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22/07/2012

Leitura espiritual para 22 Jul 2012

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mt 28, 1-20


1 Passado o sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, foi Maria Madalena e a outra Maria visitar o sepulcro. 2 Eis que se deu um grande terramoto, porque um anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, removeu a pedra do sepulcro e sentou-se sobre ela. 3 O seu aspecto era como um relâmpago e o seu vestido branco como a neve. 4 Com o temor que tiveram dele, aterraram-se os guardas, e ficaram como mortos. 5 Mas o anjo, tomando a palavra, disse às mulheres: «Vós não temais, porque sei que procurais a Jesus, que foi crucificado. 6 Ele não está aqui. Ressuscitou como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o Senhor esteve depositado. 7 Ide já dizer aos Seus discípulos que Ele ressuscitou; e eis que vai adiante de vós para a Galileia; lá O vereis. Eis que eu vo-lo disse». 8 Saíram logo do sepulcro com medo e grande alegria e correram para dar a notícia aos discípulos. 9 E eis que Jesus lhes saiu ao encontro e lhes disse: «Deus vos salve». Elas aproximaram-se, abraçaram os Seus pés e prostraram-se diante d'Ele. 10 Então disse-lhes Jesus: «Não temais; ide dizer aos Meus irmãos que vão para a Galileia; lá Me verão». 11 Enquanto elas iam a caminho, alguns dos guardas foram à cidade e noticiaram aos príncipes dos sacerdotes tudo o que tinha sucedido. 12 Tendo-se eles reunido com os anciãos, depois de tomarem conselho, deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, 13 dizendo-lhes: «Dizei: “Os Seus discípulos vieram de noite e, enquanto nós estávamos a dormir, roubaram-n'O”. 14 Se chegar isto aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e estareis seguros». 15 Eles, recebido o dinheiro, fizeram como lhes tinha sido indicado. E esta notícia divulgou-se entre os Judeus e dura até ao dia de hoje. 16 Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. 17 Quando O viram, adoraram-n'O; alguns, porém, duvidaram. 18 Jesus, aproximando-Se, falou-lhes assim: «Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra. 19 Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-as a cumprir todas as coisas que vos mandei. Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo».




Ioannes Paulus PP. II
Ut unum sint
sobre o Empenho Ecuménico
…/5

O diálogo com as Igrejas do Oriente

50. A este propósito e antes de mais, deve-se constatar, com especial gratidão à Providência divina, que a ligação com as Igrejas do Oriente, deteriorada ao longo dos séculos, foi revigorada com o Concílio Vaticano II. Os observadores destas Igrejas, presentes no Concílio ao lado de representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais do Ocidente, manifestaram publicamente, num momento tão solene para a Igreja Católica, a vontade comum de procurar a comunhão.

Por sua vez, o Concílio testemunhou, com objectividade e profundo afecto, a sua consideração pelas Igrejas do Oriente, pondo em relevo o seu carácter eclesial e os vínculos objectivos de comunhão que as unem à Igreja Católica. Afirma o Decreto sobre o ecumenismo: «Pela celebração da Eucaristia do Senhor, em cada uma dessas Igrejas, a Igreja de Deus é edificada e cresce», acrescentando, como consequência, que essas Igrejas «embora separadas, têm verdadeiros sacramentos, e principalmente em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia, ainda se unem muito intimamente connosco». 82

Nas Igrejas do Oriente, sobressai a sua grande tradição litúrgica e espiritual, o carácter específico do seu desenvolvimento histórico, os ordenamentos seguidos por elas desde os primeiros tempos e sancionados pelos Santos Padres e pelos Concílios ecuménicos, o seu modo próprio de enunciar a doutrina. Tudo isto na convicção de que a legítima diversidade não se opõe de forma alguma à unidade da Igreja, antes aumenta o seu decoro e contribui significativamente para o cumprimento da sua missão.

O Concílio Ecuménico Vaticano II, querendo basear o diálogo sobre a comunhão existente, chama a atenção precisamente para a rica realidade das Igrejas do Oriente: «Em vista disto, o Sagrado Concílio exorta a todos, mormente aos que pretendem dedicar-se à restauração da plena comunhão desejada entre as Igrejas Orientais e a Igreja Católica, a que tenham na devida consideração esta peculiar condição da origem e do crescimento das Igrejas do Oriente e da índole das relações que vigoravam entre elas e a Sé Romana antes da separação. Procurem apreciar rectamente todos estes factores». 83

51. Esta indicação conciliar foi fecunda quer para as relações de fraternidade, que se foram desenvolvendo através do diálogo da caridade, quer para a discussão doutrinal no âmbito da Comissão mista internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa no seu conjunto. Aquela indicação foi igualmente rica de frutos nas relações com as antigas Igrejas do Oriente.

Tratou-se de um processo lento e trabalhoso, mas que se tornou fonte de muita alegria; e foi também apaixonante, porque permitiu reencontrar progressivamente a fraternidade.

O restabelecimento dos contactos

52. Relativamente à Igreja de Roma e ao Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, o processo a que acabámos de aludir teve início graças à recíproca abertura manifestada pelos Papas João XXIII e Paulo VI, de um lado, e pelo Patriarca Ecuménico Atenágoras I e seus sucessores, do outro. A mudança operada teve a sua expressão histórica no acto eclesial com que «se tirou da memória e do meio das Igrejas» 84 a recordação das excomunhões que novecentos anos antes, em 1054, se tinham tornado símbolo do cisma entre Roma e Constantinopla. Aquele evento eclesial, tão denso de empenho ecuménico, verificou-se nos últimos dias do Concílio, a 7 de Dezembro de 1965. A Assembleia Conciliar concluía-se assim com um acto solene, que era simultaneamente purificação da memória histórica, perdão recíproco e compromisso solidário na busca da comunhão.

Este gesto tinha sido precedido pelo encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I, em Jerusalém, no mês de Janeiro de 1964, durante a peregrinação daquele à Terra Santa. Naquela ocasião, ele pôde encontrar também o Patriarca ortodoxo de Jerusalém, Benedictos. Em seguida, o Papa Paulo VI fora visitar o Patriarca Atenágoras a Fanar (Istambul), no dia 25 de Julho de 1967, e, no mês de Outubro do mesmo ano, o Patriarca era solenemente acolhido em Roma. Estes encontros na oração apontavam o caminho a seguir para a aproximação entre a Igreja do Oriente e a Igreja do Ocidente, e o restabelecimento da unidade que existia entre elas no primeiro milénio.

Depois da morte do Papa Paulo VI e do breve pontificado do Papa João Paulo I, quando me foi confiado o ministério de Bispo de Roma, considerei ser um dos primeiros deveres do meu serviço pontifício renovar um contacto pessoal com o Patriarca ecuménico Dimítrios I, que entretanto tinha assumido, na Sé de Constantinopla, a sucessão do Patriarca Atenágoras. Durante a minha visita a Fanar, no dia 29 de Novembro de 1979, pudemos — o Patriarca e eu — decidir a inauguração do diálogo teológico entre a Igreja Católica e todas as Igrejas Ortodoxas em comunhão canónica com a Sé de Constantinopla. Importa acrescentar, a este propósito, que então estavam já em curso os preparativos para a convocação do futuro Concílio das Igrejas Ortodoxas. A procura da sua harmonia é um contributo para a vida e a vitalidade daquelas Igrejas irmãs, e isto em consideração também da função que elas são chamadas a desempenhar no caminho para a unidade. O Patriarca Ecuménico quis retribuir-me a visita que lhe tinha feito em Novembro de 1979, pelo que, em Dezembro de 1987, tive a alegria de o acolher em Roma, com afecto sincero e a solenidade que lhe era devida. Neste contexto de fraternidade eclesial, recorde-se o costume, assente já há vários anos, de acolher em Roma, na festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, uma delegação do Patriarcado Ecuménico, tal como o de enviar a Fanar uma delegação da Santa Sé à solene celebração de Santo André.

53. Estes contactos regulares permitem, além do mais, um intercâmbio directo de informações e pareceres para uma coordenação fraterna. Por outro lado, a nossa mútua participação na oração habitua-nos de novo a viver lado a lado, induz-nos a acolher juntos e, consequentemente, a pôr em prática a vontade do Senhor para a sua Igreja.

Ao longo do caminho que percorremos do Concílio Vaticano II em diante, ocorre mencionar pelo menos dois acontecimentos particularmente significativos e de grande relevo ecuménico nas relações entre o Oriente e o Ocidente: em primeiro lugar, o Jubileu de 1984, promovido para comemorar o XI centenário da obra evangelizadora dos Santos Cirilo e Metódio, e que me consentiu proclamar co-patronos da Europa estes dois Apóstolos dos Eslavos, mensageiros da fé. Já o Papa Paulo VI, em 1964, durante o Concílio, tinha proclamado S. Bento patrono da Europa. Associar os dois irmãos de Tessalónica ao grande fundador do monaquismo ocidental serve indirectamente para pôr em destaque aquela dúplice tradição eclesial e cultural tão significativa para os dois mil anos de cristianismo que caracterizaram a história do continente europeu. Por isso, não é supérfluo recordar que Cirilo e Metódio provinham do âmbito da Igreja Bizantina do seu tempo, época em que ela estava em comunhão com Roma. Ao proclamá-los, juntamente com S. Bento, patronos da Europa, desejava não apenas confirmar a verdade histórica sobre o cristianismo no continente europeu, mas também fornecer um tema importante àquele diálogo entre o Oriente e o Ocidente, que suscitou tantas esperanças no pós-Concílio. A Europa encontra as suas raízes espirituais tanto em S. Bento, como nos Santos Cirilo e Metódio. Agora que o segundo milénio do nascimento de Cristo chega ao seu termo, eles hão-de ser venerados conjuntamente, como patronos do nosso passado e como santos a quem as Igrejas e as nações do continente europeu confiam o seu futuro.

54. O outro acontecimento que me apraz recordar, é a celebração do Milénio do Baptismo da Rus' (988-1988). A Igreja Católica, e de modo particular esta Sé Apostólica, quis tomar parte nas celebrações jubilares, e procurou sublinhar como o Baptismo conferido, em Kiev, a S. Vladimiro fora um dos acontecimentos centrais para a evangelização do mundo. A ele devem a sua fé, não apenas as grandes nações eslavas do Leste europeu, mas também aqueles povos que vivem para além dos Montes Urais até ao Alasca.

E, nesta perspectiva, encontra a sua motivação mais profunda, aquela afirmação, que usei várias vezes: a Igreja deve respirar com os seus dois pulmões! No primeiro milénio da história do cristianismo, essa frase referia-se sobretudo ao binómio Bizâncio-Roma; desde o baptismo da Rus' para a frente, ela vê alargarem-se os seus confins: a evangelização estendeu-se a um âmbito muito mais vasto, a ponto de abraçar praticamente a Igreja inteira. Se se considera ainda que esse acontecimento salvífico, verificado ao longo das margens do Dniepre, remonta a uma época em que a Igreja no Oriente e no Ocidente não estava dividida, compreende-se claramente como a perspectiva a seguir para a plena comunhão, seja aquela da unidade na legítima diversidade. Isto mesmo o afirmei vigorosamente na Epístola encíclica Slavorum apostoli, 85 dedicada aos Santos Cirilo e Metódio, e na Carta apostólica Euntes in mundum, 86 dirigida aos fiéis da Igreja Católica na comemoração do Milénio do Baptismo da Rus' de Kiev.

Igrejas irmãs

55. No seu horizonte histórico, o Decreto conciliar Unitatis redintegratio tem presente a unidade que, apesar de tudo, se viveu no primeiro milénio. Tal unidade assume, em determinado sentido, a configuração de modelo: «É grato ao sagrado Concílio trazer à memória de todos o facto de que no Oriente florescem muitas Igrejas particulares ou locais, entre as quais sobressaem as Igrejas Patriarcais; não poucas delas se gloriam de ter origem nos próprios Apóstolos». 87 O caminho da Igreja tem início em Jerusalém, no dia do Pentecostes, e todo o seu desenvolvimento primordial, na oikoumene de então, se concentrava ao redor de Pedro e dos Onze (cf. Act 2, 14). As estruturas da Igreja no Oriente e no Ocidente foram-se naturalmente formando na linha daquele património apostólico. A sua unidade, dentro do primeiro milénio, mantinha-se naquelas mesmas estruturas, por meio dos Bispos, sucessores dos Apóstolos, em comunhão com o Bispo de Roma. Se hoje, no final do segundo milénio, procuramos restabelecer a plena comunhão, é a esta unidade, assim estruturada, que nos devemos referir.

O Decreto sobre o ecumenismo põe em relevo um outro aspecto característico, pelo qual todas as Igrejas particulares permaneciam na unidade: «a solicitude e o cuidado de conservar na comunhão de fé e caridade aquelas relações fraternas que devem vigorar entre as Igrejas locais como entre irmãs». 88

56. Após o Concílio Vaticano II e retomando tal tradição, restabeleceu-se o uso de atribuir a denominação de «Igrejas irmãs» às Igrejas particulares ou locais reunidas ao redor do seu bispo. Também a supressão das recíprocas excomunhões, removendo um doloroso obstáculo de ordem canónica e psicológica, foi um passo muito significativo no caminho para a plena comunhão.

As estruturas de unidade, que existiam antes da divisão, são um património de experiência que guia o nosso caminho para o reencontro da plena comunhão. Obviamente, durante o segundo milénio, o Senhor não cessou de dar à sua Igreja abundantes frutos de graça e de crescimento. Mas, infelizmente, o progressivo afastamento recíproco entre as Igrejas do Ocidente e do Oriente privou-as das riquezas dos dons e ajudas mútuas. Impõe-se realizar, com a graça de Deus, um grande esforço para restabelecer entre elas a plena comunhão, fonte de tantos bens para a Igreja de Cristo. Tal esforço requer toda a nossa boa vontade, a oração humilde e uma colaboração perseverante que nada deve desencorajar. S. Paulo incita-nos: «Levai os fardos uns dos outros» (Gal 6, 2). Como se adapta bem a nós e é tão actual esta exortação do Apóstolo! A denominação tradicional de «Igrejas irmãs» deveria acompanhar-nos incessantemente neste caminho.

57. Como almejava o Papa Paulo VI, o nosso claro objectivo é reencontrarmos juntos a plena unidade na legítima diversidade: «Deus concedeu-nos receber na fé este testemunho dos Apóstolos. Por meio do baptismo, nós somos um só em Cristo (cf. Gal 3, 28). Em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia unem-nos mais intimamente; participando nos dons de Deus à sua Igreja, estamos em comunhão com o Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo (...). Em cada Igreja local, realiza-se este mistério do amor divino. Porventura não é este o motivo da expressão tradicional e tão bela "Igrejas irmãs", com que gostavam de se designar as Igrejas locais? (cf. Decreto Unitatis redintegratio, 14). Esta vida de Igrejas irmãs, vivemo-la nós durante séculos, celebrando juntos os Concílios ecuménicos, que defenderam o depósito da fé de qualquer alteração. Agora, após um longo período de divisão e incompreensão recíproca, o Senhor concede redescobrirmo-nos como Igrejas irmãs, não obstante os obstáculos que no passado se colocaram entre nós». 89 Se hoje, às portas do terceiro milénio, procuramos o restabelecimento da plena comunhão, é para a actuação desta realidade que devemos tender, como é a tal realidade que havemos de fazer referência.

O contacto com esta gloriosa tradição é fecundo para a Igreja. Na verdade, como afirma o Concílio, «as Igrejas do Oriente têm desde a origem um tesouro, do qual a Igreja do Ocidente herdou muitas coisas em liturgia, tradição espiritual e ordenação jurídica». 90

A este «tesouro» pertencem também «as riquezas daquelas tradições espirituais, que o monaquismo sobretudo expressou. Pois desde os gloriosos tempos dos Santos Padres floresceu no Oriente aquela elevada espiritualidade monástica, que de lá se difundiu para o Ocidente». 91 Como tive ocasião de assinalar na recente Carta apostólica Orientale lumen, as Igrejas do Oriente viveram com grande generosidade o empenho testemunhado pela vida monástica, «a começar pela evangelização, que é o serviço mais elevado que o cristão pode oferecer ao irmão, para prosseguir em muitas outras formas de serviço espiritual e material. Mais, pode-se dizer que o monaquismo foi na antiguidade — e com interrupções, também em tempos sucessivos — o instrumento privilegiado para a evangelização dos povos». 92

O Concílio não se limita a pôr em relevo tudo aquilo que torna as Igrejas no Oriente e no Ocidente semelhantes entre si. De acordo com a verdade histórica, aquele não hesita em afirmar: «Não admira que alguns aspectos do mistério revelado sejam por vezes apreendidos mais convenientemente e postos em melhor luz por um que por outro. Nestes casos, deve dizer-se que aquelas várias fórmulas teológicas, em vez de se oporem, não poucas vezes se completam mutuamente». 93 O intercâmbio de dons entre as Igrejas, na sua complementaridade, torna fecunda a comunhão.

58. A partir da reafirmação da comunhão de fé que já existe, o Concílio Vaticano II tirou consequências pastorais, úteis para a vida consagrada dos fiéis e para a promoção do espírito de unidade. Por causa dos estreitíssimos vínculos sacramentais existentes entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas, o Decreto Orientalium ecclesiarum pôs em evidência que «a praxe pastoral demonstra, com relação aos irmãos orientais, que se podem e devem considerar as várias circunstâncias das pessoas nas quais nem é lesada a unidade da Igreja, nem há perigos a evitar, mas urgem a necessidade da salvação e o bem espiritual das almas. Por isso, a Igreja Católica, consideradas as circunstâncias de tempos, lugares e pessoas, muitas vezes tem usado e usa de modos de agir mais suaves, a todos dando os meios de salvação e o testemunho de caridade entre os cristãos através da participação nos sacramentos e em outras funções e coisas sagradas». 94

Esta orientação teológica e pastoral com a respectiva experiência feita nos anos do pós-Concílio, foi assumida por ambos os Códigos de Direito Canónico. 95 E o mesmo ficou explicitado, do ponto de vista pastoral, no Directório para a aplicação dos princípios e das normas sobre o ecumenismo. 96

Em matéria tão importante e delicada, é necessário que os Pastores instruam cuidadosamente os fiéis, para que estes conheçam claramente as razões precisas, quer de tal partilha no âmbito do culto litúrgico, quer dos ordenamentos diversos que existem a tal respeito.

Nunca se há-de perder de vista a dimensão eclesiológica da participação nos sacramentos, sobretudo na santa Eucaristia.

Progressos do diálogo

59. Desde a sua criação em 1979, a Comissão mista internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa no seu conjunto trabalhou intensamente, orientando progressivamente a sua pesquisa para aquelas perspectivas que, de comum acordo, tinham sido determinadas com o objectivo de restabelecer a plena comunhão entre as duas Igrejas. Tal comunhão fundada na unidade de fé, em continuidade com a experiência e a tradição da Igreja antiga, encontrará a sua expressão plena na concelebração da santa Eucaristia. Com espírito positivo e baseando-se sobre aquilo que temos em comum, a Comissão mista pôde avançar substancialmente e, como tive ocasião de declarar ao venerado Irmão, Sua Santidade Dimítrios I, Patriarca ecuménico, ela chegou a exprimir «aquilo que a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa já podem professar juntas como fé comum no mistério da Igreja e no vínculo entre a fé e os sacramentos». 97 A Comissão pôde ainda constatar e afirmar que, «nas nossas Igrejas, a sucessão apostólica é fundamental para a santificação e a unidade do povo de Deus». 98 Trata-se de pontos de referência importantes para a continuação do diálogo. Mais: estas afirmações feitas conjuntamente constituem a base que habilita os católicos e os ortodoxos a prestarem desde agora, no nosso tempo, um testemunho comum, fiel e concorde, para que o nome do Senhor seja anunciado e glorificado.

60. Mais recentemente, a Comissão mista internacional realizou um passo significativo na questão tão delicada do método a seguir na busca da plena comunhão entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, questão esta que frequentemente exasperou as relações entre católicos e ortodoxos. Ela pôs as bases doutrinais para uma positiva solução do problema, que se funda sobre a doutrina das Igrejas irmãs. Neste contexto, também apareceu claramente que o método a seguir para a plena comunhão é o diálogo da verdade, alimentado e amparado pelo diálogo da caridade. O reconhecimento às Igrejas Orientais Católicas do direito de se organizarem e realizarem o seu apostolado, bem como o efectivo envolvimento destas Igrejas no diálogo da caridade e no diálogo teológico favorecerão não apenas um respeito recíproco, real e fraterno, entre os ortodoxos e os católicos que vivem no mesmo território, mas também o seu empenho comum na busca da unidade. 99 Um passo em frente foi dado. O empenhamento deve continuar. Já desde agora se pode, porém, constatar uma pacificação dos ânimos, que torna a busca mais fecunda.

Quanto às Igrejas Orientais já em comunhão com a Igreja Católica, o Concílio exprimira o seu apreço nos termos seguintes: «Dando graças a Deus porque muitos filhos orientais da Igreja Católica (...) já vivem em plena comunhão com os irmãos que cultivam a tradição ocidental, este Sagrado Concílio declara que todo este património espiritual, litúrgico e teológico, nas suas diversas tradições, faz parte da plena catolicidade e apostolicidade da Igreja». 100 Certamente as Igrejas Orientais Católicas saberão, no espírito do Decreto sobre o ecumenismo, participar positivamente no diálogo da caridade e no diálogo teológico, quer a nível local quer a nível universal, contribuindo assim para a recíproca compreensão e para uma procura dinâmica da plena unidade. 101

61. Nesta perspectiva, a Igreja Católica nada mais deseja senão a plena comunhão entre Oriente e Ocidente. Para isso, inspira-se na experiência do primeiro milénio. Nesse período, de facto, «o desenvolvimento de diferentes experiências de vida eclesial não impedia que, mediante relações recíprocas, os cristãos pudessem continuar a saborear a certeza de estarem na sua própria casa em qualquer Igreja, porque de todas se elevava, numa admirável variedade de línguas e entoações, o louvor do único Pai, por Cristo, no Espírito Santo; todas se reuniam para celebrar a Eucaristia, coração e modelo da comunidade, não só pelo que diz respeito à espiritualidade ou à vida moral, mas também para a própria estrutura da Igreja, na variedade dos ministérios e dos serviços sob a presidência do Bispo, sucessor dos Apóstolos. Os primeiros Concílios são um testemunho eloquente desta constante unidade na diversidade». 102 Como recompor tal unidade, após quase mil anos? Eis a grande tarefa que a Igreja Católica deve cumprir, e que pesa igualmente sobre a Igreja Ortodoxa. Daqui se compreende toda a actualidade do diálogo, amparado pela luz e pela força do Espírito Santo.

Revisão da tradução portuguesa por ama
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Notas: (em italiano)
82 N. 15.
83 Ibid., 14.
84 Cfr. Dichiarazione comune del Papa Paolo VI e del Patriarca di Costantinopoli Athenagoras I (7 dicembre 1965): Tomos agapis, Vatican-Phanar (1958-1970), Roma-Istanbul 1971, pp. 280-281.
85 Cfr. AAS 77 (1985), 779-813.
86 Cfr. AAS 80 (1988), 935-956; cfr. anche Lett. Magnum Baptismi donum (14 febbraio 1988): AAS 80 (1988), 988 -997.
87 Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 14.
88 Ibid.
89 Breve ap. Anno ineunte (25 luglio 1967): Tomos agapis, Vatican-Phanar (1958-1970), Roma-Istanbul 1971, pp. 388-391.
90 Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 14.
91 Ibid., 15.
92 N. 14: L'Osservatore Romano 2-3 maggio 1995, p. 3.
93 Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 17.
94 N. 26.
95 Cfr. Codice di Diritto Canonico, can. 844, 2 e 3; Codice dei Canoni delle Chiese Orientali, can. 671, 2 e 3.
96 Pontificio Consiglio per la Promozione dell'Unità dei Cristiani, Directoire pour l'application des principes et des normes sur l'Œcuménisme (25 marzo 1993), 122-128: AAS 85 (1993), 1086-1088.
97 Dichiarazione del Sommo Pontefice Giovanni Paolo II e del Patriarca ecumenico Demetrio I (7 dicembre 1987): AAS 80 (1988), 253.
98 Commissione Mista Internazionale per il dialogo Teologico tra la Chiesa Cattolica e la Chiesa Ortodossa nel suo Insieme, Documento Il sacramento dell'Ordine nella struttura sacramentale della Chiesa, in particolare l'importanza della successione apostolica per la santificazione e l'unità del popolo di Dio (26 giugno 1988), 1: Service d'information 68 (1988), 195.
99 Cfr. Giovanni Paolo II, Lettera ai Vescovi del continente europeo circa i rapporti tra cattolici e ortodossi nella nuova situazione dell'Europa centrale e orientale (31 maggio 1991), 6: AAS 84 (1992), 168.
100 Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 17.
101 Cfr. Lett. ap. Orientale Lumen (2 maggio 1995), 24: L'Osservatore Romano 2-3 maggio 1995, p. 5.
102 Cfr. Lett. ap. Orientale Lumen (2 maggio 1995), 24: L'Osservatore Romano 2-3 maggio 1995, p. 4.

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