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18/10/2012

Vida de Maria (III) - A VOZ DO MAGISTÉRIO


«A definição do dogma da Imaculada Conceição refere-se de modo directo unicamente ao primeiro instante da existência de Maria, a partir do qual ficou livre de toda a mancha da culpa original. O Magistério pontifício quis assim definir só a verdade que tinha sido objecto de controvérsias ao longo dos séculos: a preservação do pecado original, sem se preocupar em definir a santidade permanente da Virgem Mãe do Senhor».

«Essa verdade faz parte do senso comum do povo cristão, que defende que Maria, livre do pecado original, foi preservada também de todo o pecado actual e a santidade inicial foi-lhe concedida para preencher toda a sua existência».

«A Igreja reconheceu constantemente que Maria foi santa e livre de todo o pecado ou imperfeição moral. O Concílio de Trento expressa essa convicção afirmando que ninguém “pode na sua vida inteira evitar todos os pecados, mesmo os veniais, se não for por privilégio especial de Deus, como a Igreja ensina sobre a bem-aventurada Virgem" (DS 1573). Também o cristão transformado e renovado pela graça tem a possibilidade de pecar. Com efeito, a graça não preserva de todo o pecado no decurso completo da vida, salvo se, como afirma o Concílio de Trento, um privilégio especial assegurar essa imunidade do pecado. E foi isso o que aconteceu em Maria».

«O Concílio tridentino não quis definir este privilégio, mas declarou que a Igreja o afirma com vigor: tenet, quer dizer, mantém-no com firmeza. Trata-se de uma opção que, longe de incluir essa verdade entre as crenças piedosas ou as opiniões de devoção, confirma o seu carácter de doutrina sólida, bem presente na fé do povo de Deus. Por outro lado, essa convicção fundamenta-se na graça que o anjo atribui a Maria no momento da Anunciação. Ao chamá-la "cheia de graça" — kejaritoméne —, o anjo reconhece n’Ela a mulher dotada de uma perfeição permanente e de uma plenitude de santidade, sem sombra de culpa nem de imperfeição moral ou espiritual».

«O privilégio especial que Deus outorgou à Toda Santa leva-nos a admirar as maravilhas realizadas pela graça na sua vida. E recorda-nos também que Maria foi sempre toda do Senhor e que nenhuma imperfeição diminuiu a perfeita harmonia entre Ela e Deus».

«A sua vida terrena, portanto, caracterizou-se pelo desenvolvimento constante e sublime da fé, da esperança e da caridade. Por isso, Maria é para os crentes sinal luminoso da Misericórdia divina e guia seguro para as elevadas metas da perfeição evangélica e a santidade».

(Btº. joão paulo II, Catequese mariana, audiência geral, 1996.06.19)


«Quando ultrapassou a idade da amamentação e fez três anos, os seus bem-aventurados pais levaram-na ao templo de Deus e consagraram-na como oferenda, de acordo com a promessa que tinham feito antes do seu nascimento. Conduziram-na com glória e honra, como era justo; precediam-na muitas virgens e acompanhavam-na com lâmpadas acesas, como tinha preanunciado um dia o rei profeta [David], antepassado da Virgem imaculada, dizendo: As suas jovens companheiras conduziram-na até ao rei, os seus amigos ofereceram-lha (Sal 44 [45] 15). O profeta tinha dito isto com antecedência, a propósito da apresentação no templo e das virgens que a precediam e a acompanhavam».

«No entanto, esta profecia não diz respeito somente àquelas virgens, mas refere-se também às almas virgens que seguiram os seus passos, almas a que o profeta chamou "seus amigos". Embora todos sejam inferiores a Ela na amizade e na semelhança, no entanto, por graça e bondade do seu Filho, o Senhor, as almas dos santos são chamadas " seus amigos "; por outro lado, o próprio Senhor e Criador do universo não considerou indigno chamar "irmãos" àqueles que lhe são gratos e o imitam. Na realidade, todas as almas dos justos que chegaram a ser "seus amigos" mediante o exercício da santidade, gozarão da sua ajuda e estarão espiritualmente unidas ao Senhor seu Filho e serão introduzidas Santo dos Santos celestial».

(Vida de Maria, atribuída a S. máximo o confessor (século VII))

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