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24/04/2013

Tratado das paixões da alma 6


Art. 3 ― Se toda paixão da alma tem contrária.




(Infra, q. 46, a. 1. ad 2, III Sent., dist. XXVI, q. 1, a . 3, De Verit., q. 26, a. 4).

O terceiro discute-se assim. ― Parece que toda paixão da alma tem oposição.






1. ― Pois, toda paixão respeita ao irascível ou ao concupiscível, como já se disse 1. Ora, as paixões de ambos esses apetites têm contrariedade, a seu modo. Logo, toda paixão da alma tem oposição.

2. Demais. ― Toda paixão da alma ou tem o bem como objecto ou o mal, que constituem os objectos universais da parte apetitiva. Ora, a paixão cujo objecto é o bem opõe-se à que tem o mal como objecto. Logo, toda paixão tem oposição.

3. Demais. ― Toda paixão da alma supõe aproximação ou afastamento, como já se disse 2. Ora, toda aproximação é contrária ao afastamento e vice-versa. Logo, toda paixão da alma tem oposição.

Mas, em contrário. ― A ira é uma paixão da alma e a ela nenhuma paixão se lhe opõe, como se vê em Aristóteles 3. Logo, nem toda paixão da alma tem oposição.

 A paixão da ira tem isto de singular que não pode ter oposição, nem por aproximação e afastamento, nem pela contrariedade do bem e do mal, pois é causada por um mal presente difícil. Ora, a essa presença ou o apetite sucumbirá necessariamente, e então a ira não sai dos limites da tristeza, paixão do concupiscível, ou será levada a atacar o mal lesivo, e isso propriamente a constitui. Por outro lado, não lhe podemos supor um movimento de afastamento, porque o mal já é presente ou passado. Donde, o movimento da ira não é contrariado por nenhuma paixão, no ponto de vista da aproximação ou do afastamento de um termo de referência. Semelhantemente, quanto à contrariedade entre o bem e o mal. Pois ao mal presente opõe-se o bem já alcançado, que não pode implicar a ideia de árduo ou difícil. Nem após a aquisição do bem permanece qualquer outro movimento, a não ser a quietação do apetite no bem adquirido, o que é próprio da alegria, paixão do concupiscível. Logo, ao movimento da ira nenhum outro movimento da alma pode ser contrário, senão só a cessação do movimento, e por isso diz o Filósofo que ser pacífico se opõe a ser irado 4, o que não é oposição por contrariedade, mas por negação ou privação.

Donde se deduzem as RESPOSTAS ÀS OBJECÇÕES.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. Q. 23, a. 1.
2. Q. 23, a. 2.
3. IV Ethic., lect. XIII.
4. Rhetorica, lib. II cap. III.

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