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22/02/2013

Resumos da Fé Cristã


A santíssima Trindade 2

1. A revelação de Deus uno e trino 2

Em Cristo, Deus abre e entrega a Sua intimidade, que de per si seria inacessível ao homem apenas por meio das suas forças 2. Esta mesma revelação é um acto de amor, porque o Deus pessoal do Antigo Testamento abre livremente o Seu coração e o Unigénito do Pai sai ao nosso encontro, para Se fazer uma só coisa connosco e levar-nos de regresso ao Pai (cf. Jo 1, 18). Trata-se de algo que a filosofia não podia adivinhar, porque radicalmente apenas pode ser conhecido mediante a fé.

2. Deus na Sua vida íntima

Deus não só possui uma vida íntima, mas Deus é – identifica-se com – a Sua vida íntima, uma vida caracterizada por eternas relações vitais de conhecimento e de amor, que nos levam a expressar o mistério da divindade em termos de processões.

De facto, os nomes revelados das três Pessoas divinas exigem que se pense em Deus como o proceder eterno do Filho do Pai e na mútua relação – também eterna – do Amor que «procede do Pai» (Jo 15, 26) e «toma do Filho» (Jo 16, 14), que é o Espírito Santo. A Revelação fala-nos, assim, de duas processões em Deus: a geração do Verbo (Cf. Jo 17. 6) e a processão do Espírito Santo. Com a característica peculiar de que ambas são relações imanentes, porque estão em Deus: mais ainda, são o próprio Deus, enquanto Deus é Pessoal; quando falamos de processão, pensamos habitualmente em algo que sai de outro e implica mudança e movimento. Visto que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus Uno e Trino (cf. Gn 1, 26-27), a melhor analogia com as processões divinas podemos encontrá-la no espírito humano, onde o conhecimento que temos de nós próprios não sai para o exterior: o conceito que fazemos de nós é distinto de nós mesmos, mas não está fora de nós. O mesmo se pode dizer do amor que temos para connosco. De forma parecida, em Deus o Filho procede do Pai e é Imagem Sua, da mesma forma como o conceito é imagem da realidade conhecida. Só que esta Imagem em Deus é tão perfeita que é Deus mesmo, com toda a Sua infinitude, a Sua eternidade, a Sua omnipotência: o Filho é uma só coisa com o Pai, o próprio Algo, essa é a única e indivisa natureza divina, embora seja outro Alguém. O Símbolo de Niceia-Constantinopla exprime-o com a fórmula «Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro». O facto é que o Pai gera o Filho dando-Se a Ele, entregando-Lhe a Sua substância e a Sua natureza, não em parte, como acontece na geração humana, mas perfeita e infinitamente.

giulio maspero

Bibliografia básica:

Catecismo da Igreja Católica, 232-267.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 44-49.

Leituras recomendadas:

São Josemaria, Homilia «Humildade», em Amigos de Deus, 104-109.
J. Ratzinger, El Dios de los cristianos. Meditaciones, Ed. Sígueme, Salamanca 2005.

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

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Notas:
2 «Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios» (Compêndio, 45).

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