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26/11/2012

CULTIVAR A FÉ 6


Uma pedagogia da fé na família - a propósito de alguns ensinamentos de S. Josemaria…/2

A família nos planos de Deus.

O Novo Testamento apresenta-nos inicialmente a transposição do modelo antigo à nova fé em Jesus Cristo. Famílias completas convertem-se após a conversão do pai: depois da cura do seu filho, o funcionário de Cafarnaum “acreditou ele e toda a sua casa” [i]; o carcereiro de Paulo e Silas [ii], e o chefe da sinagoga de Corinto, Crispo [iii], são outros exemplos.

Com a expansão do cristianismo em todo o império, o modelo patriarcal hebreu deixou de ser o único, mas não desapareceu o sentido de responsabilidade dos pais para transmitir a fé na família. A literatura é aqui abundantíssima
[iv] e fascinava S. Josemaria não só pela frescura das narrações mas também pelas altas aspirações que ali se encontram.

“Por isso, talvez não possa apresentar-se aos esposos cristãos melhor modelo que o das famílias dos tempos apostólicos: o centurião Cornélio, que foi dócil à vontade de Deus e em cuja casa se consumou a abertura da Igreja aos gentios; Áquila e Priscila, que difundiram o cristianismo em Corinto e em Éfeso, e que colaboraram no apostolado de S. Paulo; Tabita, que com a sua caridade assistiu aos necessitados de Jope. E tantos outros lares de judeus e de gentios, de gregos e de romanos, nos quais lançou raízes a pregação dos primeiros discípulos do Senhor.

Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs que foram centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo que contagiava aqueles que os conheciam e com eles conviviam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser os cristãos de hoje”
[v].

A admiração de S. Josemaria pelos primeiros cristãos e o facto de os propor continuamente como modelo, nada tirava, obviamente, ao reconhecimento de todos os frutos de santidade que a Igreja produziu em dois milénios de história, santidade “cultivada” muito amiúde na famílias cristãs. Mas as primeiras gerações realçam muito bem três aspectos básicos:

a) a meta a que aspiram é a santidade, entendida como identificação com Cristo;

b) a missão de cristianização da sociedade e da cultura (que equivale à aproximação a Cristo das pessoas singulares) corresponde a cada um dos cristãos no seu próprio ambiente, a começar pela família;

c) tudo isto tem a sua origem no baptismo, quer dizer, no facto de ser cristãos, e não em mandatos particulares da hierarquia ou em actos de consagração acrescentados.

michele dolz, publicado em Romana, n. 32 (2001), 2011.09.12

Nota: Revisão gráfica por ama.



[i] Jo 4, 53.
[ii] Cfr. Act 16, 16-39.
[iii] Cfr. Act 18, 8.
[iv] Além dos conhecidos estudos de A. Hamman (La vie quotidienne des premiers chrétiens) e de G. Bardy (La vie spirituelle d’après les Pères des trois premiers siècles), limito-me a citar: E Cavalcanti, La vita familiare, em C. Burini – E. Cavalcanti, La spiritualità della vita quotidianna negli scritti dei Padri della Chiesa, Ed. Dehoniane, Bologna 1988, pp. 155-179.
[v] S. Josemaria Escrivá, Cristo que passa, n. 30.

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