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18/01/2013

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 29


O exemplo de S. Josemaria

29. Fixemos os nossos olhos na história da Igreja, onde nunca faltaram homens e mulheres que foram instrumentos nas mãos de Deus para dar um novo impulso e vitalidade à fé do povo cristão em tempos de dificuldade. Penso no exemplo do nosso Fundador. S. Josemaria meditou muito sobre a figura e a resposta dos nossos predeces­sores na fé. Por isso, como o patriarca Abraão, o nosso Padre abandonou os seus projectos nobres e, obediente à voz divina, tornou-se um peregrino de todos os caminhos do mundo, para ensinar aos seus irmãos e irmãs uma doutrina «velha como o Evangelho e como o Evangelho nova» [50]: que Deus nos chama a todos a ser santos no trabalho e nas circunstâncias da vida vulgar, no meio das realidades temporais. Foi um homem, um sacerdote, de fé e de esperança: virtudes que, com a caridade, o Senhor infundiu com crescente intensidade na sua alma. Ao cultivar essa fé gigante e essa grande esperança, alcançou a capacidade para levar a cabo a missão que tinha recebido, e hoje são inumeráveis, como as estrelas do céu, e como a areia na praia do mar (Gn 22, 17), as pessoas de diferentes idades, raças e condições que se alimentam desse espírito e procuram assim a glória de Deus.

A vida de S. Josemaria manifesta que cada dia pode e deve ser o nosso tempo de fé, de esperança, de amor, sem concessões ao egoísmo. Convém, pois, que nos perguntemos como se manifestam as virtudes teologais na nossa conduta diária: se sabemos reconhecer a mão providente do nosso Pai Deus em todas as circunstâncias, tanto nas que se apresentam com um aspeto favorável como naquelas que parecem adversas; isto é, se estamos firmemente persuadidos de que ómnia possibília credénti (Mc 9, 23), que tudo é possível ao que crê, apesar da falta de méritos pessoais e de meios humanos; se somos otimistas no apostolado, com um otimismo sobrenatural baseado na convicção de que, como afirma o Apóstolo, ómnia possum in eo, qui me confórtat (Fl 4, 13), tudo podemos em Cristo, que é a nossa fortaleza.

Talvez possamos concluir que ainda não nos exercitamos com suficiente intensidade nessas virtudes. Devemos, então, aplicar as considerações de S. Josemaria: «Falta-nos fé. No dia em que vivermos esta virtude – confiando em Deus e na sua Mãe –, seremos valentes e leais. Deus, que é o Deus de sempre, fará milagres pelas nossas mãos.

– Dá-me, ó Jesus, essa fé que de verdade desejo! Minha Mãe e Senhora minha, Maria Santíssima, faz com que eu creia!» [51].

O nosso Padre implorou muitas vezes para si, para os seus numerosos filhos e filhas e para todos os cristãos o crescimento nas virtudes teologais: adauge nobis fidem, spem, caritatem!, aumenta-nos a fé, a esperança e o amor, rezava todos os dias, pedindo-o também, sem palavras, com o coração, enquanto levantava a Hóstia e o cálice na Santa Missa. Movia-o o único fim de ser melhor servidor e de que fossemos melhores servidores de Deus e das almas, em qualquer hora e situação. Nisto reside, insisto, a causa para que o caminhar da Igreja se encha de novos frutos, agora e sempre. Como escreve o Papa: «desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança [52].

Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, acrescenta o Papa, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano. Não foi sem razão que, nos primeiros séculos, os cristãos eram obrigados a aprender de memória o Credo. É que este servia-lhes de oração diária, para não esquecerem o compromisso assumido com o Batismo» [53].

Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:

[50] S. Josemaria, Instrução, 19-III-1934, n. 45.
[51] S. Josemaria, Forja, n. 235.
[52] Bento XVI, Carta Apost. Porta fídei, 11-X-2011, n. 9.
[53] Bento XVI, Carta Apost. Porta fídei, 11-X-2011, n. 9.

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