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05/06/2013

Leitura espiritual para 05 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.


Evangelho: Mt 5, 13-32

13 «Vós sois o sal da terra. Porém, se o sal perder a sua força, com que será ele salgado? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e ser calcado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo. Não pode esconder-se uma cidade situada sobre um monte; 15 nem se acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas no candelabro, a fim de que dê luz a todos os que estão em casa. 16 Assim brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.17 «Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para os abolir, mas sim para cumprir.18 Porque em verdade vos digo: antes passarão o céu e a terra, que passe uma só letra ou um só traço da Lei, sem que tudo seja cumprido. 19 Aquele, pois, que violar um destes mandamentos mesmo dos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será considerado o mais pequeno no Reino dos Céus. Mas o que os guardar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus. 20 Porque Eu vos digo que, se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. 21 «Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não matarás”, e quem matar será submetido ao juízo do tribunal. 22 Porém, Eu digo-vos que todo aquele que se irar contra o seu irmão, será submetido ao juízo do tribunal. E quem chamar cretino a seu irmão será condenado pelo sinédrio. E quem lhe chamar louco será condenado ao fogo da Geena. 23 Portanto, se estás para fazer a tua oferta diante do altar, e te lembrares ali que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem fazer a tua oferta. 25 Concilia-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para que não suceda que esse adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao guarda, e sejas metido na prisão. 26 Em verdade te digo: Não sairás de lá antes de ter pago o último centavo. 27 «Ouvistes que foi dito: “Não cometerás adultério”. 28 Eu, porém, digo-vos que todo aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29 Por isso se o teu olho direito é para ti causa de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na Geena. 30 E se a tua mão direita é para ti causa de pecado, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na Geena. 31 «Também foi dito: “Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe libelo de repúdio”. 32 Eu, porém, digo-vos: todo aquele que repudiar sua mulher, a não ser por causa de união ilegítima, expõe-na a adultério; e o que desposar a mulher repudiada, comete adultério.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO QUATRO

CAPÍTULO XV

Os primeiros livros

Mas não atinava com a chave das tuas artes em tão grandes obras, ó Deus onipotente, único criador de maravilhas.
Vagava minha alma pelas formas corpóreas, e definia o belo como o que agrada por si mesmo, e o conveniente como o que agrada pela sua acomodação a outra coisa, e apoiava essa distinção com exemplos tomados dos corpos.

Daqui passei à natureza da alma, mas o falso conceito que tinha das coisas espirituais não me permitia perceber a verdade.
A própria força da verdade saltava-me aos olhos, mas logo eu afastava da realidade incorpórea o meu espírito inquiridor, voltando-me para as figuras, as cores e as grandezas materiais. E como não podia ver nada semelhante na alma, julgava que tampouco seria possível ver a minha alma.
Mas, como eu amava a paz da virtude, e aborrecia a discórdia do vício, notava naquela certa unidade e neste certa desunião, parecia-me que residisse nessa unidade a alma racional, a essência da verdade e do sumo bem. Na desunião, via eu não sei que substância de vida irracional e a natureza do sumo mal, que não era apenas substância, mas também verdadeira vida.

Todavia não procedia de ti, meu Deus, de quem procedem todas as coisas. E chamava àquela unidade mónada, como alma sem sexo, e a esta multiplicidade díada, como a ira nos crimes, a concupiscência nas paixões, sem saber o que dizia.
Ignorava então, ainda não tinha aprendido que o mal não é substância alguma, nem que o nosso espírito não é o bem soberano e imutável.

Assim como se cometem crimes quando o movimento do espírito é vicioso e se atira insolente e turbulento, e se cometem infâmias quando o afecto da alma, fonte dos prazeres carnais, é imoderado, assim os erros e falsas opiniões contaminam a vida se a alma racional está viciada, como a minha então estava.
Ignorava que ela deveria ser ilustrada por outra luz para participar da verdade, por não ser da mesma essência da verdade, porque tu, Senhor, alumiarás minha lâmpada, tu, meu Deus, iluminarás minhas trevas, e todos participamos de tua plenitude, porque és a luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem a este mundo, e porque em ti não há mudança nem a momentânea obscuridade.

Eu esforçava-me para me aproximar de ti, mas tu repelias-me para que experimentasse a morte, pois resistes aos soberbos.
E que maior soberba haveria que afirmar, com inaudita loucura, que eu era da mesma natureza que tu?

Porque, sendo eu mutável, e reconhecendo-me tal – pois, se queria ser sábio, era para fazer-me de menos para mais perfeito – preferia, contudo, julgar-te mutável a ti do que não ser o que tu és.

Eis aqui por que era repelido, e por que resistias à minha soberba cheia de vento.

Eu não imaginava mais que formas corpóreas, carne, acusava a carne, espírito errante, não conseguia voltar para ti, nem em mim, nem nos corpos, não eram sugeridas pela tua verdade, mas imaginadas pela minha vaidade, de acordo com os corpos.
E dizia aos pequeninos teus fiéis concidadãos, dos quais eu, ignaro, ainda exilado, dizia-lhes eu, tagarela inepto:

“Porque a alma, criatura de Deus, se engana?”
Mas não queria que dissessem: “E por que Deus se engana?”
E defendia antes que a tua substância imutável era obrigada a errar, para não confessar que a minha, mutável, se desencaminhara espontaneamente, ou que era castigada pelo erro.

Teria eu vinte e seis ou vinte e sete anos quando escrevi essas coisas, revolvendo dentro de mim apenas imagens corporais, cujo ruído aturdia os ouvidos do meu coração.
Buscava eu aplicá-los – ó doce verdade – à tua melodia interior, quando meditava sobre o belo e o conveniente.
O meu desejo era estar diante de ti, e ouvir tua voz, e alegrar-me intensamente com a voz do esposo, mas não o podia, porque o alarido do meu erro me arrebatava para fora e, sob o peso de minha soberba, caía no abismo. Pois ainda não davas gozo e alegria aos meus ouvidos, nem exultavam os meus ossos, porque ainda não tinham sido humilhados.

CAPÍTULO XVI

As dez categorias de Aristóteles

E que lucro me trazia, tendo eu vinte anos de idade, mais ou menos, e chegando-me às mãos a obra de Aristóteles, intitulada As Dez Categorias – que meu mestre, o retórico de Cartago, e outros, considerados doutos, citavam com grande ênfase e ponderação, fazendo-me suspirar por ela como por algo grandioso e divino – de que me servia ler essa obra e compreendê-la sozinho?

Falando com outros, que afirmavam ter conseguido entendê-la só por meio de mestres eruditíssimos, que lha tinham explicado não apenas com palavras, mas também com figuras pintadas na areia, nada me souberam dizer que eu já não tivesse entendido em minha leitura particular.
Parecia-me que essa obra falava com muita clareza das substâncias, como o homem, e das coisas que nelas se encerram, como a forma do homem, a estatura, quantos pés mede, o parentesco, de quem é irmão, onde se encontra, quando nasceu, se está de pé, sentado, calçado ou armado, se faz alguma coisa ou se padece de alguma coisa, e, enfim, uma infinidade de relações que se contêm nestes nove géneros, dos quais citei alguns exemplos, ou no próprio género da substância, que são também inumeráveis os que encerra.

De que me aproveitava tudo isso, se até me prejudicava?

Julgando que naqueles dez predicamentos se achavam compreendidas, de modo absoluto, todas as coisas, esforçava-me por compreender-te também a ti, meu Deus, Ser maravilhosamente simples e imutável, como se fosses subordinado à tua grandeza e formosura, como se estas estivessem em ti como em seu sujeito, como se fosses um corpo, a tua grandeza e beleza são porém uma mesma coisa contigo, ao contrário dos corpos, que não são grandes ou belos por serem corpos, pois, embora fossem menores e menos belos, nem por isso deixariam de ser corpos.

Era pois falso o que pensava de ti, e não verdade, ilusões de minha miséria, e não representação sólida da tua beleza.
Havias ordenado, Senhor, e assim se cumpria em mim a tua vontade, que a terra me produzisse abrolhos e espinhos, e que eu só conseguisse o meu pão à custa de trabalho.

De que me aproveitava também ler e compreender por mim mesmo todos os livros que pude ter nas mãos sobre as artes chamadas liberais, se eu era então escravo de minhas más inclinações?

Comprazia-me na sua leitura, sem atinar de onde vinha quanto de verdadeiro e certo achava neles, eu estava de costas para a luz, e o rosto, para os objectos iluminados, e por isso os meus olhos, que os viam iluminados, não recebiam luz.

Tu sabes, Senhor, meu Deus, como sem ajuda de mestre, aprendi tudo o que li, quanto às leis da retórica, da dialética, da geometria, da música e da matemática, porque também a vivacidade da inteligência e a agudeza da intuição são dons teus.
Mas não te oferecia por eles sacrifício algum, e por isso causavam-me mais dano do que proveito.
Insisti em me apoderar da melhor parte da minha herança, e não guardei em ti a minha força, mas afastei-me de ti para uma região longínqua, a fim de dissipá-la entre as meretrizes das minhas paixões.

De que me serviam dons tão preciosos, se não usava bem deles?

Só compreendi que aquelas artes eram tão difíceis de entender, mesmo para os estudiosos e sábios, quando me esforçava para expô-las: entre eles, o mais destacado era o que me compreendia menos vagarosamente.

Mas qual o fruto disso, se eu te concebia, Senhor meu Deus, ó Verdade, como um corpo luminoso e infinito, e eu como uma parcela desse corpo?

Que rematada perversidade!

Assim era eu, não me envergonho agora, meu Deus, de confessar as tuas misericórdias para comigo, e de te invocar, já que não me envergonhei então de proferir ante os homens tais blasfémias e de ladrar contra ti.

De que me aproveitava, repito, a inteligência ágil para entender aquelas ciências, e para explicar com clareza tantos livros complicados, sem que ninguém mos houvesse explicado, se errava monstruosamente na piedade com sacrílega torpeza?

E que prejuízo sofriam os teus pequeninos em serem de menor inteligência, se não se afastavam de ti, para que, seguros no ninho da tua Igreja, se cobrissem de penas, e lhes alimentassem as asas da caridade com o sadio alimento da fé?

Ó Deus e Senhor nosso!
Esperemos, ao abrigo de tuas asas, protege-nos, leva-nos!

Tu levarás os pequeninos, e até escarnecidos tu os levarás, a nossa firmeza só é firmeza quando está em ti, mas quando depende de nós, então é debilidade.
O nosso bem vive sempre em ti, e somos perversos porque nos afastamos de ti.

Voltemos já, Senhor, para não nos aniquilarmos, porque em ti vive o nosso bem, sem deficiência alguma, sem medo de não o encontrar quando voltarmos para a nossa origem e, embora ausentes, nem por isso desaba a nossa casa, a tua eternidade.

LIVRO QUINTO

CAPÍTULO I

Oração

Recebe, Senhor, o sacrifício de minhas Confissões por meio da minha língua, que tu formaste e impeliste a confessar teu nome. Cura todos os meus ossos, e que eles proclamem:
Senhor, quem haverá semelhante a ti?

Na verdade, quem se dirige a ti, nada te informa do que ocorre em si, porque não há coração fechado que se possa subtrair a teu olhar, nem dureza de homem que possa repelir a tua mão.
Ao contrário, a abrandas quando queres, ou para compadecer-te, ou para castigar, não há quem se esconda de teu calor.
Mas, que a minha alma te louve para que te ame, a confesse as tuas misericórdias para que te louve.
Toda a criação não cala os teus contínuos louvores, nem os espíritos todos, com sua boca voltada para ti, nem os animais e coisas corporais, pela boca dos que os contemplam.

Assim, apoiando-se na tua criação, a nossa alma se levanta da sua franqueza, e chega a ti, seu admirável criador, onde encontrará rejuvenescimento e verdadeira fortaleza.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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