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01/12/2012

CULTIVAR A FÉ 11


Uma pedagogia da fé na família - a propósito de alguns ensinamentos de S. Josemaria …/6

Educação para a santidade.

“Ensinar – primeiro com o exemplo e depois com a palavra – em que consiste a verdadeira piedade. A beatice não é mais do que uma triste caricatura pseudo-espiritual, fruto geralmente da falta de doutrina e também de certa deformação do ponto de vista humano. É lógico que repugne, a quem ama o que é autêntico e sincero.

Vi com alegria como penetra nos jovens – nos de hoje como nos de há quarenta anos – a piedade cristã, quando a contemplam feita vida sincera,

-        quando entendem que fazer oração é falar com o Senhor como se fala com um pai, com um amigo, sem anonimato, com um trato pessoal, uma conversa íntima;

-        quando se procura que ressoem nas suas almas aquelas palavras de Jesus Cristo, que são um convite ao encontro confiante: vos autem dixi amicos (Jo 15, 15), chamei-vos amigos;

-        quando se faz um apelo forte à sua fé para que vejam que o Senhor é o mesmo ontem, hoje e sempre (Hb 13, 8).

Por outro lado, é muito necessário que vejam como essa piedade simples e cordial exige também o exercício das virtudes humanas e que não se pode reduzir a uns tantos actos de devoção semanais ou diários, mas que tem de penetrar na vida inteira, que tem de dar sentido ao trabalho, ao descanso, à amizade, à diversão, a tudo. Não podemos ser filhos de Deus só de vez em quando, ainda que haja alguns momentos especialmente dedicados a considerá-lo, a penetrarmo-nos desse sentido da nossa filiação divina, que é a essência da piedade”
[i].

Estava convencido de que, devido ao especial laço afectivo com os próprios pais, a piedade aprendida na infância devia ficar enraizada na alma para toda a vida, mesmo sob aparentes afastamentos da fé ou da prática cristã. Dizia aos pais, falando da devoção em família:

“A vossa delicadeza e a vossa piedade (…) ficam no fundo da alma. E se depois vierem as paixões, e nos puxam para baixo, e passamos por uma temporada má na vida, por fim volta a brotar a boa semente. Não se perde nunca a piedade que vós, as mães, meteis no coração dos vossos filhos”
[ii].

Aconselhava a ensinar às crianças poucas orações, mas constantes. Não há necessidade de aborrecer com a piedade. É Importante que aprendam que são filhos de Deus e que actuem em consequência. Por isso, para chegar educativamente ao núcleo da união pessoal com Deus, não via outro caminho além de uma ampla liberdade, “já que não há verdadeira educação sem responsabilidade pessoal, nem responsabilidade sem liberdade”
[iii].

michele dolz, publicado em Romana, n. 32 (2001), 2011.09.12

Nota: Revisão gráfica por ama.



[i] S. Josemaria Escrivá, Temas Actuais do Cristianismo, n. 102.
[ii] Notas de uma tertúlia em S. Paulo (Brasil), 4-VI-1974: AGP, P11, p. 104.
[iii] S. Josemaria Escrivá, Cristo que passa, n. 27.

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