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23/02/2013

Resumos da Fé Cristã


A santíssima Trindade 3

2. Deus na Sua vida íntima

O mesmo se pode dizer do Espírito Santo, que procede como o Amor do Pai e do Filho. Procede de ambos, porque é o Dom eterno e incriado que o Pai entrega ao Filho gerando-O e que o Filho devolve ao Pai como resposta ao Seu Amor. Este Dom é Dom de si, porque o Pai gera o Filho comunicando-Lhe total e perfeitamente o Seu próprio Ser mediante o Seu Espírito. A terceira Pessoa é, portanto, o Amor mútuo entre o Pai e o Filho 3. O nome técnico desta segunda processão é espiração. Seguindo a analogia do conhecimento e do amor, pode dizer-se que o Espírito procede como a vontade que se move para o Bem conhecido.

Estas duas processões chamam-se imanentes e diferenciam-se radicalmente da criação, que é transeunte, no sentido de que é algo que Deus faz para fora de Si. Tratando-se de processões dão conta da distinção em Deus, enquanto ao serem imanentes dão razão da unidade. Por isso, o mistério do Deus Uno e Trino não pode ser reduzido a uma unidade sem distinções, como se as três Pessoas fossem apenas três máscaras; ou a três seres sem unidade perfeita, como se se tratasse de três deuses distintos, embora juntos.

As duas processões são o fundamento das diversas relações que em Deus se identificam com as Pessoas divinas: o ser Pai, o ser Filho e o ser espirado por Eles. De facto, como não é possível ser pai e ser filho da mesma pessoa, no mesmo sentido assim não é possível ser ao mesmo tempo a Pessoa que procede pela espiração e as duas Pessoas das quais procede. Convém esclarecer que no mundo criado as relações são acidentes, no sentido de que as suas relações não se identificam com o seu ser, embora o caracterizem no que é mais profundo como no caso da filiação. Em Deus, como nas processões é doada toda a substância divina, as relações são eternas e identificam-se com a própria substância.

Estas três relações eternas não só caracterizam, mas identificam-se com as três Pessoas divinas, visto que ao Pai pensar quer dizer pensar no Filho; e pensar no Espírito Santo quer dizer pensar naqueles a respeito dos quais Ele é Espírito. Assim as Pessoas divinas são três Alguém, mas um único Deus. Não como se dá entre três homens, que participam da mesma natureza humana sem a esgotar. As três Pessoas são cada uma toda a Divindade, identificando-se com a única Natureza de Deus 4: as Pessoas são Uma na Outra. Por isso, Jesus diz a Filipe que quem o viu a Ele viu o Pai (cf. Jo 14, 6), enquanto Ele e o Pai são uma só coisa (cf. Jo 10, 30 e 17, 21). Esta dinâmica, que tecnicamente se chama pericorese ou circumincesio – dois termos que fazem referência a um movimento dinâmico em que um se intercambia com o outro como numa dança em círculo – ajuda a apercebermo-nos de que o mistério do Deus Uno e Trino é o mistério do Amor: «Ele próprio é eternamente permuta de amor: Pai, Filho e Espírito Santo, e destinou-nos a tomar parte nessa comunhão» (Catecismo, 221).

giulio maspero

Bibliografia básica:

Catecismo da Igreja Católica, 232-267.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 44-49.

Leituras recomendadas:

São Josemaria, Homilia «Humildade», em Amigos de Deus, 104-109.
J. Ratzinger, El Dios de los cristianos. Meditaciones, Ed. Sígueme, Salamanca 2005.

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

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Notas:
3 O Espírito Santo «é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho; Ele “procede do Pai” (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja “ao conhecimento da verdade total” (Jo 16, 13)» (Compêndio, 47).
4 «A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho» (Compêndio, 48).

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