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11/10/2012

Leitura espiritual para 11 Out 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 22, 1-20


1 Aproximava-se a festa dos Ázimos, chamada Páscoa. 2 Os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam modo de matar Jesus; porém, temiam o povo. 3 Ora Satanás entrou em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, um dos doze, 4 o qual foi combinar com os príncipes dos sacerdotes e com os oficiais de que modo lh'O entregaria. 5 Ficaram contentes e combinaram com ele dar-lhe dinheiro. 6 Judas deu a sua palavra e buscava ocasião oportuna de lh'O entregar sem que a multidão soubesse. 7 Chegou o dia dos Ázimos, no qual se devia imolar a Páscoa. 8 Jesus enviou Pedro e João, dizendo: «Ide, preparai-nos a refeição pascal». 9 Eles perguntaram: «Onde queres que a preparemos?». 10 Ele disse-lhes: «Logo que entrardes na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem levando uma bilha de água; segui-o até à casa em que entrar, 11 e direis ao dono da casa: O Mestre manda dizer-te: Onde está a sala em que hei-de comer a Páscoa com os Meus discípulos? 12 Ele vos mostrará uma grande sala mobilada no andar de cima; preparai aí o que for preciso». 13 Indo eles, encontraram tudo como Jesus dissera; e prepararam a Páscoa. 14 Chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa com os Apóstolos e 15 disse-lhes: «Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer, 16 porque vos digo que não mais a comerei até que ela se cumpra no reino de Deus». 17 Tendo tomado o cálice, deu graças, e disse: «Tomai e distribuí-o entre vós, 18 porque vos declaro que não tornarei a beber do fruto da vide até que chegue o reino de Deus». 19 Depois tomou um pão, deu graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: «Isto é o Meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de Mim». 20 Depois da ceia fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este cálice é a nova Aliança no Meu sangue, que é derramado por vós».




CARTA ENCÍCLICA
AD PETRI CATHEDRAM
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA JOÃO XXIII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS,
PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS
E AOS OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
E A TODO O CLERO E FIÉIS DO ORBE CATÓLICO

SOBRE O CONHECIMENTO DA VERDADE,
RESTAURAÇÃO DA UNIDADE
E DA PAZ NA CARIDADE


INTRODUÇÃO

A Igreja em perene juventude: motivos de consolação e esperança

1. Desde que fomos elevado, não por mérito nosso, à Cátedra de São Pedro, constitui para nós lição e conforto recordar o sentimento geral, sem limites de raça ou ideologia, que se manifestou no mundo, por ocasião do falecimento do nosso imediato predecessor. E produz em nós os mesmos efeitos pensar no espectáculo que admiramos a seguir à nossa subida ao supremo pontificado, quando as multidões, cheias de confiante expectativa, voltaram para nós as suas almas e corações sem se deixarem impressionar com outros acontecimentos nem com as graves dificuldades e angústias da vida. O que mostra com toda a clareza que a Igreja Católica se perpetua com perene juventude e é bandeira levantada sobre as nações (cf. Is 11,12). É também fonte de viva luz e de suave amor para todos os povos.

2. Há para nós outro motivo de consolação. Queremos referir-nos tanto aos vastos aplausos com que foi acolhido o anúncio da celebração do Concílio Ecumênico, do Sínodo Diocesano de Roma, da atualização do Código de Direito Canónico e da próxima promulgação do novo Código para a Igreja de Rito Oriental; referimo-nos também à esperança universal de que estes acontecimentos possam levar todos a maior e mais profundo conhecimento da verdade, a salutar renovação dos costumes cristãos e à restauração da unidade, da concórdia e da paz.

3. Agora, esses três bens, isto é, a verdade, a unidade e a paz que devem ser promovidos e alcançados segundo o espírito da caridade, serão o argumento desta nossa primeira Carta Encíclica dirigida a todo o orbe católico, por nos parecer que é isso, no momento presente, o que mandato apostólico que recebemos mais pede de nós. O Espírito Santo nos assista do alto ao escrevermos, e a vós ao lerdes. Dócil ao impulso da divina graça, possa cada um compreender o que queremos e conseguir o que é anelo de todos, apesar dos preconceitos e das não poucas dificuldades e obstáculos.

PRIMEIRA PARTE

A VERDADE

O CONHECIMENTO DA VERDADE, ESPECIALMENTE A REVELADA

4. A causa e a raiz de todos os males que, por assim dizer, envenenam os indivíduos, os povos e as nações, e tantas vezes perturbam o espírito de muitos, está na ignorância da verdade. E não só na ignorância, mas às vezes até no desprezo e no temerário afastamento dela. Daqui erros de toda a espécie, que penetram como peste nas profundezas da alma e se infiltram nas estruturas sociais, desorganizando tudo, com grave ruína dos indivíduos e da sociedade humana. Mas Deus dotou-nos duma razão capaz de conhecer as verdades naturais. Seguindo a razão, seguimos o próprio Deus, que é o autor dela e ao mesmo tempo legislador e guia da nossa vida; mas, se por loucura ou preguiça, ou, pior ainda, por má vontade, nos afastamos do recto uso da razão, apartamo-nos ao mesmo tempo do sumo bem e da lei moral.

Como dissemos, ainda que possamos atingir com a razão as verdades naturais, contudo, este conhecimento - sobretudo no que se refere à religião e à moral - nem todos podem facilmente consegui-lo; e, se o conseguem, muitas vezes vem misturado com erros. Além disso, as verdades, que ultrapassam a capacidade natural da razão, não as podemos, de modo nenhum atingir, sem a ajuda duma luz sobrenatural. Por isso o Verbo de Deus, que "habita a luz inacessível" (1 Tm 6,16), com imenso amor e compaixão do género humano "fez-se carne e habitou entre nós" (Jo 1,14), para iluminar "todo o homem que vem a este mundo" (Jo 1,9) e conduzir todos, não só à plenitude da verdade, mas também à virtude e à eterna bem-aventurança. Todos estão, portanto, obrigados a abraçar a doutrina do Evangelho. Uma vez rejeitada, vacilam os próprios fundamentos da verdade, da honestidade e da civilização.

A verdade do Evangelho conduz à vida eterna

5. Como é evidente, trata-se duma questão gravíssima inseparavelmente ligada com a nossa salvação eterna. Os que, como adverte o Apóstolo das gentes, estão "sempre aprendendo mas sem jamais poder atingir o conhecimento da verdade" (2 Tm 3,7), e negam à razão humana a possibilidade de chegar a qualquer verdade certa e segura, e rejeitam as verdades reveladas por Deus, necessárias para a salvação eterna, esses infelizes estão bem longe da doutrina de Jesus Cristo e do pensamento do mesmo Apóstolo das gentes, que exorta a "alcançar todos nós à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus. Assim não seremos mais crianças, joguete das ondas, agitados por todo o vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens, e da sua astúcia que nos induz ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor cresceremos em tudo em direcção àquele que é a Cabeça, Cristo, cujo corpo, em sua inteireza, bem ajustado e unido por meio de toda a junta e ligadura, com a operação harmoniosa de cada uma das suas partes, realiza o seu crescimento para a sua própria educação no amor" (Ef 4,13-l6).

Os deveres da imprensa quanto à verdade

6. Aqueles que, com temerária ousadia, impugnam de propósito a verdade conhecida, e, falando, escrevendo e actuando, usam as armas da mentira para atrair o favor do povo simples e plasmar a seu modo a alma dos jovens, ignaro e mole como a cera, que abuso enorme não cometem, que obra tão reprovável não realizam!

7. Não podemos deixar de exortar a que apresentem a verdade com diligência, cautela e prudência, especialmente todos aqueles que, por meio de livros, revistas e jornais, de que hoje há tanta abundância, exercem influxo tão grande na alma dos leitores, sobretudo dos jovens, e na formação das suas opiniões e costumes. Esses têm o dever gravíssimo de propagar não a mentira, o erro, as imoralidades, não o que leva à desonestidade, mas sim somente o verdadeiro, e tudo o que leva ao bem e à virtude.

8. Com grande tristeza vemos verificar-se hoje o que já deplorava o nosso predecessor de feliz memória Leão XIII, isto é, "serpear a mentira com audácia... em grossos volumes e em livrinhos, nas efêmeras páginas dos jornais e na publicidade teatral";


[1] e vemos também com grande tristeza "livros e jornais que se imprimem para mofar da virtude e nobilitar o vício". [2]

O rádio, o cinema e a televisão

9. Hoje, porém, deve juntar-se a tudo isso, como bem sabeis, veneráveis irmãos e dilectos filhos, a rádio, o cinema e a televisão, cujos espectáculos podem facilmente seguir-se mesmo dentro de casa. Destes meios podem surgir o estímulo ao bem e à honestidade, e até à prática da virtude cristã, mas infelizmente, sobretudo para a juventude, servem não raro de incentivo aos maus costumes, à corrupção, ao engano do erro e a uma vida licenciosa. Para neutralizar, pois, com todo o cuidado e diligência, o mau influxo destes meios perigosos, que se vai difundindo cada vez mais, é preciso recorrer às armas da verdade e da honestidade. À imprensa má e mentirosa‚ é preciso contrapor a boa e verdadeira. Às transmissões de rádio e aos espectáculos cinematográficos e televisivos, tornados instrumentos de erro e de corrupção, é preciso contrapor outros em defesa da verdade e dos bons costumes. Assim, estas invenções recentes, que tanto podem como incentivo ao mal, tornar-se-ão para o homem instrumentos de bem e ao mesmo tempo meios de honesta distração; e o remédio virá da mesma fonte donde muitas vezes nasce o veneno.

O indiferentismo religioso

10. Não faltam também os que, sem impugnarem propositadamente a verdade, tomam uma atitude de negligência e sumo descuido, como se Deus não nos tivesse dado a razão para procurar e alcançar a verdade. Este reprovável modo de proceder conduz, quase espontaneamente, à afirmação absurda de que todas as religiões se equivalem, sem nenhuma diferença entre a verdade e o erro. "Este princípio - para usar palavras do mesmo nosso predecessor - leva necessariamente à ruína de todas as religiões, especialmente da católica, que, sendo a única verdadeira entre todas, não pode sem grandíssima ofensa ser colocada no mesmo plano que as outras". [3] Além disso, negar toda a diferença entre coisas tão contraditórias, pode levar à ruinosa conclusão de excluir todas as religiões na teoria e na prática. Como poderia Deus, que é a própria verdade, aprovar ou tolerar a indiferença, a negligência e a apatia daqueles que, em questões de que depende a salvação eterna de todos, não fazem nenhum caso nem se importam de procurar e encontrar as verdades necessárias, nem prestar a Deus o culto que lhe é devido?

11. Hoje tanto empenho e diligência são postos no estudo e no progresso do saber humano, e a nossa época bem se pode gloriar das admiráveis conquistas alcançadas na investigação científica. Então, por que não se há-de pôr igual empenho, até mesmo maior, na aquisição segura daquele saber que diz respeito, não já a esta vida terrena e caduca, mas à celeste que nunca terá fim? Só quando tivermos alcançado a verdade que deriva do Evangelho, e que deve traduzir-se na prática da vida, só então a nossa alma poderá gozar a tranquila posse da paz e alegria, alegria imensamente superior à que pode vir dos descobrimentos da ciência e daquelas maravilhosas invenções de hoje, que todos os dias são exaltadas, e elevadas, por assim dizer, até às estrelas.

SEGUNDA PARTE

UNIDADE, CONCÓRDIA E PAZ

A VERDADE PRESTA NOTÁVEIS SERVIÇOS À CAUSA DA PAZ

12. Da consecução plena, íntegra e sincera da verdade deve necessariamente seguir-se a união dos espíritos, dos propósitos e das ações. De facto, qualquer contraste e desacordo encontra a sua primeira causa no facto de a verdade não ser conhecida ou, pior ainda, mesmo conhecida, ser rejeitada por causa das vantagens que muitas vezes se esperam das falsas opiniões, ou por causa daquela reprovável cegueira que leva os homens a justificar os próprios vícios e más ações.

13. É pois necessário que todos, tanto os indivíduos como aqueles que têm nas mãos a sorte dos povos, amem sinceramente a verdade, se querem gozar aquela concórdia e aquela paz, as únicas que podem garantir a verdadeira prosperidade pública e particular.

14. De modo especial exortamos à concórdia e paz os supremos chefes das nações. Colocados acima dos conflitos entre os Estados, nós que abraçamos todos os povos com igual caridade e não nos deixamos levar por nenhuma ambição de domínio político nem por qualquer desejo de bens terrenos, ao falarmos de assunto de tamanha importância, pensamos que merecemos ser julgados e ouvidos com serenidade pelos homens de todas as nações.

Deus criou os homens irmãos

15. Deus criou os homens, não inimigos, mas irmãos. Deu-lhes a terra para a cultivarem com o trabalho e suor, a fim de que todos e cada um gozem dos seus frutos e tirem dela quanto precisam para o sustento e as necessidades da vida. As diversas nações não passam de comunidades de homens, isto é, de irmãos, que devem tender, unidos fraternalmente, não só para o fim próprio de cada uma, mas também para o bem comum de toda a família humana.

16. De resto esta vida mortal não se há-de considerar só em si mesma ou como se a finalidade dela fosse o prazer. Se ela leva à dissolução do corpo do homem, prepara e dispõe também para a vida imortal, para a pátria onde viveremos eternamente.

17. Tiradas da alma do homem, esta doutrina e esta consoladora esperança, desabam todas as razões de viver. Levantam-se nas almas, fatalmente, as paixões, as lutas e as discórdias, que ninguém poderá dominar eficazmente. Deixa de brilhar a oliveira da paz, mas chameja a chama da discórdia. A sorte do homem torna-se quase igual à dos seres privados de razão; e por vezes essa sorte é ainda pior, pois, sendo dotado do poder de raciocinar, tem também a possibilidade de, abusando desse poder, cair nos abismos do mal, o que infelizmente acontece muitas vezes; e pode chegar, como outrora Caim, a manchar a terra com sangue fraterno e com gravíssimo crime.

18. Se portanto queremos - e quem não o há-de querer? - reconduzir as acções humanas ao caminho da justiça, é necessário, primeiro que tudo, reconduzir a razão e a vontade a estes princípios.

19. Se nos dizemos e somos realmente irmãos, se temos todos a mesma sorte na vida presente e na futura, como é possível tratarmos os outros como adversários e inimigos? Por que os havemos de invejar, alimentar ódios e preparar armas de morte contra os nossos irmãos? Já se combateu demais entre os homens. Já demasiados jovens, na flor da idade, derramaram o próprio sangue. Já existem demasiados cemitérios de mortos nas guerras, a lembrar a todos, com voz severa, que estabeleçam por fim a concórdia, a unidade e a paz justa.

20. Pense portanto cada um, não no que os divide, mas no que os pode unir na mútua compreensão e recíproca estima.

União e concórdia entre os povos

21. Somente se se procura deveras a paz e não a guerra - como se deve fazer - e se tende com comum e sincero esforço para a concórdia fraterna entre os povos, só então será possível compreender os interesses públicos e compor bem as divergências. E poder-se-á assim chegar, de comum acordo e com os meios oportunos, à suspirada e harmoniosa união, pela qual os direitos de cada Estado à liberdade, longe de serem conculcados por outros, sejam perfeitamente garantidos. Aqueles que oprimem os outros e os despojam da sua liberdade, não podem sem dúvida contribuir para tal união. Como vem a propósito aqui o que afirmou o nosso sapientíssimo predecessor de feliz memória Leão XIII: "Para refrear a ambição, a cobiça dos bens alheios e a rivalidade, que são os maiores incentivos à guerra, nada vale mais que as virtudes cristãs, a justiça em primeiro lugar". [4]

22. E se os povos não chegam a esta união fraterna, fundada necessariamente na justiça e alimentada pela caridade, a situação mundial manter-se-á muito tensa. Por isso os homens sensatos deploram justamente uma situação tão incerta, que deixa em dúvida se nos encaminhamos para uma paz sólida e verdadeira, ou se corremos com extrema cegueira para nova e terrível guerra. Com extrema cegueira, dissemos; se de facto - que Deus o não queira - houver de rebentar nova guerra, tal ‚ o poder das armas monstruosas dos nossos dias, que não restaria para todos os povos - vencedores e vencidos - senão imensa devastação ruína e universais.

23. Por isso suplicamos a todos, mas em especial aos governantes, que meditem nisto com atenção diante de Deus juiz, e que procurem aplicar corajosamente todos os meios, que possam levar à necessária união. Esta unidade de intenções que, segundo dissemos, é indispensável também para o aumento da prosperidade de todos os povos, só poderá ser restaurada quando, pacificados os ânimos e salvaguardados os direitos de cada um, brilhar em toda a parte a liberdade devida aos cidadãos, às nações, aos Estados e à Igreja.

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama



[1] Carta Saepenumero considerantes. Acta Leonis XIII 3 (1883), p. 262.
[2] Epist. Exeunte iam anno: Acta Leonis XIII 8 (1888), p. 396.
[3] Encíclica Humanum Genus; Acta Leonis XIII 4 (1884), p. 53.
[4] Epist. Praeclara gratulationis: Acta Leonis XIII 14 (1894) p. 210.

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