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28/12/2012

Carta do Prelado do Opus Dei por ocasião do Ano da Fé. 8


8. A realidade do «ser missionário – com missão – e não te chamares missionário», a que S. Josemaria se refere no ponto 848 de Caminho, situa-se no momento radical e originário da missão – como o Pai Me enviou, assim também Eu vos envio a vós (Jo 20, 21) – que configura as formas históricas de que a missão de Cristo se virá a revestir na vida da Igreja: desde o cuidado da vida de fé dos católicos (pastoral, fraternidade), ao anúncio de Cristo Salvador aos pagãos (primeiro anúncio, evange­lização); do convívio fraterno com os cristãos não católicos para estimulá-los à plena comunhão (ecumenismo), ao novo anúncio de Cristo e da sua doutrina aos batizados que O deixaram e rejeitaram a Sua doutrina (nova evangelização). Os fiéis do Opus Dei, a partir da sua plena secularidade, estão chamados a assumir essas diferentes dimensões da única missão da Igreja.
S. Josemaria repetia insistentemente: «Somos missionários com missão, sem nos chamarmos missionários. Missionários, tanto nas ruas asfaltadas de Roma, Nova York, Paris, México, Tóquio, Buenos Aires, Lisboa ou Madrid, Dublin ou Sydney, como no coração da África» [10]. A necessidade de comunicar o primeiro anúncio da fé não se limita aos países tradicionalmente conhecidos como terras de missão, mas, infelizmente, afeta o mundo inteiro, e a esta grande tarefa havemos de dedicar-nos.

Mas essa responsabilidade não pode ficar-se em meras considerações; cada uma e cada um há-de pensar: eu, como contribuo? E ainda antes, havemos de ponderar como influi a fé no nosso atuar e também se sabemos agradecer diariamente este dom e, como consequência, se procuramos transmitir aos outros tão grande tesouro. Levantemos a nossa alma ao Senhor, implorando: adáuge nobis fidem (Lc 17, 5) para todos rezarmos melhor; adáuge mihi fidempara trabalhar santificando-me e santificando os outros; para dar à minha amizade um contínuo sentido cristão. Não esqueçamos o ditado de que o exemplo é o melhor pregador, seguindo os passos de Jesus Cristo, que cœpit fácere et docére (cfr. Act 1, 1), começou a fazer e ensinar.

Persuadamo-nos de que, nos mais diferentes lugares, «há necessidade dum renovado anúncio, mesmo para quem já está batizado. Muitos (…) contemporâneos pensam que sabem o que é o cristianismo, mas realmente não o conhecem. Frequentemente ignoram os próprios rudimentos da fé» [11], e devemos enfrentar este desafio com a nossa vida e a nossa formação doutrinal. Sem pessimismo, consideremos que a missão apostólica, a que o Senhor urge os cristãos, os que nos sabemos filhos de Deus, adquire no nosso tempo tonalidades diversas, dependendo das circunstâncias do ambiente, do lugar, das pessoas que cada uma ou cada um encontra. Em qualquer caso, havemos de pôr as pessoas que nos rodeiam ou com quem convivemos em contacto com Cristo, ajudando-as a conhecer ou reconhecer o rosto do nosso Redentor, e ajudálas a caminhar na sua companhia, mesmo que tenham de ir contra a corrente.

Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei
Nota: Publicação devidamente autorizada

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Notas:

[10] S. Josemaria, Instrução, maio-1935/14-IX-1950, nota 231.
[11] Beato João Paulo II, Exort. Apost. Ecclésia in Europa, 28-VI-2003, n. 47.

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