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03/12/2012

A experiência da dor 1


Ninguém pode considerar-se “perito” na dor; tem sempre uma dimensão de originalidade: na forma como se manifesta, nas suas causas e nas diversas reacções que desencadeia. Muitas vezes encontramo-nos a sofrer profundamente por motivos e razões que nunca esperamos.

O Santo Padre João Paulo II escreve: «O sofrimento humano suscita compaixão; suscita também respeito e, à sua maneira, atemoriza. Com efeito, nele está contida a grandeza de um mistério específico [...] o homem, no seu sofrimento, é um mistério intangível» [i].

S. Josemaria con Isidoro Zorzano
A principal peculiaridade da dor humana é que coloca uma questão existencial. «Dentro de cada sofrimento experimentado pelo homem, e também na profundidade do mundo do sofrimento, aparece inevitavelmente a pergunta: porquê? É uma pergunta acerca da causa, da razão; uma pergunta acerca da finalidade (para quê); enfim, acerca do sentido» [ii]

Com efeito, quando se empreende a busca do sentido da dor, o ser humano questiona-se sobre o sentido da sua própria existência e procura aclarar o alcance e o significado da sua própria liberdade. «Posso recusar a dor? Posso, porventura, fixar uma distância da dor, eliminá-la? A dor imprime à vida o seu sentido efémero» [iii].

Esta experiência humana move-nos a procurar a ajuda de outras pessoas e a oferecer, ao mesmo tempo, a nossa assistência. A experiência da dor ensina-nos a prestar mais atenção às outras pessoas [iv]. A dor marca a diferença entre uma pessoa madura e equilibrada, que é capaz de enfrentar obstáculos e situações difíceis, e uma pessoa que se deixa levar e absorver pelas suas próprias emoções e sensações.

p. binetti, 2012.09.07



[i] JOÃO PAULO II, Carta Apostólica, Salvifici doloris, 4.
[ii] Ibidem, 9.
[iii] C.S. LEWIS, Diario di un dolore, Milano 1990, p. 40.
[iv] Cfr. Forja, 987.

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