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04/06/2013

Leitura espiritual para 04 Jun



Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.


Evangelho: Mt 4, 12-25; 5, 1-12

12 Tendo Jesus ouvido dizer que João fora preso, retirou-Se para a Galileia. 13 Depois, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, situada junto do mar, nos confins de Zabulon e Neftali, 14 cumprindo-se o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías, quando disse: 15 “Terra de Zabulon e terra de Neftali, terra que confina com o mar, país além do Jordão, Galileia dos gentios! 16 Este povo, que jazia nas trevas, viu uma grande luz, e uma luz levantou-se para os que jaziam na sombra da morte”. 17 Desde então, começou Jesus a pregar: «Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus». 18 Caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 19 «Segui-Me, disse-lhes, e Eu vos farei pescadores de homens». 20 E eles, imediatamente, deixando as redes O seguiram. 21 Passando adiante, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam numa barca juntamente com seu pai Zebedeu, consertando as suas redes. E chamou-os. 22 Eles, deixando imediatamente a barca e o pai, seguiram-n'O. 23 Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho do reino de Deus, e curando todas as enfermidades entre o povo. 24 A Sua fama espalhou-se por toda a Síria, e trouxeram-Lhe todos os que tinham algum mal, possuídos de vários achaques e dores: possessos, lunáticos, paralíticos. E Ele curava-os. 25 Seguiam-n'O grandes multidões de povo da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão.
Mt 5 1 Vendo Jesus aquelas multidões, subiu a um monte e, tendo-Se sentado, aproximaram-se d'Ele os discípulos. 2 E pôs-Se a falar e ensinava-os, dizendo: 3 «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 4 «Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 5 «Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. 6 «Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 «Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 «Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 9 «Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 «Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 11 «Bem-aventurados sereis, quando vos insultarem, vos perseguirem, e disserem falsamente toda a espécie de mal contra vós por causa de Mim. 12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois também assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO QUATRO

CAPÍTULO XI

A verdade de Deus

Não sejas vã, ó minha alma, nem ensurdeças o ouvido do coração com o tumulto de tua vaidade.
Ouve também: o próprio Verbo clama que voltes, porque só acharás repouso imperturbável lá onde o amor não é abandonado, se ele não nos abandona antes.

Eis que as coisas passam para ceder lugar as outras, e para que assim se forme este universo inferior, de todas as suas partes. “Mas, por acaso, afasto-me de um lugar para outro? – diz o Verbo de Deus
– Fixa nele tua morada, confia a ele tudo o que dele recebeste, alma minha, já cansada de tantos enganos. Confia à Verdade quanto da Verdade recebeste, e nada perderás, antes, a tua podridão reflorescerá e serão curadas todas as tuas fraquezas, e serão retomadas e renovadas, estreitamente unidas a ti, as tuas partes inconscientes, e já não te arrastarão para a ladeira por onde descem, mas permanecerão contigo para sempre onde está Deus, eterno e imutável.

Por que, perversa, segues o apelo de tua carne?

Seja esta, convertida a seguir-te. Tudo o que por ela sentes é parte, mas ignoras o todo de que é parte, ainda que te dê prazer.
Mas, se os sentidos de tua carne fossem idóneos para compreender o todo, e se, para teu castigo, não tivessem sido justamente limitados a compreender apenas partes do universo, certamente desejarias que passasse tudo o que presentemente existe, para melhor desfrutar do conjunto.

O que falamos também ouves com os ouvidos da carne, e com certeza não queres que as sílabas se detenham, mas que voem, para que outras lhes sucedam, e assim ouvires o conjunto.

O mesmo acontece com todas as coisas que compõem um todo, quando essas partes constituintes não existem simultaneamente, há mais encanto no todo do que nas partes percebidas separadamente.

Mas, melhor do que todas elas, é o que as fez, que é nosso Deus, que
não passa, porque nada vem depois dele.

CAPÍTULO XII

O amor em Deus

Se te agradam os corpos, louva a Deus neles, e dirige teu amor para o teu artífice, para não o desagradar nas mesmas coisas que te agradam.

Se te agradam as almas, ama-as em Deus, porque, embora mutáveis, se fixas nele, terão estabilidade, de outro modo, passariam e pereceriam.
Ama-as, pois, nele, e arrasta contigo até ele quantas almas puderes, dizendo-lhes: “Amemo-lo”. Porque ele criou estas coisas, e não está longe, não as fez para depois ir embora, mas dele procedem e nele estão.
E ele está onde aprecia a verdade: no mais íntimo do coração, mas o coração errante afastou-se dele.

Voltai, pecadores, ao coração, e ligai-vos àquele que é vosso criador.
Firmai-vos nele, e estareis firmes, descansai nele, e estareis descansados.

Para onde ides por esses ásperos caminhos?
Para onde ides?

O bem que amais, dele procede, mas só é bom e suave quando se dirige a ele, porém, será justamente amargo se, abandonando a Deus, amardes injustamente o que dele procede.

Porque continuais por caminhos difíceis e trabalhosos?

O descanso não está onde o buscais. Buscais a vida feliz na região das trevas: não está lá.
Como achar a vida bem-aventurada onde nem sequer há vida?
Ele, nossa vida real, veio até nós, sofreu a nossa morte, e suplantou-a com a abundância da sua vida, com voz de trovão clamou para que voltássemos a ele, para o lugar escondido de onde veio até nós, passando primeiro pelo seio de uma virgem, onde se desposou com ele a natureza humana, carne mortal, para não ficar sempre mortal.
Dali, como o esposo que sai do tálamo, deu saltos como um gigante, para correr o seu caminho. E não se deteve, correu clamando com as suas palavras, com as suas obras, com s sua própria morte, com a sua vida, com a sua descida aos ínferos e com a sua ascensão, clamando para que voltássemos para ele.

Se ele se afastou da nossa vista, foi para que entremos no nosso coração, e ali o encontremos, se partiu, ainda está connosco. Não quis ficar por muito tempo entre nós, mas não nos abandonou. Retirou-se de onde nunca se afastou, pois o mundo foi criado por ele, e no mundo estava, e ao mundo veio para salvar os pecadores. E a ele se confessa minha alma, a ele que a cura e contra quem pecou.

Filhos dos homens, até quando sereis duros de coração?

Será possível que, depois de ter a vida descido até vós, não queirais subir e viver?
Mas para onde subis, quando vos ergueis e abris vossa boca no céu?
Descei para subir, para subir até Deus, já que caístes levantando-vos
contra Deus.

Diz-lhes isto, minha alma, para que chorem neste vale de lágrimas, e assim os arrebates contigo para Deus, pois, ao dizer estas palavras ardendo em chamas de caridade, é o espírito divino que te inspira.

CAPÍTULO XIII

O problema do belo

Então eu ignorava tais coisas – e por isso amava belezas terrenas.

Caminhava para o abismo, dizendo aos meus amigos:
“Será que amamos algo que não é belo?
E que é o belo?
E que é a beleza?
Que é que nos atrai e apega às coisas que amamos?

Pois, com certeza, se nelas não houvesse certa graça e formosura, não nos atrairiam.

E eu observava e via que num mesmo corpo uma coisa era o todo, harmonioso e belo, e outra o que lhe era conveniente, com aptidão de se ajustar de maneira perfeita a alguma coisa como, por exemplo, a parte do corpo em relação ao conjunto, o calçado em relação ao pé, e outras similares.

Esta consideração brotou na minha alma do íntimo do meu coração, e escrevi alguns livros sobre o belo e o conveniente, creio que dois ou três – tu o sabes, Senhor – pois já me esqueci, e não os tenho mais porque se extraviaram não sei como.

CAPÍTULO XIV

Razões de uma dedicatória

Mas, meu Senhor e meu Deus, qual o motivo de dedicar esses livros a Hiério, orador de Roma?
Não o conhecia, apreciando-o apenas pela fama da sua doutrina, que era grande, e por alguns ditos seus, que ouvira, e que me agradaram.
Mas dele gostava principalmente porque ele agradava aos outros, que lhe tributavam grandes elogios, admirados de que um sírio, educado na eloquência grega, chegasse a orador admirável na latina, e grande conhecedor de todos os assuntos, ligados à filosofia.
Assim, ouve-se louvar a um homem, e, embora ausente, começa-se a amá-lo.

Entrará o amor no coração do que ouve pela boca do que louva?

É certo que não, mas o amor de um se inflama com o amor do outro.
Por isso se ama ao que é louvado, mas só quando se está persuadido de que o louvor vem de coração sincero, ou quando o louvor é inspirado pelo amor.

Assim pois amava eu então aos homens, pelo juízo dos homens, e não pelo teu, meu Deus, em quem ninguém se engana.
Contudo, por que não o louvava como se louva a um auriga famoso ou a um caçador afamado pelas aclamações do povo, mas de modo mais distinto e mais ponderado, tal como eu gostaria de ser louvado?

Certamente, eu não gostaria de ser louvado e amado como os comediantes, embora eu também os ame e louve, antes, preferiria mil vezes, permanecer desconhecido a ser louvado dessa maneira, e mesmo ser odiado a ser amado assim.

De que modo convivem numa alma gostos tão vários e diversos?

Como é que amo noutro o que rejeitaria e afastaria para longe de mim, sendo ambos homens?

Aprecia-se um bom cavalo, sem que se queira ser um cavalo, se isso fosse possível. Mas de um histrião não se pode dizer o mesmo, pois tem a mesma natureza que nós.

Logo, amo num homem o que teria horror de ser, embora também eu seja homem?

Grande abismo é o homem, cujos cabelos tu, Senhor, tens contados, e não se perde um sem que tu o saibas, e, contudo, mais fáceis de contar são os seus cabelos que as suas paixões e os movimentos de seu coração.

Mas aquele orador era do número dos que eu amava a ponto de desejar ser como ele, mas eu andava errante por meu orgulho e era arrastado por toda espécie de vento, embora em segredo fosse governado por ti.

E como sei, e como te confesso com tanta certeza que o amava mais por amor dos que o louvavam do que pelos méritos que lhe valiam esses louvores?

Se em vez de o louvarem aquelas mesmas pessoas o criticassem, e se me contassem dele as mesmas coisas, mas com censura e desprezo, certamente não me entusiasmaria por ele, não obstante, os factos não seriam diferentes e nem o homem outro, mas unicamente os sentimentos dos narradores.

Eis onde jaz enferma a alma que ainda não se apoiou na firmeza da verdade.
É levada e trazida, atirada e rechaçada, segundo os sopros das línguas que ventam dos peitos dos que opinam! E de tal modo a luz lhe é toldada, que não distingue a verdade, apesar de ela estar à nossa vista.
Para mim era importante que aquele homem conhecesse as minhas palavras e os meus trabalhos. Se ele os aprovasse, entusiasmar-me-ia ainda mais por ele, mas se os reprovasse, o meu coração fútil e vazio da tua firmeza, se lastimaria.

Contudo, o meu prazer era pensar e reflectir no problema do belo e do conveniente, assunto do livro que lhe dedicara, admirando-o na minha imaginação, mesmo que ninguém mais o louvasse.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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