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15/05/2012

O MILAGRE DE FÁTIMA


Não me refiro a nenhum fenómeno atmosférico actual ou passado. Muito menos estou a falar de um eventual 4º segredo comunicado por Nossa Senhora aos Pastorinhos. Refiro-me a umas declarações do Comandante da GNR de Santarém, já no rescaldo da Operação Fénix 2012, montada para a peregrinação do 12 e 13 de Maio em Fátima. Disse que foi um êxito, quer na segurança rodoviária quer na prevenção criminal. E em relação a este último tema acrescentou que nada de significativo há a registar, a não ser "a entrega de dinheiro na GNR que foi encontrado por um grupo de peregrinos",

Ora aí está o grande milagre. Em época de crise, as pessoas a entregar dinheiro! E não é em nenhuma caixa registadora de nenhuma grande superfície em dias de descontos. É, espante-se, simplesmente entregar dinheiro encontrado e que não nos pertence. Uma situação que, continuando a citar o comandante militar "atesta a seriedade das pessoas que visitam Fátima". Para usar a expressão do C
ardeal Gianfranco Ravasi, na sua homilia, é preciso “sujar as mãos” não para no apropriarmos do que não é nosso ou para participar em negócios pouco transparentes, mas para ajudar os que mais necessitam. Os peregrinos de Fátima escutaram a lição e souberam tirar consequências.

Talvez seja bom lembrar as afirmações de Bento XVI hà 2 anos no avião que o trouxe a Fátima, ao falar da “crise económica, com a sua componente moral, que ninguém pode deixar de ver” e que parte de “um falso dualismo, ou seja de um positivismo económico que julga poder funcionar sem a componente ética... Por isso agora é o momento de ver que a ética não é uma coisa externa, mas interna à racionalidade e ao pragmatismo económico”.

Que não seja preciso haver um milagre dos autênticos para que todos (governantes, políticos, investidores e cidadãos comuns) levemos a sério estas palavras como o fizeram aqueles peregrinos anónimos que hoje são notícia.

Pe. Jorge Margarido Correia
Engº Mecânico. Doutor em Teologia


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