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08/11/2012

Leitura espiritual para 08 Nov 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 8, 42-59


42 Jesus disse-lhes: «Se Deus fosse vosso pai, certamente Me amaríeis porque Eu saí e vim de Deus. Não vim de Mim mesmo, mas foi Ele que Me enviou. 43 Porque não conheceis vós a Minha linguagem? Porque não podeis ouvir a Minha palavra. 44 Vós tendes por pai o demónio, e quereis satisfazer os desejos do vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando ele diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. 45 Mas, porque vos digo a verdade, não acreditais em Mim. 46 Qual de vós Me arguirá de pecado? Se Eu vos digo a verdade, porque não Me acreditais? 47 Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus». 48 Os judeus responderam-Lhe: «Não dizemos nós com razão que Tu és um samaritano e que estás possesso do demónio?». 49 Respondeu Jesus: «Eu não tenho demónio, mas honro o Meu Pai, e vós a Mim Me desonrais. 50 Eu não procuro a Minha glória; há Quem tome cuidado dela, e Quem fará justiça. 51 Em verdade, em verdade vos digo: Quem guardar a Minha palavra não verá a morte eternamente». 52 Os judeus disseram-Lhe: «Agora reconhecemos que estás possesso do demónio. Abraão morreu, os profetas também, e Tu dizes: Quem guardar a Minha palavra não provará a morte eternamente. 53 Porventura és maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? Os profetas também morreram: Quem pretendes Tu ser?». 54 Jesus respondeu: «Se Eu Me glorifico a Mim mesmo, a Minha glória não é nada; Meu Pai é que Me glorifica, Aquele que vós dizeis que é vosso Deus.55 Mas vós não O conhecestes; Eu sim, conheço-O; e, se disser que não O conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-O e guardo a Sua palavra.56 Abraão, vosso pai, regozijou-se com a esperança de ver o Meu dia; viu-o e ficou cheio de gozo». 57 Os judeus, por isso, disseram-Lhe: «Tu ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?». 58 Jesus disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão existisse, “Eu sou”». 59 Então pegaram em pedras para Lhe atirarem; mas Jesus ocultou-Se e saiu do templo.




CARTA ENCÍCLICA
MEDIACTOR DEI
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS
E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE A SAGRADA LITURGIA
 SEGUNDA PARTE

O CULTO EUCARÍSTICO

I. Natureza do sacrifício eucarístico

…/4

71. A fim de que, pois, os pecadores individualmente se purifiquem no sangue do Cordeiro, é necessária a colaboração dos fiéis. Se bem que, falando em geral, Cristo haja reconciliado com o Pai por meio da sua morte cruenta todo o género humano, quis todavia que todos se aproximassem e fossem conduzidos à cruz por meio dos sacramentos e do sacrifício da eucaristia, para poderem conseguir os frutos salutares por ele granjeados na cruz. Com esta actual e pessoal participação assim como os membros se configuram cada dia mais à sua Cabeça divina, assim também a salvação que vem da Cabeça flui para os membros, de modo que cada um de nós pode repetir as palavras de são Paulo: "Estou crucificado com Cristo na cruz, e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim". [1]
Como realmente, em outra ocasião, de propósito e concisamente dissemos, Jesus Cristo enquanto morria na cruz, deu à sua Igreja, sem nenhuma cooperação da parte dela, o imenso tesouro da Redenção, quando, ao invés, se trata de distribuir tal tesouro, não só participa com sua esposa incontaminada desta obra de santificação, mas deseja que tal atividade jorre, de certo modo, por acção dela. [2]

72. O augusto sacrifício do altar é insigne instrumento para aos crentes distribuir os méritos derivados da cruz do divino Redentor: "toda vez que se oferece este sacrifício, cumpre-se a obra da nossa redenção". [3] Isso, porém, longe de diminuir a dignidade do sacrifício cruento, dele faz ressaltar a grandeza, como afirma o concílio de Trento," [4] e lhe proclama a necessidade. Renovado cada dia, admoesta-nos que não há salvação fora da cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, [5] que Deus quer a continuação deste sacrifício "do surgir ao pôr-do-sol", [6] para que não cesse jamais o hino de glorificação e de acção de graças que os homens devem ao Criador, visto que têm necessidade do seu contínuo auxílio e do sangue do Redentor para redimir os pecados que ofendem a sua justiça.

II. Participação dos fiéis no sacrifício eucarístico

73. É necessário, pois, veneráveis irmãos, que todos os fiéis tenham por seu principal dever e suma dignidade participar do santo sacrifício eucarístico, não com assistência passiva, negligente e distraída, mas com tal empenho e fervor que os ponha em contacto íntimo com o sumo-sacerdote, como diz o Apóstolo: "Tende em vós os mesmos sentimentos que Jesus Cristo experimentou", [7] oferecendo com ele e por ele, santificando-se com ele.

74. É bem verdade que Jesus Cristo é sacerdote, mas não para si mesmo, e sim para nós, apresentando ao Eterno Pai os votos e sentimentos religiosos de todo o género humano, Jesus é vítima, mas por nós, substituindo-se ao homem pecador, ora, o dito do Apóstolo: "Alimentai em vós os mesmos sentimentos que existiram em Jesus Cristo" exige de todos os cristãos que reproduzam em si, enquanto está em poder do homem, o mesmo estado de alma que tinha o divino Redentor quando fazia o sacrifício de si mesmo, a humilde submissão do espírito, isto é, a adoração, a honra, o louvor e a acção de graças à majestade suprema de Deus, requer, além disso, que reproduzam em si mesmos as condições da vítima: a abnegação de si conforme os preceitos do evangelho, o voluntário e espontâneo exercício da penitência, a dor e a expiação dos próprios pecados. Exige, numa palavra, a nossa morte mística na cruz com Cristo, de modo que possamos dizer com Paulo: "Estou crucificado com Cristo na cruz". [8]

75. É necessário, veneráveis irmãos, explicar claramente a vosso rebanho como o facto de os fiéis tomarem parte no sacrifício eucarístico não significa todavia que eles gozem de poderes sacerdotais. Há, de facto, em nossos dias, alguns que, avizinhando-se de erros já condenados, [9] ensinam que em o Novo Testamento se conhece apenas um sacerdócio pertencente a todos os batizados, e que o preceito dado por Jesus aos apóstolos na última ceia – fazer o que ele havia feito – se refere diretamente a toda a Igreja dos cristãos e só depois é que foi introduzido o sacerdócio hierárquico. Sustentam, por isso, que só o povo goza de verdadeiro poder sacerdotal, enquanto o sacerdote age unicamente por ofício a ele confiado pela comunidade. Afirmam, em consequência, que o sacrifício eucarístico é uma verdadeira e própria "concelebração", e que é melhor que os sacerdotes "concelebrem" junto com o povo presente, do que, na ausência destes, ofereçam privadamente o sacrifício.

76. É inútil explicar quanto esses capciosos erros estejam em contraste com as verdades acima demonstradas, quando falamos do lugar que compete ao sacerdote no corpo místico de Jesus. Recordemos apenas que o sacerdote faz as vezes do povo porque representa a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo enquanto é Cabeça de todos os membros e se oferece a si mesmo por eles: por isso vai ao altar como ministro de Cristo, inferior a ele, mas superior ao povo. [10] O povo, ao invés, não representando por nenhum motivo a pessoa do divino Redentor, nem sendo mediador entre si próprio e Deus, não pode de nenhum modo gozar dos poderes sacerdotais.

1. Os fiéis oferecem junto com o sacerdote

77. Tudo isso consta da fé verdadeira, mas deve-se, além disso, afirmar que também os fiéis oferecem a vítima divina, sob um aspecto diferente.

Já o declararam abertamente alguns dos nossos predecessores e doutores da Igreja. "Não somente – assim afirmava Inocêncio III, de imortal memória – oferecem os sacerdotes, mas ainda todos os fiéis, pois isto que em particular se cumpre pelo ministério dos sacerdotes, cumpre-se universalmente por voto dos fiéis". [11] E apraz-nos citar ao menos um dos muitos textos de são Roberto Belarmino a esse propósito: "O sacrifício – diz ele – é oferecido principalmente na pessoa de Cristo. Por isso a oblação que segue à consagração atesta que toda a Igreja consente na oblação feita por Cristo e oferece juntamente com ele". [12]

78. Com clareza não menor, os ritos e as orações do sacrifício eucarístico significam e demonstram que a oblação da vítima é feita pelos sacerdotes em união com o povo. De facto, não somente o sagrado ministro, depois da oferta do pão e do vinho, voltado para o povo diz explicitamente: "Orai, irmãos, para que o meu e o vosso sacrifício sejam aceitos junto a Deus-Pai onipotente", [13] mas ainda as orações com as quais é oferecida a vítima divina são, além do mais, ditas no plural, e nelas se indica que também o povo toma parte como ofertante neste augusto sacrifício. Diz-se, por exemplo: "Pelos quais nós te oferecemos, e que te oferecem ainda eles... Por isso te suplicamos, ó Senhor, aceitar aplacado esta oferta dos teus servos e de toda a tua família... Nós, teus servos, como ainda o teu povo santo, oferecemos à tua excelsa majestade os dons e dádivas que tu mesmo nos deste, a hóstia pura, a hóstia santa, a hóstia imaculada". [14]

79. Nem é de admirar que os fiéis sejam elevados a uma tal dignidade. Com a água do batismo, com efeito, os cristãos se tornam, a título comum, membros do corpo místico de Cristo sacerdote, e, por meio do "caráter" que se imprime nas suas almas, são delegados ao culto divino, participando, assim, de modo condizente ao próprio estado, do sacerdócio de Cristo.

80. Na Igreja católica, a razão humana iluminada pela fé sempre se esforçou por ter a maior consciência possível das coisas divinas, por isso é natural que também o povo cristão pergunte piamente em que sentido se diz no Cânon do sacrifício eucarístico que também ele o oferece. Para satisfazer esse piedoso desejo apraz-nos tratar aqui do assunto com clareza e concisão.

81. Há, acima de tudo, razões muito remotas: frequentemente acontece que os fiéis, assistindo aos sagrados ritos, unam alternadamente as suas orações às orações do sacerdote, alguma vez, ainda, acontece – isto antigamente se verificava com maior frequência – que ofereçam ao ministro do altar o pão e o vinho para que se tornem corpo e sangue de Cristo, e, enfim, porque, com as esmolas, fazem com que o sacerdote ofereça por eles a vítima divina.

82. Mas há ainda uma razão mais profunda para que se possa dizer que todos os cristãos e especialmente aqueles que assistem ao altar realizem a oferta.

83. Para não dar ensejo a erros perigosos neste importantíssimo argumento, é necessário precisar com exatidão o significado do termo "oferta". A imolação incruenta por meio da qual, depois que foram pronunciadas as palavras da consagração, Cristo está presente no altar no estado de vítima, é realizada só pelo sacerdote enquanto representa a pessoa de Cristo e não enquanto representa a pessoa dos fiéis. Colocando, porém, no altar a vítima divina, o sacerdote a apresenta a Deus Pai como oblação à glória da SS. Trindade e para o bem de todas as almas. Dessa oblação propriamente dita os fiéis participam do modo que lhes é possível e por um duplo motivo: porque oferecem o sacrifício não somente pelas mãos do sacerdote, mas, de certo modo ainda, junto com ele, e ainda porque com essa participação também a oferta feita pelo povo pertence ao culto litúrgico. Que os fiéis oferecem o sacrifício por meio do sacerdote, é claro, pois o ministro do altar age na pessoa de Cristo enquanto Cabeça, que oferece em nome de todos os membros, pelo que, em bom direito, se diz que toda a Igreja, por meio de Cristo, realiza a oblação da vítima. Quando, pois, se diz que o povo oferece juntamente com o sacerdote, não se afirma que os membros da Igreja de maneira idêntica à do próprio sacerdote realizam o rito litúrgico visível – o que pertence somente ao ministro de Deus para isso designado – mas sim que une os seus votos de louvor, de impetração, de expiação e a sua acção de graças à intenção do sacerdote, aliás do próprio sumo pontífice, a fim de que sejam apresentados a Deus Pai na própria oblação da vítima, embora com o rito externo do sacerdote. É necessário, com efeito, que o rito externo do sacrifício manifeste, por sua natureza, o culto interno, ora, o sacrifício da nova Lei significa aquele obséquio supremo com o qual o próprio principal ofertante, que é Cristo, e com ele e por ele todos os seus membros místicos, honram devidamente a Deus.

84. Com grande alegria da alma fomos informados de que essa doutrina, especialmente nos últimos tempos, pelo intenso estudo da disciplina litúrgica da parte de muitos, foi posta em sua luz, mas não podemos deixar de deplorar vivamente os exageros e os desvios da verdade, que não concordam com os genuínos preceitos da Igreja.

85. Alguns, com efeito, reprovam de todo as missas que se celebram privadamente e sem a assistência do povo, como se se desviassem da forma primitiva do sacrifício, nem falta quem afirme que os sacerdotes não possam oferecer a divina vítima ao mesmo tempo em muitos altares, porque desse modo dissociam a comunidade e põem em perigo a unidade, também não falta quem chegue ao ponto de crêr necessária a confirmação e a ratificação do sacrifício por parte do povo, para que possa ter sua força e eficácia.

86. Erroneamente, nesse caso, se faz apelo à índole social do sacrifício eucarístico. Cada vez, com efeito, que o sacerdote repete o que fez o divino Redentor na última ceia, o sacrifício é realmente consumado e tem sempre e em qualquer lugar necessariamente e por sua intrínseca natureza, uma função pública e social, enquanto o ofertante age em nome de Cristo e dos cristãos, dos quais o divino Redentor é Cabeça, e oferece a Deus pela santa Igreja católica e pelos vivos e defuntos. [15] E isso se verifica certamente, quer assistam os fiéis – e desejamos e recomendamos que estejam presentes numerosíssimos e fervorosíssimos – quer não assistam, não sendo de nenhum modo requerido que o povo ratifique o que faz o sagrado ministro.

87. Se, pois, daquilo que foi dito resulta claramente que o santo sacrifício da missa é oferecido validamente em nome de Cristo e da Igreja, nem fica privado dos seus frutos sociais, mesmo quando celebrado sem assistência de nenhum acólito todavia, pela dignidade deste mistério, queremos e insistimos, como sempre quis a madre Igreja, que nenhum sacerdote se aproxime do altar sem ter quem o ajude e lhe responda, como prescreve o cân. 813.

2. Os féis oferecem também a si mesmos como vítimas

88. Para que, pois, a oblação, com a qual neste sacrifício os fiéis oferecem a vítima divina ao Pai celeste, tenha o seu efeito pleno, requer-se ainda outra coisa: é necessário que eles se imolem a si mesmos como vítimas.

89. Essa imolação não se limita somente ao sacrifício litúrgico. Quer, com efeito, o príncipe dos apóstolos que pelo facto mesmo de sermos edificados como pedras vivas sobre Cristo, possamos como "sacerdócio santo, oferecer vítimas espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo", e Paulo apóstolo, sem nenhuma distinção de tempo, exorta os cristãos com as seguintes palavras: "Eu vos conjuro, ó irmãos, que ofereçais os vossos corpos como vítima viva, santa, agradável a Deus, como vosso culto racional." Mas quando, sobretudo, os féis participam da acção litúrgica com tanta piedade e atenção que se pode verdadeiramente dizer deles: "dos quais te é conhecida a fé e a devoção" não é possível que a fé de cada um deles não se torne mais alegremente operante por meio da caridade, nem se revigore e brilhe a piedade e não se consagrem todos à conquista da glória divina, desejando com ardor tornarem-se intimamente semelhantes a Jesus Cristo que sofreu acerbas dores, oferecendo-se ao sumo Sacerdote e por meio dele como hóstia espiritual.

90. Isso ensinam ainda as exortações que o bispo endereça em nome da Igreja aos ministros sagrados no dia da sua ordenação: "Compenetrai-vos daquilo que fazeis, imitai o que tratais, de modo que, ao celebrardes o mistério da morte do Senhor, procureis mortificar os vossos membros de seus vícios e da concupiscência". [16] E quase do mesmo modo nos livros litúrgicos são exortados os cristãos que se aproximam do altar a participarem dos sagrados mistérios: "esteja sobre... este altar o culto da inocência, nele se imole a soberba, nele se apague a ira, se debele a luxúria e toda concupiscência, ofereça-se ao invés de rolas o sacrifício da castidade e em lugar de pombas o sacrifício da inocência". [17] Assistindo, pois, ao altar, devemos transformar a nossa alma de modo que se apague radicalmente todo o pecado que está nela, e com toda diligência se restaure e reforce tudo aquilo que, mediante Cristo, dá a vida sobrenatural: e assim nos tornemos, junto com a hóstia imaculada, uma vítima agradável a Deus Pai.

91. A Igreja se esforça com os preceitos da sagrada liturgia por levar a efeito, da maneira mais perfeita, este santíssimo propósito. A isso visam não somente as leituras, as homílias e as outras exortações dos ministros sagrados, e todo o ciclo dos mistérios que nos são recordados durante o ano, mas também as vestes, os ritos sagrados e seu aparato exterior que tem por fim "fazer pensar na majestade de tão grande sacrifício, excitar a mente dos féis, por meio dos sinais visíveis de piedade e de religião, à contemplação das altíssimas" coisas encerradas neste sacrifício". [18]

92. Todos os elementos da liturgia tendem, pois, a reproduzir em nossa alma a imagem do divino Redentor através do mistério da cruz, segundo a palavra do apóstolo das gentes: "Estou cravado com Cristo na cruz e vivo, não mais eu, mas é Cristo que vive em mim". [19] Por isso nos tornamos hóstia junto com Cristo para a maior glória do Pai.

93. A isso, pois, devem dirigir e elevar a sua alma os féis que oferecem a vítima divina no sacrifício eucarístico. Se, com efeito, como escreve santo Agostinho, sobre a mesa do Senhor é posto o nosso mistério, isto é, o próprio Cristo Senhor, [20] enquanto a cabeça é símbolo daquela união em virtude da qual somos o corpo de Cristo [21] e membros do seu corpo, [22]) se são Roberto Belarmino ensina, segundo o pensamento do doutor de Hipona, que no sacrifício do altar está significado o sacrifício geral com o qual todo o corpo místico de Cristo, isto é, toda a cidade redimida, é oferecida a Deus por meio de Cristo grão-sacerdote, [23] nada se pode encontrar de mais reto e de mais justo que nos imolarmos ao eterno Pai, nós todos, com nossa Cabeça, que sofreu por nós. No sacramento do altar, segundo o mesmo Agostinho, torna-se patente à Igreja que no sacrifício que oferece, ela mesma é oferecida. [24]

94. Considerem, pois, os fiéis a que dignidade os eleva a sagrada água do batismo, e não se contentem em participar do sacrifício eucarístico com a intenção geral que convém aos membros de Cristo e filhos da Igreja, mas livre e intimamente unidos ao sumo sacerdote e ao seu ministro na terra, segundo o espírito da sagrada liturgia, se unam a ele de modo particular no momento da consagração da hóstia divina, e a ofereçam junto com ele quando são pronunciadas aquelas solenes palavras "por ele, com ele, nele, a ti, Deus Pai todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória por todos os séculos dos séculos'', [25] à essas palavras o povo responde: Amém. Nem se esqueçam os cristãos de oferecer-se, com a divina Cabeça crucificada, a si mesmos e as suas preocupações, angústias, dores, misérias e necessidades.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.



[1] Gl 2,19-20.
[2] Carta. Encicl. Mystici Corporis, do dia 29 de Junho de 1943.
[3] Missal Rom., Secreta do Dom. IX depois de Pentec.
[4] Cf. Sess. XXII. c. 2 e cân. 4.
[5] Cf. Gl 6,14.
[6] Ml 1,11.
[7] Fl 2,5.
[8] Gl 2,19.
[9] Cf. Conc. Trid. Sess., XXIII, c. 4.
[10] Cf. s. Roberto Bellarm., De Missa, II, c 4.
[11] De Sacro Altaris Mysterio, III, 6.
[12] De Missa, I. cap. 27.
[13] Missal Rom., Ordinário da Missa.
[14] Missal Rom., Cânon da Missa.
[15] Missal Rom., Cânon da Missa.
[16] Pontif. Rom., De Ordinatione presbyteri.
[17] Ibidem, De altaris consecrat., Praefatio.
[18] Cf. Conc. Trid. Sess. XXII, c. 5.
[19] Gl,19-20.
[20] Cf. Serm. 272.
[21] Cf. l Cor 12,27.
[22] Cf. Ef 5,30.
[23] Cf. S. Roberto Bellarm., De Missa , II, c. 8
[24] De Civ. Dei, 1. X. c. 6.
[25] Missal Rom., Cânon da Missa.

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