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09/12/2012

A experiência da dor 7


Profissionais em contacto com a dor

Não é fácil enfrentar a situação de pessoas que sofrem diariamente e, ao mesmo tempo, manter um interesse vivo pelos seus problemas e tristezas. Nestas circunstâncias existe o risco de manusear a dor de maneira anónima, procurando aliviar falsamente a atmosfera em que os profissionais da medicina devem viver diariamente.

Podem encontrar-se enfermeiros muito competentes para quem a dor já não afeta profundamente. Em lugar de ver o doente como um ser humano, com uma visão integral das suas necessidades, centram a sua preocupação no que se requer para responder às necessidades clínicas da pessoa.

Os médicos encontram-se também frequentemente em risco de considerar os doentes de um ponto de vista meramente pragmático, limitando a sua atenção ao diagnóstico e às opções terapêuticas.

Aparte o contacto com o doente durante as etapas de diagnóstico e planeamento de tratamento, os médicos são invisíveis, absorvidos por actividades administrativas, cursos, consultas com colegas e conferências.

As palavras do Fundador do Opus Dei a um cirurgião ortopédico são significativas. O médico perguntou-lhe como era possível evitar a rotina na sua profissão: «Vive na presença de Deus, como seguramente já fazes. Ontem visitei uma pessoa doente a quem amo com todo o meu coração de pai, e entendo o grande trabalho sacerdotal que vós, médicos, fazeis. Mas não fiques orgulhoso com isto, porque toda a gente tem alma sacerdotal! Necessitais de pôr em prática a vossa alma sacerdotal! Quando lavas as mãos, quando usas a tua bata branca, quando pões as luvas, pensa em Deus e no Seu sacerdócio real, a que São Pedro se refere. Só assim evitarás a rotina no trabalho. Farás bem ao corpo e também à alma» [i].

O trabalho dos médicos e dos enfermeiros é uma realização ininterrupta e intangível daquele que levou a cabo Nosso Senhor durante a Sua vida na terra. Os Seus milagres demonstram-no: os cegos viam; os mudos falavam; os surdos ouviam; os coxos andavam. Curou os epiléticos e os leprosos, e inclusivamente ressuscitou mortos.

p. binetti, 2012.09.07



[i] Cfr. G. HERRANZ, "Sem medo à vida" …, cit., pp. 158-159.

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