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11/06/2013

Leitura espiritual para 11 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.


Evangelho: Mt 8, 18-34

18 Vendo-Se Jesus rodeado por uma grande multidão, ordenou que passassem para a outra margem do lago. 19 E, aproximando-se um escriba, disse-Lhe: «Mestre, eu seguir-Te-ei para onde quer que fores». 20 Jesus disse-lhe: «As raposas têm tocas, e as aves do céu ninhos; porém, o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». 21 Um outro dos Seus discípulos disse-Lhe: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai». 22 Jesus, porém, respondeu-lhe: «Segue-Me, e deixa que os mortos sepultem os seus mortos». 23 Subindo para uma barca, seguiram-n'O os Seus discípulos. 24 E eis que se levantou no mar uma grande tempestade, de modo que as ondas alagavam a barca; Ele, entretanto, dormia. 25 Aproximaram-se d'Ele os discípulos, e acordaram-n'O, dizendo: «Senhor, salva-nos, que perecemos!». 26 Jesus, porém, disse-lhes: «Porque temeis, homens de pouca fé?». Então, levantando-Se, ordenou imperiosamente aos ventos e ao mar, e seguiu-se uma grande bonança. 27 Eles admiraram-se, dizendo: «Quem é Este, a quem até os ventos e o mar obedecem?». 28 Quando Jesus chegou à outra margem do lago, à região dos gadarenos, vieram-Lhe ao encontro dois endemoninhados, que saíam dos sepulcros. Eram tão ferozes que ninguém ousava passar por aquele caminho. 29 E puseram-se a gritar, dizendo: «Que tens Tu connosco, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?». 30 Estava não longe deles uma vara de muitos porcos, que pastavam. 31 Os demónios suplicaram a Jesus: «Se nos expulsas daqui, manda-nos para aquela vara de porcos». 32 Ele disse-lhes: «Ide». Eles, saindo, entraram nos porcos, e imediatamente toda a vara se precipitou, com ímpeto, de um despenhadeiro, no mar e morreram nas águas. 33 Os pastores fugiram, e indo à cidade, contaram tudo o que se tinha passado com os possessos do demónio. 34 Então toda a cidade saiu ao encontro de Jesus e, quando O viram, pediram-Lhe que se retirasse do seu território.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO SEXTO

CAPÍTULO VIII

A atração do anfiteatro

Não querendo por nada deixar a carreira mundana, tão decantada por seus pais, partira antes de mim para Roma, a fim de estudar Direito, lá se deixou arrebatar de modo incrível, e com incrível avidez, pelos espectáculos de gladiadores.
A princípio, detestava e aborrecia espectáculos semelhantes.
Certa vez, encontrando-se com alguns amigos e condiscípulos que voltavam de um jantar, apesar de resistir, foi arrastado por eles com amigável violência para o anfiteatro, onde naquele dia se celebravam jogos funestos e cruéis.

Dizia-lhes Alípio: “Mesmo que arrasteis para lá meu corpo, e o retenhais ali, podereis por acaso obrigar minha alma e meus olhos a contemplar tais espetáculos?
Estarei ali como ausente, e assim triunfarei deles e de vós”.
Mas eles, não fazendo caso de tais palavras, levaram-no, talvez para verificar se poderia ou não cumprir a palavra.
Quando chegaram, ocuparam os lugares que puderam, pois todo o anfiteatro já fervia nas paixões mais selvagens.
Alípio, fechando a porta dos olhos, proibiu que a sua alma se envolvesse em tal crueldade. E oxalá também tivesse tapado os ouvidos! Porque, nm lance da luta, foi tão grande o clamor da multidão que, vencido pela curiosidade, e julgando-se preparado para desprezar e vencer a cena, fosse o que fosse, abriu os olhos. Foi logo ferido na alma mais profundamente do que a ferida física do gladiador a quem desejou contemplar e caiu. A sua queda foi mais miserável que a do gladiador, causa de tantos gritos. Estes, entrando-lhe pelos ouvidos, abriram-lhe os olhos, para ferir e abater a sua alma, mais temerária do que forte, e tanto mais fraca por se apoiar em si mesma, em lugar de se apoiar em ti. Logo que viu sangue, bebeu junto a crueldade, e não se afastou do espectáculo, pelo contrário, prestou mais atenção. Assim, sem o saber, absorvia o furor popular e se deleitava naquela luta criminosa, inebriado de sangrento prazer.
Já não era o mesmo que ali viera, era agora mais um da turba à qual se misturara, digno companheiro daqueles que para ali o arrastaram.

Que mais direi?

Contemplou o espectáculo, gritou, apaixonou-se, e foi contaminado de louco ardor, que o estimulava a voltar, não só com os que o haviam levado, mas à sua frente, e arrastando a outros.

Mas tu te dignaste, Senhor, livrá-lo deste estado com mão forte e misericordiosa, ensinando-o a não confiar em si, mas em ti, embora isto acontecesse muito tempo depois.

CAPÍTULO IX

Alípio, ladrão a contragosto

Contudo, essa aventura gravara-se na sua memória como remédio para o futuro.
O mesmo ocorreu com outro facto, quando ainda era estudante em Cartago, e seguia os meus cursos.
Era meio-dia. Alípio estava repassando uma declamação, segundo o costume dos estudantes, quando foi preso como ladrão pelos guardas do foro.
Sem dúvida o permitiste, meu Deus, apenas para que esse jovem, tão grande no futuro, começasse já a aprender que, ao julgar outrem, ninguém deve condenar ninguém levianamente, e com temerária credulidade.
Alípio, pois, passeava diante do tribunal, sozinho, com as tábuas e o estilete, quando um jovem estudante, o verdadeiro ladrão, levando escondido um machado, sem que Alípio o percebesse, entrou pelas grades que rodeiam a rua dos banqueiros, e se pôs a cortar o seu chumbo.
Ao ruído dos golpes, os banqueiros que estavam em baixo alvoroçaram-se, e chamaram gente para prender o ladrão, fosse quem fosse. Mas este, ouvindo o vozerio, fugiu depressa, abandonando o machado para não ser preso com ele. Ora, Alípio, que não o vira entrar, viu-o sair e fugir precipitadamente. Curioso, porém, para saber a causa, entrou no lugar. Encontrou o machado e pôs-se, admirado, a examiná-lo. Bem nessa hora chegaram os guardas dos banqueiros, e surpreendem-no sozinho, empunhando o machado, a cujos golpes, alarmados, haviam acudido. Prendem-no, levam-no, e gloriam-se, diante dos inquilinos do foro por ter apanhado o ladrão em flagrante, e já o iam entregar aos rigores da justiça.

Mas a lição devia ficar por aqui, Senhor, porque imediatamente saíste em socorro da sua inocência, da qual eras única testemunha. Quando o conduziam à prisão ou ao suplício, veio-lhes ao encontro um arquitecto, encarregado superior da direcção dos edifícios públicos. Os guardas alegraram-se com esse encontro, pois sempre que faltava alguma coisa no foro o magistrado suspeitava deles. Agora ele saberia quem era o verdadeiro ladrão. Mas este senhor tinha visto várias vezes Alípio na casa de um senador, a quem visitava com frequência.
Reconheceu-o, tomou-o pela mão, separou-o da turba, e perguntou-lhe a causa de tamanha desgraça.
Informado do que se passara, o arquitecto mandou à turba alvoroçada e enfurecida contra Alípio que o seguisse. Quando chegaram à casa do jovem autor do roubo, achava-se à porta um menino escravo, novo demais para recear comprometer o seu amo, e que poderia revelar tudo, porque o seguira até o foro. Alípio, ao reconhecê-lo, apontou-o ao arquiteto, este, mostrando-lhe o machado, disse-lhe: “Sabe de quem é este machado?”
Ao que o menino respondeu sem demora:
“Nosso”. Depois de interrogado, confessou o resto.
Deste modo, o processo foi transferido para aquela casa, para confusão da turba, que já imaginara tripudiar de Alípio.

O futuro dispensador da tua palavra, e juiz de tantas causas de tua Igreja, saiu dessa aventura com mais experiência e sabedoria.

CAPÍTULO X

Os três amigos

Encontrei Alípio em Roma, onde se uniu a mim com vínculo de amizade tão estreito, que foi comigo para Milão, tanto para evitar o nosso afastamento como para exercer o Direito, embora mais para agradar aos pais do que por vontade própria. Já por três vezes fora assessor, sempre com admirável lisura, e ficando ele mais admirado ainda de que juízes preferissem o dinheiro à inocência.
Ficou provada a integridade do seu carácter, não só contra os atractivos da cobiça, mas também contra o aguilhão do medo. Em Roma, era assessor do tesoureiro das finanças da Itália.
Havia nesse tempo um senador poderosíssimo, a quem estavam sujeitos muitos clientes, uns por benefícios, outros por terror.
Segundo o costume dos poderosos, este senador tentou fazer não sei que coisa era proibida pelas leis, e Alípio opôs-se-lhe. À tentativa de corrompê-lo, Alípio reconheceu com o riso. Zombou das ameaças que aquele lhe dirigiu, causando admiração geral pela rara qualidade da sua alma, que não desejava a amizade e nem temia a inimizade de homem tão poderoso, conhecido por seus inúmeros meios de prestar favores ou de prejudicar.
Até o próprio juiz, de que Alípio era assessor, embora se opusesse também, não o fazia abertamente, responsabilizando Alípio que, dizia ele, não lhe permitia fazer o que desejava, porque, se acedesse – e era verdade – demitir-se-ia imediatamente.
Alípio quase se deixara seduzir pelo amor às letras, mandando copiar códigos segundo a tarifa paga aos trabalhos para o Estado, porém, consultando a justiça, inclinou-se pelo melhor, preferindo a integridade, que lhe proibia esta acção, ao poder que lha permitia.

Isso é facto pequeno, mas o que é fiel no pouco também o é no muito, e de modo nenhum podem ser vãs aquelas palavras saídas da boca de tua Verdade.
Se não fordes fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras?
E se nas alheias não fordes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
Assim era então este amigo, tão intimamente unido a mim, e que comigo buscava o tipo de vida que deveríamos seguir.

Também Nebrídio deixou a sua pátria, vizinha de Cartago, e a própria Cartago, onde gozava de boa fama. Abandonou as magníficas propriedades do pai, a casa e até a própria mãe, que não o quis seguir, veio para Milão apenas para viver comigo, na busca apaixonada da verdade e da sabedoria.
Assim como eu, ele suspirava, partilhando a minha perplexidade, mostrando-se investigador ardoroso da vida feliz e indagador acérrimo das questões mais difíceis.
Eram três bocas famintas que comunicavam mutuamente a própria fome, esperando que lhes desses comida no tempo oportuno. Na amargura, que graças à tua misericórdia sempre seguia as nossas acções mundanas, se desejávamos entender a causa dos sofrimentos, encontrávamos trevas. Afastávamos gemendo e dizendo: Até quando durará este sofrimento?

E repetíamos isto com frequência, mas não abandonávamos nosso modo de vida, porque não víamos nenhuma certeza a que nos pudéssemos abraçar, se o abandonássemos.

CAPÍTULO XI

Entre Deus e o mundo

Era com admiração que me recordava diligentemente do longo tempo decorrido desde os meus dezanove anos, quando comecei a arder no desejo da sabedoria, propondo-me, quando a achasse, abandonar todas as vãs esperanças e enganosas loucuras das paixões.
Chegado porém aos trinta anos, ainda continuava preso ao mesmo lodaçal, ávido de gozar dos bens presentes, que me fugiam e me dissipavam. Entretanto, dizia: “Amanhã hei de encontra-la, a verdade aparecerá clara, e a abraçarei. Fausto virá, e dará todas as explicações.
Ó grandes varões da Academia: é verdade que não podemos compreender nenhuma coisa com certeza para a conduta de nossa vida?
“Mas não! Procuremos com mais diligência, sem desesperarmos. Já não me parecem absurdas nas Escrituras as coisas que antes me pareciam tais: posso compreendê-las de modo diferente, mais razoável. Fixarei, pois, os pés naquele degrau em que me colocaram meus pais quando criança, até que encontres a verdade em sua evidência.

“Mas onde e quando buscá-la?

Ambrósio não tem tempo livre para me ouvir, e a mim falta tempo para ler. E além do mais, onde encontrar os livros?
E onde ou quando poderei comprá-los?
A quem hei-de pedi-los?
“Repartamos o tempo, reservemos algumas horas para a salvação da alma. nasceu uma grande esperança: a fé católica não ensina o que eu pensava, e eu a criticava levianamente. Seus doutores têm como crime limitar Deus à figura humana, e eu ainda hesito em bater para que nos sejam reveladas as outras verdades! As horas da manhã eu dedico aos alunos, mas que faço das outras? Por que não as consagro a essa busca?
“Mas quando então, visitar os amigos poderosos, de cujos favores necessito?
Quando preparar as lições que os alunos me pagam?
Quando reparar as forças do espírito, descansando em algo aprazível?

“Perca-se tudo! Deixemos essas coisas vãs e fúteis. Entreguemo-nos por completo à busca da verdade. A vida é miserável, e a hora da morte, incerta. Se esta me surpreender de repente, em que estado sairei do mundo? E onde aprenderei o que deixei de aprender aqui? Não serei antes castigado por essa negligência?
Mas, e se a própria morte cortar e for o fim a todo cuidado e sentimento?
Também seria conveniente investigar este ponto. Mas afastemos tais pensamentos! Não é por acaso nem é em vão que se difunde por todo o mundo a fé cristã, com grande prestígio. Deus jamais teria criado tantas e tais coisas por nós, se com a morte do corpo terminasse também a vida da alma. Porque hesitar, pois, em abandonar as esperanças do mundo para me consagrar à busca de Deus e da bem-aventurança?
Mas espere um pouco! Os bens mundanos também têm seus deleites, que não são pequenos. Não devo deixá-los sem pensar, seria feio ter de voltar a eles. Eis-me prestes a conseguir um cargo de honra. Que mais posso desejar?
Tenho uma multidão de amigos poderosos. Sem me apressar muito poderia obter, no mínimo, uma presidência. Poderia então casar-me com uma mulher de alguma fortuna, para que meus gastos não fossem muito pesados.
Aqui estariam os limites de meus desejos. Muitos homens grandes e dignos de imitação, apesar de casados, dedicaram-se ao estudo da sabedoria.
Enquanto assim pensava, e os ventos cambiantes impeliam o meu coração de um lado para outro, o tempo passava, e eu retardava minha conversão ao Senhor. Adiava de dia para dia o viver em ti, morrendo todavia todos os dias em mim mesmo. Amando a vida feliz, temia busca-la na sua morada, procurava-a fugindo dela! Pensava que seria mui desgraçado se me visse privado das carícias da mulher. Não pensava ainda no remédio de tua misericórdia, que cura esta enfermidade, porque nunca o havia experimentado. Julgava que a continência fosse obra da nossa própria força, que eu pensava não ter.

Eu era bastante néscio para ignorar que ninguém, como está escrito, é casto sem que tu lhes dê a força. Essa força certamente ma darias se eu ferisse os teus ouvidos com os gemidos de minha alma, e com fé firme lançasse em ti meus cuidados.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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