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21/07/2013

Leitura espiritual para 21 Jul

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 27, 26-44

26 Então soltou-lhes Barrabás. Quanto a Jesus, depois de O ter mandado flagelar, entregou-O para ser crucificado. 27 Então os soldados do governador, conduzindo Jesus ao Pretório, juntaram em volta d'Ele toda a coorte. 28 Depois de O terem despido, lançaram sobre Ele um manto escarlate. 29 Em seguida, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-Lha na cabeça, e na mão direita uma cana. E, dobrando o joelho diante d'Ele, O escarneciam, dizendo: «Salve, ó rei dos Judeus!». 30 Cuspindo-Lhe, tomavam a cana e batiam-Lhe com ela na cabeça. 31 Depois que O escarneceram, tiraram-Lhe o manto, revestiram-n'O com os Seus vestidos e levaram-n'O para O crucificar. 32 Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, ao qual obrigaram a levar a cruz de Jesus. 33 Tendo chegado ao lugar chamado Gólgota, isto é, “lugar da Caveira”, 34 deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Tendo-o provado, não quis beber. 35 Depois que O crucificaram, repartiram entre si os Seus vestidos, lançando sortes. 36 E, sentados, O guardavam. 37 Puseram por cima da Sua cabeça uma inscrição indicando a causa da Sua condenação: «Este é Jesus, o Rei dos Judeus». 38 Ao mesmo tempo foram crucificados com Ele dois ladrões: um à direita e outro à esquerda. 39 Os que passavam, movendo as suas cabeças, ultrajavam-n'O, 40 dizendo: «Ó Tu, que destróis o templo e o reedificas em três dias, salva-Te a Ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz!».41 Igualmente, também os príncipes dos sacerdotes com os escribas e os anciãos, insultando-O, diziam: 42 «Ele salvou outros e a Si mesmo não se pode salvar. Se é rei de Israel, desça agora da cruz e acreditaremos n'Ele. 43 Confiou em Deus: Se Deus O ama, que O livre agora; porque Ele disse: “Eu sou o Filho do Deus”». 44 Do mesmo modo O insultavam os ladrões que estavam crucificados com Ele.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO-TERCEIRO

CAPÍTULO XXX

Erro dos maniqueus

Ouvi, Senhor, meu Deus, tua voz, e recolhi em meu coração uma gota de doçura de tua verdade. Compreendi que há uns aos quais tuas obras desagradam. Eles sustentam que muitas delas fizeste constrangido pela necessidade, como a estrutura dos céus, a ordem dos astros, afirmam que não as criaste por ti mesmo, mas que elas já existiam alhures, criadas por outra fonte, que te limitaste a reuni-las, a ordená-las, a entrelaçá-las, que com elas construíste as muralhas do mundo, depois de vencido os teus inimigos, para que essa construção os mantivesse cativos, e não mais pudessem revoltar-se contra ti, que não criaste nem organizaste outros seres, como os corpos carnais, os animais pequenos e tudo o que se prende à terra por meio de raízes, que foi um espírito hostil, uma outra natureza, não criada por ti, e que se opõe a ti nas regiões inferiores do mundo, que as gerou e organizou. Esses insensatos falam assim porque não vêm as tuas obras através de teu Espírito, nem te reconhecem neles.

CAPÍTULO XXXI

A luz do espírito divino

O oposto sucede aos que vêm as tuas obras através do teu Espírito, pois és tu é quem as vê neles.
Portanto, quando vêm que elas são boas, tu também vês essa bondade, em tudo o que lhes agrada por tua causa, tu és quem nos agradas, e o que nos agrada através do teu Espírito é em nós que te agrada. Com efeito, quem dentre os homens sabe das coisas do homem, senão o espírito do homem que nele habita?
Do mesmo modo o que pertence a Deus ninguém o sabe, a não ser o Espírito de Deus.
“Quanto a nós, diz ainda Paulo, não recebemos e espírito deste mundo, mas o Espírito de Deus, para que conheçamos os dons que nos vêm de Deus”.
E isto fez-me perguntar: Posto que certamente ninguém sabe das coisas de Deus, com excepção do Espírito de Deus, como conhecemos então nós os dons que nos vêm de Deus?
Eis a resposta que recebi: As coisas que sabemos pelo seu Espírito, ninguém as sabe, a não ser o Espírito de Deus. É pois justo o que foi dito aos que falavam, inspirados pelo Espírito de Deus: “Não sois vós os que falais” – e aos que obtém seu saber do Espírito de Deus: “Não sois vós os que sabeis”. – E com igual razão se diz aos que vêm através do Espírito de Deus: “Não sois vós os que vêm”. Assim, em tudo o que vemos de bom pelo Espírito de Deus, não somos nós que vemos, mas Deus.
Por isso, uma coisa é julgar mau o que é bom, como o fazem aqueles de quem falei acima, e outra coisa é o homem ver o que é bom. Todavia, muitos amam tua criação porque é boa, mas não te amam nessa criação, e por isso preferem gozar dela que de ti.
Há ainda outro caso, quando alguém vê que uma coisa é boa, mas é Deus que nele vê que essa coisa é boa, e é Deus que é amado na sua criação. Ele só o pode ser graças ao Espírito que Deus nos deu, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Por ele, vemos que tudo o que de algum modo existe é bom, pois recebe o seu ser daquele que é, não de um modo qualquer, mas de modo absoluto.

CAPÍTULO XXXII

A criação

Graças te damos, Senhor!
Vemos o céu e a terra, isto é, a parte superior e inferior do mundo material, assim como a criação espiritual e material. E, como adorno dessas partes que se compõe, o conjunto do Universo, e o conjunto de toda a criação, vemos a luz que foi criada e separada pelas trevas. Vemos o firmamento do céu, tanto o que está situado entre as águas
espirituais superiores e as águas materiais inferiores, como ainda esses espaços de ar, chamados também de céu, onde volitam as aves do céu entre as águas que se evolam em vapores, e nas noites serenas se condensam em orvalho, e as que correm pesadas sobre a terra.
Vemos a beleza das águas reunidas nas planícies do mar, e a terra enxuta, ora nua, ora tomando forma visível e ordenada, mãe das plantas e das árvore.
Vemos os luminares do céu brilhando acima de nós, o sol bastar para o dia, a lua e as estrelas consolando a noite, e todos esses astros marcando e assinalando a cadência do tempo.
Vemos o elemento húmido habitado por peixes, monstros, animais alados, porque a densidade do ar que sustenta o voo dos pássaros é aumentada pela evaporação das águas.
Vemos a face da terra embelezar-se de animais terrestres, e o homem, criado à tua imagem e semelhança, senhor de todos os animais irracionais, precisamente porque foi feito à tua imagem e se assemelha a ti, em virtude da razão e da inteligência. E como na alma humana há uma parte que domina pela reflexão e outra que se submete na obediência, assim a mulher foi criada fisicamente para o homem, é fora de dúvida que ela possui um espírito e uma inteligência racional, iguais aos do homem, mas seu sexo a coloca sob a dependência do sexo masculino, é desse modo que o desejo, princípio da acção, se submete à razão que concebe a arte do agir rectamente. Eis o que vemos, e que cada uma dessas coisas, tomadas por si, são boas, e que todas, em seu conjunto, são muito boas.

CAPÍTULO XXXIII

A matéria e a forma

Que as tuas obras te louvem para que te amemos!
Que nós te amemos, para que as tuas obras te louvem!
Elas têm o seu princípio e fim no tempo, o seu nascimento e morte, o seu progresso e decadência, a sua beleza e sua imperfeição. Elas têm, portanto, sucessivamente a sua manhã e a sua noite, umas oculta, outras, manifestamente.
Foram feitas por ti do nada, não da tua substância, nem de nenhuma substância estranha ou inferior a ti, mas de matéria concriada, isto é, criada por ti ao mesmo tempo em que lhe deste forma, sem nenhum intervalo de tempo.
Sem dúvida a matéria do céu e da terra é uma coisa, e a sua forma é outra, a tua matéria a fizeste do nada, a forma, tu a tiraste da matéria informe.
Contudo, criaste uma e outra a um só tempo, de maneira que entre a matéria e a forma não houvesse nenhum intervalo de tempo.

CAPÍTULO XXXIV

Alegoria da criação

Também meditei sobre o significado simbólico da ordem pela qual se fez a tua criação e da ordem pela qual a Escritura relata.
Vimos que as tuas obras, consideradas, cada uma em si, são boas, e em seu conjunto, muito boas. Em teu Verbo, em teu Filho único, vimos o céu e a terra, a cabeça e o corpo da Igreja, predestinadas antes de todos os tempos, quando ainda não havia nem manhã, nem tarde.
Depois começaste a executar no tempo o que predestinaste antes do tempo, a fim de revelar os teus desígnios ocultos e de dar ordem às nossas desordens – porque pesavam sobre nós os nossos pecados, e nos perdíamos longe de ti em voragens de trevas.
O teu Espírito misericordioso pairava sobre nós, para nos socorrer no momento oportuno.
Justificaste os ímpios, tu os separaste dos pecadores e confirmaste a autoridade de teu Livro entre os superiores, que te eram dóceis, e os inferiores, para que a eles se submetessem.
Reuniste num corpo único, com as mesmas aspirações, a sociedade dos infiéis, para que aparecesse o zelo dos fiéis fecundo em obras de misericórdia, e distribuindo aos pobres os bens da terra para adquirir os do céu.
Acendeste então os luzeiros no firmamento: os teus santos, que possuem a palavra de vida e brilham pela sublime autoridade dos seus dons espirituais.
Depois, para difundir a fé entre as nações idólatras, fizeste com a matéria visível dos sacramentos os milagres bem perceptíveis, e determinaste as vozes das palavras sagradas, conformes ao firmamento de teu Livro, pelas quais seriam abençoados teus fiéis.
Formaste depois a alma viva dos fiéis, pela disciplina das paixões bem ordenadas e pelo vigor da continência.
Por fim renovaste a alma, que não estava sujeita senão a ti, e que não tinha mais necessidade de nenhuma autoridade humana para imitar, à tua imagem e semelhança, submeteste, como a mulher ao homem, a actividade racional ao poder da inteligência.
Quiseste que aos teus ministros que são necessários ao progresso dos fiéis nesta vida, que esses mesmos fiéis propiciassem o necessário para suas necessidades temporais, obras valiosas de caridade, cujos frutos colherão no futuro.
Vemos todas essas coisas, e todas são muito boas, porque tu as contemplas em nós, tu que nos deste o Espírito, para que por ele pudéssemos vê-las e amar-te nelas.

CAPÍTULO XXXV

Prece

Senhor Deus, tu que nos deste tudo, concede-nos a paz do repouso, a paz do sábado, a paz do ocaso.
De facto, esta formosíssima ordem de coisas muito boas, passará quando atingir o termo do seu destino, e terá a sua tarde como teve o seu amanhecer.

CAPÍTULO XXXVI

O repouso de Deus

O sétimo dia, porém, não tem crepúsculo, não entardece porque o santificaste para que se prolongue eternamente. E o repouso do teu sétimo dia, depois de ter criado tantas e tão boas obras, embora sem te causar fadiga, a palavra da tua Escritura anuncia-nos que também nós, depois dos nossos trabalhos, que são bons porque assim nos o concedeste, encontraremos o repouso em ti, no sábado da vida eterna.

CAPÍTULO XXXVII

O repouso da alma

Então também repousarás em nós, como hoje opera em nós, e o repouso de que gozaremos será teu, como as obras que fazemos são tuas.
Mas tu, Senhor, sempre estás activo e sempre estás em repouso.
Tu não vês o tempo, não ages no tempo nem repousas no tempo, todavia, concede-nos que vejamos no tempo, fazes o próprio tempo e o repouso além do tempo.

CAPÍTULO XXXVIII

O descanso de Deus

Vemos, portanto, as tuas criaturas porque elas existem. Mas elas existem porque tu as vês. Olhando à nossa volta, vemos que elas existem, no nosso íntimo, vemos que são boas. Mas tu já as viste feitas quando e onde viste que deviam ser feitas.
Agora somos inclinados a praticar o bem, depois que o nosso coração concebeu essa ideia em teu Espírito.
Outrora estávamos inclinados ao mal, desertando de ti. Tu, porém, ó Deus, único bem, nunca cessaste de nos fazer o bem.
Por tua graça, algumas das nossas obras são boas, mas não são eternas.
Esperamos, depois de realizá-las, repousar na tua grande santificação. Mas tu, que não precisas de nenhum outro bem, estás sempre em repouso, porque és teu próprio repouso.
Que homem poderá dar ao homem a compreensão desta verdade? Que anjo a outro anjo?
Que anjo ao homem?
É a ti que devemos pedir, e em ti é que a devemos buscar, é à tua porta que devemos bater. E somente assim receberemos, somente assim encontraremos, somente assim se nos abrirá tua porta.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)


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