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14/10/2012

Leitura espiritual para 14 Out 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 22, 63; 23, 1-12

63 Entretanto os homens que guardavam Jesus, escarneciam d'Ele, batendo-Lhe. 64 Vendaram-Lhe os olhos e interrogavam-n'O: «Adivinha, quem é que Te bateu?». 65 E proferiam muitas outras injúrias contra Ele. 66 Quando foi dia, juntaram-se os anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Levaram-n'O ao seu tribunal e disseram-Lhe: «Se Tu és o Cristo, declara-o». 67 Ele respondeu-lhes: «Se Eu vo-lo disser não Me acreditareis; 68 também se vos fizer qualquer pergunta, não Me respondereis. 69 Mas, doravante o Filho do Homem estará sentado à direita do poder de Deus». 70 Então disseram todos: «Logo Tu és o Filho de Deus?». Ele respondeu: «Vós o dizeis, Eu sou». 71 Então eles disseram: «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Nós próprios o ouvimos da Sua boca!».
Lc 23 1 Levantando-se toda a multidão, levaram-n'O a Pilatos. 2 Começaram a acusá-l'O, dizendo: «Encontrámos este homem sublevando a nossa nação, proibindo dar tributo a César e dizendo que é o Messias». 3 Pilatos interrogou-O: «Tu és o rei dos judeus?». Ele, respondendo, disse: «Tu o dizes». 4 Então Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e ao povo: «Não encontro neste homem crime algum». 5 Porém, eles insistiam cada vez mais, dizendo: «Ele subleva o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui!». 6 Pilatos, ouvindo falar da Galileia, perguntou se aquele homem era galileu. 7 Quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que, naqueles dias, se encontrava também em Jerusalém. 8 Herodes, ao ver Jesus, ficou muito contente porque havia muito tempo tinha desejo de O ver, por ter ouvido d'Ele muitas coisas, e esperava vê-l'O fazer algum milagre. 9 Fez-Lhe muitas perguntas. Mas Ele nada respondeu. 10 Estavam presentes os príncipes dos sacerdotes e os escribas, acusando-O com grande insistência. 11 Herodes com os seus guardas desprezou-O, fez escárnio d'Ele, mandando-O vestir com uma túnica branca, e remeteu-O a Pilatos. 12 Naquele dia ficaram amigos Herodes e Pilatos, porque antes eram inimigos um do outro.





CARTA ENCÍCLICA
AD PETRI CATHEDRAM
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA JOÃO XXIII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS,
PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS
E AOS OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
E A TODO O CLERO E FIÉIS DO ORBE CATÓLICO

SOBRE O CONHECIMENTO DA VERDADE,
RESTAURAÇÃO DA UNIDADE
E DA PAZ NA CARIDADE


QUARTA PARTE

EXORTAÇÕES PATERNAIS

…/4

Às religiosas

58. Nem queremos passar aqui em silêncio a respeito das virgens que pelos votos se consagraram a Deus para a ele só servirem e pelas místicas núpcias estarem intimamente unidas ao esposo divino. Elas - ou se entreguem à vida retirada nos claustros rezando e fazendo penitência ou se dediquem às obras externas do apostolado - não só podem cuidar muito mais facilmente da sua salvação, mas podem ainda ajudar muito a Igreja, tanto nas nações cristãs, como nas terras longínquas onde não brilhou ainda a luz do Evangelho. Oh! quanto não fazem estas religiosas! Oh! quantas e quão altas coisas realizam, que ninguém mais pode levar a cabo com a mesma dedicação virginal e maternal! E não em um mas em muitos campos de actividade: no ensino e educação da juventude; nas catequeses paroquiais; nos hospitais, onde podem cuidar dos enfermos e elevar-lhes as almas até Deus; nos asilos de velhos que podem tratar com caridade paciente, alegre e misericordiosa, sugerindo-lhes de modo admirável e suave desejos da vida eterna; finalmente nos orfanatos e hospitais infantis, fazendo as vezes de mães e tratando com amor materno esses órfãos ou abandonados que não têm pai nem mãe que os alimente, beije e abrace. As religiosas prestam óptimos serviços à Igreja Católica, à educação cristã e à prática das obras de misericórdia, mas também à sociedade civil; e conquistam uma coroa incorruptível que lhes será dada um dia no céu.

À Acção Católica e a todos os colaboradores no apostolado

59. Mas, como bem sabeis, veneráveis irmãos e dilectos filhos, as necessidades dos homens no campo católico são hoje tão grandes e tão variadas, que o clero, os religiosos e as religiosas parecem insuficientes para as satisfazer.

Além disso, aos sacerdotes, aos religiosos e às religiosas não está aberto o acesso a todas as categorias de pessoas, e nem todos os caminhos lhes são acessíveis, pois muita gente os desconhece ou os evita, ou até, infelizmente, os despreza e aborrece.

60. Também por este grave e doloroso motivo, já os nossos predecessores chamaram os leigos para as fileiras do pacífico exército da Acção Católica, com a providencial intenção de estes virem ajudar a hierarquia eclesiástica no apostolado; aquilo que esta não pode fazer nas circunstâncias actuais, estes homens e mulheres católicos fazem-no generosamente, colaborando com os pastores sagrados e obedecendo-lhes sempre. É para nós grande consolação considerar o trabalho realizado até agora, mesmo em terras de missões, por estes auxiliares dos Bispos e dos sacerdotes. Acorreram de todas as idades e condições sociais, e labutaram com zelo e boa vontade para tornar a verdade conhecida de todos e para fazer sentir a todos o convite e atracção da virtude.

61. Mas fica-lhes ainda vastíssimo campo de trabalho; são muitíssimos os que precisam do seu exemplo luminoso, e do seu trabalho apostólico. Pretendemos tratar noutra ocasião, de modo mais amplo e completo, deste assunto que julgamos de gravíssima e suma importância. Entretanto alimentamos a esperança certa de que os militantes nas fileiras da Acção Católica ou nas inúmeras pias associações que florescem na Igreja, continuarão com toda a diligência tão necessária actividade: quanto maiores são as necessidades deste nosso tempo, tanto maiores devem ser os esforços, os cuidados, as diligências e o zelo. Estejam inteiramente unidos, porque, como muito bem sabem, a união faz a força; deixem de lado opiniões particulares, sempre que se trate da causa da Igreja Católica, a qual deve ser a suprema e a mais importante de todas; e isto não somente no que diz respeito à doutrina sagrada, mas também às normas disciplinares da Igreja, normas que devem ser respeitadas sempre por todos. Em fileiras cerradas, e sempre unidos pela obediência à hierarquia católica, avancem para novas conquistas, sempre maiores; não se poupem a trabalhos, nem fujam de incómodos para fazer triunfar a causa da Igreja.

62. Mas, para que isto se consiga, procurem antes de tudo - como sem dúvida já estão persuadidos que deve ser - deixar-se impregnar pela doutrina cristã, intelectual e moral. Só então serão capazes de dar aos outros o que tiverem adquirido com o auxílio da graça divina. Dirigimos esta recomendação em primeiro lugar aos adolescentes e jovens. Eles têm generosidade que facilmente se inflama pelos nobres ideais, mas precisam mais do que ninguém de prudência, moderação e obediência aos Superiores. A estes amadíssimos filhos, esperança da Igreja, nos quais pomos tanta confiança, chegue a expressão viva da nossa gratidão e do nosso paternal afecto.

Aos aflitos e atribulados

63. Agora parecem subir até nós os gemidos dos que sofrem no corpo ou no espírito, ou se encontram em tais angústias económicas que nem possuem uma casa digna de homens, nem encontram trabalho para ganhar os meios de sustento para si próprios e para os filhos. Estas lamentações impressionam vivamente e comovem o nosso coração, e, em primeiro lugar, queremos comunicar aos doentes, aos entrevados e aos velhos aquele conforto que vem do alto. Lembrem-se de que não temos aqui cidade permanente, mas que buscamos a futura (cf. Hb 3,14); lembrem-se que as dores desta vida mortal, que purificam, elevam, e nobilitam a alma, nos podem dar alegria eterna no céu; lembrem-se de que o Divino Redentor, para lavar-nos das manchas dos nossos pecados e purificar-nos, sofreu a morte de cruz e suportou de boa mente injúrias, suplícios e aflições crudelíssimas. Como ele, também todos nós, somos chamados da cruz à luz, segundo a sua palavra: "Se alguém quiser vir após mim, abnegue-se a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias, e siga-me" (Lc 9,23); e terá um tesouro imperecível no céu (cf. Lc 12,23).

64. Desejamos além disso - e estamos convencidos de que esta nossa exortação terá bom acolhimento - que os sacrifícios espirituais e corporais constituam não só degraus para cada um dos que sofrem para subir ao céu, mas contribuam também para a expiação dos pecados alheios, para o regresso ao seio da Igreja daqueles que dela infelizmente se separaram, e para o triunfo do nome cristão.

Aos pobres

65. Os mais desprovidos de bens materiais, que se queixam de grande pobreza, saibam antes de mais nada que sentimos grande dor com esta sua sorte. E isto não só porque desejamos com coração paterno que a virtude cristã da justiça tenha a devida aplicação na questão social, e dirija e informe as relações mútuas das classes, mas também porque muito nos custa que os inimigos da Igreja abusem facilmente das injustas condições das pessoas necessitadas para atraí-las para o seu lado com promessas enganosas e ilusões falsas.

66. Saibam estes nossos caríssimos filhos que a Igreja não é inimiga deles nem lhes desconhece os direitos; mas que os protege como mãe amorosa, e prega e inculca no campo social tal doutrina e tais normas que, se forem inteiramente postas em prática, farão desaparecer todo o género de injustiça e levarão a distribuição melhor e mais justa dos bens;


[1] e também se fomentará uma colaboração amigável entre as várias classes, e cada indivíduo, poderá considerar-se e ser de facto concidadão duma mesma comunidade e irmão duma mesma família. E, se considerarmos com serenidade os melhoramentos que nos últimos tempos conseguiram os que vivem do trabalho diário, devemos confessar que isso se deve principalmente à eficaz actividade dos católicos na questão social, segundo as sábias normas e repetidas exortações dos nossos predecessores. Aqueles, portanto, que se dedicam a defender os direitos das classes mais abandonadas, já têm normas certas e seguras na doutrina social cristã, se estas se puserem devidamente em prática, oferecerão o meio de chegar a uma justa solução de todos os problemas. Nunca devem, pois, os cristãos dirigir-se aos propugnadores de doutrinas condenadas pela Igreja, é bem verdade que estes os atraem com falsas promessas, mas, onde quer que têm o governo na mão, tentam arrancar das mentes dos cidadãos o bem supremo das consciências - isto é, a fé cristã, a esperança cristã e os mandamentos cristãos - e debilitam ou destroem inteiramente aquilo que, nos nossos dias, os homens civilizados justamente exaltam, a saber, a liberdade e a verdadeira dignidade devida à pessoa humana; e até procuram destruir os próprios fundamentos da civilização cristã. Portanto aqueles que querem permanecer fiéis a Cristo têm grave obrigação de consciência de evitar de todos os modos estes erros, já condenados pelos nossos predecessores, especialmente Pio XI e Pio XII de feliz recordação, e nós igualmente condenamos.

67. Sabemos que não poucos dos nossos filhos, menos favorecidos pela fortuna ou acabrunhados pela miséria, muitas vezes se queixam de nem todos os preceitos cristãos sobre a questão social terem sido até agora postos em prática. É pois necessário trabalharem com todo o empenho - não só os particulares, mas principalmente os governos - para que quanto antes, embora aos poucos, seja posta inteiramente em prática a doutrina social cristã, que os nossos predecessores tantas vezes, tão ampla e sapientemente, expuseram e estabeleceram e nós confirmamos. [2]

Aos refugiados e emigrantes

68. Não estamos menos preocupado com a sorte daqueles que, pela necessidade de procurar sustento ou pelas tristes condições de suas pátrias, e pelas perseguições contra a religião, foram obrigados a abandonar a terra natal. Quantos e quão grandes males e desventuras não devem estes sofrer, arrancados ao seu meio e à casa paterna e obrigados muitas vezes a viver na aglomeração das grandes cidades ou dos grandes centros industriais, com um teor de vida completamente novo e muitas vezes corruptor. Por causa dessas condições, acontece frequentemente que muitos passam por crises perigosas e se vão, pouco a pouco, afastando das sãs tradições religiosas da própria pátria. Acresce que muitas vezes os esposos são forçosamente separados um do outro, bem como os pais dos filhos, debilitando-se os laços e relações da vida doméstica, não sem prejuízo da união da família.

69. Acompanhamos com coração paterno o trabalho dedicado e operoso daqueles sacerdotes, que, inflamados no amor de Jesus Cristo e obedecendo às normas e aos desejos da Santa Sé, como exilados voluntários, não poupam esforços para atender quanto podem ao bem espiritual e social destes filhos, fazendo-lhes sentir em toda a parte a caridade da Igreja, tanto mais presente e eficaz, quanto mais eles precisam de seu cuidado e auxílio.

70. De modo semelhante, temos presente e apreciamos os esforços realizados por várias nações nesta causa tão importante e também as iniciativas tomadas recentemente no campo internacional, para se resolver quanto antes este gravíssimo problema. Confiamos que tudo isso não só ajudará a conceder, com mais facilidade, maior entrada aos emigrantes, mas também a restabelecer a sociedade doméstica de pais e filhos, só esta poderá defender eficazmente o bem religioso, moral e económico dos emigrantes, não sem benefício dos países que os recebem.

À Igreja perseguida

71. Enquanto exortamos todos os nossos filhos em Cristo a evitar os erros funestos, capazes de destruir a religião e a sociedade humana, vêm-nos à memória tantos veneráveis irmãos no episcopado, e diletos sacerdotes e fiéis, que se encontram no exílio, ou foram lançados em prisões ou campos de concentração, porque não quiseram faltar ao seu dever episcopal ou sacerdotal nem apostatar da fé católica.

72. Não queremos ofender a ninguém, antes pelo contrário queremos dar a todos o nosso perdão implorando o perdão de Deus. Mas a responsabilidade do nosso dever sagrado exige que protejamos, quanto podemos, os direitos desses irmãos e desses filhos, pedindo insistentemente que seja concedida a cada um a liberdade legítima, que é devida a todos, portanto também à Igreja de Deus. Os que seguem realmente a verdade e a justiça, e procuram o bem de todos os homens e países, não negam a liberdade, não a sufocam nem a oprimem, não precisam de recorrer a estes meios. Por isso, jamais se pode conseguir o verdadeiro progresso dos cidadãos por meio da força, da opressão dos espíritos e das consciências.

73. Principalmente se deve ter por certo o seguinte: descurando ou oprimindo os sagrados direitos de Deus e da religião, cedo ou tarde tremem e desabam os fundamentos da sociedade humana. Já o notava com agudeza o nosso predecessor de imortal memória, Leão XIII: "Segue-se... que a força das leis diminui e toda autoridade enfraquece, se repudiamos a regra suprema e eterna dos preceitos e das proibições de Deus". [3] Com essa sentença concorda a palavra de Cícero: "Vós, ó pontífices... cingis mais eficazmente a cidade com a religião do que com as muralhas". [4]

74. Considerando tudo isto, com o coração cheio de tristeza abraçamos a todos e a cada um daqueles que são impedidos de praticar a religião e muitas vezes "são perseguidos por amor da justiça" (Mt 5,10) e por causa do reino de Deus. Compartilhamos as suas dores, angústias e sofrimentos, e dirigimos preces ao céu para que desponte finalmente para eles a aurora de tempos melhores. Unam-se a nós nesta prece todos os nossos irmãos e filhos; e suba a Deus misericordioso, de todos os ângulos da terra, um coro imenso de súplicas, que faça descer abundante chuva de graças sobre estes membros doloridos do corpo místico de Cristo.

Exortações finais.

75. Não pedimos somente orações aos nossos caríssimos filhos, pedimos-lhes também aquela renovação da vida cristã que, mais do que as próprias orações, é capaz de nos tornar Deus propício, a nós e aos nossos irmãos. Com prazer vos repetimos a todos as palavras elevadas e belíssimas do Apóstolo das gentes: "...Tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor... o que aprendestes e herdastes, isso praticai" (Fl 4, 8). "Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo" (Rm 13, 14). Isto é: "Vós, como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de compaixão, de bondade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente... Mas, sobre tudo isso, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. E reine nos vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados em um só corpo" (Cl 3, 12-15).

76. Se portanto alguém teve a desgraça de se afastar do Divino Redentor por causa de suas faltas e pecados, pedimos-lhe encarecidamente que volte àquele que é o "Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6); e se alguém está tíbio, frouxo, remisso e negligente, renove a sua fé e com a ajuda da graça divina alimente e consolide a virtude; finalmente se alguém, com o auxílio de Deus "é justo, justifique-se mais: e se é santo, santifique-se mais" (Ap 22, 11).

77. Uma vez que hoje são tantos os que precisam de conselho, bom exemplo e também de auxílio por causa das tristíssimas condições em que se encontram, praticai todos, segundo as vossas forças e meios, as obras de misericórdia, que são muito agradáveis a Deus.

78. Se todos vos esforçardes por fazer tudo isso, brilhará com nova luz na Igreja o que está escrito tão belamente dos cristãos na Carta a Diogneto: "Estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na terra, mas têm a pátria no céu. Observam as leis existentes, mas com o seu teor de vida superam as leis... São ignorados, e são condenados; levados à morte, recebem vida. São mendigos, e enriquecem a muitos; têm falta de tudo, e tudo lhes sobra. São desonrados, e nas desonras recebem glórias; perdem a fama, e recebem testemunho da própria justiça. São censurados e bendizem; são tratados afrontosamente, e prestam honras. Quando fazem o bem, são castigados como malfeitores; enquanto são castigados, alegram-se como quem recebe nova vida. Numa palavra: O que é a alma no corpo, isto são os cristãos no mundo". [5] Nestas belíssimas frases, há coisas que se podem aplicar de modo especial aos cristãos da chamada Igreja do Silêncio. Por eles, todos devemos de modo especialíssimo pedir a Deus, como recomendamos insistentemente ainda há pouco nas alocuções na Basílica de S. Pedro no dia de Pentecostes e na solene adoração da festa do Sacratíssimo Coração de Jesus. [6]

79. Desejamos a todos vós esta renovação da vida cristã, esta vida virtuosa e santa e pedimos constantemente a Deus que vo-la conceda não só aos que perseveram, firmes, na unidade da Igreja, mas também àqueles que se esforçam por entrar nela, trazidos pelo amor da verdade e pela vontade sincera.

84. Seja preparação e penhor das graças do céu a bênção Apostólica, que vos damos a cada um de vós, veneráveis irmãos e dilectos filhos, com paternal e vivo afecto.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 29 de Junho, festa dos SS. Apóstolos Pedro e Paulo, no ano de 1959, primeiro do nosso Pontificado.

JOÃO PP XXIII

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.



[1] Cf. Encíclica Quadragesimo Anno; AAS 23(1931), pp.196-198.
[2] Cf. Pio XII, Discurso aos membros das Associações Cristãs dos Trabalhadores Italianos, 11 de março de 1945: AAS 37 (1945), pp. 71-72.
[3] Epist. Exeunte iam anno, Acta Leonis XIII 8 (1888), p. 398.
[4] De Natura Deorum III, 40.
[5] Funk, Patres Apostolici, I, 399-401: PG 2,1174-1175.
[6] Cf. AAS 51(1959), p. 420; L'Osservatore Romano, 18/19 de maio e 7 de junho de 1959.

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