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13/04/2013

Tratado dos actos humanos 89



Questão 20: Da bondade e da malícia dos actos humanos exteriores.



Art. 4 ― Se o acto exterior aumenta a bondade ou a malícia do acto interior.

(II Sent., dist. XL, a . 3, De Malo, q. 2, a . 2, ad 8).

O quarto discute-se assim. ― Parece que o acto exterior não aumenta a bondade ou a malícia do acto interior.


1. ― Pois, diz Crisóstomo: É a vontade a recompensada pelo bem e condenada pelo mal 1. Ora, as obras são os testemunhos da vontade. Logo, Deus não as quer em si mesmas, para saber como julgar, mas por causa dos outros, a fim de que todos entendam que ele é justo. Ora, como devemos apreciar o bem e o mal, antes pelo juízo de Deus, que pelo dos homens, o acto exterior não aumenta a bondade nem a malícia do acto interior.

2. Demais. ― A bondade do acto interior e do exterior é a mesma, com já se disse 2. Ora, o aumento se dá pela adição de uma coisa a outra. Logo, o acto exterior não aumenta a bondade nem a malícia do acto interior.

3. Demais. ― Toda a bondade da criatura não acrescenta nada à bondade divina, porque deriva desta totalmente. Ora, a bondade do acto exterior deriva toda, às vezes, da do acto interior, e às vezes, inversamente, como se disse 3. Logo, um não aumenta a bondade ou a malícia do outro.

Mas, em contrário. ― Todo o agente visa conseguir o bem e evitar o mal. Se pois o acto exterior não aumenta a bondade nem a malícia, quem tem a vontade boa ou má pratica o bem e se afasta do mal, em vão, o que é inadmissível.

Se nos referimos à bondade que ao acto exterior lhe advém da vontade do fim, ele nada acrescenta a essa bondade, salvo se a vontade em si mesma puder tornar-se melhor, no bem, e pior, no mal. Ora, isto pode dar-se de três modos. ― Primeiro, numericamente, se queremos fazer alguma coisa com fim bom ou mau, mas não fazemos, quando, depois queremos e fazemos, duplica-se o acto da vontade, e então há no caso dois bens ou dois males. Segundo. ― extensivamente, assim quando uma pessoa quer fazer um bem ou um mal, mas desiste por algum impedimento, ao passo que outra continua o movimento da vontade até realizar a obra, é claro que a vontade desta última tem maior duração no bem ou no mal, tornando-se por isso pior ou melhor. ― Terceiro, intensivamente, pois há certos actos exteriores deleitáveis ou penosos, que são de natureza a intensificar ou afrouxar a vontade. Ora, é inegável que tanto melhor ou pior é a vontade quanto mais intensamente tende para o bem ou para o mau.

Se porém nos referimos à bondade do acto exterior que lhe advém da matéria e das circunstâncias devidas, então ele está para a vontade como termo e fim. E deste modo, aumenta a bondade ou a malícia da vontade, porque toda inclinação ou movimento se completa conseguindo o fim ou atingindo o termo. Donde, não há vontade perfeita senão a que age oportunamente. Se porém não houver possibilidade de a vontade perfeita operar quando pode, o defeito da consumação do acto exterior é absolutamente involuntário. Ora, o involuntário não merecendo pena nem prémio, na realização de um bem ou de um mal, nada tira do prémio ou da pena, quando o homem, por absoluta involuntariedade, deixou de fazer o bem ou o mal.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― Crisóstomo refere-se à vontade do homem perfeita, que cessa de agir somente pela impossibilidade de o fazer.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― A objecção colhe quanto à bondade que o acto exterior tira da vontade do fim. Ora, diferente desta bondade é a que o acto exterior haure na matéria e nas circunstâncias, que não é diferente porém daquela que à vontade lhe deriva do próprio acto querido, com a qual se compara como razão e causa dela, conforme já se disse 4.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.

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Notas:
1. Super Math., hom. XIX.
2. Q. 20, a. 3.
3. Q. 20, a. 1, 2.
4. Q. 20, a. 1, 2.

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