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27/06/2013

Leitura espiritual para 27 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 16, 1-20

1 Foram ter com Ele os fariseus e os saduceus e, para O tentarem, pediram-Lhe que lhes mostrasse algum prodígio do céu. 2 Ele, porém, respondeu-lhes: «Vós, quando vai chegando a noite, dizeis: “Haverá tempo sereno, porque o céu está vermelho”. 3 E de manhã: “Hoje haverá tempestade, porque o céu mostra um avermelhado sombrio”. 4 Sabeis, pois, distinguir o aspecto do céu e não podeis conhecer os sinais dos tempos? Esta geração perversa e adúltera pede um prodígio, mas não lhe será dado outro prodígio, senão o prodígio do profeta Jonas». E, deixando-os, retirou-Se. 5 Os Seus discípulos, tendo passado à outra margem do lago, tinham-se esquecido de levar pão. 6 Jesus disse-lhes: «Olhai e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus». 7 Mas eles discorriam entre si, dizendo: «É que não trouxemos pão». 8 Conhecendo Jesus isto, disse: «Homens de pouca fé, porque estais a discorrer entre vós por não terdes trazido pão? 9 Ainda não compreendeis nem vos lembrais dos cinco pães para os cinco mil homens, e quantos cestos recolhestes? 10 Nem dos sete pães para quatro mil homens, e quantos cestos recolhestes? 11 Porque não compreendeis que não foi a respeito do pão que eu vos disse: “Acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus”?». 12 Então compreenderam que não havia dito que se guardassem do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus. 13 Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os Seus discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». 14 Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». 15 Jesus disse-lhes: «E vós quem dizeis que Eu sou?». 16 Respondendo Simão Pedro, disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». 17 Respondendo Jesus, disse-lhe: «Bem-aventurado és, Simão filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos céus. 18 E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus». 20 Depois ordenou aos Seus discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Cristo.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO DÉCIMO

CAPÍTULO VII

Deus e os sentidos

Que amo, então, quando amo a meu Deus?
Quem é aquele que está acima da minha alma?

É por minha alma, portanto, que subirei até ele. Hei-de sobrepujar a força que me ata ao corpo, e que enche o meu organismo de vida, pois não encontro nela o meu Deus. Se assim fosse, o cavalo e a mula, que não têm inteligência, também o encontrariam, porque essa mesma força vivifica seus corpos.
E existe outra força, que não só vivifica, mas que também torna sensível minha carne que o Senhor me deu, ordenando ao olho que não ouça, e ao ouvido que não veja, mas àquele que sirva para ver, e a este para ouvir, e que determinou a cada um dos outros sentidos o respectivo lugar e ofício. É deles que se serve a minha alma para exercer suas diversas funções, permanecendo, contudo, uma só.
Vencerei também essa força, que também possuem o cavalo e a mula, pois também eles sentem por meio do corpo.

CAPÍTULO VIII

O milagre da memória

Vencerei então esta força de minha natureza, subindo por degraus até meu Criador.
Chegarei assim diante dos campos, dos vastos palácios da memória, onde estão os tesouros de inúmeras imagens trazidas por percepções de toda espécie. Lá também estão armazenados todos os nossos pensamentos, quer aumentando, quer diminuindo, ou até alterando de algum modo o que nossos sentidos apanharam, e tudo o que aí depositamos, se ainda não foi sepultado ou absorvido no esquecimento.
Quando ali penetro, convoco todas as lembranças que quero. Algumas apresentam-se de imediato, outras só após uma busca mais demorada, como se devessem ser extraídas de receptáculos mais recônditos. Outras irrompem em turbilhão e, quando se procura outra coisa, se interpõem como a dizer: “Não seremos nós que procuras?” Eu as afasto com a mão do espírito da frente da memória, até que se esclareça o que quero, surgindo do esconderijo para a vista.
Há imagens que acodem à mente facilmente e em sequência ordenada à medida que são chamadas, as primeiras cedendo lugar às seguintes, e desaparecem, para se apresentarem novamente quando eu o quiser. É o que sucede quando conto alguma coisa de memória.
Ali se conservam também, distintas em espécies, as sensações que aí penetraram cada qual por sua porta: a luz, as cores, as formas dos corpos, pelos olhos, toda espécie de sons, pelos ouvidos, todos os odores, pelas narinas, todos os sabores, pela boca, enfim, pelo tacto de todo o corpo, o duro e o brando, o quente e o frio, o suave e o áspero, o pesado e o leve, quer extrínseco, como intrínseco ao corpo. A memória armazena tudo isso em seus vastos recessos, em suas secretas e inefáveis sinuosidades, para lembrá-lo e trazê-lo à luz conforme a necessidade.
Todas essas imagens entram na memória por suas respectivas portas, sendo ali armazenadas.
Todavia, não são as coisas em si que entram na memória, mas as imagens das coisas sensíveis, que ali ficam à disposição do pensamento que as evoca.

Mas quem poderá explicar como se formaram tais imagens, apesar de se conhecer o sentido pelo qual foram captadas e escondidas em seu íntimo?
Pois, mesmo quando estou em silêncio e no escuro, imagino, se quiser, as cores, e sei distinguir o branco do preto, e todas as outras entre si, e isto sem que os sons, mesmo os lembrados, perturbem minhas imagens visuais, e permanecem como que a parte.
Se decido chamá-los, eles apresentam-se imediatamente. Mesmo quando minha língua descansa e a minha garganta se cala, canto quanto quero, sem que as imagens das cores, também presentes, se interponham ou perturbem enquanto me sirvo do tesouro que me entrou pelos ouvidos.
Do mesmo modo as demais impressões, introduzidas e armazenadas em mim por meio dos outros sentidos, posso recordar a meu talante, distingo o aroma dos lírios do das violetas, sem cheirar nenhuma flor, e sem provar nem tocar em nada, mas apenas com a lembrança, posso preferir o mel ao arrobe e o macio ao áspero.
Realizo tudo isto, interiormente, no imenso palácio da memória. Ali eu tenho às minhas ordens o céu, a terra, o mar, com tudo o que neles pude perceber, com exceção do que já me esqueci. Ali me encontro a mim mesmo, recordo de mim e das minhas acções, do seu tempo e lugar, e dos sentimentos que me dominavam ao praticá-las.
Ali estão todas as lembranças do que aprendi, quer pelo testemunho alheio, quer pela experiência.
Deste mesmo manancial provêm as analogias entre factos das minhas experiências pessoais, ou em que acreditei baseado nas experiências prévias, ligo umas e outras ao passado, e medito no futuro, nas acções, nos acontecimentos, nas esperanças, e tudo como se estivesse presente.
“Farei isto ou aquilo” – digo para mim, nesse vasto universo da minha alma, repleto de imagens de tantas e tão grandes coisas. E disso tiro esta ou aquela conclusão.
“Oh! Se acontecesse isto ou aquilo!” “Queira Deus não aconteça isto ou aquilo!” digo isto no meu íntimo, e nisso visualizando as imagens das realidades que exprimo, saídas do mesmo tesouro da memória, sem elas, nada poderia dizer.

Grande é realmente o poder da memória, prodigiosamente grande, meu Deus!
É um santuário amplo e infinito.
Quem o pode sondar até às suas profundezas?
É um poder próprio do meu espírito, que pertence à minha natureza, mas eu não sou capaz de compreender inteiramente o que sou.
Será o espírito demasiado estreito para se conter a si mesmo?
Onde, então, está o que ele não pode conter de si?
Estaria fora dele, e não nele?
Como então não o contém?

Esta ideia provoca-me grande admiração, e enche-me de espanto. Viajam os homens para admirar as alturas dos montes, as grandes ondas do mar, as largas correntes dos rios, a imensidão do oceano, a órbita dos astros, e esquecem-se de si mesmos!
Nem se admiram que eu fale dessas coisas sem vê-las com os olhos, contudo, eu não as poderia mencionar se esses montes, se essas ondas, esses rios, esses astros, que eu vi, se esse oceano, no qual acredito pelo testemunho alheio, eu não os visse na memória em toda a sua dimensão, como se estivessem diante de mim. Mas quando os vi com os meus olhos, não os absorvi, não são as coisas que se encontram dentro de mim, mas apenas as suas imagens. E sei por qual sentido do corpo recebi a impressão de cada uma delas.

CAPÍTULO IX

A memória intelectual

E não se limita a isto a imensa capacidade da minha memória.
Ali estão, como em um lugar recôndito, que aliás, não é um lugar, todas as noções aprendidas das artes liberais, pelo menos as que ainda não esqueci. Mas, neste caso, não são as imagens delas que trago em mim, mas as próprias realidades em si. As noções de literatura, a dialética, as diferentes espécies de questões, tudo o que sei a respeito desses problemas estão na minha memória, mas não estão ali como a imagem solta de uma coisa, cuja realidade se deixou fora. Nesse caso seria como um som que se ouve e passa, como a voz que deixa no ouvido um rasto, que permite que a lembremos, como se ainda soasse embora já não soe, ou como o perfume que, ao passar e
Se desvanece no ar, atinge o olfacto e grava a sua imagem na memória, imagem que a lembrança reproduz, ou como o alimento, que perde o sabor no estômago, mas o conserva na memória, ou como um corpo que se sente pelo tacto e que, ausente, é imaginado pela memória.

Todas essas realidades não nos penetram a memória, mas tão somente são captadas as suas imagens com maravilhosa rapidez, e dispostas, digamos, em compartimentos admiráveis, de onde são extraídas pelo milagre da lembrança.

CAPÍTULO X

Memória dos sentidos

Ouço dizer que há três géneros de questões a saber: se uma coisa existe, qual a sua natureza e qual a sua qualidade – retenho a imagem dos sons de que se compõem estas palavras, e sei que estes atravessaram o ar como ruído, e já não existem. Mas as realidades significadas por tais palavras, eu jamais as atingi com nenhum sentido do corpo, nem as vi em nenhuma parte fora do meu espírito, o que gravei na minha memória não são as suas imagens, mas as próprias realidades.
Que me digam, se o puderem, por onde entraram em mim!

Percorro em vão todas as portas do meu corpo, e não descubro por onde poderiam ter entrado.
Com efeito: os olhos dizem:
“Se são coloridas, fomos nós que as transmitimos.” – Os ouvidos dizem: “Se eram sonoras, foram por nós comunicadas”. – As narinas dizem: “Se tinham cheiro, passaram por aqui”. – E o gosto diz: “Se não têm sabor, nada me perguntem”. – O tacto declara: “Se não são corpóreas, eu não as toquei, e portanto não poderia revelá-las”

De onde, então, e por onde entraram em minha memória?
Ignoro-o.
Aprendi-as não dando crédito ao testemunho alheio, mas reconheci-as em mim e aprovei-as como verdadeiras, confiei-as ao meu espírito como em depósito, de onde poderei tirá-las quando quiser. Estavam pois ali, antes mesmo que eu as aprendesse, mas não na memória.
E onde estavam então?
E porque, ao serem mencionadas, eu as reconheci e disse: “É assim mesmo, é verdade” – senão porque já estavam em minha memória? Mas tão escondidas e sepultadas em tão secretos recessos, que se alguém não as arrancasse dali com as suas perguntas, talvez eu nem pudesse concebê-las.

CAPÍTULO XI

Ideias inatas

Por isso descobrimos que adquirir tais noções – cujas imagens não atingimos por meio dos sentidos mas que percebemos em nós, sem o auxílio de imagens, tais como são em si mesmas, nada mais é do que coligir com o pensamento os elementos esparsos na memória e, pela reflexão, obrigá-los a estarem sempre disponíveis à memória, onde antes se ocultavam em desordem e abandono, de modo que se apresentem sem dificuldade ao chamado do nosso espírito. E quantas noções deste tipo não encerra a minha memória, já descobertas e, como disse, postas como que à mão, eis o que chamamos de “aprender” e “saber”. Se porém deixo de as recordar por uns tempos, de tal modo submergem e se dispersam em seus profundos esconderijos, que é preciso reuni-las uma segunda vez, como se fossem novas (cogente) – pois não têm outra habitação – e juntá-las de novo para que possam ser objecto do saber, isto é: preciso tirá-las da sua condição de dispersão e juntá-las novamente.
Daí a palavra cogitare, porque cogo e cogito são como ago e agito, e facio, facito.

Contudo, a inteligência reivindicou essa palavra (cogito) para si, de modo que essa operação de coligir, de reunir no espírito, e não em outra parte, é propriamente o que se chama pensar (cogitare).

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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