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05/10/2012

Leitura espiritual para 05 Out 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.


Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Lc 19, 1-27


1 Tendo entrado em Jericó, atravessava a cidade. 2 Eis que um homem chamado Zaqueu, que era chefe dos publicanos e rico, 3 procurava conhecer de vista Jesus, mas não podia por causa da multidão, porque era pequeno de estatura. 4 Correndo adiante, subiu a um sicómoro para O ver, porque havia de passar por ali. 5 Quando chegou Jesus àquele lugar, levantou os olhos e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, porque convém que Eu fique hoje em tua casa». 6 Ele desceu a toda a pressa, e recebeu-O alegremente.7 Vendo isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa de um homem pecador». 8 Entretanto, Zaqueu, de pé diante do Senhor, disse-Lhe: «Eis, Senhor, que dou aos pobres metade dos meus bens e, naquilo em que tiver defraudado alguém, restituir-lhe-ei o quádruplo». 9 Jesus disse-lhe: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque este também é filho de Abraão. 10 Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido». 11 Estando eles a ouvir estas coisas, Jesus acrescentou uma parábola, por estar perto de Jerusalém e porque julgavam que o reino de Deus se havia de manifestar em breve. 12 Disse pois: «Um homem nobre foi para um país distante tomar posse de um reino, para depois voltar. 13 Chamando dez dos seus servos, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai com elas até eu voltar. 14 Mas os seus concidadãos aborreciam-no e enviaram atrás dele deputados encarregados de dizer: Não queremos que este reine sobre nós. 15 «Quando ele voltou, depois de ter tomado posse do reino, mandou chamar aqueles servos a quem dera o dinheiro, a fim de saber quanto tinha lucrado cada um. 16 Veio o primeiro e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas. 17 Ele disse-lhe: Está bem, servo bom; porque foste fiel no pouco, serás governador de dez cidades. 18 Veio o segundo e disse: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas. 19 Respondeu-lhe: Sê tu também governador de cinco cidades. 20 Veio depois o outro e disse: Senhor, eis a tua mina que guardei embrulhada num lenço, 21 porque tive medo de ti, que és um homem austero, que tiras donde não puseste e recolhes o que não semeaste. 22 Disse-lhe o senhor: Servo mau, pela tua mesma boca te julgo. Sabias que eu sou um homem austero, que tiro donde não pus e recolho o que não semeei; 23 então, porque não puseste o meu dinheiro num banco, para que, quando eu viesse, o recebesse com os juros? 24 Depois disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez. 25 Eles responderam-lhe: Senhor, ele já tem dez. 26 Pois eu vos digo que àquele que tiver, se lhe dará; mas àquele que não tem, ainda mesmo o que tem lhe será tirado.27 Quanto, porém, àqueles meus inimigos, que não quiseram que eu fosse seu rei, trazei-os aqui e degolai-os na minha presença!».


CARTA ENCÍCLICA
HUMANUM GENUS
DO SUMO PONTÍFICE
PAPA LEÃO XIII
A TODOS OS NOSSOS VENERÁVEIS
IRMÃOS, OS PATRIARCAS,
PRIMAZES, ARCEBISPOS
E BISPOS DO ORBE CATÓLICO,
EM GRAÇA E COMUNHÃO
COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE A MAÇONARIA

…/2

19. Quando estas verdades forem eliminadas, as quais são os princípios da natureza e importantes para o conhecimento e para o uso prático, é fácil de ver o que irá ser da moralidade pública e privada. Nós não dizemos nada daquelas virtudes mais celestiais, as quais ninguém pode exercer ou mesmo adquirir sem um especial dom e graça de Deus; das quais necessariamente nenhum traço pode ser encontrado naqueles que rejeitam como desconhecida a redenção da humanidade, a graça de Deus, os sacramentos, e a felicidade a ser obtida no céu. Nós falamos agora dos deveres que têm a sua origem na rectidão natural. Que Deus é o Criador do mundo e seu providente Governador; que a lei eterna exige que a ordem natural seja mantida, e proíbe que ela seja perturbada; que o fim último do homem é um destino muito acima das coisas humanas e além desta passagem sobre a terra: estas são as fontes e estes são os princípios de toda justiça e moralidade.

Se eles forem removidos, como os naturalistas e Maçons desejam, imediatamente não haverá nenhum conhecimento quanto ao que constitui justiça e injustiça, ou sobre qual princípio a moralidade é fundada. E, em verdade, o ensinamento de moralidade que exclusivamente encontra o favor da seita dos Maçons, e em que argumentam que os jovens deveriam ser instruídos, é o que eles chamam "civil", e "independente", e "livre", especificamente, aquele que não contém qualquer crença religiosa. Mas, quão insuficiente é tal ensinamento, quanto deixa a desejar em firmeza, e quão facilmente movido por cada impulso da paixão, é suficientemente provado por seus tristes frutos, que já começaram a aparecer. Pois, onde quer que, removendo a educação Cristã, este ensinamento começou a reinar mais completamente, aí a bondade e integridade da moral começou rapidamente a perecer, monstruosas e vergonhosas opiniões têm crescido, e a audácia dos actos malignos tem-se elevado a um alto grau. Tudo isso é comumente lamentado e deplorado; e não poucos daqueles que de modo algum desejam fazê-lo são compelidos pela abundância de provas a dar não infrequentemente o mesmo testemunho.

20. Ainda mais, a natureza humana foi manchada pelo pecado original, e é portanto mais disposta ao vício do que à virtude. Pois uma vida virtuosa é absolutamente necessária para restringir os movimentos desordenados da alma, e para fazer as paixões obedientes à razão. Neste conflito as coisas humanas devem frequentemente ser desprezadas, e os maiores trabalhos e durezas devem ser executados, de modo que a razão possa sempre manter o seu domínio. Mas os naturalistas e Maçons, não tendo fé naquelas coisas que nós aprendemos pela revelação de Deus, negam que os nossos primeiros pais tenham pecado, e consequentemente pensam que o livre desejo não é de modo algum enfraquecido e inclinado ao mal 13. Pelo contrário, exagerando bastante o poder e a excelência da natureza, e colocando somente ali o princípio e regra da justiça, não podem nem mesmo imaginar que haja qualquer necessidade de uma constante luta e uma perfeita firmeza para dominar a violência e governo de nossas paixões.

Por isso vemos que homens são publicamente tentados pelos muitos encantamentos do prazer; que há jornais e panfletos sem moderação nem vergonha; que peças de teatro são notáveis pela licenciosidade; que desenhos para obras de arte são de uma maneira desavergonhada buscados nas leis de um assim chamado realismo; que os planos de uma vida fácil e delicada são cuidadosamente elaborados; que todas as seduções do prazer são diligentemente buscadas pelas quais a virtude possa ser embalada até adormecer. Depravadamente, também, mas ao mesmo tempo de um modo bastante consistente, fazem aqueles actos que eliminam a expectativa das alegrias do céu, e trazem para baixo toda a felicidade para o nível da mortalidade, e, de facto, a afundam na terra. Do que Nós dissemos o seguinte facto, estarrecedor não tanto por si mesmo quanto na sua aberta expressão, pode servir como confirmação. Pois, uma vez que geralmente ninguém está acostumado a obedecer a homens hábeis e inteligentes tão submissamente como aqueles cuja alma está enfraquecida e quebrada pelo domínio das paixões, tem havido na seita dos Maçons alguns que têm simplesmente determinado e proposto que, engenhosamente e de propósito estabelecido, a multidão deveria ser saciada com uma licença sem limite para o vício, pois, quando isso tiver sido feito, iria facilmente cair sob o seu poder e autoridade para quaisquer actos de audácia.

21. Quanto ao que se refere à vida doméstica nos ensinamentos dos naturalistas é quase tudo contido nas seguintes declarações: que o casamento pertence ao género dos contractos humanos, que pode ser legalmente revogado pelo desejo daqueles que o fizeram, que os governadores civis do Estado têm poder sobre o laço matrimonial; que na educação dos jovens nada deve ser ensinado em matéria de religião como opinião certa e fixada; e cada um deve ser deixado livre para seguir, quando chegar à idade, qualquer que ele preferir. Os Maçons concordam completamente com estas coisas; e não somente concordam, mas têm-se longamente esforçado para transformá-las em lei e instituição. Pois em muitos países, e aqueles nominalmente Católicos, é estabelecido que nenhum casamento deve ser considerado legal a não ser aqueles contraídos pelo rito civil; em outros lugares a lei permite o divórcio; e em outros, todos os esforços são feitos para torná-lo legal tão logo quanto possível. Portanto, o tempo está rapidamente aproximando- se em que os casamentos vão ser tornados em outro tipo de contracto - ou seja em uniões mutáveis e incertas que um capricho pode unir, e que do mesmo modo quando se modificar pode desunir.

Com a maior unanimidade a seita dos Maçons também se esforça para tomar para si mesma a educação da juventude. Pensam que podem moldar facilmente às suas opiniões aquela idade macia e maleável, e torcê-la no que quer que desejem; e que nada pode ser mais adequado do que isto para lhes permitir levar a juventude do Estado a seguir o seu próprio plano. Portanto, na educação e instrução de crianças não permitem qualquer participação, quer no ensinamento ou na disciplina, aos ministros da Igreja; e em muitos lugares eles têm procurado obter que a educação dos jovens esteja exclusivamente nas mãos de leigos, e que nada que trate dos mais importantes e mais sagrados deveres dos homens para com Deus deva ser introduzido na instrução sobre moral.

22. E ainda há as suas doutrinas sobre política, em que os naturalistas decretam que todos os homens têm o mesmo direito, e são em todos os aspectos da mesma e igual condição; que cada um é naturalmente livre; que ninguém tem o direito de comandar outrem; que é um acto de violência requerer que homens obedeçam a qualquer autoridade que não aquela que é obtida deles próprios. De acordo com isto, portanto, todas as coisas pertencem ao povo livre; o poder é exercido pela ordem ou permissão do povo, de modo que, quando o desejo do povo muda, os governantes podem ser legalmente depostos e a fonte de todos os direitos e deveres civis está ou na multidão ou na autoridade governante quando esta é constituída de acordo com as últimas doutrinas. É sustentado, também, que o Estado deve ser sem Deus; que nas várias formas de religião não há razão pela qual uma devesse ter precedência sobre outra; e que todas elas devem ocupar o mesmo lugar.

23. Que estas doutrinas são igualmente aceitáveis aos Maçons, e que eles desejariam constituir Estados de acordo com este exemplo e modelo, é excessivamente bem conhecido para requerer prova. Por algum tempo têm-se abertamente esforçado para que tal se torne realidade com toda a sua força e recursos; e deste modo preparam o caminho para não poucos homens audaciosos que estão apressando-se a fazer até as piores coisas, no seu esforço para obter igualdade e comunhão de todos os bens pela destruição de todas as distinções de título e propriedade.

24. O que, portanto, a seita dos Maçons é, e que trilha ela persegue, aparece suficientemente do sumário que Nós demos resumidamente. Os seus dogmas principais estão tão grandemente e manifestamente apartados da razão que nada pode ser mais perverso. Desejar destruir a religião e a Igreja que o próprio Deus estabeleceu, e cuja perpetuidade Ele assegura por Sua proteção, e trazer após um lapso de dezoito séculos as maneiras e costumes dos pagãos, é notável insensatez e audaciosa impiedade. Nem é menos horrível nem mais tolerável que repudiem os benefícios que Jesus Cristo tão misericordiosamente obteve, não somente para os indivíduos, mas também para as famílias e a sociedade civil, benefícios os quais, mesmo de acordo com o julgamento e testemunho de inimigos da Cristandade, são muito grandes. Nesta empreitada insana e pervertida nós quase podemos ver o ódio implacável e o espírito de vingança com o qual o próprio Satanás está inflamado contra Jesus Cristo. - Do mesmo modo o estudado esforço dos Maçons para destruir as principais fundações da justiça e honestidade, e para cooperar com aqueles que desejarem, como se fossem meros animais, fazer o que eles quiserem, tende somente para a ignominiosa e desgraçada ruína do género humano.

O mal, também, é agravado pelos perigos que ameaçam a sociedade doméstica e civil. Como Nós demonstramos, no matrimónio, de acordo com a crença de quase todas nações, há algo sagrado e religioso; e a lei de Deus determinou que os matrimónios não devam ser dissolvidos. Se eles forem desprovidos do seu carácter sagrado, e feitos dissolúveis, o resultado serão problemas e confusão na família, a esposa sendo despojada de sua dignidade e as crianças deixadas sem protecção quanto aos seus interesses e bem-estar. - Não ter nos assuntos públicos qualquer cuidado pela religião, e nos arranjos e administração dos assuntos civis não ter maior consideração para com Deus do que se Ele não existisse, é uma imprudência desconhecida dos próprios pagãos; pois nos seus corações e almas a noção de uma divindade e a necessidade de uma religião pública estavam tão firmemente estabelecidas que eles teriam pensado ser mais fácil ter uma cidade sem fundamentos do que uma cidade sem Deus. A sociedade humana, para a qual nós verdadeiramente e por natureza somos formados, foi constituída por Deus, o Autor da natureza; e dele, como de seu princípio e fonte, fluem em toda a sua força e permanência os incontáveis benefícios com os quais a sociedade abunda. Como todos e cada um de nós somos admoestados pela própria voz da natureza para cultuar a Deus em piedade e santidade, como o Doador da vida e de tudo que é bom nela, do mesmo modo e pela mesma razão, nações e Estados estão obrigado a cultuá-lo; e portanto é claro que aqueles que querem absolver a sociedade de todos os deveres religiosos agem não só injustamente mas também com ignorância e insensatez.

25. Como os homens são, pela vontade de Deus, nascidos para a união civil e sociedade, e como o poder de governar é um elo de união tão necessário à sociedade que, se ele é retirado, a sociedade necessariamente e imediatamente se desfaz, segue que dele que é o Autor da sociedade veio também a autoridade de governar; assim quem quer que governe, é ministro de Deus. Portanto, como o fim e a natureza da sociedade humana requerem, é correto obedecer às justas ordens da autoridade legal, como é correto obedecer a Deus que governa todas as coisas; e é extremamente falso que o povo tenha como um poder jogar de lado sua obediência quando quer que lhe agrade.

26. De maneira semelhante, ninguém duvida que todos os homens são iguais uns aos outros, tanto quanto se refere à sua origem e natureza comuns, ou o fim último que cada um deve atingir, ou os direitos e deveres que são daí derivados. Mas, como as habilidades não são iguais em todos, como um difere do outro nos poderes da mente e do corpo, e como há realmente muitas dissemelhanças de maneiras, disposição, e carácter, é extremamente repugnante à razão esforçar-se por confinar todos dentro da mesma medida, e estender completa igualdade às instituições da vida civil. Assim como uma perfeita condição do corpo resulta da conjunção e composição dos seus vários membros, os quais, embora diferindo em forma e propósito, fazem, por sua união e distribuição de cada um em seu próprio lugar, uma combinação bela para ser mantida, firme em força, e necessária para o uso; desse modo, na comunidade, há uma quase infinita dissemelhança de homens, como partes do todo. Se eles devem ser todos iguais, e cada um deve seguir seu próprio desejo, o Estado vai aparecer extremamente deformado; mas se, com uma distinção de graus de dignidade, de ocupações e empregos, todos habilmente cooperarem para o bem comum, irão apresentar a imagem de um Estado bem constituído e conformado à natureza.

27. Agora, dos perturbantes erros que Nós temos descrito os maiores perigos para os Estados devem ser temidos. Pois, sendo retirados o temor a Deus e a reverência pelas leis divinas, sendo desprezada a autoridade dos governantes, a sedição permitida e aprovada, e as paixões populares exacerbadas até o desprezo pela lei, sem qualquer freio a não ser o castigo, uma mudança e derrocada de todas as coisas necessariamente se seguirá. Sim, esta mudança e derrocada é deliberadamente planeada e colocada em curso por várias associações de comunistas e socialistas; e a seita dos Maçons não é hostil aos seus propósitos, mas favorece grandemente os seus desígnios, e tem em comum com eles as suas principais opiniões. E se estes homens não se esforçam imediatamente e em qualquer lugar para levar à frente os seus pontos de vista extremos, isso não deve ser atribuído ao seu ensinamento e sua vontade, mas à virtude daquela divina religião que não pode ser destruída; e também porque a parte mais sólida dos homens, recusando-se a ser escravizada às sociedades secretas, vigorosamente resiste às suas insanas tentativas.

28. Se todos os homens julgassem a árvore pelo seu fruto, e reconhecessem a semente e origem dos males que nos pressionam, e dos perigos que estão nos ameaçando! Nós temos que lidar com um inimigo enganador e habilidoso, que, gratificando os ouvidos do povo e dos príncipes, os tem enleado com falas macias e por adulação. Entrando nas boas graças dos governantes sob a alegação de amizade, os Maçons têm-se esforçado para torná-los seus aliados e poderosos auxiliadores para a destruição do nome Cristão; e para que possam mais fortemente pressioná-los, têm, com determinada calúnia, acusado a Igreja de maliciosamente contender com os governantes em assuntos que afectam a sua autoridade e poder soberano. Tendo, por estes artifícios, assegurado a sua própria segurança e audácia, começaram a exercer grande peso no governo dos Estados: mas entretanto estão preparados para sacudir as fundações de impérios, para perturbar os governantes do Estado, para acusá-los, e para expulsá-los, tão frequentemente quanto aparentam governar de modo diferente do que eles próprios poderiam ter desejado. De modo semelhante, têm por falsos elogios iludido o povo. Proclamando com em alta voz a liberdade e prosperidade pública, e dizendo que era por causa da Igreja e dos soberanos que a multidão não era retirada da sua injusta servidão e pobreza, impuseram-se sobre o povo, e, excitando-os por uma sede por novidades, pressionaram-nos a assaltar tanto a Igreja quanto o poder civil. Entretanto, a expectativa de benefícios que era esperada é muito maior do que a realidade; realmente, as pessoas comuns, mais oprimidas do que eram antes, estão privadas na sua miséria daquele consolo que, se as coisas tivessem sido arranjadas de um modo Cristão, teriam tido com facilidade e em abundância. Mas, quem quer que lute contra a ordem que a Divina Providência constituiu paga usualmente a penalidade pelo seu orgulho, e encontra-se com a aflição e a miséria quando insensatamente esperavam encontrar todas as coisas prósperas e conforme os seus próprios desejos.

29. A Igreja, se ela dirige os homens a prestar obediência principalmente a acima de tudo a Deus o soberano Senhor, é erradamente e falsamente considerada ou invejosa do poder civil ou de se arrogar algo dos direitos dos soberanos. Pelo contrário, ela ensina que o que é rectamente devido ao poder civil deve ser-lhe prestado com convicção e consciência de dever. Ensinando que o direito de governar vem do próprio Deus, adiciona uma grande dignidade à autoridade civil, e ainda ajuda a obter a obediência e boa intenção dos cidadãos. Amiga da paz e sustentáculo da concórdia, abraça todos com amor maternal, e, tencionando apenas auxiliar o homem mortal, ensina que à justiça deve ser juntada a clemência, equidade à autoridade, e moderação à legislação; que não pode ser violado o direito de ninguém; que a ordem e a tranquilidade públicas devem ser mantidas e que a pobreza daqueles que estão em necessidade deve, tanto quanto possível, ser aliviada pela caridade pública e privada. "Mas por esta razão," para usar as palavras de Sto. Agostinho, "os homens pensam, ou gostariam de acreditar, que o ensinamento Cristão não é adequado para o bem do Estado; pois eles desejam que o Estado seja fundado não em sólida virtude, mas na impunidade do vício." 14 Sabendo destas coisas, os príncipes e o povo agiriam com sabedoria política 15, e de acordo com as necessidades da segurança geral, se, ao invés de juntar-se aos Maçons para destruir a Igreja, se juntassem à Igreja para repelir os seus ataques.

30. O que quer que o futuro possa ser, neste grave e difundido mal é Nosso dever, veneráveis irmãos, esforçar-nos por encontrar um remédio. E porque Nós sabemos que a Nossa melhor e mais firme esperança de um remédio está no poder daquela divina religião que os Maçons odeiam em proporção com o seu medo dela, Nós pensamos ser de capital importância chamar esse grande poder salvífico em Nosso auxílio contra o inimigo comum. Portanto, tudo o que os Pontífices Romanos Nossos predecessores decretaram com o propósito de opor-se aos projectos e esforços da seita maçónica, e tudo que tenham legislado quanto à entrada ou saída de homens de sociedades deste tipo, Nós ractificamos e confirmamos completamente pela nossa autoridade apostólica: e confiando grandemente na boa intenção dos Cristãos, Nós rogamos e imploramos a cada um, pela sua salvação eterna, para ser o mais conscienciosamente cuidadoso para não divergir o mínimo que seja daquilo que a Sé Apostólica tem ordenado neste assunto.

31. Nós vos rogamos e imploramos, veneráveis irmãos, a juntar os vossos esforços com os Nossos, e esforçadamente lutar pela extirpação desta praga maligna, que está se esgueirando através das veias do corpo da política. Vós deveis defender a glória de Deus e a salvação do vosso próximo; e com o objectivo do vosso combate à vossa frente, nem coragem nem força irão faltar. Será pela vossa prudência que julgareis por quais modos podeis melhor sobrepujar as dificuldades e obstáculos com os quais vos encontrardes. Mas, como pertence à autoridade de Nosso ofício que Nós mesmos apontemos algumas maneiras apropriadas de procedimento, Nós desejamos que o vosso primeiro acto seja arrancar a máscara da Maçonaria, e deixar que ela seja vista como realmente é; e por sermões e cartas pastorais instruir o povo quanto aos artifícios usados pelas sociedades deste tipo para seduzir os homens e persuadi-los a entrar nas suas fileiras, e quanto à perversidade das suas ações e à maldade de seus actos. Como os Nossos predecessores por muitas vezes repetiram, que nenhum homem pense que possa por qualquer razão que seja juntar-se à seita maçónica, se dá valor ao seu nome Católico e à sua salvação eterna como deveria valorizá-los. Que nenhum seja enganado por uma pretensão de honestidade. Pode parecer a alguns que os Maçons não exigem nada que seja abertamente contrário à religião e à moral; mas, como todo o princípio e objetivo da seita está naquilo que é vicioso e criminoso, ajuntar-se com estes homens, ou de algum modo ajudá-los, não pode ser legítimo.

32. Além disso, por assíduos ensinamentos e exortações, a multidão precisa ser levada a aprender diligentemente os preceitos da religião; para este propósito Nós encarecidamente recomendamos que por oportunos escritos e sermões lhes sejam ensinados os elementos daquelas sagradas verdades nas quais a filosofia Cristã está contida. O resultado disto será que as mentes dos homens serão fortalecidas pela instrução, e serão protegidas contra muitas formas de erro e induções à depravação, especialmente na presente liberdade de escrita sem limites e insaciável desejo de aprender.

33. Grande, realmente, é a obra; mas nela o clero irá compartilhar os vossos trabalhos, se, através de vosso cuidado, eles estiverem à altura disto através do aprendizado e de uma vida bem orientada. Este bom e grande trabalho requer também o auxílio da indústria daqueles entre os leigos em que um amor pela religião e pela pátria existe ao lado da instrução e retidão de vida. Unindo os esforços do clero e dos leigos, batalhai, veneráveis irmãos, para fazer os homens conhecer e amar completamente a Igreja; pois, quanto maior o seu conhecimento e amor pela Igreja, mais se desviarão das sociedades clandestinas.

34. Por este motivo, não sem causa Nós usamos esta ocasião para declarar novamente o que nós declaramos em outro lugar, ou seja, que a Ordem Terceira de São Francisco, cuja disciplina Nós algum tempo atrás prudentemente mitigámos 16, deveria ser reflectidamente promovida e sustentada; pois todo o objectivo desta Ordem, como constituída por seu fundador, é convidar os homens a uma imitação de Jesus Cristo, a um amor à Igreja, e à observância de todas as virtudes Cristãs; e portanto deveria ser de grande influência em suprimir o contágio das sociedades pervertidas. Que, portanto, esta santa irmandade possa ser fortalecida por um crescimento diário. Entre os muitos benefícios a serem esperados estará o grande benefício de voltar as mentes dos homens à liberdade, fraternidade e igualdade de direito; não como os Maçons absurdamente imaginam, mas como Jesus Cristo obteve para o género humano e aos quais São Francisco aspirou: a liberdade, Nós queremos dizer, de filhos de Deus, através da qual nós podemos ser livres da escravidão a Satanás ou às nossas paixões, ambos os mais perversos mestres; a fraternidade cuja origem está em Deus, o Criador comum e Pai de todos; a igualdade a qual, fundada na justiça e caridade, não remove todas as distinções entre os homens, mas, das variedades da vida, dos deveres, e das ocupações, forma aquela união e aquela harmonia que naturalmente tende ao benefício e dignidade da sociedade.

35. Em terceiro lugar, há um assunto sabiamente instituído pelos nossos ancestrais, mas no decorrer do tempo deixado de lado, que pode agora ser usado como um padrão e forma de algo semelhante. Nós queremos dizer as associações ou organizações de trabalhadores, para proteger, sob a direcção da religião, os seus interesses temporais e a sua moralidade. Se os nossos ancestrais, por longa prática e experiência, sentiram o benefício destas associações, a nossa época irá, talvez, senti-lo ainda mais por causa da oportunidade que eles darão de esmagar o poder das seitas. Aqueles que se sustentam a si próprios pelo trabalho das suas mãos, além de serem, pela sua própria condição, mais dignos acima de todos os outros de caridade e consolação, são também especialmente expostos às tentações de homens cujos caminhos estão na fraude e no engano. Portanto, devem ser ajudados com a maior bondade possível, a ser convidados a juntar-se a associações que são boas, para que não sejam arrastados para outras que são malignas. Por esta razão, Nós grandemente desejamos, pela salvação das pessoas, que, sob os auspícios e patrocínio dos bispos, e em oportunidades convenientes, estas associações possam ser restauradas de uma maneira generalizada. Para Nossa grande alegria, irmandades deste tipo e também associações de mestres, já foram estabelecidas em muitos lugares, tendo, cada classe delas, por seu objetivo ajudar os trabalhadores honestos, a proteger e guardar as suas crianças e famílias, e a promover neles a piedade, o conhecimento Cristão, e uma vida moral. E neste assunto Nós não podemos omitir mencionar aquela sociedade exemplar, denominada de acordo com o seu fundador, São Vicente, que tem merecido tanto das classes mais baixas. Os seus actos e os seus alvos são bem conhecidos. Todo o seu objectivo é dar alívio ao pobre e miserável. Faz isto com singular prudência e modéstia; e quanto menos ela deseja ser notada, mais ela se adequa ao exercício da caridade Cristã, e para o alívio dos sofredores.

36. Em quarto lugar, de modo a mais facilmente atingir o que Nós desejamos, à vossa fidelidade e vigilância Nós recomendamos de um modo especial os jovens, como sendo a esperança da sociedade humana. Devotai a maior parte do vosso cuidado à sua instrução; e não penseis que qualquer precaução possa ser grande o suficiente para mantê-los afastados de mestres e escolas aonde o hálito pestilento das seitas deva ser temido. Sob a vossa direcção, deixem os pais, instrutores religiosos, e padres tendo a cura de almas, usar cada oportunidade, no seu ensinamento Cristão, para advertir as suas crianças e pupilos, da natureza infame destas sociedades, para que possam aprender em bom tempo a terem cuidado com os variados e fraudulentos artifícios pelos quais os seus promotores costumam laçar as pessoas. E aqueles que instruem os jovens no conhecimento religioso agirão sabiamente se induzirem todos eles a resolverem-se e comprometerem-se a nunca se ligar a qualquer sociedade sem o conhecimento de seus pais, ou o conselho de seu padre ou director.

37. Nós bem sabemos, entretanto, que os nossos esforços unidos não serão de modo algum suficientes para arrancar estas sementes perniciosas do campo do Senhor, a menos que o Celestial Mestre da vinha misericordiosamente nos ajude nos nossos esforços. Nós precisamos, portanto, com grande e ansioso cuidado, implorar dele a ajuda que a grandeza do perigo e da necessidade requer. A seita da Maçonaria mostra-se insolente e orgulhosa de seu sucesso, e parece que não colocará limites à sua pertinácia. Os seus seguidores, unidos por perversos acordos e por conselhos secretos, ajudam-se uns aos outros, e excitam-se uns aos outros a uma audácia nas coisas malignas. Um ataque tão veemente exige uma igual defesa - especificamente, que todos os homens de bem formem a mais abrangente associação possível de acção e de oração. Nós lhes imploramos, portanto, com corações unidos, a permanecer unidos e firmes contra as forças das seitas que avançam; e em aflição e súplica estender suas mãos a Deus, orando que o nome Cristão possa florescer e prosperar, que a Igreja possa desfrutar da sua necessária liberdade, que aqueles que se extraviaram possam retornar a uma mente recta, que o erro difundido possa dar lugar à verdade, e o vício à virtude. Tomemos como nossa auxiliadora e intercessora a Virgem Maria, Mãe de Deus, para que ela, que desde o momento de sua concepção derrotou Satanás possa mostrar o seu poder sobre estas seitas malignas, nas quais revive o contumaz espírito do demónio, juntamente com sua perfídia insubmissa e enganosa. Imploremos a Miguel, o príncipe dos anjos celestes, que lançou fora o infernal inimigo; e José, o esposo da Santíssima Virgem, e patrono celeste da Igreja Católica; e os grandes Apóstolos, Pedro e Paulo, os pais e campeões vitoriosos da fé Cristã. Pelo seu patrocínio, e pela perseverança na união de oração, Nós esperamos que Deus irá misericordiosamente e oportunamente socorrer o género humano, que é rodeado por tantos perigos.

38. Como garantia dos dons celestes e de Nossa benevolência, Nós amorosamente concedemos no Senhor a vós, veneráveis irmãos, e ao clero e todo o povo confiado ao vosso vigilante cuidado, Nossa bênção apostólica.

Dado em Roma, junto de S. Pedro, no vigésimo dia de abril de 1884, o sexto ano de Nosso pontificado.

LEÃO XIII

Nota: Revisão da tradução portuguesa por ama.
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Notas:
13 Trid., sess. VI, De justif, c. 1. Texto do Concílio de Trento: "tametsi in eis (sc. Judaeis) liberum arbitrium minime extinctum esset, viribus licet attenuatum et inclinatum."
14 Ver Arcanum, no. 81.
15 Epistola 137, ad Volusianum, c. v, n. 20 (PL 33, 525).
16 (17 de setembro de 1882), na qual o Papa Leão XIII tinha recentemente glorificado S. Francisco de Assis por ocasião do sétimo centenário de seu nascimento. Nesta encíclica, o Papa apresentou a Ordem Terceira de S. Francisco como uma resposta Cristã aos problemas sociais da época. A constituição Misericors Dei filius (23 de junho de 1883) expressamente relembrou que a negligência com a qual as virtudes Cristãs são tidas é a causa principal dos males que ameaçam as sociedades. Confirmando a regra da Ordem Terceira e adaptando-a às necessidades dos tempos modernos, o Papa Leão XIII tencionava trazer de volta o maior número possível de almas à prática destas virtudes.

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