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25/03/2013

Tratado dos actos humanos 70


Questão 18: Da bondade e da malícia dos actos humanos em geral.

Art. 6. ― Se o fim diversifica especificamente os actos em bons e maus.



(II Sent., dist. XL, a . 1).

O sexto discute-se assim. ― Parece que o fim não diversifica especificamente os actos em bons e maus.


1. ― Pois, os actos se especificam pelo objecto. Ora, o fim não é objecto, de nenhum modo. Logo, o bem e o mal dele procedente não diversificam os actos especificamente.

2. Demais. ― O acidental não especifica, como já se disse 1. Ora, é acidental a um acto ser ordenado para um fim, assim, quando se dá esmola por vanglória. Logo, o fim não diversifica especificamente os actos em bons e maus.

3. Demais. ― Actos especificamente diversos podem ordenar-se a um mesmo fim, assim ao fim da vanglória podem ordenar-se os actos de diversas virtudes e de diversos vícios. Logo, o fim não diversifica especificamente os actos em bons e maus.

Mas, em contrário, demonstrou-se acima que os actos humanos se especificam pelo fim. Logo, o fim diversifica especificamente os actos em bons e maus.

Certos actos chamam-se humanos, enquanto voluntários, com já se disse 2. Ora, o acto voluntário inclui dois outros: o interior, da vontade, e o exterior, tendo um e outro o seu objecto. Ora, o fim propriamente é o objecto do acto interior da vontade, ao passo que o acto exterior tem por objecto aquilo mesmo sobre o que recai. Donde, assim como o acto exterior se especifica pelo objecto sobre o qual recai, assim o acto interior da vontade, pelo fim, como seu objecto próprio. Ora, o que procede da vontade tem por assim dizer valor de forma para o que procede do acto exterior, pois a vontade serve-se, para agir, dos membros, a modo de instrumentos, e nem os actos exteriores têm valor moral senão enquanto voluntários. Logo, a espécie dos actos humanos é formalmente considerada em relação ao fim, e materialmente, em relação ao objecto do acto exterior. Donde, diz o Filósofo: aquele que furta para cometer adultério é, propriamente falando, mais adúltero que ladrão 3.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― O fim equivale a um objecto, como se disse.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― É acidental ao acto exterior ordenar-se a um certo fim, mas não o é ao acto interior da vontade, pois este último está para o primeiro como a forma para a matéria.

RESPOSTA À TERCEIRA. ― Quando muitos actos especificamente diferentes se ordenam a um mesmo fim, há certo, especificamente, diversidade em relação aos actos exteriores, mas unidade em relação ao acto interior.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. Q. 18, a. 5.
2. Q. 18, a. 1.
3. V Ethic., lect. III.


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