósio. Recomeça a ler os Evangelhos. Procura discutir com o sacerdote, que,
entretanto, se nega ao debate. Ambrósio sabe que, para o antigo maniqueu, disputas filosóficas têm menos valor do que a aceitação da crença cristã por intermédio da fé.
Por esta época volta para a África a mulher com quem vivera durante catorze anos. A separação foi provocada pela mãe de Agostinho, MÓNICA, que desejava para o filho uma união cristã, e que chegou ao ponto de lhe arranjar uma noiva. Agostinho, em seus escritos, jamais
procurou justificar a sua fraqueza e o excesso de zelo materno. Ao contrário, falará com remorso de sua união ilegítima e da concubina cujo nome jamais ousará dizer nas suas Confissões.
As dúvidas espirituais de Agostinho eram partilhadas por dois amigos, Alípio e Nebrídio.
Tinham, os três, abandonado a família para viver juntos uma nova experiência. “Éramos três bocas de pobres famintos, que desabafávamos entre nós nossa miséria e esperávamos que nos outorgassem alimento no momento justo”. Ao lado de seus companheiros, decidiram juntar os seus bens e dedicar-se à filosofia. Mas havia uma dificuldade: como suas noivas e esposas acolheriam o projeto? Alípio aconselhava Agostinho a permanecer solteiro, para entregar-se totalmente aos estudos e meditações. Este, porém, como disse nas Confissões, “estava bem longe da grandeza de alma desses sábios. A mim, acariciava-me a morbidez da carne e com mortífera suavidade arrastava a minha cadeia, temendo livrar-me dela e rejeitando essas palavras de incitação ao bem e essa mão libertadora como quem sente remexer uma ferida”.
Em 386 chega à resposta definitiva. Enquanto Alípio e Agostinho meditam, uma voz infantil, vinda da casa da vizinha, repetia: “Toma, lê”. Era o refrão de uma canção infantil que a criança entoava. “Refreando o ímpeto das lágrimas, levantei-me, interpretando essa voz como uma ordem divina’. O livro está lá: São Paulo. Toma-o, abre-o ao acaso e lê: “Não nas orgias e nas bebedeiras, não nos deslizes e nas impudências, não nas discórdias e na inveja, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não deis à carne concupiscências”.

A meditação se inspira no murmúrio da água

Na pequena vila de Cassicíaco, Agostinho encontra o lugar ideal para os seus estudos e meditações. As frias manhãs de outono e inverno transcorrem durante discussões. As noites são dedicadas ás preces. Em Cassicíaco ele escreve suas primeiras obras: De Vita Beata, acirrada polémica contra os descrentes, Contra Académicos, De Ordine, motivada pelo murmúrio da água que corria junto às termas – um estudo sobre a ordem e a harmonia da natureza governada por Deus. Ali são também escritos os Solilóquios, uma invocação quase contínua a Deus. Terminadas as férias, Agostinho escreve a Milão, dizendo que arranjassem “outro vendedor de palavras para os estudantes”. Permanece em Cassicíaco até Março de 387. Depois volta à cidade para assistir às aulas de catecismo. Na noite de vigília da Páscoa, juntamente com Alípio e seu filho Adeodato, Agostinho recebe o baptismo das mãos de Ambrósio. Era o amanhecer de 25 de abril de 387, dia da Ressurreição.
Agostinho resolveu retornar à África, para realizar, na terra natal, seu ideal de vida monástica. A viagem, porém, foi retardada pela doença de sua mãe, vítima de uma febre maligna, que a levaria à morte em poucos dias. “Com apenas 56 anos incompletos, tendo eu 33, essa alma religiosa e devota libertou-se do corpo”. O grande sonho de MÓNICA se realizara: o filho entregara-se de corpo e alma ao cristianismo.
Agostinho chega à África em 388. Cinco anos haviam passado desde que, desgostoso com a inquietude dos estudantes cartagineses, partira para Roma. Volta à Tagaste, onde vende a propriedade deixada pelo pai e distribui o dinheiro entre os pobres. Conserva apenas uma
pequena porção de terra, onde, ao lado dos amigos Alípio e Ovídio, funda o primeiro mosteiro agostiniano. São poucos os discípulos, e a regra que os une não é a das ordens monásticas orientais. O seu ideal é a contemplação, o otium deificante.Mas ao misticismo junta-se anecessidade de aprofundar definitivamente os problemas do espírito. Prova disso é o De Diversis Quaestionibus, nascido das discussões no interior do mosteiro.
Nos dois anos de permanência em Tagaste, Agostinho escreve outros livros. De Música, iniciado em Milão, De Genesi (contra os maniqueus). De Vera Religione, considerado uma de suas primeiras obras-primas. Neste livro seu interlocutor é Adeodato, que, com apenas dezasseis anos, revela uma maturidade e perspicácia que assombram o pai. O rapaz consegue acompanhar Agostinho nos seus difíceis argumentos sobre o valor das palavras. Somente em raros momentos
confessa hesitações: “Até aqui minha inteligência não chega...” Então o raciocínio de Agostinho torna-se mais simples, mais discursivo.
Adeodato morreria no ano seguinte, com apenas dezassete anos. Muitos, porém, o substituíram, continuariam o ideal que animava os habitantes do mosteiro de Tagaste, dividindo-se entre a acção e a vida contemplativa.

O apelo da multidão: um pastor para enfrentar os leões vorazes

No início de 391, a chamado de um funcionário imperial, Agostinho segue para Hipona. A cidade, com cerca de 30 mil habitantes, funcionava com grande centro comercial: no seu porto era embarcado o trigo enviado a Roma. Encostada nas montanhas cobertas de pinheiros, a segunda metrópole africana em importância gozava de posição privilegiada, sendo até mesmo bem protegida por fortificações.
Certo dia Agostinho assistia à missa quando o velho bispo da cidade, Valério, começou a explicar ao povo as necessidades da diocese, acentuando a urgência de ter um sacerdote que o ajudasse. Da multidão elevou-se, cada vez mais distinto, o pedido: “Agostinho padre”. Agostinho procurou resistir, defendendo a tranquilidade de sua vida monástica, mas a insistência da população triunfou: com os olhos cheios de lágrimas, ajoelha-se frente a Valério e é ordenado sacerdote. Tem 37 anos e sabe que pesadas tarefas o esperam, terá de lidar com necessidades objetivas do povo, ao lado de suas preocupações espirituais. Seu temperamento contemplativo, porém, permanecerá sempre fiel aos ideais de Cassicíaco e Tagaste. Funda, com Alípio, um
segundo mosteiro. Seus discípulos serão, mais tarde, bispos em várias cidades da África – o catolicismo deste continente será marcadamente agostiniano.
Em 396, atendendo ao pedido de Valério, Agostinho é sagrado bispo auxiliar. Conserva o hábito de penitente, recusando-se a usar anel e mitra. Desde os primeiros dias de sua sagração, teve de se defrontar com “leões vorazes”, os heréticos que estavam por toda parte. Ele mesmo, em seu livro sobre heresias, chegaria a contar 88. A principal delas era a seita dos donatistas, que, em fins de 312, se havia separado da Igreja, alegando que os católicos mostraram-se demasiado servis ao poder imperial por ocasião das perseguições de Diocleciano. Na época, os donatistas lutavam violentamente, e não só com discussões. O próprio Agostinho salvara-se por milagre de uma emboscada. Um outro bispo fora ferido de morte diante altar.
Ainda quando simples padre, Agostinho havia percebido a gravidade do cisma que se desencadeava sobretudo nas regiões berberes menos romanizadas, entre os pobres do campo oprimidos pelos proprietários rurais. Na agitação donatista havia um amplo aspecto de revolta social. Camponeses, escravos e desertores incendiavam e saqueavam os grandes domínios.
Sessenta cristãos já haviam sido trucidados. Era tempo, como escrevia Possídio, de que a Igreja “longamente humilhada reerguesse a cabeça”. Agostinho iniciou a luta convidando os chefes donatistas para discussões públicas. Escreve contra eles mais de uma dúzia de livros e opúsculos, nos quais procura demonstrar que a santidade da Igreja universal não pode ser negada ou destruída pelas culpas de alguns de seus membros.

É preciso paciência diante de olhos em chamas

No início do século V, caracterizado por perseguições e heresias, Agostinho é um dos personagens mais destacados. As desordens desencadeadas pelos donatistas levam o poder oficial a intervir. Em 411 é organizada uma grande conferência em Cartago, 279 donatistas, enfrentam 264 bispos católicos – entre os quais Agostinho – numa discussão pública. Agostinho, “o lobo mortífero que ameaça destruir nosso rebanho”, como diziam os donatistas, domina a reunião. A 26 de junho de 411, o cisma era suprimido legalmente.
Grande parte da doutrina agostiniana se desenvolve neste período, nascida nos choques em que o bispo de Hipona intervém não só como representante oficial da Igreja, mas também a título pessoal, por uma profunda necessidade de sua inteligência. Por isso, as batalhas que trava têm um toque particular, tornam-se verificações e pesquisas que contribuem para desenvolver suas opiniões. Multiplicam-se encontros, discussões públicas, sínodos e concílios, mais numerosos que os de Roma. Mas em nenhuma ocasião Agostinho – sempre orador oficial – esquece o facto de que mais valioso que a palavra é o amor, de que os heréticos se persuadem com exemplos de amor fraterno, não com argumentações sutis. “Os olhos dos doentes queimam, por isso são tratados com delicadeza... Os médicos são delicados até com os doentes mais intolerantes: suportam o insulto, dão o remédio, não revidam as ofensas. Fique bem claro que não somos (católicos e donatistas) adversários: há um que cura e outro que é curado”.

A espada dos bárbaros é a cólera dos antigos deuses

24 de Agosto de 410. Uma terrível notícia abala o mundo: Roma, a capital do império, a cidade sagrada que desde a ocupação gaulesa de 387 a.C. nunca mais enfrentara a desonra da invasão, fora tomada por visigodos de Alarico. Forçando os muros aurelianos da Porta Salária, os bárbaros dedicam-se ao saque, incendiando e causando depredações. Mensageiros apressados trazem notícias trágicas, dizem que os cadáveres são tantos, que não é possível enterrá-los. E agora, seguido por uma longa fileira de carros com os tesouros roubados dos templos, Alarico dirige-se para o sul, para empreender a conquista da África.
Um mito apagou-se. Durante séculos, pareceu que Roma era a predileta dos céus.
Primeiro, protegida pelos deuses que Eneias trouxera de Troia, depois pelo Deus que Pedro trouxera de Jerusalém. Agora não se podia mais crer nisso. A fraqueza do império – que precisou consentir na entrada pacífica dos bárbaros em seu território, que tivera de recrutar corpos militares inteiros entre os recém-chegados, que vira seus recursos desperdiçados nas lutas entre pretendentes a imperador – tornava-se patente. No Ocidente empobrecido, afastado das importantes rotas comerciais que asseguravam a riqueza de Constantinopla, a autoridade imperial diluiu-se, substituída pela concentração do poder em mãos dos grandes proprietários de terras.
Somente a Igreja sobreviveria, conservando, na sua estrutura baseada na divisão administrativa do império, os vestígios da civilização romana. Somente a Igreja dispunha de elementos intelectualmente capazes, submetidos a uma rígida organização, de modo a conservar a centralização que caracterizara o mundo romano. A vontade única do imperador foi aos poucos substituída pela vontade única do bispo de Roma.
Diante dos refugiados que fugiam à aproximação dos visigodos, diante daqueles que diziam que na ruína de uma cidade perecera todo o império, eleva-se a voz de Agostinho: “Vamos, cristãos, germes celestes, peregrinos na Terra, que andais à procura da cidade celeste
nos céus, que desejais juntar-vos aos anjos, compreendei bem que estais aqui de passagem...”
São palavras que dão a entender que nesse mundo tudo passa, e que as civilizações são mortais como os indivíduos. Mas os pagãos – e mesmo muitos cristãos amedrontados – parecem surdos às suas palavras. Roma caiu porque os antigos deuses foram ultrajados. Alarico não passa da mão vingadora de Júpiter.
Para Agostinho, inicia-se outra batalha, uma das mais decisivas na história do cristianismo.

Entre vários é preciso escolher

“A galinha come o escorpião e, digerindo-o, transforma-o em ovo. E como não falar de Roma? Não temos lá muitos irmãos? Não está lá uma grande parte da Jerusalém terrestre? É o que digo, quando não me calo a respeito dela, a não ser que não seja verdade o que dizem de nosso Cristo, que Ele seria culpado pela queda de Roma, protegida por divindades de pedra e de madeira... Deuses que têm olhos e não vêm, orelhas e não ouvem. Eis a que guardiões foi confiada Roma por homens doutos: a guardiões que não enxergam. Se tais deuses podiam proteger Roma, por que razão morreram antes dela? Sei que respondem – Roma morreu – É verdade, mas eles (os deuses) também morreram”.
O trabalho em que Agostinho apresenta a defesa do cristianismo e convida seus contemporâneos a compreender o sentido profundo da história é a sua obra-prima, A Cidade de Deus. Já não se trata de um reino de Deus que sucede à vida terrena. A cidade de Deus e a dos homens coexistem: a primeira, antes simbolizada por Jerusalém, é agora a comunidade dos cristãos. A cidade dos homens tem poderes políticos, moral e exigências próprias. As duas cidades permanecerão lado a lado até o fim dos tempos, mas depois a divina triunfará para
participar da eternidade.
Agostinho levou 13 anos para escrever os 22 livros da obra que teria enorme influência em toda a Idade Média. Para ele, Deus legitima a própria existência do poder, sem garantir o exercício concreto deste. A providência divina não confere a um acto o carácter de acto moralmente cristão. Desta forma, um católico pode afirmar que nada se faz sem Deus, do qual procedem o princípio de autoridade e a orientação misteriosa dos factos. E ao mesmo tempo, pode evitar que o cristianismo seja responsabilizado por este ou aquele acontecimento particular. O cristão pode, simultaneamente, ver a mão da providência na queda de Roma, e lutar contra o perigo bárbaro com todo o coração e todas as suas forças. A filosofia política de Agostinho é uma filosofia de tempos difíceis, e serviu admiravelmente aos objectivos de seu autor, destruindo a argumentação dos polemistas pagãos. “Roma não é eterna, porque só Deus é eterno”.
O perigo imediato passara, a morte havia paralisado, em Consenza, a marcha de Alarico.
O chefe bárbaro jazia, com seu cavalo e seus tesouros, no leito do rio Busento. Agostinho, porém, não encontrava descanso. Novas heresias, como a dos pelagianos, pretendiam afastar do cristianismo todo o elemento sobrenatural, ameaçavam a comunidade dos fiéis. O bispo prossegue em sua luta, procurando sempre antepor os argumentos do coração aos da razão. As palavras que mais frequentemente aparecem em seus escritos são amor e caridade. Amor, para ele, significa o conjunto de forças que leva o homem a um determinado caminho, escolhido pela consciência. “Há amores que devem ser amados, e amores que não devem ser amados”. Para Agostinho, o conhecimento abrange o homem inteiro, mente e coração. A alma é uma substância dotada de razão e apta para governar o corpo. A fé serve de ponto de partida para colocar a mente na direção certa, marca os limites do campo que a razão deverá preencher. A realização vem quando se compreende aquilo em que se acredita.
A sua doutrina nasce nos estudos que se originaram da necessidade de responder aos heréticos. Agostinho procura uma filosofia – que ele entende como sendo o caminho para a felicidade – capaz de englobar o cristianismo e a salvação. Adopta algumas posições dos seguidores de Platão, como a concepção de dois níveis de conhecimento – um através dos sentidos, e outro percebido unicamente pela razão. E junta-lhes a figura de Cristo. Com esses elementos iniciais ergue um edifício filosófico que muito influenciaria o pensamento ocidental e que, em alguns aspectos, conserva ainda hoje toda a sua força polémica.
Muitas vezes, porém, ao desenvolver uma ideia, interrompe o raciocínio para deixar fugir um grito de amor a Deus: “Ó Senhor, amo-Te. Tu me estremeceste meu coração com a palavra e fizeste nascer o amor por Ti. Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Te amei...
Tocaste-me, e ardo de desejo de alcançar Tua paz”. Mesclavam-se nele o polemista inimigo das heresias, o administrador dos recursos da Igreja e o místico, que escolhera, tantos anos atrás, uma vida de recolhimento.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


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