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08/01/2013

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 19


Harmonia entre fé e razão

19. Os que nos sabemos filhos de Deus, havemos de propagar que «não há motivo para existir concorrência entre a razão e a fé: uma implica a outra, e cada qual tem o seu espaço próprio de realização. (…) Deus e o homem estão colocados, cada um no seu respectivo mundo, numa relação única. Em Deus reside a origem de tudo, n’Ele se encerra a plenitude do mistério e isto constitui a sua glória; ao homem, pelo contrário, compete o dever de investigar a verdade com a razão, e nisto está a sua nobreza» [31].

Mantém plena actualidade o horizonte que S. Josemaria descrevia: «sobre a base firme dum profundo conhecimento científico, havemos de mostrar que não há oposição alguma entre a fé e a razão» [32]; antes, pelo contrário, deve existir uma plena sintonia, porque os dois âmbitos do conhecimento procedem de Deus, do Logos criador que, além disso, se fez homem.

Na Carta Apostólica Novo Millénnio ineúnte, João Paulo II escreveu: «Para a eficácia do testemunho cristão, especialmente nestes âmbitos delicados e controversos, é importante fazer um grande esforço para explicar adequadamente os motivos da posição da Igreja, sublinhando sobretudo que não se trata de impor aos não crentes uma perspectiva de fé, mas de interpretar e defender valores radicados na própria natureza do ser humano. A caridade tomará então necessariamente a forma de serviço à cultura, à política, à economia, à família, para que em toda a parte sejam respeitados os princípios fundamentais de que depende o destino do ser humano e o futuro da civilização» [33]. Para esta tarefa, necessita-se do dom de línguas, que se alcança quando se invoca com fé o Espírito Santo e se empregam os meios humanos.

De todos é conhecida a plena liberdade, que dentro da doutrina católica, a Igreja reconhece aos seus filhos na própria actuação profissional e enquanto cidadãos iguais aos outros cidadãos. A sensibilidade para os problemas humanos, o sentido sobrenatural para julgá-los e resolvê-los cristãmente, de acordo com a recta consciência bem formada, deve estimular a responsabilidade apostólica pessoal para trazer para o debate científico uma visão mais humana e sempre cristã. Por isso, convém abordar com rectidão e seriedade os trabalhos que têm especial relevância doutrinal e ética, nas áreas científicas e humanistas próprias de cada um. A crise moral pela qual passa a sociedade, e a necessidade perene de evangelizar, tornam ainda mais urgente que os investigadores cristãos não abandonem este trabalho e desenvolvam com constância e profundidade esses temas, para ajudar a resolver correctamente os problemas actuais.

Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:

[31] Beato João Paulo II, Carta Enc. Fides et ratio, 14-IX-1998, n. 17.
[32] S. Josemaria, Carta 9-I-1951, n. 12.
[33] Beato João Paulo II, Carta Apost. Novo millénnio ineúnte, 6-I-2001, n. 51.

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