Páginas

19/12/2012

CONTO DE NATAL 2012

.
.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A tarde chegava rapidamente ao fim.
Era Inverno, e por isso mesmo, muito cedo o Sol baixava por entre as árvores.
Estava cansada, muito cansada!
Tinha passado todo o dia à beira da estrada, à espera, numa vida em que se tinha embrenhado e a envergonhava, mas da qual não arranjava forças para sair.
E diziam que a prostituição era uma vida fácil!
Pior ainda, pois tinha que à noite ir para aquele bar, fazer de conta que estava bem-disposta e gostava daquela vida!
 
Reconhecia que o enorme cansaço que sentia era muito mais psíquico, do que físico.
Há tempos que a ideia de sair daquela vida, era um constante pensamento, que em todos os momentos lhe tirava o descanso e o pouco bem-estar que ainda pudesse sentir.
 
Lembrava-se bem do namoro com aquele rapaz, que parecia ter tudo o necessário para acabar num feliz casamento. Depois engravidou, e começaram as complicações.
Ele apresentou-lhe aquele “amigo” e quando deu por si estava num bar a beber taças de suposto “champagne”, com homens que não conhecia. Daí até ao sexo pago foi um instante!
Vá lá, tinha resistido ao aborto, e aquela filha que estava em casa, era agora a sua única razão de viver.
 
Ao princípio tudo pareceu fácil, e até se convenceu que não fazia mal nenhum a ninguém, nem a ela própria. Já que tinha aquele corpo, aproveitava-o para ganhar dinheiro e depois …
Depois haveria de sair daquela vida.
 
Tantas promessas daquele patife!
Era preciso agora ganhar dinheiro, dizia ele, e depois quando tivessem um “pé-de-meia”, partiriam para outras paragens onde não os conhecessem, e haviam de viver felizes.
Mas não era possível fazer nenhuma poupança, porque ele tirava-lhe tudo o que trazia para casa, para gastar com os amigos. E quando o que trazia deixou de chegar para tudo o que ele queria, começou a obriga-la a ir para a estrada, onde ainda se sentia mais aviltada e destruída.
Há já há algum tempo que sentia vergonha de si própria e agora que os anos iam passando preocupava-se muito mais com o futuro da sua filha, e com o facto de um dia ela poder saber o que era a sua vida.
 
Veio-lhe à memória a casa dos seus pais.
Não era gente com dinheiro, mas era gente de amor e lembrava-se bem do carinho com que a tratavam, (era filha única), e dos exaustivos conselhos do seu pai acerca daquele namorado que, dizia ele, não prestava para nada. Mas a juventude que julga tudo saber, tinha-a levado a sair de casa para seguir o seu grande amor!
 
Grande amor???
Se pudesse agora ver-se livre dele, seria o melhor presente de Natal que alguém lhe podia dar, porque, lembrou-se, era dia 24 de Dezembro, véspera de Natal, a noite dos presentes em casa dos seus pais.
 
Uma tristeza profunda estremeceu-a!
Não, não iria passar mais esta noite de Natal naquele bar, vivendo aquela vida!
Tomou uma decisão e disse para si mesma: Vou passar por casa à hora que ele não está, (deixo um recado com uma desculpa qualquer), pego na menina, e vou passar a noite de Natal a casa dos meus pais, pois tenho a certeza de que me hão-de receber.
 
Tomada a decisão, pareceu-lhe sentir um alívio imenso no cansaço que a assolava.
Chegou a casa, tomou um banho rápido, desejando que mais do que o corpo, lhe fosse lavada a “alma” para se poder encontrar com os seus pais. Escreveu uma qualquer desculpa num papel, pegou na filha e saiu rapidamente para a casa da sua infância, que ficava numa terra muito próxima.
 
Passado pouco tempo já batia à porta da casa onde tinha crescido e brincado com tanta felicidade. A porta abriu-se, e, ao espanto inicial, sucederam-se quatro braços que a apertavam e esmagavam de amor!
Já na sala começou a ensaiar um discurso de desculpas, de justificação, mas os seus pais disseram-lhe com carinho para se calar, sentar no sofá, pôr os pés em cima da mesa pequena e descansar, porque se tinham apercebido do seu enorme cansaço.
Pegaram na neta e foram para o quarto ao lado.
 
Ela sentiu-se num casulo de amor!
Um calor inexplicável fazia-se sentir no seu coração e ela fechou os olhos desejando que aquele momento nunca mais acabasse.
Sem saber como, viu-se de repente no meio da praça da sua terra e muita gente à sua volta, gesticulando e gritando.
Percebeu que a insultavam, lhe chamavam prostituta e que a queriam expulsar da sua terra.
Cheia de medo e vergonha, as lágrimas corriam-lhe pela cara abaixo.
Viu então um homem que se destacou do meio de toda aquela gente, e com uma voz cheia de força, mas de carinho também, disse: Aquele que de vocês que nunca errou ou cometeu nenhum mal, pegue no braço dela e leve-a até aos limites aqui da terra.
 
E ao dizer isto, aquele homem olhava-os nos olhos, firmemente.
Lentamente deixaram de se ouvir gritos, todos aqueles homens e mulheres baixaram as cabeças e começaram a sair da praça, em silêncio.
Então o homem aproximou-se dela, enxugou-lhe as lágrimas com os seus dedos e disse-lhe:
Pelos vistos ninguém te expulsou! Também eu não te expulso, antes te abraço! Vai à tua vida, mas muda-a enquanto podes!
 
Pareceu-lhe que o homem lhe pegava no braço, mas quando acordou percebeu que era o seu pai que delicadamente lhe dizia: Anda, vem comer, a ceia de Natal está na mesa!
 
Lembrou-se da catequese em criança e da passagem bíblica em que queriam apedrejar a mulher adúltera, e percebeu que num sonho Deus lhe tinha “falado”, e dado uma nova oportunidade para a sua vida.
Tinha finalmente a força de que necessitava para pôr fim àquela vida!
 
Soube naquele momento que tudo tinha mudado e que não voltaria a fazer da sua vida a desgraça que até então vivia.
E alegrou-se, por ela, pela sua filha, pelos seus pais.
Feliz aproximou-se da mesa e a sua mãe disse-lhe: Como estavas a dormir, foi a tua filha que colocou o Menino Jesus no presépio.
 
Olhou para os seus pais com todo o carinho de que era capaz, pegou na sua filha ao colo e disse:
O Menino Jesus já não está no presépio. Está no meu coração!
 
 
 
Marinha Grande 10 de Dezembro de 2012
Joaquim Mexia Alves 
 
 
 
.
,
 
 

Evangelho do dia e comentário

Advento Semana III

Evangelho: Lc 1, 5-25

5 Houve no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias; a sua mulher era da descendência de Aarão e chamava-se Isabel. 6 Ambos eram justos diante de Deus, caminhando irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor. 7 Não tinham filhos, porque Isabel era estéril e ambos se achavam em idade avançada. 8 Sucedeu que, exercendo Zacarias as funções de sacerdote diante de Deus na ordem do seu turno, 9 segundo o costume sacerdotal, tocou-lhe por sorte entrar no templo do Senhor a oferecer o incenso. 10 Toda a multidão do povo estava a fazer oração da parte de fora, à hora do incenso. 11 Apareceu-lhe um anjo do Senhor, de pé ao lado direito do altar do incenso. 12 Zacarias, ao vê-lo, ficou perturbado e o temor o assaltou. 13 Mas o anjo disse-lhe: «Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração; tua mulher Isabel dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João. 14 Será para ti motivo de júbilo e de alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento; 15 porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho nem outra bebida inebriante; será cheio do Espírito Santo desde o ventre da sua mãe; 16 e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. 17 Irá adiante de Deus com o espírito e a fortaleza de Elias, “a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos”, e os rebeldes à prudência dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto». 18 Zacarias disse ao anjo: «Como hei-de verificar isso? Porque eu sou velho e a minha mulher está avançada em anos». 19 O anjo respondeu-lhe: «Eu sou Gabriel que estou diante de Deus; fui enviado para te falar e te dar esta boa nova. 20 Eis que ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas sucedam, visto que não acreditaste nas minhas palavras, que se hão-de cumprir a seu tempo». 21 Entretanto, o povo esperava Zacarias e admirava-se de ver que ele se demorava tanto no templo. 22 Quando saiu, não lhes podia falar, e compreenderam que tinha tido alguma visão no templo, o que lhes dava a entender por acenos; e ficou mudo. 23 Aconteceu que, depois de terem acabado os dias do seu ministério, retirou-se para a sua casa. 24 Alguns dias depois, Isabel, sua mulher, concebeu, e durante cinco meses esteve escondida, dizendo: 25 «Isto é uma graça que me fez o Senhor nos dias em que me olhou para tirar o meu opróbrio de entre os homens».

Comentário:

Considerando as duas ‘anunciações’ evidenciam-se grandes diferenças:

Maria é uma jovem virgem inocente.
Zacarias um idoso sacerdote.

A pergunta de Maria é de ordem espiritual.
A questão de Zacarias é meramente física.

A ambos é dada uma resposta mas, a ele, acrescenta-se ‘uma penalidade’.

A Virgem deseja remover os obstáculos para compreender.

O Sacerdote levanta-os para acreditar.

(ama, comentário sobre Lc 1, 5-25, 2011.12.19)

Leitura espiritual para 19 Dez 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Nunca amarás bastante


Os verdadeiros obstáculos que te separam de Cristo – a soberba, a sensualidade... – superam-se com oração e penitência. E rezar e mortificar-se é também ocupar-se dos outros e esquecer-se de si próprio. Se viveres assim, verás como a maior parte dos contratempos que tens, desaparecem. (Via Sacra, Estação X. n. 4).
Falas e não te escutam. E, se te escutam, não te entendem. És um incompreendido!... De acordo. De qualquer forma para que a tua cruz tenha todo o relevo da Cruz de Cristo, é preciso que trabalhes agora assim, sem te ligarem importância. Outros te entenderão. (Via Sacra, Estação III. n. 4).

Quantos, com a soberba e a imaginação, se metem nuns calvários que não são de Cristo!

A Cruz que deves levar é divina. Não queiras levar nenhuma cruz humana. Se alguma vez caíres nessa armadilha, rectifica imediatamente: bastar-se-á pensar que Ele sofreu infinitamente mais por nosso amor. (Via Sacra, Estação III. n. 5).

Por muito que ames, nunca amarás bastante.

O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras.

Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, Estação VIII. n. 5)

CULTIVAR A FÉ 29


Confiar em Deus
…5

ABANDONO

O crescimento na vida interior não depende de que estejamos seguros de qual é a Vontade de Deus. O afã desmesurado de segurança é o ponto onde o voluntarismo se encontra com o sentimentalismo. Por vezes, o Senhor permite uma insegurança que, bem orientada, nos ajuda a crescer em rectidão de intenção. O que importa é abandonar-se nas Suas mãos e neste confiar n’Ele encontra-se a paz.

Com a nossa luta não procuramos conseguir sentimentos agradáveis. Muitas vezes os teremos; outras, não. Um pouco de exame talvez nos faça descobrir que os procuramos com maior frequência do que imaginamos, se não em si mesmos, ao menos como sinal de que a nossa luta é eficaz. 

Apercebemo-nos disso, por exemplo, ao experimentar desânimo perante uma tentação a que não cedemos, mas que persiste; ao sentir aborrecimento porque algo nos custa e – assim raciocinamos – não nos deveria custar; ao notar desconforto porque a entrega não nos atrai do modo sensivelmente impetuoso de que gostaríamos...

Temos que lutar no que podemos lutar, sem nos preocuparmos com o que não está na nossa mão dominar; os sentimentos não estão totalmente submetidos à nossa vontade e não podemos pretender que estejam.

Temos que aprender a abandonar-nos, deixando nas mãos de Deus o resultado da nossa luta, porque só a confiança n’Ele vence essas inquietações. Se queremos ser pescadores de águas profundas, temos que levar a barca in altum, onde não temos pé; temos que superar o desejo de procurar referências, de sentir que vamos para a frente. Mas para o conseguir é decisivo apoiar-se na contrição.

j. diéguez, 2011.12.20

Nota: Revisão da tradução portuguesa por AMA.

Tratado da bem-aventurança 15


Questão 2: Em que consiste a bem-aventurança do homem.


Art. 7 — Se a bem-aventurança do homem consiste em algum bem da alma.




O sétimo discute-se assim. — Parece que a bem-aventurança consiste em algum bem da alma.