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30/05/2013

Leitura espiritual para 30 Mai


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Jo 20, 1-31

1 No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã, sendo ainda escuro, e viu a pedra retirada do sepulcro. 2 Correu então, e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo a quem Jesus amava, e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos puseram».3 Partiu, pois, Pedro com o outro discípulo e foram ao sepulcro. 4 Corriam ambos juntos, mas o outro discípulo corria mais do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 5 Tendo-se inclinado, viu os lençóis no chão, mas não entrou. 6 Chegou depois Simão Pedro, que o seguia, entrou no sepulcro e viu os lençóis postos no chão, 7 e o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus, que não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. 8 Entrou também, então, o outro discípulo que tinha chegado primeiro ao sepulcro. Viu e acreditou. 9 Com efeito, ainda não entendiam a Escritura, segundo a qual Ele devia ressuscitar dos mortos. 10 Depois os discípulos voltaram para casa. 11 Entretanto, Maria estava da parte de fora do sepulcro a chorar. Enquanto chorava, inclinou-se para o sepulcro 12 e viu dois anjos vestidos de branco, sentados no lugar onde fora posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Eles disseram-lhe: «Mulher, porque choras?». Respondeu-lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». 14 Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, mas não sabia que era Jesus. 15 Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? A quem procuras?». Ela, julgando que era o hortelão, disse-Lhe: «Senhor, se tu O levaste, diz-me onde O puseste; eu irei buscá-l'O». 16 Jesus disse-lhe: «Maria!». Ela, voltando-se, disse-Lhe em hebreu: «Rabboni!», 17 Jesus disse-lhe: «Não Me retenhas, porque ainda não subi para Meu Pai; mas vai a Meus irmãos e diz-lhes que subo para Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus». 18 Foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor!», e as coisas que Ele lhe disse. 19 Chegada a tarde daquele mesmo dia, que era o primeiro da semana, e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam juntos, por medo dos judeus, foi Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!». 20 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se muito ao ver o Senhor. 21 Ele disse-lhes novamente: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também vos envio a vós». 22 Tendo dito esta palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». 24 Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 25 Os outros discípulos disseram-lhe: «Vimos o Senhor!». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas Suas mãos a abertura dos cravos, se não meter a minha mão no Seu lado, não acreditarei». 26 Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, colocou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». 27 Em seguida disse a Tomé: «Mete aqui o teu dedo e vê as Minhas mãos, aproxima também a tua mão e mete-a no Meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel!». 28 Respondeu-Lhe Tomé: «Meu Senhor e Meu Deus!». 29 Jesus disse-lhe: «Tu acreditaste, Tomé, porque Me viste; bem-aventurados os que acreditaram sem terem visto».  30 Outros muitos prodígios fez ainda Jesus na presença de Seus discípulos, que não foram escritos neste livro. 31 Estes, porém, foram escritos a fim de que acrediteis que Jesus é o Messias, Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em Seu nome.


CONFISSÕES SANTO AGOSTINHO

LIVRO TERCEIRO

CAPÍTULO I

O gosto do amor

Cheguei a Cartago, e por toda parte fervilhava a sertã de amores impuros. Ainda não amava, mas já gostava de amar, secretamente sedento, aborrecia a mim próprio por não me sentir mais indigente de amor. Gostando do amor buscava o que amar, e odiava a segurança e os meus caminhos sem perigos, porque tinha dentro de mim fonte de alimento interior, de ti mesmo, ó meu Deus. Eu não sentia essa fonte como tal, antes, estava sem apetite algum dos manjares incorruptíveis, não porque estivesse saciado deles, mas porque, quanto mais vazio, tanto mais enfastiado me sentia.
E por isso a minha alma não estava bem e, ferida, voltava-se para fora de si, ávida de se roçar miseravelmente às coisas sensíveis, se porém não tivessem alma, não seriam certamente amadas.
Amar e ser amado era para mim a coisa mais doce, sobretudo se podia gozar do corpo da criatura amada. Deste modo manchava com torpe concupiscência a fonte da amizade, e obscurecia o seu candor com os vapores infernais da luxúria. E apesar de tão torpe e impuro, desejava com afã e cheio de vaidade, passar por afável e cortês.
Caí por fim no amor, em que desejava ser colhido. Porém, ó meu Deus, misericórdia minha, quanto fel não misturaste àquela suavidade, e quão bom foste ao fazê-lo! Fui amado, e cheguei secretamente aos laços do prazer, e deixei-me alegremente enredar em trabalhosos laços, para ser logo açoitado com as varas de ferro ardente do ciúme, das suspeitas, dos temores, das iras e das contendas.

CAPÍTULO II

A paixão dos espectáculos

Arrebatavam-me os espectáculos teatrais, cheios das imagens das minhas misérias e de alimento para o fogo de minha paixão. Mas, por que quer o homem condoer-se ao contemplar coisas tristes e trágicas, que de modo algum gostaria de suportar? Contudo, o espectador deseja sofrer com elas, e até essa mesma dor é seu deleite. Que é isso, senão rematada loucura? De facto, tanto mais se comove alguém com elas quanto menos livre se está de tais afectos, embora chamemos misérias os sofrimentos próprios, e compaixão a comiseração do mal alheio.
Porém, que compaixão pode haver em coisas fictícias e representadas? Nelas não se incita o espectador a que socorra a alguém, senão que o mesmo é convidado apenas à angústia, apreciando tanto mais o autor daquelas histórias quanto maior é o sentimento que elas nos inspiram. De onde resulta que, se tais desgraças humanas – quer das histórias antigas, quer sejam inventadas – são representadas de forma a não excitarem sofrimento ao expectador, este sai aborrecido e murmurando, se porém, pelo contrário, é levado à tristeza, fica atento e chora satisfeito.
Quer isso dizer que amamos as lágrimas e a dor? Sem dúvida que todo o homem busca o gozo, mas como não agrada a ninguém ser miserável, e sendo grato a todos ser misericordioso, e como a piedade é inseparável da dor, não seria esta a causa verdadeira para que apreciemos essas emoções dolorosas?
Também isso provém da amizade. Mas para onde se dirige? Para onde vai? Por que se atira à torrente da pez ardente, às vagas horrendas de negras leviandades em que a amizade se transforma voluntariamente, afastada e privada de sua celestial serenidade que o homem repudia?
Deve, pois, repelir-se a compaixão? De modo algum. Convém, pois, que alguma vez se amem as dores. Mas evita nisso a impureza, ó minha alma, sob proteção de Deus, do Deus de nossos pais, louvado e exaltado por todos os séculos, cuidado com a impureza. Porque nem agora me fecho a tal compaixão. Mas naquele tempo comprazia-me no teatro com os amantes, quando eles se gozavam em suas torpezas – embora estas não passassem de encenações. E quando um deles se perdia, eu quase piedosamente me contristava, e sentia prazer numa e noutra coisa.
Hoje, porém, tenho mais compaixão do homem que se alegra nos seus vícios, que do que sofre pela perda de um prazer funesto ou pela perda de uma mísera felicidade. Esta misericórdia é certamente mais verdadeira, mas nela a dor não encontra nenhum prazer. E embora seja certo que se aprove quem por caridade se compadece do miserável, contudo, quem é fraternalmente compassivo preferiria que não houvesse razões para se compadecer. Porque assim como não é possível que exista uma benevolência malévola, tampouco o é que haja miseráveis para deles se compadecer.
Há, pois, dores que merecem compaixão, porém, nenhuma que mereça amor. Por isso tu, Deus, que amas as almas muito mais elevadamente que nós, te compadeces delas de modo muito mais puro, porque não sentes nenhuma dor. Mas quem será capaz de chegar a isso?
Mas eu, desventurado, amava então a dor, e buscava motivos para senti-la. Naquelas desgraças alheias, falsas e mímicas, agradava-me tanto mais a acção do actor, e mantinha-me tanto mais atento quanto mais copiosas lágrimas me fazia derramar.
Mas, que admira que eu, infeliz ovelha transviada de teu rebanho, por não aceitar a tua proteção, estivesse atacado de ronha asquerosa? Daqui nasciam, sem dúvida, os desejos daquelas emoções de dor que, todavia, não queria que fossem muito profundas em mim, porque não desejava padecer coisas como as que via representadas. Comprazia-me que aquelas coisas, ouvidas ou fingidas, me tocassem só superficialmente. Mas, como acontece aos que coçam a ferida com as unhas, terminava por provocar em mim mesmo um tumor abrasador, podridão e pus repelente.
Tal era minha vida. Mas, seria isto vida, meu Deus?

CAPÍTULO III

O estudo da retórica e os demolidores

Entretanto, a tua misericórdia, fiel, de longe pairava sobre mim. Em quantas iniquidades não me corrompi, meu Deus, levado por sacrílega curiosidade que, separando-me de ti, conduzia-me aos mais baixos, desleais e enganosos serviços aos demónios, a quem sacrificava as minhas más acções, sendo em todas flagelado com duro açoite por ti!
Também ousei apetecer ardentemente e procurar meios para conseguir os frutos da morte na celebração dos teus mistérios, dentro dos muros de tua igreja. Por isso me açoitaste com duras penas, que nada eram comparadas com as minhas culpas, ó Deus, misericórdia infinita, e meu refúgio contra os terríveis malfeitores, com os quais vaguei de cabeça erguida, afastando-me cada vez mais de ti, preferindo os meus caminhos aos teus, amando a liberdade fugitiva!
Os estudos a que era entregue, que se denominavam honestos ou nobres, tinham por objectivo as contendas do foro, nas quais deveria distinguir-me com tanto maior louvor quanto mais hábeis fossem as mentiras. Tal é a cegueira dos homens, que até da sua própria cegueira se gloriam!
Eu já conseguira, naquele tempo, ser o primeiro da escola de retórica, e por isso me vangloriava soberbamente, e me inflava de orgulho. Contudo, tu sabes, Senhor, que eu era muito mais sossegado que os demais, e totalmente alheio às turbulências dos eversores – ou demolidores – nome sinistro e diabólico que eles consideravam distintivo de urbanidade, entre os quais vivia com imprudente pudor por não pertencer a seu grupo. É verdade que andava com eles, e que me deleitava, às vezes, com a sua amizade, porém, sempre aborreci o que faziam, como as troças e a insolência com que surpreendiam e ridicularizavam a timidez dos novatos, sem outra finalidade senão rir de suas trapalhadas, fazendo disso alimento para suas malévolas alegrias. Nada há mais parecido a estas ações que as dos demónios, pelo que nenhum nome lhes cai melhor que o de eversores ou demolidores, por serem transformados e pervertidos totalmente pelos espíritos malignos, que assim os burlam e enganam, sem que o saibam,
justamente no que eles gostam de ludibriar ou enganar os demais.

CAPÍTULO IV

O Hortênsio de Cícero

Entre essa gente estudava eu, em tão tenra idade, os livros da eloquência, na qual desejava sobressair com o fim condenável e vão de satisfazer à vaidade humana. Mas, seguindo o programa usado no ensino desses estudos, cheguei a um livro de Cícero, cuja linguagem, mais do que seu conteúdo, quase todos admiram. Esse livro contém uma exortação à filosofia, e se chama Hortênsio. Esse livro mudou os meus sentimentos, e transferiu para ti, Senhor, as minhas súplicas, e fez com que mudassem os meus votos e desejos. Subitamente, tornou-se vil a meus olhos toda a vã esperança, e com incrível ardor do meu coração suspirava pela sabedoria imortal, e comecei a reerguer-me para voltar a ti. Não era para limar a linguagem – aperfeiçoamento que, parece, eu compraria com o dinheiro da minha mãe, naquela idade de meus dezanove anos, fazendo dois que morrera meu pai – não era, repito, para limar o estilo que eu me dedicava à leitura daquele livro, nem era o seu estilo o que a ela me incitava, mas o que ele dizia.
Como ardiam, meu Deus, como ardiam os meus desejos de voar para ti das coisas terrenas, sem que eu soubesse o que obravas em mim! Porque em ti está a sabedoria, pela qual aquelas páginas me apaixonavam. Não faltam os que nos iludam servindo-se da filosofia, colocando ou encobrindo os seus erros com nome tão grande, tão doce e honesto. Mas quase todos os que assim fizeram em seu tempo e em épocas anteriores, são apontados e refutados nesse livro. Também se encontra ali bem claro aquele salutar aviso do teu Espírito, dado por meio de teu servo bom e piedoso (Paulo): Vede que ninguém vos engane com vãs filosofias e argúcias sedutoras, de acordo com a tradição dos homens e os ensinamentos deste mundo, e não de acordo com Cristo, porque é nele que habita corporalmente toda a plenitude da divindade.
Mas então – tu bem o sabes, luz de meu coração – eu ainda não conhecia o pensamento de teu Apóstolo. Só me deleitava naquelas palavras de exortação, o facto de me excitarem fortemente, inflamando-me a amar, a buscar, a conquistar, a reter e a abraçar não a esta ou àquela seita, senão à própria Sabedoria, onde quer que estivesse. Só uma coisa me arrefecia tão grande ardor: não ver ali o nome de Cristo. Porque este nome, Senhor, este nome de meu Salvador, teu filho, por tua misericórdia eu o bebera piedosamente com o leite materno, e o conservava, no mais profundo do meu coração, em alto apreço, e assim, tudo quanto fosse escrito sem este nome, por mais verídico, elegante e erudito que fosse, não me arrebatava totalmente.

(Revisão trad. portuguesa e grafismo por ama)

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