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06/12/2012

A experiência da dor 4


A interacção mútua entre a dor e o amor

Actualmente, a incapacidade para enfrentar a dor e o sofrimento, físico ou espiritual, provém precisamente da falta de “cultura do sofrimento”. Inicialmente, são os pais que temem enfrentar os filhos com o sacrifício. Como consequência, vêem-se tentados a dar-lhes tudo e de forma imediata. Pensam que haverá sempre tempo, mais adiante, para sofrer ou têm a ilusão de que esses momentos nunca chegarão para eles [i].

É difícil entender como uma pessoa pode resistir ao aparecimento imprevisto de uma dor intensa sem a ter experimentado antes. De facto, estas pessoas estão mais propensas a sofrer crises nervosas e depressões.

O sofrimento experimentado por S. Josemaria na sua própria família foi um modo muito prático de adquirir a maturidade que outros só atingem depois de muitos anos. A sua biografia é exemplar. Esteve seriamente doente na sua infância; teve que enfrentar a morte de três das suas irmãs; contemplou o sofrimento do seu pai perante as consequências de uma crise económica; viu-se obrigado a mudar-se para outra cidade com a consequente alteração do estilo de vida.

A seguir, voltou a experimentar o sofrimento no seminário, dor que, unido a muitas horas de oração diante do Santíssimo Sacramento, o fez amadurecer espiritualmente. As múltiplas provas internas e externas que o Senhor lhe enviou, requereram uma grande dose de espírito de sacrifício; inclusive a perseguição que sofreu durante a fundação do Opus Dei. Sofreu, além disso, de diabetes, doença que o deixou exausto durante muitos anos.

De certa forma, poderíamos dizer que não se lhe poupou nada. S. Josemaria teve sempre a capacidade de entender o sofrimento e a dor alheios devido à sua própria experiência pessoal e não simplesmente por conhecimento teórico. Enfrentou o sofrimento com fé e valentia, e com uma grande paciência humana e sobrenatural.

p. binetti, 2012.09.07



[i] Cfr. A. MACINTYRE, Tras la virtud, Barcelona 1987, pp. 34-35.

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