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06/06/2013

Leitura espiritual para 06 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.


Evangelho: Mt 5, 33-48; 6, 1-4

33 «Igualmente ouvistes que foi dito aos antigos: “Não perjurarás, mas guardarás para com o Senhor os teus juramentos”. 34 Eu, porém, digo-vos que não jureis de modo algum, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o escabelo de Seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande rei. 36 Nem jurarás pela tua cabeça, pois não podes fazer branco ou preto um só dos teus cabelos. 37 Seja o vosso falar: Sim, sim; não, não. Tudo o que passa disto, procede do Maligno. 38 «Ouvistes que foi dito: “Olho por olho e dente por dente”. 39 Eu, porém, digo-vos que não resistais ao homem mau; mas, se alguém te ferir na tua face direita, apresenta-lhe também a outra; 40 e ao que quer chamar-te a juízo para te tirar a túnica, cede-lhe também a capa. 41 Se alguém te forçar a dar mil passos, vai com ele mais dois mil. 42 Dá a quem te pede e não voltes as costas a quem deseja que lhe emprestes. 43 «Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. 44 Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. 45 Deste modo sereis filhos do vosso Pai que está nos céus, o qual faz nascer o sol sobre maus e bons, e manda a chuva sobre justos e injustos. 46 Porque, se amais somente os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem também assim os próprios gentios? 48 Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito
6 1 «Guardai-vos de fazer as boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles. De contrário não tereis direito à recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2 «Quando, pois, dás esmola, não faças tocar a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. 3 Mas, quando dás esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, 4 para que a tua esmola fique em segredo, e teu Pai, que vê o que fazes em segredo, te pagará.



CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO QUINTO

CAPÍTULO II

Os que fogem de Deus

Afastem-se e fujam de ti os irrequietos e os pecadores. Tu os vês e distingues suas sombras. E eis que, apesar deles, todas as continuam belas, somente eles são feios.

E que damos te poderiam causar?

Ou em que poderia desonrar o teu império, justo e íntegro desde os céus até as coisas mais ínfimas?

E para onde fugiram, ao fugir de tua presença?

E em que lugar não os encontrarás?

Fugiram, sim, para não te ver a ti, que os estás vendo, mas deparam-se contigo, que não abandonas nada do que criaste, tropeçaram contigo, injustos, e justamente são castigados, subtraindo-se á tua brandura, ofenderam a tua santidade, e caíram sob teus rigores.

Evidentemente eles ignoram que estás em toda parte, que nenhum lugar te limita, e que só tu estás presente mesmo nos que se afastam de ti.

Que se convertam, pois, e te busquem, porque não abandonas tua criatura, como elas abandonaram a seu Criador. Que se convertam, e logo estarás nos seus corações, nos corações dos que te confessam, dos que se lançam em ti, dos que choram no teu regaço depois de percorrerem penosos caminhos. E tu, bondoso, enxugarás suas lágrimas, e chorarão ainda mais, mas serão felizes por chorar, porque és tu, Senhor, e nenhum homem de carne e sangue, tu, Senhor, que os criaste, que os consolas e robusteces.

E onde estava eu quando te buscava?

Certamente, estavas diante de mim, mas eu tinha-me afastado de mim mesmo, e não me encontrava, e muito menos de ti!

CAPÍTULO III

Fausto e o maniqueísmo

Falarei, na presença de meu Deus, do ano vigésimo-nono da minha vida.

Já havia chegado a Cartago um dos bispos maniqueus, chamado Fausto, grande laço do demónio, no qual caíam muitos pelo encanto sedutor da sua eloquência. Apesar de ser exaltada por mim, eu  sabia-a contudo discernir das verdades que desejava conhecer. Não era o prato do estilo que eu considerava, mas o alimento doutrinal que nele me era servido por aquele famoso Fausto, tão reputado entre os seus.

Antecedera-o a fama de homem erudito em toda espécie de ciência, e particularmente instruído nas artes liberais. E como eu tinha lido muitas teorias dos filósofo, e as guardava na memória, quis comparar algumas destas com as grandes fábulas do maniqueísmo.
Pareciam-me mais prováveis as doutrinas daqueles que chegaram a conhecer a ordem do mundo, embora não tivessem encontrado o seu Criador.

Porque tu és grande, Senhor, e pondes os olhos nas coisas humildes, e as elevadas conhece-las de longe, e não te aproximas senão dos contritos de coração.
Nem és encontrado pelos soberbos, ainda que a sua curiosa perícia seja capaz de contar as estrelas do céu e as areias do mar, seja capaz de medir as regiões do céu e de investigar o curso dos astros.
Com a inteligência e o engenho que lhes deste investigam os segredos do mundo, e descobriram muitos deles, predisseram com muitos anos de antecedência os eclipses do sol e da lua, no dia e hora em que hão-de suceder, sem que nunca lhes falhasse o cálculo, acontecendo sempre tal e como haviam anunciado.
Deixaram ainda por escrito as leis por eles descobertas, as quais ainda hoje se lêm, e de acordo com elas se prediz em que ano, e em que mês do ano, e em que dia do mês, e em que hora do dia, e em que parte da sua luz se hão de eclipsar o sol e a lua, e tudo acontece como está predito.

Admiram-se disto os ignorantes, e pasmam.
Os sábios gloriam-se disso, e se desvanecem, e com ímpia soberba afastam-se e eclipsam-se de tua luz. E, prevendo com exatidão o eclipse vindouro do sol, não vêm o seu, que já está presente. Não procuram religiosamente saber de onde lhes vem o talento com que investigam essas coisas e, achando que tu as criaste, não se entregam a ti, para que conserves o que lhes deste, nem se te oferecem em sacrifício, como se se tivessem feito a si mesmos, nem dão morte às suas soberbas, que alçam voo como aves do céu, nem às suas insaciáveis curiosidades que, como peixes do mar, passeiam pelas secretas sendas do abismo, nem às suas luxúrias, que os igualam aos animais do campo, a fim de que tu, ó Deus, fogo devorador, destruas estas suas preocupações de morte, e os torne a criar para uma vida imortal.

Mas não conheceram o caminho, o teu Verbo, por quem fizeste as coisas que numeram, e a eles próprios que as numeram, e os sentidos com que percebem as coisas que numeram, e a mente graças à qual as numeram.

A Tua sabedoria escapa aos números.
O Teu Filho Unigénito se fez para nós sabedoria, justiça e santificação, e foi contado entre nós, e pagou tributo a César.

Não conheceram este caminho, por onde desceriam do seu orgulho até ele, e por ele subiriam até ele, não conheceram, digo, este caminho, e julgaram-se mais elevados e resplandecentes que estrelas, e assim vieram a rolar por terra, e o seu coração insensato se obscureceu.
Dizem muitas coisas verdadeiras acerca das criaturas, mas, como não procuram piedosamente a Verdade, isto é, o autor da Criação, não o encontram, e, se o encontram reconhecendo-o por Deus, não o honram como a Deus, nem lhe dão graças.
Antes, se desvanecem nos seus pensamentos, e se dizem sábios, atribuindo a si próprios o que é teu.

Atribuem a ti, com perversa cegueira, as suas mentiras, a ti, que és a própria Verdade, alteram a glória de um Deus incorruptível, concebendo-a à semelhança e imagem do homem corruptível, das aves, dos quadrúpedes, das serpentes. E convertem a tua verdade em mentira, e adoram e servem antes à criatura do que ao Criador.

Eu porém guardava muitas das suas opiniões verdadeiras acerca das criaturas, cuja explicação encontrava nos números, na ordem dos tempos e no testemunho visível dos astros, comparava-as com os ensinamentos de Manés, que escreveu sobre essas matérias numerosas e delirantes loucuras, sem achar nenhuma explicação para os solstícios e equinócios, os eclipses do sol e da lua, e para outras coisas, enfim, das quais tomara conhecimento pelos livros da sabedoria profana.

Contudo, exigia-me que acreditasse nessas doutrinas, embora não concordassem absolutamente com os meus cálculos e com o que os meus olhos testemunhavam.

CAPÍTULO IV

Ciência e ignorância

Senhor, Deus da verdade, acaso te agradará quem conhecer essas coisas?

Infeliz do homem que, conhecendo-a todas, te ignora ti, mas feliz de quem te conhece, embora as ignore!

Quanto ao que conhece a ti e a elas, este não é mais bem-aventurado por causa de seu saber, mas só é feliz por ti, se, conhecendo-te, te glorifica como Deus, e te dá graças, e não se desvanece nos seus pensamentos.

É melhor aquele que reconhece estar na posse de uma árvore e te dá graças pela sua utilidade, embora ignore quantos côvados tem de altura e de largura, que o que a mede, e conta todos os seus ramos, as não possui, nem conhece, nem ama o seu Criador.

Assim o homem fiel, a quem pertencem todas as riquezas do mundo, e que, nada possuindo, possui tudo, por estar unido a ti, a quem servem todas as coisas – embora desconheça até o curso das estrelas da
Ursa – e seria insensatez duvidar – é certamente melhor do que o que mede os céus, conta as estrelas e pesa os elementos, mas te despreza a ti, que dispuseste todas as coisas em número, peso e medida.

CAPÍTULO V

Loucuras de Manés

Mas, quem pediu a esse Manés que escrevesse sobre coisas cujo conhecimento não é necessário à piedade?

Tu disseste ao homem: Vê que a piedade é a sabedoria. Manés podia
muito bem ignorar essa piedade ainda que fosse muito instruído nas ciências profanas. Mas, como não as conhecia, e se atrevia desavergonhadamente a ensiná-las, de nenhum modo conhecia a piedade.
Pois certamente é vaidade alardear conhecimentos humanos, mesmo verdadeiros, e é piedade confessar-te a ti.

Manés, afastando-se dessa regra, falou tanto sobre essas coisas que foi convencido da sua ignorância pelos que as conhecem bem.
Donde se viu claramente o crédito que merecia em matérias mais obscuras.
Ele não queria ser pouco estimado, empenhou-se em convencer os demais que tinha em si, pessoalmente, e na plenitude de seu poder, o Espírito Santo, que consola e enriquece teus fiéis.
Surpreendido em erro ao falar do céu, das estrelas, e do curso do sol e da lua, embora tais coisas não pertençam à religião, claramente deixou ver ser sacrílego o seu atrevimento ao ensinar coisas que ignorava e também falsas, e isso com tão insano orgulho a ponto de atribuí-las à pretensa divindade de sua pessoa.

Quando, pois, ouço que este ou aquele irmão em Cristo ignora esses problemas, e confunde uma coisa com outra, suporto com paciência o seu modo de opinar. Nada vejo que possa ser-lhe prejudicial enquanto não fizer ideia indigna de ti, Senhor, criador do universo, mesmo que ignore até o lugar e a natureza das coisas materiais.
O mal seria acreditar que esses problemas pertencem à essência da piedade, e tenazmente atrever-se a afirmar o que ignora.
Mas ainda essa fraqueza é suportada nos primórdios da fé pela mãe caridade, até que o homem novo cresça e se transforme em varão perfeito, e não possa ser abalado por qualquer vento de doutrina.
Quanto a Manés, que se atreveu a fazer-se de doutor, de mestre, de guia e cabeça daqueles a quem convertera, de tal forma que os que o seguiam acreditassem seguir não um homem qualquer, mas o teu Espírito Santo, quem não julgaria que tão rematada loucura, uma vez demonstrada a sua falácia, deveria ser detestada e afastada para bem longe?

Contudo, eu ainda não estava certo se o que havia lido em outros livros, sobre as mudanças dos dias e das noites, uns mais longos, outros mais curtos, e sobre o suceder-se dos dias e das noites, e dos eclipses do sol e da lua, e outros fenômenos semelhantes, poderiam ser explicados conforme a sua doutrina.

Caso isso fosse possível, eu ainda ficaria em dúvida quanto ao modo por que se realizariam esses fenómenos, eu anteporia a autoridade de Manés à minha fé, pois o tinha então em conta de santo.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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