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23/11/2012

CULTIVAR A FÉ 3


QUE O TALENTO RENDA

Desenvolver os talentos implica iniciativa. O Senhor não disse aos servos em que deviam investir; cada um tinha os meios para saber que negócios podia enfrentar e a segurança de que o dinheiro que se lhe tinha confiado era o necessário para os levar a cabo.

Por isso, responder à própria vocação requer descobrir as qualidades que cada um recebeu e pô-las em jogo, dando-lhes saída em múltiplas iniciativas. O essencial é procurar que o talento renda e nos empenhemos continuamente em produzir bom fruto [i], procurando ir ampliando, pouco a pouco, o impacto social, cultural ou político das nossas actividades, confiados na palavra do Senhor: ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado [ii]. Frase que, na sua aparente dureza, nos faz recordar que é Deus que dá o incremento [iii].

Assim, os nossos talentos darão frutos, não tanto ou não só pelo esforço posto, mas pela benevolência de Deus, que olha com olhos de bondade as oferendas que lhe apresentamos [iv]. Quando se dedica tempo aos amigos, aos vizinhos, aos que trabalham connosco, aos condiscípulos da escola ou da universidade, quando se fomentam os interesses – culturais ou desportivos – dos filhos, o fruto apostólico chega; e além disso, abundará, sobretudo na própria alma; porque a primeira consequência será a alegria de ter servido, de ter ajudado os outros a crescer.

Algo parecido acontece com os instrumentos apostólicos que promovem os fiéis do Opus Dei em todo o mundo, com tantas pessoas que são ou não cristãs. Sem perder a sua própria natureza, são fermento que fecunda a sociedade a partir do seu interior, colaborando com outras instituições semelhantes na promoção humana, dando a conhecer nos meios de comunicação os seus projetos, etc. E pondo sempre em tudo o sinal mais.

A parábola continua. O Senhor regressa e pede contas e os que fizeram frutificar os talentos escutam o elogio da sua fidelidade: muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu Senhor [v]. Chama a atenção que o amo considere pouco as imensas fortunas que tinha doado e que os seus servos multiplicaram; são nada e menos que nada, comparadas com o muito que Ele tinha previsto dar-lhes: participar da sua própria alegria.

Na passagem paralela do Evangelho segundo São Lucas [vi], o prémio consiste em dar aos servos o governo de cidades. Esta variante ajuda-nos a considerar que os servidores participam da potestade do seu Senhor, que corresponder aos dons implica participar no cuidado que o Rei tem para todos os homens.

Os talentos dos servos hão-de ser administrados para os outros: desenvolvem-se na sociedade e para a melhorar. Os servos que aproveitaram os seus dons, com a graça de Deus, estão em melhores condições para se interessarem pelo bem-estar dos seus concidadãos. Preocupam-se com a sua saúde física e moral; promovem propostas que envolvam muitas outras pessoas na evangelização da sociedade, começando pelo âmbito, talvez limitado ou um pouco restrito ao início, em que se desenvolvem.

O importante é mover-se e pôr o nosso ambiente cristã, alegre, primeiro aí onde estamos: se não o fazemos nós, quem o fará? O fundador do Opus Dei resumia tudo isto dizendo que nós, os cristãos, somos para o mundo. Quando servimos, a chamada de Deus atinge toda a sua pujança.

m. díez, j. morales, j. verdiá, 2012.02.27

Nota: Revisão gráfica por ama.



[i] Cfr. Amigos de Deus, n. 47.
[ii] Mt 25, 29.
[iii] Cfr. Mc 4, 26-29; 1 Cor 3, 7.
[iv] Cfr. Missal Romano, Oração eucarística III, Réspice, quæsumus...
[v] Mt 25, 21.23.
[vi] Cfr. Lc 19, 17.19.

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