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24/06/2013

Leitura espiritual para 24 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 14, 22-36

22 Imediatamente Jesus obrigou os Seus discípulos a subir para a barca e a passarem antes d'Ele à outra margem do lago, enquanto despedia a multidão. 23 Despedida esta, subiu a um monte para orar a sós. Quando chegou a noite, achava-Se ali só. 24 Entretanto a barca no meio do mar era batida pelas ondas, porque o vento era contrário. 25 Ora, na quarta vigília da noite, Jesus foi ter com eles, andando sobre o mar. 26 Os discípulos, quando O viram andar sobre o mar, assustaram-se e disseram: «É um fantasma». E, com medo, começaram a gritar. 27 Mas Jesus falou-lhes imediatamente dizendo: «Tende confiança: sou Eu, não temais». 28 Pedro, tomando a palavra, disse: «Senhor, se és Tu, manda-me ir até onde estás por sobre as águas». 29 Ele disse: «Vem!». Descendo Pedro da barca, caminhava sobre as águas para ir ter com Jesus. 30 Vendo, porém, que o vento era forte, teve medo e, começando a afundar-se, gritou, dizendo: «Senhor salva-me!». 31 Imediatamente Jesus, estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?». 32 Depois que subiram para a barca, o vento cessou. 33 Os que estavam na barca prostraram-se diante d'Ele, dizendo: «Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus». 34 Tendo atravessado o lago, foram para a terra de Genesaré. 35 Tendo-O reconhecido o povo daquele lugar, mandaram prevenir toda aquela região, e apresentaram-Lhe todos os doentes. 36 Estes rogavam-Lhe que os deixasse tocar, ao menos, a orla do Seu vestido. E todos os que a tocaram ficaram curados.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO NONO

CAPÍTULO IX

Esposa e mãe exemplar

Educada assim na modéstia e na temperança, mais sujeita a seus pais pela tua mão que por seus pais a ti, logo que chegou à idade núbil, foi dada em matrimónio a um homem, a quem serviu como a senhor. Procurou conquistá-lo para ti, falando-lhe de ti com as suas virtudes, com as quais tu a tornavas bela e reverentemente amável e admirável ante seus olhos. Suportou as suas infidelidades conjugais com tanta paciência, que jamais teve com ele a menor briga por isso, pois esperava que a tua misericórdia viria sobre ele, e que lhe trouxesse, com a fé, a castidade.
O seu marido, se de um lado era sumamente afectuoso, por outro era extremamente colérico, mas ela tinha o cuidado de não contrariá-lo nem com acções, nem com palavras, se o visse irado.
Logo que o via calmo e sossegado, oportunamente, mostrava-lhe o que havia feito, se por acaso se tivesse irritado desmedidamente.
Muitas senhoras, embora tendo maridos mais calmos, traziam no rosto as marcas das pancadas que as desfiguravam. Conversando entre amigas, lamentavam a conduta dos maridos.
Minha mãe reprovava-lhes a língua e, como por gracejo, lembrava-lhes que, desde a leitura do contrato matrimonial, deviam considerá-lo como documento que as tornava servas, e portanto proibia-lhes de serem altivas com os seus senhores. Essas senhoras, que conheciam o mau génio do seu marido, admiravam-se de que jamais ninguém tivesse ouvido ou percebido qualquer indício que Patrício maltratasse a mulher, nem sequer que algum dia tivessem brigado por questões domésticas. E como lhe pedissem confidencialmente a razão disso, minha mãe expunha-lhes seu agir habitual, como acima mencionei. Algumas, após experimentar, punham-no em prática e davam-lhe graças, as que não a imitavam continuavam a sofrer humilhações e violências.

A sua sogra, a princípio irritara-se contra ela por causa dos mexericos de criadas malévolas.
Mas conseguiu conquistá-la com respeito, contínua tolerância e mansidão, que ela mesma, espontaneamente, denunciou ao filho as línguas intrigantes das criadas, que perturbavam a paz doméstica entre ela e a nora, e pediu que as castigasse.
Ele, em obediência à mãe, para manter a disciplina familiar e a harmonia entre os seus, mandou açoitar as acusadas, segundo a vontade da acusante, e esta prometeu-lhes ainda que esse era o prémio que devia esperar quem, querendo agradá-la, lhe dissesse mal da nora. E ninguém mais se atreveu a fazê-lo, e viveram as duas em doce e memorável harmonia.

A esta tua boa serva, em cujo seio me criaste, ó meu deus, minha misericórdia, dotaste de outra grande virtude: a de intervir como pacificadora, sempre que podia, nas discórdias e querelas.
Daquilo que ouvia de queixas amargas, vomitadas com animosidade ressentida, quando na presença de uma amiga os ódios mal digeridos se desafogam em amargas confidencias a respeito de uma amiga ausente, ela nada referia uma à outra, senão o que poderia servir para a reconciliação.
Este dom parecer-me-ia de pouca monta se uma triste experiência não me houvesse mostrado grande número de pessoas – por não sei que horrível contagio de pecados, espalhados por toda parte – que não só revelam as palavras pesadas de inimigos irados, mas que ainda acrescentam coisas que não foram ditas. Quem fosse realmente humano, deveria ter em pouca conta ou não excitar nem fomentar as inimizades dos homens, e melhor ainda procurar extingui-las com boas palavras.

Assim era minha mãe, ensinada por ti, mestre interior, na escola de seu coração.
Por fim, conquistou para ti o seu marido, já no fim da vida, não tendo que lamentar no cristão o que havia tolerado no infiel.
Ela era verdadeiramente a serva de teus servos, e todos os que a conheciam te louvavam, honravam, te amavam em sua pessoa, porque percebiam tua presença em seu coração, confirmada pelos frutos de uma vida santa.
Havia sido mulher de um só homem, cumprira sua dívida de gratidão com os pais, governara sua casa piedosamente e dava testemunho com suas boas obras. Educara os filhos, dando-os à luz tantas vezes quantas os via apartarem-se de ti.

E de nós, que nos chamamos teus servos por liberalidade tua, nós que vivemos em comum na graça de teu baptismo, antes de adormecer em tua paz, ela cuidou de nós como se todos fôssemos seus filhos, e de tal modo nos serviu como se fosse filha de cada um de nós.

CAPÍTULO X

O êxtase de Óstia

Estando já próximo o dia em que teria de partir desta vida – que tu, Senhor, conhecias, e nós ignorávamos – sucedeu, creio, por disposição de teus ocultos desígnios – que nos encontrássemos sós, eu e ela, apoiados numa janela que dava para o jardim interior da casa em que morávamos. Era em Óstia, sobre a foz do Tibre, onde, longe da multidão, depois do cansaço de uma longa viagem, recobrávamos forças para a travessia do mar.
Ali, sozinhos, conversávamos com grande doçura, esquecendo o passado, ocupados apenas no futuro, indagávamos juntos, na presença da Verdade, que és tu, qual seria a vida eterna dos santos, que nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração do homem pode conceber. Abríamos ansiosos os lábios do nosso coração ao jorro celeste de tua fonte – da fonte da vida que está em ti – para que, banhados por ela, pudéssemos de algum modo meditar sobre coisa tão transcendente.
A nossa conversa chegou à conclusão que nenhum prazer dos sentidos carnais, por maior que seja, e por mais brilhante e maior que seja a luz material que a cerca, não parece digno de ser comparado à felicidade daquela vida em ti. Elevando nosso sentimento para mais alto, mais ardentemente em direção ao próprio Ser, percorremos uma a uma todas as coisas corporais, até o próprio céu, de onde o sol, a luz e as estrelas iluminam a terra.
E subimos ainda mais em espírito, meditando, celebrando e admirando tuas obras, e chegamos até o íntimo de nossas almas. E fomos além delas, para alcançar a região da abundância inesgotável, onde apascentas eternamente a Israel com o alimento da verdade, lá onde a vida é a própria Sabedoria, por quem foram criadas todas as coisas, as que já existem e as vindouras, sem que ela própria se crie a si mesma, pois existe agora como antes existiu e como sempre existirá. Antes, nela não há nem passado, nem futuro: ela apenas é, porque é
eterna, mas ter sido ou haver de ser não é próprio do ser eterno.
E enquanto assim falávamos dessa Sabedoria e por ela suspirávamos, chegamos a tocá-la momentaneamente com supremo ímpeto de nosso coração, e, suspirando, deixando ali atadas as primícias do nosso espírito, e voltamos ao ruído vazio dos nossos lábios, onde nasce e morre a palavra humana, em nada semelhante ao teu Verbo, Senhor nosso, que subsiste em si sem envelhecer, renovando todas as coisas!
E dizíamos: Suponhamos que se calasse o tumulto da carne, as imagens da terra, da água, do ar e até dos céus, e que a própria alma se calasse, e se elevasse sobre si mesma não pensando mais em si, se calassem os sonhos e revelações imaginarias e, por fim, se calasse por completo toda língua, todo sinal, e tudo o que é fugaz – uma vez que todas as coisas dizem a quem sabe ouvi-las: Não nos fizemos a nós mesmas, fez-nos o que permanece eternamente – se, dito isto, todas se calassem, atentas a seu Criador, e se só ele falasse, não por suas obras, mas por si mesmo, de modo que ouvíssemos sua palavra, não por uma língua material, nem pela voz de um anjo, nem pelo ruído do trovão, nem por parábolas enigmáticas, mas o ouvíssemos a ele mesmo, a quem amamos nas suas criaturas, mas sem o intermédio delas, como agora acabamos de experimentar, atingindo em um relance a eterna Sabedoria, que permanece imutável sobre toda realidade, e supondo que essa visão se prolongasse, que todas as outras visões cessassem, e unicamente esta arrebatasse a alma de seu contemplador, e a absorvesse e abismasse em íntimas delícias, de modo que a vida eterna seja semelhante a este momento de intuição que nos fez suspirar, não seria isto a realização do entrar em gozo de teu Senhor?
Mas quando se dará isto?
Por acaso quando todos ressuscitarmos?
Mas então não seremos todos transformados?

Tais coisas dizíamos, embora não deste modo, nem com estas palavras.
Mas tu sabes, Senhor, que naquele dia, à medida que falávamos dessas coisas, quanto nos parecia vil este mundo, com todos os seus deleites – disse-me minha mãe:

“Filho, quanto a mim, já nada me atrai nesta vida. Não sei o que faço ainda aqui, nem por que ainda estou aqui, se já se desvaneceram para mim todas as esperanças do mundo.

Uma só coisa me fazia desejar viver um pouco mais, e  era ver-te católico antes de morrer.
Deus concedeu-me esta graça superabundantemente, pois te vejo desprezar a felicidade terrena para servi-lo. Que faço, pois, aqui?”


CAPÍTULO XI

A morte de MÓNICA

Não me lembro bem o que respondi a tais palavras. Mas cerca de cinco dias mais tarde, ou pouco mais, caiu de cama, com febre. Durante a doença, teve um dia um desmaio, ficando por pouco tempo sem sentidos e sem reconhecer os presentes. Acudimos de imediato, e logo voltou a si. Vendo-nos a seu lado, a mim e a meu irmão (chamava-se Navígio, e era o mais velho dos irmãos), perguntou-nos, como quem procura algo: “Onde estava eu?” – Depois, vendo-nos atónitos de tristeza, disse-nos: “Sepultareis aqui a vossa mãe” – Eu calava-me, retendo as lágrimas, mas meu irmão disse umas palavras em que desejava vê-la morrer na pátria e não em terras distantes. Ao ouvi-lo, minha mãe repreendeu-o com o olhar, e aflita por ter pensado em tais coisas, depois, olhando para mim, disse: “Vê o que ele diz” – E depois para ambos: “Sepultem este corpo em qualquer lugar, e não se preocupem mais com ele. Peço apenas que se lembrem de mim diante do altar do Senhor, onde quer que estejam”.
E tendo-nos exposto o seu pensamento com as palavras que pôde, calou-se, a sua moléstia agravou-se e suas dores aumentaram.
Mas eu, ó Deus invisível, meditando nos dons que infundes no coração dos teus fiéis, e nas admiráveis colheitas que deles brotam, alegrava-me e dava-te graças. Lembrava-me do grande cuidado que sempre demonstrara acerca de sua sepultura, adquirida e preparada junto ao corpo do marido. Tendo vivido com ele na maior concórdia, assim também queria – visão própria da alma humana incapaz das coisas divinas – ter a felicidade de que os homens recordassem que, depois de sua viagem para além-mar, lhe fora concedida a graça de a mesma terra cobrir o pó de ambos os cônjuges.
Quando esta vaidade havia deixado de existir no seu coração, pela plenitude de tua bondade, eu não o sabia, mas alegrava-me com admiração ao ouvi-la falar assim. No entanto, naquela conversa à janela quando me disse: “Que faço eu aqui?” – já estava patente que não mais desejava morrer na pátria.
Soube também depois que em Óstia, estando eu ausente, falou certo dia com alguns amigos meus, com maternal confiança, sobre o desprezo desta vida e o benefício da morte. Eles, maravilhados da coragem dessa mulher – dádiva tua – perguntaram-lhe se não temia deixar o corpo tão longe da pátria. “Nada está longe para Deus – disse ela – nem preciso temer que ele ignore, no fim dos tempos, o lugar onde me ressuscitará”.

Por fim, nove dias após cair enferma, aos cinquenta e seis anos de idade e aos trinta e três da minha, aquela alma santa e piedosa libertou-se do corpo.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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