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18/11/2012

Leitura espiritual para 18 Nov 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 13, 1-17


1 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a Sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao extremo. 2 Durante a ceia, tendo já o demónio posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a determinação de O entregar, 3 Jesus, sabendo que o Pai tinha posto nas Suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e voltava para Deus, 4 levantou-Se da mesa, depôs as vestes e, pegando numa toalha, cingiu-Se com ela. 5 Depois deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. 6 Chegou, pois, a Simão Pedro. Pedro disse-Lhe: «Senhor, Tu lavares-Me os pés?».7 Jesus respondeu-lhe: «O que Eu faço, tu não o compreendes agora, mas compreendê-lo-ás depois». 8 Pedro disse-Lhe: «Jamais me lavarás os pés!». Jesus respondeu-lhe: «Se Eu não te lavar não terás parte comigo». 9 Simão Pedro disse-Lhe: «Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». 10 Jesus disse-lhe: «Aquele que tomou banho não tem necessidade de se lavar, pois todo ele está limpo. Vós estais limpos, mas não todos». 11 Ele sabia quem era o que O ia entregar, por isso disse: «Nem todos estais limpos». 12 Depois que lhes lavou os pés e que retomou as Suas vestes, tendo tornado a pôr-Se à mesa disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? 13 Chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem porque o sou. 14 Se Eu, pois, sendo vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés também vós deveis lavar os pés uns aos outros. 15 Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, assim façais vós também. 16 Em verdade, em verdade vos digo: o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou. 17 Já que compreendeis estas coisas, bem-aventurados sereis se as praticardes.





EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL
VERBUM DOMINI
DO SANTO PADRE
BENTO XVI
AO EPISCOPADO, AO CLERO
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS FIÉIS LEIGOS
SOBRE
A PALAVRA DE DEUS
NA VIDA E NA MISSÃO DA IGREJA
I PARTE
VERBUM DEI
…/6

Consequências sobre a organização dos estudos teológicos

47. Outra consequência que deriva de uma adequada hermenêutica da fé diz respeito à necessidade de mostrar as suas implicações na formação exegética e teológica, particularmente dos candidatos ao sacerdócio. Faça-se com que o estudo da Sagrada Escritura seja verdadeiramente a alma da teologia, enquanto se reconhece nela a Palavra que Deus hoje dirige ao mundo, à Igreja e a cada um pessoalmente. É importante que os critérios indicados pelo número 12 da Constituição dogmática Dei Verbum sejam efectivamente tomados em consideração e se tornem objecto de aprofundamento. Evite-se cultivar uma noção de pesquisa científica, que se considera neutral face à Escritura. Por isso, juntamente com o estudo das línguas próprias em que foi escrita a Bíblia e dos métodos interpretativos adequados, é necessário que os estudantes tenham uma profunda vida espiritual, para se aperceberem de que só é possível compreender a Escritura se a viverem.
Nesta perspectiva, recomendo que o estudo da Palavra de Deus, transmitida e escrita, se verifique sempre em profundo espírito eclesial, tendo em devida conta, na formação académica, as intervenções sobre estas temáticas feitas pelo Magistério, o qual «não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente».[159] Portanto tenha-se o cuidado de que os estudos se realizem reconhecendo que «a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o magistério da Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal maneira se unem e associam que um sem os outros não se mantém».[160] Desejo pois que, segundo a doutrina do Concílio Vaticano II, o estudo da Sagrada Escritura, lida na comunhão da Igreja universal, seja realmente como que a alma do estudo teológico.[161]

Os Santos e a interpretação da Escritura

48. A interpretação da Sagrada Escritura ficaria incompleta se não se ouvisse também quem viveu verdadeiramente a Palavra de Deus, ou seja, os Santos.[162] De facto, «viva lectio est vita bonorum».[163] Realmente a interpretação mais profunda da Escritura provém precisamente daqueles que se deixaram plasmar pela Palavra de Deus, através da sua escuta, leitura e meditação assídua.
Certamente não é por acaso que as grandes espiritualidades, que marcaram a história da Igreja, nasceram de uma explícita referência à Escritura. Penso, por exemplo, em Santo Antão Abade, que se decide ao ouvir esta palavra de Cristo: «Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que possuíres, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céus; depois, vem e segue-Me» (Mt19, 21).[164] Igualmente sugestivo é São Basílio Magno, quando, na sua obra Moralia, se interroga: «O que é próprio da fé? Certeza plena e segura da verdade das palavras inspiradas por Deus. (…) O que é próprio do fiel? Com tal certeza plena, conformar-se com o significado das palavras da Escritura, sem ousar tirar nem acrescentar seja o que for».[165] São Bento, na sua Regra, remete para a Escritura como «norma rectíssima para a vida do homem».[166] São Francisco de Assis – escreve Tomás de Celano – «ao ouvir que os discípulos de Cristo não devem possuir ouro, nem prata, nem dinheiro, não devem trazer alforge, nem pão, nem cajado para o caminho, não devem ter vários pares de calçado, nem duas túnicas, (…) logo exclamou, transbordando de Espírito Santo: Com todo o coração isto quero, isto peço, isto anseio realizar!».[167] E Santa Clara de Assis reproduz plenamente a experiência de São Francisco: «A forma de vida da Ordem das Irmãs pobres (…) é esta: observar o santo Evangelho do Senhor nosso Jesus Cristo».[168] Por sua vez, São Domingos de Gusmão «em toda a parte se manifestava como um homem evangélico, tanto nas palavras como nas obras»,[169] e tais queria que fossem também os seus padres pregadores: «homens evangélicos».[170] Santa Teresa de Ávila, nos seus escritos, recorre continuamente a imagens bíblicas para explicar a sua experiência mística, e lembra que o próprio Jesus lhe manifesta que «todo o mal do mundo deriva de não se conhecer claramente a verdade da Sagrada Escritura».[171] Santa Teresa do Menino Jesus encontra o Amor como sua vocação pessoal, quando perscruta as Escrituras, em particular os capítulos 12 e 13 da Primeira Carta aos Coríntios;[172] e a mesma Santa assim nos descreve o fascínio das Escrituras: «Apenas lanço o olhar sobre o Evangelho, imediatamente respiro os perfumes da vida de Jesus e sei para onde correr».[173] Cada Santo constitui uma espécie de raio de luz que brota da Palavra de Deus: assim o vemos também em Santo Inácio de Loyola na sua busca da verdade e no discernimento espiritual, em São João Bosco na sua paixão pela educação dos jovens, em São João Maria Vianney na sua consciência da grandeza do sacerdócio como dom e dever; em São Pio de Pietrelcina no seu ser instrumento da misericórdia divina; em São Josemaria Escrivá na sua pregação sobre a vocação universal à santidade; na Beata Teresa de Calcutá missionária da caridade de Deus pelos últimos; e nos mártires do nazismo e do comunismo representados, os primeiros, por Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), monja carmelita, e os segundos pelo Beato Aloísio Stepinac, Cardeal Arcebispo de Zagrábia.

49. Assim a santidade relacionada com a Palavra de Deus inscreve-se de certo modo na tradição profética, na qual a Palavra de Deus se serve da própria vida do profeta. Neste sentido, a santidade na Igreja representa uma hermenêutica da Escritura da qual ninguém pode prescindir. O Espírito Santo que inspirou os autores sagrados é o mesmo que anima os Santos a darem a vida pelo Evangelho. Entrar na sua escola constitui um caminho seguro para efectuar uma hermenêutica viva e eficaz da Palavra de Deus.
Tivemos um testemunho directo desta ligação entre Palavra de Deus e santidade durante a XII Assembleia do Sínodo quando, a 12 de Outubro na Praça de São Pedro, se realizou a canonização de quatro novos Santos: o sacerdote Caetano Errico, fundador da Congregação dos Missionários dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria; a Irmã Maria Bernarda Bütler, nascida na Suíça e missionária no Equador e na Colômbia; a Irmã Afonsa da Imaculada Conceição, primeira santa canonizada nascida na Índia; a jovem leiga equatoriana Narcisa de Jesus Martillo Morán. Com a sua vida, deram testemunho ao mundo e à Igreja da perene fecundidade do Evangelho de Cristo. Pedimos ao Senhor que, por intercessão destes Santos canonizados precisamente nos dias da assembleia sinodal sobre a Palavra de Deus, a nossa vida seja aquele «terreno bom» onde o Semeador divino possa semear a Palavra para que produza em nós frutos de santidade, a «trinta, sessenta, e cem por um» (Mc 4, 20).

II PARTE 

VERBUM IN ECCLESIA

«A todos os que O receberam, deu-lhes o poder
de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1, 12)


A palavra de Deus e a Igreja

A Igreja acolhe a Palavra

50. O Senhor pronuncia a sua Palavra para que seja acolhida por aqueles que foram criados precisamente «por meio» do Verbo. «Veio ao que era Seu» (Jo 1, 11): desde as origens, a Palavra tem a ver connosco e a criação foi desejada numa relação de familiaridade com a vida divina. O Prólogo do quarto Evangelho apresenta-nos também a rejeição da Palavra divina por parte dos «Seus» que «não O receberam» (Jo 1, 11). Não recebê-Lo quer dizer não ouvir a sua voz, não se configurar ao Logos. Mas, quando o homem, apesar de frágil e pecador, se abre sinceramente ao encontro com Cristo, começa uma transformação radical: «A todos os que O receberam, (…) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1, 12). Receber o Verbo significa deixar-se plasmar por Ele, para se tornar, pelo poder do Espírito Santo, conforme a Cristo, ao «Filho Único que vem do Pai» (Jo 1, 14). É o início de uma nova criação: nasce a criatura nova, um povo novo. Aqueles que crêem, ou seja, aqueles que vivem a obediência da fé «nasceram de Deus» (Jo 1, 13), são feitos participantes da vida divina: filhos no Filho (cf. Gl4, 5-6; Rm 8, 14-17). Santo Agostinho, comentando este trecho do Evangelho de João, afirma de modo sugestivo: «Por meio do Verbo foste feito, mas é necessário que por meio do Verbo sejas refeito».[174] Vemos esboçar-se aqui o rosto da Igreja como realidade que se define pelo acolhimento do Verbo de Deus, que, encarnando, colocou a sua tenda entre nós (cf. Jo 1, 14). Esta morada de Deus entre os homens – a shekinah (cf. Ex 26, 1) –, prefigurada no Antigo Testamento, realiza-se agora com a presença definitiva de Deus no meio dos homens em Cristo.

Contemporaneidade de Cristo na vida da Igreja

51. A relação entre Cristo, Palavra do Pai, e a Igreja não pode ser compreendida em termos de um acontecimento simplesmente passado, mas trata-se de uma relação vital na qual cada fiel, pessoalmente, é chamado a entrar. Realmente, falamos da Palavra de Deus que está hoje presente connosco: «Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt 28, 20). Como afirmou o Papa João Paulo II, «a contemporaneidade de Cristo com o homem de cada época realiza-se no seu corpo, que é a Igreja. Por esta razão, o Senhor prometeu aos seus discípulos o Espírito Santo, que lhes haveria de “lembrar” e fazer compreender os seus mandamentos (cf. Jo14, 26) e seria o princípio fontal de uma nova vida no mundo (cf. Jo 3, 5-8; Rm 8, 1-13)».[175] A Constituição dogmática Dei Verbum expressa este mistério com os termos bíblicos de um diálogo nupcial: «Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho; e o Espírito Santo – por quem ressoa a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo – introduz os crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo neles habite em toda a sua riqueza (cf. Cl 3, 16)».[176]
Mestra de escuta, a Esposa de Cristo repete, com fé, também hoje: «Falai, Senhor, que a vossa Igreja Vos escuta».[177] Por isso, a Constituição dogmática Dei Verbum começa com estes termos: «O sagrado Concílio, ouvindo religiosamente a Palavra de Deus e proclamando-a com confiança…».[178] Com efeito, trata-se de uma definição dinâmica da vida da Igreja: «São palavras com as quais o Concílio indica um aspecto qualificante da Igreja: esta é uma comunidade que escuta e anuncia a Palavra de Deus. A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho; e do Evangelho tira, sem cessar, orientação para o seu caminho. Temos aqui uma advertência que cada cristão deve acolher e aplicar a si mesmo: só quem se coloca primeiro à escuta da Palavra é que pode depois tornar-se seu anunciador».[179] Na Palavra de Deus proclamada e ouvida e nos Sacramentos, Jesus hoje, aqui e agora, diz a cada um: «Eu sou teu, dou-Me a ti», para que o homem O possa acolher e responder-Lhe dizendo por sua vez: «Eu sou teu».[180] Assim a Igreja apresenta-se como o âmbito onde podemos, por graça, experimentar o que diz o Prólogo de João: «A todos os que O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1, 12).

Liturgia, um lugar priviligiado da Palavra de Deus

A Palavra de Deus na sagrada Liturgia

52. Considerando a Igreja como «casa da Palavra»,[181] deve-se antes de tudo dar atenção à Liturgia sagrada. Esta constitui, efectivamente, o âmbito privilegiado onde Deus nos fala no momento presente da nossa vida: fala hoje ao seu povo, que escuta e responde. Cada acção litúrgica está, por sua natureza, impregnada da Sagrada Escritura. Como afirma a Constituição Sacrosanctum Concilium, «é enorme a importância da Sagrada Escritura na celebração da Liturgia. Porque é a ela que se vão buscar as leituras que se explicam na homilia e os salmos para cantar; com o seu espírito e da sua inspiração nasceram as preces, as orações e os hinos litúrgicos; dela tiram a sua capacidade de significação as acções e os sinais».[182] Mais ainda, deve-se afirmar que o próprio Cristo «está presente na sua palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura».[183] Com efeito, «a celebração litúrgica torna-se uma contínua, plena e eficaz proclamação da Palavra de Deus. Por isso, constantemente anunciada na liturgia, a Palavra de Deus permanece viva e eficaz pela força do Espírito Santo, e manifesta aquele amor operante do Pai que não cessa jamais de agir em favor de todos os homens».[184]De facto, a Igreja sempre mostrou ter consciência de que, na acção litúrgica, a Palavra de Deus é acompanhada pela acção íntima do Espírito Santo que a torna operante no coração dos fiéis. Na realidade, graças ao Paráclito é que «a Palavra de Deus se torna fundamento da acção litúrgica, norma e sustentáculo da vida inteira. A acção do próprio Espírito Santo (…) sugere a cada um, no íntimo do coração, tudo aquilo que, na proclamação da Palavra de Deus, é dito para a assembleia inteira dos fiéis e, enquanto reforça a unidade de todos, favorece também a diversidade dos carismas e valoriza a acção multiforme».[185]
Por isso, para a compreensão da Palavra de Deus, é necessário entender e viver o valor essencial da acção litúrgica. Em certo sentido, a hermenêutica da fé relativamente à Sagrada Escritura deve ter sempre como ponto de referência a liturgia, onde a Palavra de Deus é celebrada como palavra actual e viva: «A Igreja, na liturgia, segue fielmente o modo de ler e interpretar as Sagradas Escrituras seguido pelo próprio Cristo, quando, a partir do “hoje” do seu evento, exorta a perscrutar todas as Escrituras».[186]
Aqui se vê também a sábia pedagogia da Igreja que proclama e escuta a Sagrada Escritura seguindo o ritmo do ano litúrgico. Vemos a Palavra de Deus distribuída ao longo do tempo, particularmente na celebração eucarística e na Liturgia das Horas. No centro de tudo, refulge o Mistério Pascal, ao qual se unem todos os mistérios de Cristo e da história da salvação actualizados sacramentalmente: «Com esta recordação dos mistérios da Redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes a todo o tempo, para que os fiéis, em contacto com eles, se encham de graça».[187] Por isso exorto os Pastores da Igreja e os agentes pastorais a fazer com que todos os fiéis sejam educados para saborear o sentido profundo da Palavra de Deus que está distribuída ao longo do ano na liturgia, mostrando os mistérios fundamentais da nossa fé. Também disto depende a correcta abordagem da Sagrada Escritura.

Sagrada Escritura e Sacramentos

53. Ocupando-se do tema do valor da liturgia para a compreensão da Palavra de Deus, o Sínodo dos Bispos quis sublinhar também a relação entre a Sagrada Escritura e a acção sacramental. É muito oportuno aprofundar o vínculo entre Palavra e Sacramento, tanto na acção pastoral da Igreja como na investigação teológica.[188] Certamente, «a liturgia da Palavra é um elemento decisivo na celebração de cada um dos sacramentos da Igreja»;[189] na prática pastoral, porém, nem sempre os fiéis estão conscientes deste vínculo, vendo a unidade entre o gesto e a palavra. É «dever dos sacerdotes e diáconos, sobretudo quando administram os sacramentos, evidenciar a unidade que formam Palavra e Sacramento no ministério da Igreja».[190] De facto, na relação entre Palavra e gesto sacramental, mostra-se de forma litúrgica o agir próprio de Deus na história, por meio do carácter performativo da Palavra. Com efeito, na história da salvação, não há separação entre o que Deus diz e faz; a sua própria Palavra apresenta-se como viva e eficaz (cf. Hb 4, 12), como aliás indica o significado do termo hebraico dabar. Do mesmo modo, na acção litúrgica, vemo-nos colocados diante da sua Palavra que realiza aquilo que diz. Quando se educa o Povo de Deus para descobrir o carácter performativo da Palavra de Deus na liturgia, ajudamo-lo também a perceber o agir de Deus na história da salvação e na vida pessoal de cada um dos seus membros.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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[159]Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Revelação divina Dei Verbum, 10 
[160]Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Revelação divina Dei Verbum, 10  
[161] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Revelação divina Dei Verbum, 24.
[162]Cf. Propositio 22. 
[163]São Gregório Magno, Moralia in Job 24, 8, 16: PL 76, 295. 
[164]Cf. Santo Atanásio, Vita Antonii, II: PL 73, 127. 
[165]MoraliaRegula 80, 22: PG 31, 867. 
[166]Regra 73, 3: SC 182, 672. 
[167]Tomás de Celano, Vita prima Sancti Francisci, IX, 22: Fontes franciscani, 356. 
[168]Regra I, 1-2: Fontes franciscani, 2750. 
[169]Beato Jordão da Saxónia, Libellus de principiis Ordinis Praedicatorum, 104:Monumenta Fratrum Praedicatorum Historica, 16 (Roma 1935), p. 75. 
[170]Ordem dos Padres Pregadores, Primeiras Constituições ou Costumes, II, 31. 
[171]Vida 40, 1. 
[172]Cf. História de uma alma, Manuscrito B, 3vº. 
[173]Cf. História de uma alma Manuscrito C, 35vº. 
[174]In Iohannis Evangelium Tractatus, I, 12: PL 35, 1385. 
[175]Carta enc. Veritatis splendor (6 de Agosto de 1993), 25: AAS 85 (1993), 1153. 
[176]N. 8. 
[177]Relatio post disceptationem, 11. 
[178]N. 1. 
[179]Bento XVI, Discurso no Congresso Internacional «A Sagrada Escritura na vida da Igreja» (16 de Setembro de 2005): AAS 97 (2005), 956. 
[180]Cf. Relatio post disceptationem, 10. 
[181]Mensagem final, III, 6. 
[182]Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 24. 
[183] Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 7. 
[184]Ordenamento das Leituras da Missa, 4. 
[185] Ordenamento das Leituras da Missa, 9. 
[186] Ordenamento das Leituras da Missa, 3; cf. L4, 16-21; 24, 25-35.44-49. 
[187]Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 102. 
[188]Cf. Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum caritatis (22 de Fevereiro de 2007), 44-45: AAS 99 (2007), 139-141. 
[189]Pont. Comissão Bíblica, A interpretação da Bíblia na Igreja (15 de Abril de 1993), IV, C, 1: Ench. Vat. 13, n. 3123. 
[190] Pont. Comissão Bíblica, A interpretação da Bíblia na Igreja (15 de Abril de 1993), IV, C, 1: Ench. Vat. 13, n. 3056. 

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