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01/02/2013

Tratado do actos humanos 19



Art. 3 ― Se a vontade se move a si própria.



(De Malo, q. 6).




O terceiro discute-se assim. ― Parece que a vontade não se move a si própria.


1. ― Pois, todo motor, como tal, existe em acto, ao passo que o movido é potencial, porque o movimento é o acto do que existe em potência, como tal. Ora, nada podendo ser actual e potencial, no mesmo ponto de vista, nada se move a si mesmo. Logo, também a vontade não se pode mover a si própria.

2. Demais. ― O móvel é movido pelo motor presente. Ora, a vontade estando sempre presente em si própria, havia de se mover sempre a si própria, o que é claramente falso.

3. Demais. ― A vontade é movida pelo intelecto, como já se disse 1. Se pois se move a si própria, resulta que é movida simultânea e imediatamente por dois motores, o que é inadmissível. Logo, não se move a si própria.

Mas, em contrário, a vontade é senhora dos seus actos e dela depende o querer e o não querer, o que não se daria se não pudesse mover-se a si própria a querer. Logo, move-se a si própria.

Como já se disse antes 2, em razão do fim, objecto da vontade, pertence-lhe mover as outras potências. Ora, segundo já foi dito 3, o fim está para os apetecíveis como o princípio, para os inteligíveis. Ora, é manifesto que o intelecto, conhecendo o princípio, reduz-se da potência ao acto, quanto ao conhecimento das conclusões, e deste modo a si próprio se move. E semelhantemente, a vontade, querendo o fim, move-se a si própria a querer os meios.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Não sendo no mesmo ponto de vista que a vontade move e é movida, não é também desse modo que é actual e potencial, mas, querendo o fim, actualmente, reduz-se da potência ao acto, em relação aos meios, para os querer em acto.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― A potência da vontade está sempre e actualmente presente a si mesma, mas o acto pelo qual a vontade quer às vezes o fim nem sempre existe nela, sendo por ele que se move a si própria. Donde não se segue que sempre se mova a si própria.

RESPOSTA À TERCEIRA. ― A vontade não é movida pelo intelecto do mesmo modo pelo qual se move a si própria, pois, ao passo que por aquela é movida quanto à apresentação do objecto, por si própria é-o quanto ao exercício do acto conforme a ideia do fim.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
1. Q. 9, a. 1.
2. Q. 9, a. 1.
3. Q. 8 a. 2.

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