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14/05/2012

Leitura espiritual para 14 Mai 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 11, 1-20


1 Estava doente um homem, chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de Marta, sua irmã. 2 Maria era aquela que ungiu o Senhor com perfume e Lhe enxugou os pés com os seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava doente. 3 Mandaram, pois, suas irmãs dizer a Jesus: «Senhor, aquele que amas está doente». 4 Ouvindo isto, Jesus disse: «Esta doença não é de morte, mas é para glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por ela». 5 Ora Jesus amava Marta, sua irmã Maria e Lázaro. 6 Tendo, pois, ouvido que Lázaro estava doente, ficou ainda dois dias no lugar onde Se encontrava. 7 Depois disto, disse aos Seus discípulos: «Voltemos para a Judeia». 8 Os discípulos disseram-Lhe: «Mestre, ainda há pouco os judeus Te quiseram apedrejar, e Tu vais novamente para lá?». 9 Jesus respondeu: «Não são doze as horas do dia? Aquele que caminhar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; 10 porém, o que andar de noite tropeça, porque lhe falta a luz». 11 Assim falou, e depois disse-lhes: «Nosso amigo Lázaro dorme; mas vou despertá-lo». 12 Os Seus discípulos disseram-Lhe: «Senhor, se ele dorme, também se há-de levantar». 13 Mas Jesus falava da sua morte; e eles julgavam que falava do repouso do sono. 14 Jesus disse-lhes então claramente: «Lázaro morreu, 15 e Eu, por vossa causa, estou contente por não ter estado lá, para que acrediteis; mas vamos ter com ele». 16 Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: «Vamos nós também, para morrer com Ele». 17 Chegou Jesus, e encontrou-o já há quatro dias no sepulcro. 18 Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. 19 Muitos judeus tinham ido ter com Marta e Maria, para as consolarem pela morte de seu irmão. 20 Marta, pois, logo que ouviu que vinha Jesus, saiu-Lhe ao encontro; e Maria ficou sentada em casa.






Ioannes Paulus PP. II
Dominum et vivificantem
sobre o Espírito Santo
na Vida da Igreja e do Mundo

/…2

2. Pai, Filho e Espírito Santo

8. É característica do texto joanino que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam nomeados claramente como Pessoas, a primeira distinta da segunda e da terceira e estas também distintas entre si. Jesus fala do Espírito Consolador, usando por mais de uma vez o pronome pessoal «Ele». E, ao mesmo tempo, em todo o discurso de despedida, torna manifestos aqueles vínculos que unem reciprocamente o Pai, o Filho e o Paráclito. Assim, «o Espírito... procede do Pai» 28 e o Pai «dá» o Espírito 29. O Pai «envia» o Espírito em nome do Filho 30, o Espírito «dá testemunho» do Filho 31. O Filho pede ao Pai que envie o Espírito Consolador 32; mas, além disso, afirma e promete, em relação com a sua «partida» mediante a Cruz: «Quando eu fôr, vo-lo enviarei» 33. Portanto, o Pai envia o Espírito Santo com o poder da sua paternidade, como enviou o Filho 34; mas, ao mesmo tempo, envia-o, com o poder da Redenção realizada por Cristo — e neste sentido o Espírito Santo é enviado também pelo Filho: «enviar-vo-lo-ei».

Aqui neste ponto, é preciso notar que, se todas as outras promessas feitas no Cenáculo anunciavam a vinda do Espírito Santo para depois da partida de Cristo, a que é referida por São João no capítulo 16 vv. 7-8 inclui e acentua claramente a relação de interdependência, que se poderia dizer causal, entre as manifestações de um e de outro: «Quando eu for, enviar-vo-lo-ei». O Espírito Santo virá na condição de Cristo partir, mediante a Cruz: virá não só em seguida, mas por causa da Redenção realizada por Cristo, por vontade e obra do Pai.

9. Assim no discurso da Ceia pascal de despedida, atinge-se — por assim dizer — o ápice da revelação trinitária. Ao mesmo tempo, encontramo-nos no limiar de eventos definitivos e de palavras supremas, que por fim se traduzirão no grande mandato missionário, dirigido aos Apóstolos e, mediante eles, à Igreja: «ide, portanto, e ensinai todas as gentes», mandato que contém, em certo sentido, a fórmula trinitária do Baptismo: «baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» 35. A fórmula reflecte o mistério íntimo de Deus, da vida divina, que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo, divina unidade da Trindade. O discurso de despedida pode ser lido como uma preparação especial para esta fórmula trinitária, na qual se exprime o poder vivificante do Sacramento, que opera a participação na vida de Deus uno e trino, porque confere a graça santificante ao homem, como dom sobrenatural. Por meio dela o homem é chamado e «tornado capaz» de participar na imperscrutável vida de Deus.

10. Na sua vida íntima Deus «é Amor» 36, amor essencial, comum às três Pessoas divinas: amor pessoal é o Espírito Santo, como Espírito do Pai e do Filho. Por isso ele «perscruta as profundezas de Deus» 37, como Amor-Dom incriado. Pode dizer-se que, no Espírito Santo, a vida íntima de Deus uno e trino se torna totalmente dom, permuta de amor recíproco entre as Pessoas divinas; e ainda, que no Espírito Santo Deus «existe» à maneira de Dom. O Espírito Santo é a expressão pessoal desse doar-se, desse ser-amor 38. É Pessoa-Amor. É Pessoa-Dom. Temos aqui uma riqueza insondável da realidade e um aprofundamento inefável do conceito de pessoa em Deus, que só a Revelação divina nos dá a conhecer.

Ao mesmo tempo, o Espírito Santo, enquanto consubstancial ao Pai e ao Filho na divindade, é Amor e Dom (incriado) do qual deriva como de uma fonte (fons vívus) toda a dádiva em relação às criaturas (dom criado): a doação da existência a todas as coisas, mediante a criação; e a doação da graça aos homens, mediante toda a economia da salvação. Como escreve o Apóstolo São Paulo: «O amor de Deus foi derramado nos nossos corações por meio do Espírito Santo, que nos foi dado» 39.

3. O dar-se salvífico de Deus no Espírito Santo

11. O discurso de despedida de Cristo, durante a Ceia pascal, está em particular conexão com este «dar» e «dar-se» do Espírito Santo. No Evangelho de São João descobre-se como que a «lógica» mais profunda do mistério salvífico, contido no eterno desígnio de Deus, qual expansão da inefável comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É a «lógica» divina, que leva do mistério da Trindade ao mistério da Redenção do mundo em Jesus Cristo. A Redenção realizada pelo Filho nas dimensões da história terrena do homem — consumada aquando da sua «partida», por meio da Cruz e da Ressurreição — é, ao mesmo tempo, transmitida ao Espírito Santo com todo o seu poder salvífico: transmitida Àquele que «receberá do que é meu» 40. As palavras do texto joanino indicam que, segundo o desígnio divino, a «partida» de Cristo é condição indispensável para o «envio» e para a vinda do Espírito Santo; mas dizem também que começa então a nova auto comunicação salvífica de Deus, no Espírito Santo.

12. É um novo princípio em relação ao primeiro: àquele princípio essencial do dar-se salvífico de Deus, que se identifica com o próprio mistério da criação. Com efeito, lemos já nas primeiras palavras do Livro do Génesis: «No princípio criou Deus o céu e a terra..., e o espírito de Deus (ruah Elohim) adejava sobre as águas» 41. Este conceito bíblico de criação comporta não só o chamamento à existência do próprio ser do cosmos, ou seja, o dom da existência, mas comporta também a presença do Espírito de Deus na criação, isto é, o início do comunicar-se salvífico de Deus às coisas que cria. Isto aplica-se, antes de mais, quanto ao homem, o qual foi criado à imagem e semelhança de Deus: «Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança» 42. «Façamos»: poderá, acaso, dizer-se que o plural, usado aqui pelo Criador ao referir-se a si mesmo, insinua já, de algum modo, o mistério trinitário, a presença da Santíssima Trindade na obra da criação do homem? O leitor cristão, que já conheça a revelação deste mistério, pode descobrir um seu reflexo também nessas palavras. Em todo o caso, o conteúdo do Livro do Génesis permite-nos ver na criação do homem o primeiro princípio do dom salvífico de Deus, na medida daquela «imagem e semelhança» de si mesmo, por Ele outorgada ao homem.

13. Parece, portanto, que as palavras pronunciadas por Jesus no discurso de despedida devem ser relidas também em conexão com aquele «princípio» tão longínquo, mas fundamental, que conhecemos pelo Livro do Génesis. «Se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei». Ao referir-se à sua «partida» como condição da «vinda» do Consolador, Cristo relaciona o novo princípio da comunicação salvífica de Deus no Espírito Santo com o mistério da Redenção. Este é um novo princípio antes de mais nada, porque entre o primeiro princípio e toda a história do homem — a começar da queda original — se interpôs o pecado, que está em contradição com a presença do Espírito de Deus na criação e está, sobretudo, em contradição com a comunicação salvífica de Deus ao homem. São Paulo escreve que, precisamente por causa do pecado, «a criação ... foi submetida à caducidade..., geme e sofre no seu conjunto as dores do parto até ao presente» e «aguarda ansiosamente e revelação dos filhos de Deus» 43.

14. Por isso Jesus Cristo diz no Cenáculo: «É bem para vós que eu vá...»; «Se eu for, enviar-vo-lo-ei» 44. A «partida» de Cristo mediante a Cruz tem a potência da Redenção; e isto significa também uma nova presença do Espírito de Deus na criação: o novo princípio do comunicar-se de Deus ao homem no Espírito Santo. «Porque vós sois seus filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito do seu Filho que clama: Aba! Pai!» — escreve o apóstolo São Paulo, na Carta aos Gálatas 45. O Espírito Santo é o Espírito do Pai, como testemunham as palavras do discurso de despedida, no Cenáculo. Ele é, simultaneamente, o Espírito do Filho: é o Espírito de Jesus Cristo, como viriam a testemunhar os Apóstolos e, de modo particular, Paulo de Tarso 46. No facto de enviar este Espírito «aos nossos corações» começa a realizar-se o que «a própria criação aguarda ansiosamente» como lemos na Carta aos Romanos.

O Espírito Santo vem «à custa» da «partida» de Cristo. Se essa «partida», anunciada no Cenáculo, causava a tristeza dos Apóstolos 47, — a qual devia atingir o seu ponto culminante na paixão e na morte de Sexta-Feira Santa — contudo, a mesma «tristeza havia de converter-se em alegria» 48. Cristo, efectivamente, inserirá na sua «partida» redentora a glória da ressurreição e da ascensão ao Pai. Portanto, a tristeza através da qual transparece a alegria, é a parte que cabe aos Apóstolos na conjuntura da «partida» do seu Mestre, uma partida «benéfica», porque graças a ela havia de vir um outro «Consolador» 49. À custa da Cruz, operadora da Redenção, vem o Espírito Santo, pelo poder de todo o mistério pascal de Jesus Cristo; e vem para permanecer com os Apóstolos desde o dia de Pentecostes, para permanecer com a Igreja e na Igreja e, mediante ela, no mundo.

Deste modo, realiza-se definitivamente aquele novo princípio da comunicação de Deus uno e trino no Espírito Santo, por obra de Jesus Cristo, Redentor do homem e do mundo.

4. O Messias, «ungido com o Espírito Santo»

15. Realizou-se também cabalmente a missão do Messias, isto é, daquele que recebera a plenitude do Espírito Santo, em favor do Povo eleito por Deus e de toda a humanidade. «Messias», literalmente, significa «Cristo», isto é, «Ungido»; e na história da salvação significa «ungido com o Espírito Santo». Esta era a tradição profética do Antigo Testamento. Atendo-se a ela, Simão Pedro, em casa de Cornélio, diria: «Vós conheceis o que aconteceu por toda a Judeia... depois do baptismo pregado por João: como Deus ungiu com o Espírito Santo e com o poder a Jesus de Nazaré» 50.

Destas palavras de São Pedro, e de muitas outras semelhantes 51, é preciso remontar, antes de mais, à profecia de Isaías, algumas vezes chamada «o quinto evangelho», ou então «o evangelho do Antigo Testamento». Isaías, fazendo alusão à vinda dum personagem misterioso, que a revelação neo-testamentária identificará em Jesus, liga a sua pessoa e a sua missão a uma acção particular do Espírito de Deus — Espírito do Senhor. São estas as palavras do Profeta:

«Despontará um rebento do tronco de Jessé, e um renovo brotará da sua raiz.
Sobre ele pousará o espírito do Senhor, espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus, o no temor do Senhor está a sua inspiração» 52.

Este texto é importante para toda a pneumatologia do Antigo Testamento, porque constitui como que uma ponte entre o antigo conceito bíblico do «espírito», entendido primeiro que tudo como «sopro carismático», e o «Espírito» como pessoa e como dom, dom para a pessoa. O Messias da estirpe de David («do tronco de Jessé») é precisamente essa pessoa, sobre a qual «pousará» o Espírito do Senhor. É evidente que, neste caso, não se pode falar ainda da revelação do Paráclito; todavia, com essa alusão velada à figura do futuro Messias, abre-se, por assim dizer, o caminho que, uma vez demandado, vai preparando a revelação plena do Espírito Santo na unidade do mistério trinitário, a qual se tornará manifesta, finalmente, na Nova Aliança.

16. Esse caminho é o próprio Messias. Na Antiga Aliança a unção tinha-se tornado o símbolo externo do dom do Espírito. O Messias, bem mais do que qualquer outro personagem ungido na Antiga Aliança, é o único grande Ungido pelo próprio Deus. É o ungido no sentido de possuir a plenitude do Espírito de Deus. Ele mesmo será também o mediador para ser concedido este Espírito a todo o Povo. Com efeito, são do mesmo Profeta estas outras palavras:

«O espírito do Senhor Deus está sobre mim, Porque o Senhor consagrou-me com a unção; enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres, a pensar as feridas dos corações quebrantados, a proclamar a redenção para os cativos, a libertação para os prisioneiros, a promulgar o ano de misericórdia do Senhor» 53.

O Ungido é também enviado «com o Espírito do Senhor»:
«Agora o Senhor Deus me envia juntamente com o seu espírito» 54.

Segundo o Livro de Isaías, o Ungido e o Enviado juntamente com o Espírito do Senhor é também o eleito Servo do Senhor, sobre o qual repousa o Espírito de Deus:

«Eis o meu servo que eu amparo o meu eleito, no qual a minha alma pôs a sua complacência; fiz repousar sobre ele o meu espírito» 55.

Como é sabido, o Servo do Senhor é revelado no Livro de Isaías como o verdadeiro Homem das dores: o Messias que sofre pelos pecados do mundo 56. E, simultaneamente, é ele mesmo Aquele cuja missão produzirá para toda a humanidade verdadeiros frutos de salvação:

«Ele levará o direito às nações...» 57; e tornar-se-á «a aliança do povo à luz das nações...» 58; «para que leve a minha salvação até aos confins da terra» 59.

Porque:

«O meu Espírito, que desceu sobre ti e as palavras que te pus na boca não se apartarão dos teus lábios nem da boca da tua descendência nem da boca dos descendentes dos teus descendentes,
diz o Senhor, desde agora e para sempre» 60.

Os textos proféticos que acabam de ser apresentados devem ser lidos por nós à luz do Evangelho; o Novo Testamento, por sua vez, adquire um esclarecimento particular da admirável luz contida nestes textos vétero-testamentários. O Profeta apresenta o Messias como aquele que vem com o Espírito Santo, como aquele que possui em si a plenitude deste Espírito; e, ao mesmo tempo, é portador d'Ele para os outros, para Israel, para todas as nações, para toda a humanidade. A plenitude do Espírito de Deus é acompanhada por múltiplos dons, os bens da salvação, destinados de modo particular aos pobres e aos que sofrem - a todos aqueles que abrem os seus corações a esses dons: isso acontece, algumas vezes mediante as experiências dolorosas da própria existência; mas, primeiro que tudo, por aquela disponibilidade interior que vem da fé. O velho Simeão, «homem justo e piedoso», com o qual estava o Espírito Santo, teve a intuição disso, no momento da apresentação de Jesus no Templo, quando vislumbrou n'Ele a «salvação preparada em favor de todos os povos» à custa do grande sofrimento — a Cruz — que ele deveria vir a abraçar juntamente com sua Mãe 61. Disso tinha também e ainda melhor a intuição a Virgem Maria, que havia concebido do Espírito Santo 62, quando meditava no seu coração os «mistérios» do Messias, ao qual estava associada 63.

17. É conveniente sublinhar, aqui neste ponto, que o «espírito do Senhor», que «se pousa» sobre o futuro Messias, é, claramente, antes de mais nada um dom de Deus para a pessoa deste Servo do Senhor. Mas ele não é uma pessoa isolada e independente, pois opera por vontade do Senhor, com o poder da sua decisão ou escolha. Se bem que à luz dos textos de Isaías a obra salvífica do Messias, Servo do Senhor, inclua a acção do Espírito que se desenrola mediante ele próprio, todavia no seu contexto vétero-testamentário não é sugerida a distinção dos sujeitos ou das Pessoas divinas, tais como subsistem no mistério trinitário e serão reveladas depois no Novo Testamento. Quer em Isaías, quer em todo o Antigo Testamento, a personalidade do Espírito Santo acha-se completamente escondida: escondida na revelação do único Deus, bem como no anúncio profético do futuro Messias.

18. No início da sua actividade messiânica, Jesus Cristo socorrer-se-á deste anúncio, contido nas palavras de Isaías. Isso aconteceria na cidade de Nazaré, onde ele tinha transcorrido trinta anos de vida, na casa de José, o carpinteiro, ao lado de Maria, a Virgem sua Mãe. Quando lhe foi dada a ocasião de tomar a palavra na Sinagoga, tendo aberto o Livro de Isaías, encontrou a passagem em que está escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim; por isso me consagrou com a unção»; e depois de ter lido este texto, disse aos presentes: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura que acabais de ouvir» 64. Deste modo, confessou e proclamou ser Aquele que «foi ungido» pelo Pai, ser o Messias, isto é, Aquele no qual tem a sua morada o Espírito Santo como dom do próprio Deus, Aquele que possui a plenitude deste Espírito, Aquele que marca o «novo princípio» do dom que Deus concede à humanidade no Espírito Santo.

5. Jesus de Nazaré, «elevado» no Espírito Santo

19. Embora Jesus não seja recebido como Messias na sua terra de Nazaré, todavia, ao iniciar a sua actividade pública, a sua missão messiânica no Espírito Santo foi revelada ao Povo por João Batista, filho de Zacarias e de Isabel. Ele anuncia, junto do Jordão, a vinda do Messias e administra o baptismo de penitência. Ele diz: «Eu baptizo-vos com água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu, a quem eu não sou digno nem sequer de desatar as correias das sandálias: ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo» 65.

João Baptista anuncia o Messias — Cristo, não apenas como Aquele que «vem» com o Espírito Santo, mas como Aquele que também «é portador» do Espírito Santo, como seria melhor revelado por Jesus no Cenáculo. João torna-se, quanto a isto, o eco fiel das palavras de Isaías; palavras que, proferidas pelo antigo Profeta, diziam respeito ao futuro, ao passo que no seu ensino, nas margens do Jordão, constituem a introdução imediata à nova realidade messiânica. João é não só profeta, mas também mensageiro: é o precursor de Cristo. Aquilo que ele anuncia realiza-se diante dos olhos de todos. Jesus de Nazaré vem ao Jordão para receber, também ele, o baptismo de penitência. A vista do recém-chegado, João proclama: «Aí está o Cordeiro de Deus, que vai tirar o pecado do mundo» 66. E diz isso por inspiração do Espírito Santo67 dando testemunho do cumprimento da profecia de Isaías. Ao mesmo tempo confessa a fé na missão redentora de Jesus de Nazaré. Nos lábios de João Baptista as palavras «Cordeiro de Deus» encerram uma afirmação da verdade quanto ao Redentor, não menos significativa que as palavras usadas por Isaías: «Servo do Senhor».

Deste modo, com o testemunho de João junto do Jordão, Jesus de Nazaré, rejeitado pelos próprios conterrâneos, é elevado aos olhos de Israel como Messias, ou seja «Ungido» com o Espírito Santo. E o testemunho de João Baptista é corroborado por um outro testemunho de ordem superior, mencionado pelos três Evangelhos Sinópticos. Com efeito, quando todo o povo tinha sido baptizado e no momento em que Jesus, recebido o baptismo, estava em oração, «abriu-se o céu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corporal, como uma pomba» 68; e, simultaneamente, ouviu-se uma voz vinda do céu que dizia: Este é o meu Filho muito amado, no qual pus as minhas complacências» 69.

É uma teofania trinitária, que dá testemunho da exaltação de Cristo, por ocasião do baptismo no Jordão. Ela não só confirma o testemunho de João Baptista, mas revela uma dimensão ainda mais profunda da verdade acerca de Jesus de Nazaré como Messias. Ou seja: o Messias é o Filho muito amado do Pai. A sua exaltação solene não se reduz à missão messiânica do «Servo do Senhor». A luz da teofania do Jordão, esta exaltação alcança o mistério da própria Pessoa do Messias. Ele é exaltado porque é o Filho da complacência divina. A voz do Alto diz: «o meu Filho».

(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
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Notas:
28 Jo 15, 26.
29 Jo 14, 16.
30 Jo 14, 26.
31 Jo 15, 26.
32 Jo 14, 16.
33 Jo, 16, 7.
34 Cf. Jo 3, 16s., 34; 6, 57; 17, 3. 18. 23.
35 Mt 28, 19.
36 Cf. 1 Jo 4, 8. 16.
37 1 Cor 2, 10.
38 Cf. S. TOMÁS DE AQUINO, Summa Theol. Ia, qq. 37-38.
39 Rom 5, 5.
40 Jo 16, 14.
41 Gén 1, 1 s.
42 Gén 1, 26.
43 Rom 8, 19-22.
44 Jo 16, 7.
45 Gál 4, 6; cf. Rom 8, 15.
46 Cf. Gál 4, 6; Flp 1, 19; Rom 8, 11.
47 Cf. Jo 16, 6.
48 Cf. Jo 16, 20.
49 Cf. Jo 16, 7.
50 Act 10, 37 s.
51 Cf. Lc 4, 16-21; 3, 16; 4, 14; Mc 1, 10.
52 Is 11, 1-3.
53 Is 61, 1 s.
54 Is 48, 16.
55 Is 42,1.
56 Cf. Is 53, 5-6. 8.
57 Is 42, 1.
58.Is 42, 6.
59 Is 49, 6.
60 Is 59, 21.
61 Cf. Lc 2, 25-35.
62 Cf. Lc 1, 35.
63 Cf. Lc 2, 19. 51
64 Cf. Lc 4, 16-21; Is 61, 1 s.
65 Lc 3, 16; cf. Mt 3, 11; Mc 1, 7s.; Jo 1, 33.
66 Jo 1, 29.
67 Cf. Jo 1, 33 s.
68 Lc 3, 21 s.; cf. Mt 3, 16; Mc 1, 10.
69 Mt 3, 17.

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