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08/06/2013

Leitura espiritual para 08 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.


Evangelho: Mt 6, 25-37; 7, 1-11

25 «Portanto vos digo: Não vos preocupeis, nem com a vossa vida, acerca do que haveis de comer, nem com o vosso corpo, acerca do que haveis de vestir. Porventura não vale mais a vida que o alimento, e o corpo mais que o vestido? 26 Olhai para as aves do céu que não semeiam, nem ceifam, nem fazem provisões nos celeiros, e, contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura não valeis vós muito mais do que elas? 27 Qual de vós, por mais que se afadigue, pode acrescentar um só côvado à duração da sua vida? 28 «E porque vos inquietais com o vestido? Considerai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam. 29 Digo-vos, todavia, que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. 30 Se, pois, Deus veste assim uma erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 31 Não vos aflijais, pois, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? 32 Os gentios é que procuram com excessivo cuidado todas estas coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade delas. 33 Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo. 34 Não vos preocupeis, pois, pelo dia de amanhã; o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia bastam os seus trabalhos.
 7 1 «Não julgueis, para que não sejais julgados; 2 pois, segundo o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. 3 Porque olhas tu para a palha que está no olho de teu irmão, e não notas a trave no teu olho? 4 Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar-te do olho uma palha, tendo tu uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás para tirar a palha do olho de teu irmão. 6 «Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda que eles as calquem com os seus pés, e que, voltando-se contra vós, vos despedacem. 7 «Pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Porque todo aquele que pede, recebe, e quem busca, encontra; e a quem bate, abrir-se-á. 9 Qual de vós dará uma pedra a seu filho, quando este lhe pede pão? 10 Ou se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? 11 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará coisas boas aos que lhas pedirem.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO QUINTO

CAPÍTULO IX

Enfermo

Em Roma fui colhido pelo flagelo de uma doença corporal, que esteve a ponto de me mandar para a sepultura, carregado de todos os pecados cometidos contra ti, contra mim e contra o próximo, pecados numerosos e pecados, que se somavam à cadeia do pecado original, pelo qual todos morremos em Adão.
Ainda não me tinhas perdoado nenhum deles em Cristo, nem ele havia apagado com sua cruz as inimizades que contraíra contigo com meus pecados.

E como poderia ele desfazê-los por uma cruz de onde eu não via pender mais que um fantasma?

Porque tão falsa me parecia a morte da sua carne como verdadeira a morte da minha alma, e tão verdadeira a morte da sua carne como falsa a vida da minha alma, que disto se não persuadia.

Entretanto, agravando-se as febres, eu estava a ponto de partir e de perecer. Para onde iria eu, se então tivesse que morrer, senão para o fogo e tormentos merecidos pelas minhas acções, de acordo com a justa ordem por ti estabelecida?

Minha mãe tudo ignorava, mas, ausente, orava por mim, e tu, presente em todas as partes onde ela estava, lhe davas ouvidos, exercias tua misericórdia para comigo onde eu estava, restituindo-me a saúde do corpo, ainda que o meu coração sacrílego continuasse doente. Nem mesmo estando em tão grande perigo desejei o teu baptismo. Quando menino eu era melhor, porque então o solicitei à piedade de minha mãe, como já recordei e confessei. Mas, para minha vergonha, eu havia crescido e, na minha loucura, zombava dos remédios da tua medicina, que não me deixou morrer duplamente em tal estado.
Se o coração de minha mãe fosse transpassado por essa ferida, nunca haveria de sarar.

A minha eloquência não é suficiente para descrever o grande amor que me dedicava, e a que ponto os seus cuidados para me gerar em espírito eram piores que os que suportava quando me concebeu pela carne.
Por isso, não vejo como poderia sarar se a minha morte em tal estado tivesse ferido as entranhas do seu amor.

E onde estariam tantas orações, continuamente repetidas?

Estariam em ti, somente em ti.
Seria possível que tu, Deus de misericórdia, desprezasses o coração contrito e humilhado de uma viúva casta e sóbria, que frequentemente dava esmolas e servia obsequiosa os teus santos?
Que em nenhum dia deixava de levar a sua oferenda a teu altar?
Que ia duas vezes por dia – de manhã e à tarde – à tua igreja, sem faltar jamais, e não para se entreter em vãs conversas e cochichos de velhas, mas para te ouvir as palavras e para que ouvisses as suas orações?
Poderias desprezar as lágrimas de uma mãe que não te pedia nem ouro, nem prata, nem bem algum terreno e frágil, mas a salvação da alma de seu filho?
Poderias, ó Deus, a quem ela devia tudo o que era, poderias desprezá-la e negar-lhe teu auxílio?

De nenhum modo, Senhor, pelo contrário, tu a assistias, e a escutavas, mas pelo caminho determinado pela tua providência.
Como poderias enganá-la naquelas visões e respostas, de algumas das quais já falamos, e de outras que passo em silêncio, que ela guardava em seu coração fiel, e que te apresentava nas suas orações contínuas como compromissos assinados por tua mão, e que irias cumprir.
Porque, por tua misericórdia infinita, gostas de te fazer devedor daqueles a quem perdoas todas as dívidas.

CAPÍTULO X

Agostinho e os erros dos maniqueus

Restabeleceste-me, pois, daquela doença, e então salvaste o filho da tua serva quanto ao corpo a fim de poder, salvá-lo melhor e mais firmemente. Em Roma juntei-me ainda com os que se diziam “santos”, falsos e enganadores. E não só convivia com os ouvintes, entre os quais se contava o dono da casa em que eu adoecera e convalescera – mas também com os que se chamam “eleitos”.
Ainda então parecia-me que não éramos nós que pecávamos, mas não sei que estranha natureza que pecava em nós, por isso a minha soberba se deleitava em me ter como isento de culpa, e portanto de todo desobrigado a confessar o meu pecado, quando agia mal, para que pudesses curar a minha alma que te ofendia.
Antes, gostava de me desculpar, acusando a não sei que ser estranho que estava em mim, mas que não era eu. Na verdade, eu era tudo aquilo, embora minha impiedade me tivesse dividido contra mim mesmo. E o mais incurável do meu pecado era justamente o não me considerar pecador, preferindo, minha execrável iniquidade, que fosses vencido em mim, para minha perdição, ó Deus onipotente, a que vencesses minha alma para minha salvação.
Ainda não tinhas posto guarda diante da minha boca, nem porta de proteção ao redor de meus lábios, a fim de que meu coração não se inclinasse para as más palavras, nem buscasse desculpas para os seus pecados, como os homens prevaricadores.

Eis a razão pela qual eu ainda mantinha relações de amizade com os eleitos dos maniqueus.
Mas, desesperado de poder progredir para a verdade dentro daquela falsa doutrina, contentava-me em segui-la até encontrar algo melhor, professando-a já com mais liberdade e frouxidão.
Nesse tempo, veio-me à mente a ideia de que os filósofos chamados académicos haviam sido mais prudentes que os outros, por sustentarem que se deve duvidar de tudo, e que nenhuma verdade pode ser compreendida pelo homem. Julguei então que era esse o seu pensamento, como geralmente se crê, não tendo ainda compreendido as suas verdadeiras intenções.
Quanto a meu hóspede, não me furtei de admoestar a excessiva credulidade com que aceitava as fábulas de que estavam cheios os livros dos maniqueus. Todavia, tinha mais amizade com tais homens do que com os estranhos à sua heresia.
É verdade que já não a defendia com a antiga animosidade, mas a sua familiaridade – em Roma havia muitos deles ocultos – tornava-me bastante negligente para procurar outra coisa.

Desesperava eu principalmente de poder achar a verdade na tua Igreja, ó Senhor dos céus e da terra, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, verdade da qual eles me afastavam. Parecia-me mui torpe acreditar que tinhas figura de carne humana, e que estavas limitado pelos contornos de um corpo como o nosso. E quando queria pensar no meu Deus, não o sabia imaginar senão com massa corpórea – pois não me parecia que pudesse existir algo diferente – esta era a causa principal e quase única do meu erro inevitável.

Daqui se gerou também a minha crença de que o mal tivesse substância, também corpórea, massa negra e disforme, ora espessa – a que chamavam terra – ora ténue e subtil, como o ar, a qual julgava ser um espírito maligno que investia sobre a terra. E visto que a minha piedade, por pouca que fosse me obrigava a pensar que um Deus bom não podia criar nenhuma natureza má, eu imaginava duas substâncias antagónicas, ambas infinitas, a do mal um pouco menor, a do bem um pouco maior, e deste princípio pestilencial originavam-se as demais blasfémias.
Com efeito, quando meu espírito se esforçava por voltar à fé católica, era rechaçado porque minha ideia de fé católica não era correcta. E me parecia ser mais piedoso, ó Deus, a quem louvam em mim as tuas misericórdias, julgar-te infinito por todas as partes, com excepção de um aspecto, a substância do mal, onde era forçoso reconhecer os teus limites, do que julgar-te limitado por todas as partes pelas formas do corpo humano.

Também tinha como melhor admitir que não havias criado nenhum mal – o qual aparecia à minha ignorância não só como substância, mas como substância corpórea, por eu não poder conceber o espírito senão como corpo subtil difundido pelos espaços – do que crer que a natureza do mal, tal como a imaginava, procedesse de ti.
Também supunha que o nosso Salvador, teu Filho Unigénito, houvesse surgido, para nos salvar, dessa substância luzidíssima do teu corpo. Nada aceitava a seu respeito, senão o que me sugeria a minha louca imaginação. E por isso julgava que tal natureza não podia nascer da Virgem Maria sem se ajuntar com a carne, mas não via como poderia juntar-se à carne sem se corromper, por isso tinha medo de acreditar na sua encarnação, para não me ver obrigado a julgá-lo corrompido pela carne.
Sem dúvida que agora os teus fiéis irão sorrir, branda e amorosamente, se lerem estas minhas confissões, mas eu, realmente, era assim.

CAPÍTULO XI

Desculpas dos maniqueus

Além de tudo, eu já não estava convencido que se pudessem defender os pontos que os maniqueus criticavam nas tuas Escrituras. Todavia, desejava por vezes discutir com sinceridade cada um desses pontos com algum varão, grande conhecedor dos seus livros, para lhe indagar a opinião.
Quando ainda em Cartago, já me despertara o interesse o discurso de um tal Elpídio, que falava e discutia publicamente contra os maniqueus, alegando citações da Sagrada Escritura que não me era fácil refutar.
Por sua vez, as respostas dos maniqueus pareciam-me fracas, e mesmo assim não as expunham em público, mas somente entre nós, e muito em segredo, alegando que as Escrituras do Novo Testamento haviam sido falsificadas por não sei quem, com o intuito de mesclar a lei dos judeus com a fé cristã, por isso eles próprios não podiam mostrar nenhum exemplar sem ser apócrifo.

Mas o que principalmente me mantinha cativo, e como que sufocado, eram as tais “substâncias”, que pareciam oprimir-me, e debaixo de cujo peso, arquejante, me era impossível respirar a atmosfera pura e simples de tua verdade.

CAPÍTULO XII

Os estudantes de Roma

Com toda a diligência comecei a pôr em prática a tarefa que me levara a Roma, ensinar a arte retórica, e comecei por reunir alguns estudantes em casa, para me tornar conhecido deles, e, por seu intermédio, dos demais.
Mas logo vim a saber, com surpresa, que os estudantes de Roma praticavam outras artimanhas, que eu não havia experimentado na África. Se bem que fosse verdade, como me haviam assegurado, que em Roma não ocorriam as mesmas violências dos jovens corrompidos de
Cartago, também me afirmavam que aqui os estudantes, aos grupelhos, deixavam de repente de assistir às aulas, passando para outro professor, com o fim de não pagar o devido salário, faltando assim aos compromissos e desprezando a justiça por amor ao dinheiro.

Também a estes o meu coração odiava, porém, não com rancor perfeito, porque na realidade, mas aborrecia-os mais pelo prejuízo que me podiam causar do que pela simples injustiça do seu comportamento. Sem dúvida são infames os que assim agem, e se maculam longe de ti, amando passatempos efémeros e a recompensas de lodo, que suja as mãos ao ser colhida, agarrando-se a um mundo fugaz, e desprezando a ti, que permaneces eternamente, a ti que chamas e perdoas à alma humana adúltera quando se volta para ti.
Ainda agora me aborrece gente tão depravada e sem modos, embora agora deseje que se corrijam, para que prefiram ao dinheiro a ciência que aprendem, e a essa ciência te prefiram a ti, Deus, verdade e abundância de verdadeiro bem e paz castíssima.

Mas naquele tempo – confesso – preferia que não fossem maus para o meu interesse do que bons por teu amor.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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