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16/02/2013

Tratado dos actos humanos 34


Questão 12

Art. 4 ― Se é um só e mesmo movimento a intenção do fim e a vontade dos meios.




(Supra, q. 8, a . 3, II Sent., q. XXXVIII, a . 4, De Verit., q. 22, a . 14).

O quarto discute-se assim. ― Parece que não é um só e mesmo movimento a intenção do fim e a vontade dos meios.


1. ― Pois, diz Agostinho 1, a vontade de ver uma janela tem como fim a visão dela, e outra é a vontade de ver, pela janela, os transeuntes. Ora, querer ver os transeuntes, pela janela, inclui-se na intenção, querer ver a janela, na vontade, que visa os meios. Logo, é um movimento da vontade a intenção do fim e, outro, o querer os meios.

2. Demais. ― Os actos se distinguem pelos seus objectos. Ora, fins e meios são objectos diversos. Logo, querer o fim e os meios são movimentos diversos da vontade.

3. Demais.— À vontade dos meios se chama eleição. Ora, esta não é idêntica à intenção. Logo, a intenção do fim não é movimento idêntico ao da vontade dos meios.

Mas, em contrário, os meios estão para o fim como o que é médio para o termo. Ora, nos seres naturais, é o mesmo movimento que, pelo termo médio, chega ao termo último. Logo, também no domínio da vontade, o mesmo movimento é intenção do fim e vontade dos meios.

De modo duplo pode considerar-se o movimento da vontade para o fim e para os meios. ― De um modo, enquanto a vontade se dirige para um e outro encarando-os absolutamente e em si. E então, há dois movimentos absolutos da vontade. ― De outro modo, podemos considerar que é por causa do fim que a vontade busca os meios. E assim, por um e mesmo movimento, com o mesmo sujeito, a vontade tende para o fim e para os meios. Por ex., quando digo ― quero o remédio por causa da saúde ― não designo mais que um mesmo movimento da vontade, e isso porque o fim é a razão de querer os meios. Ora, é o mesmo acto que recai sobre o objecto e sobre a razão que permite apreendê-lo, assim como um mesmo olhar vê a cor e a luz, conforme já se disse 2. E o mesmo se dá com o intelecto que, por actos diversos, considera absolutamente o princípio e a conclusão, mas por um só acto assente à conclusão por causa dos princípios.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Agostinho refere-se à vista da janela e dos transeuntes, por ela, enquanto a vontade exerce esses dois actos absolutamente.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― O fim, enquanto realidade, é objecto da vontade, diferente dos meios, mas é um e mesmo objecto com eles, enquanto é a razão de serem queridos.

RESPOSTA À TERCEIRA. ― O movimento subjetivamente uno pode diversificar-se pelo seu princípio e pelo seu fim, assim, a ascensão e a descida, como diz Aristóteles 3. Donde, há eleição quando o movimento da vontade recai sobre os meios, enquanto ordenados ao fim. Chama-se intenção o movimento da vontade que recai sobre o fim, enquanto conseguindo pelos meios. E a prova é que pode haver a intenção do fim sem estarem ainda determinados os meios, sobre os quais recai a eleição.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. XI De Trin., cap. VI.
2. Q. 12, a. 3 ad 2
3. III Phys., lect. IV.

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