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12/05/2012

Leitura espiritual para 12 Mai 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Jo 10, 1-21




1 «Em verdade, em verdade vos digo que quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. 2 Aquele que entra pela porta é pastor das ovelhas. 3 A este o porteiro abre e as ovelhas ouvem a sua voz, ele as chama pelo seu nome e as tira para fora. 4 Quando as tirou para fora, vai à frente delas e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. 5 Mas não seguem o estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». 6 Jesus disse-lhes esta alegoria, mas eles não compreenderam o que lhes dizia. 7 Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo que Eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos os que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. 9 Eu sou a porta; se alguém entrar por Mim, será salvo, entrará e sairá e encontrará pastagens. 10 O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que elas tenham vida e a tenham abundantemente. 11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas. 12 O mercenário, o que não é pastor, de quem não são próprias as ovelhas, vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge - e o lobo arrebata e dispersa as ovelhas -, 13 porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor; conheço as Minhas ovelhas e as Minhas ovelhas conhecem-Me. 15 Como o Pai Me conhece, assim Eu conheço o Pai; e dou a Minha vida pelas Minhas ovelhas. 16 Tenho outras ovelhas que não são deste redil; importa que Eu as traga; elas ouvirão a Minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor. 17 Se o Pai Me ama, é porque dou a Minha vida para outra vez a assumir. 18 Ninguém Ma tira, mas Eu a dou por Mim mesmo e tenho poder de a dar e tenho poder de a retomar. Este é o mandamento que recebi de Meu Pai». 19 Por causa destas palavras originou-se um novo desacordo entre os judeus.20 Muitos deles diziam: «Ele está possesso do demónio e louco! Porque estais a ouvi-l'O?». 21 Outros diziam: «Estas palavras não são de quem está possesso do demónio! Porventura pode o demónio abrir os olhos aos cegos?».






Ioannes Paulus PP. II
Redemptoris Mater
sobre a Bem Aventurada
Virgem Maria
na vida da Igreja que está a caminho

/…8

3. O sentido do Ano Mariano

48. O vínculo especial da humanidade com esta Mãe foi precisamente o que me levou a proclamar na Igreja, no período que antecede a conclusão do Segundo Milénio do nascimento de Cristo, um Ano Mariano. Uma iniciativa semelhante a esta já se verificou no passado, quando o Papa Pio XII proclamou o ano de 1954 como Ano Mariano, para dar realce à excepcional santidade da Mãe de Cristo, expressa nos mistérios da sua Imaculada Conceição (definida exactamente um século antes) e da sua Assunção ao Céu. 141

Seguindo a linha do Concílio Vaticano II, anima-me o desejo de pôr em relevo a presença especial da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da sua Igreja. Esta é uma dimensão fundamental que dimana da Mariologia do Concílio, de cujo encerramento já nos separam mais de vinte anos. O Sínodo extraordinário dos Bispos, que se realizou em 1985, exortou a todos a seguirem fielmente o magistério e as indicações do Concílio. Pode dizer-se que em ambos - no Concílio e no Sínodo - está contido aquilo que o Espírito Santo deseja "dizer à Igreja" (cf. Apoc 2, 7.17.29; 3, 6.13.22) na fase presente da história.

Neste contexto, o Ano Mariano deverá promover também uma leitura nova e aprofundada daquilo que o Concílio disse sobre a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja, a que se referem as considerações contidas na presente Encíclica. Com esta perspectiva, trata-se não só da doutrina da fé, mas também da vida de fé; e, portanto, da autêntica "espiritualidade mariana", vista à luz da Tradição e, especialmente, daquela espiritualidade a que nos exorta o Concílio. 142 Além disso, a espiritualidade mariana, assim como a devoção correspondente, tem uma riquíssima fonte na experiência histórica das pessoas e das diversas comunidades cristãs, que vivem no seio dos vários povos e nações, sobre toda a face da terra. A este propósito, é-me grato recordar, dentre as muitas testemunhas e mestres de tal espiritualidade, a figura de São Luís Maria Grignion de Montfort, 143 o qual propõe aos cristãos a consagração a Cristo pelas mãos de Maria, como meio eficaz para viverem fielmente os compromissos baptismais. E registo ainda aqui, de bom grado, que também nos nossos dias não faltam novas manifestações desta espiritualidade e devoção.

Há, portanto, pontos de referência seguros para os quais olhar e aos quais ater-se, no contexto deste Ano Mariano.

49. A celebração do mesmo Ano Mariano terá início na Solenidade do Pentecostes no dia 7 de Junho próximo. Trata-se, efectivamente, não apenas de recordar que Maria "precedeu" o ingresso de Cristo Senhor na história da humanidade, mas também de salientar, à luz de Maria, que, desde que se realizou o mistério da Incarnação, a história da humanidade entrou "na plenitude dos tempos" e que a Igreja é o sinal desta plenitude. Como Povo de Deus, a Igreja vai fazendo, mediante a fé, a peregrinação no sentido da eternidade no meio de todos os povos e nações, peregrinação que começou no dia do Pentecostes. A Mãe de Cristo, que esteve presente no princípio do "tempo da Igreja" quando, durante os dias de espera do Espírito Santo, era assídua na oração no meio dos Apóstolos e dos discípulos do seu Filho, "precede" constantemente a Igreja nesta sua caminhada através da história da humanidade. Ela é também aquela que, precisamente como serva do Senhor, coopera sem cessar na obra da salvação realizada por Cristo, seu Filho.
Assim, por meio deste Ano Mariano, a Igreja é chamada não só a recordar tudo o que no seu passado testemunha a especial cooperação materna da Mãe de Deus na obra da salvação em Cristo Senhor, mas também a preparar para o futuro, na parte que lhe toca, os caminhos desta cooperação salvífica, dado que, com o final do Segundo Milénio cristão, se abre como que uma nova perspectiva.

50. Como já tivemos ocasião de recordar, também entre os irmãos desunidos muitos honram e celebram a Mãe do Senhor, especialmente entre os Orientais. É uma luz mariana projectada sobre o Ecumenismo. Mas desejaria aqui recordar ainda, em particular, que durante o Ano Mariano ocorrerá o Milénio do Baptismo de São Vladimiro, Grão-Príncipe de Kiev (a. 988), que deu início ao Cristianismo nos territórios da "Rus'" de então e, em seguida, em todos os territórios da Europa oriental; e que, por esta via, mediante a obra de evangelização, o Cristianismo se estendeu também para além da Europa, até aos territórios setentrionais do Continente asiático. Desejaríamos, portanto, especialmente durante este Ano, unir-nos na oração com todos aqueles que celebram o Milénio desse Baptismo, ortodoxos e católicos, renovando e confirmando com o Concílio, a vivência de sentimentos de alegria e consolação, pelo facto de que "os Orientais... acorrem a venerar a Mãe de Deus, sempre Virgem, com fervor ardente e ânimo devoto". 144 Embora experimentemos ainda os efeitos dolorosos da separação, que se deu alguns decénios depois (a. 1054), podemos dizer que diante da Mãe de Cristo nos sentimos verdadeiros irmãos e irmãs no âmbito daquele Povo messiânico chamado a ser uma única família de Deus sobre a face da terra, como já tive ocasião de anunciar no passado dia de Ano Novo: "Desejamos reconfirmar esta herança universal de todos os filhos e filhas desta terra". 145

Ao anunciar o Ano de Maria, eu precisava ainda que o seu encerramento será no ano seguinte, na solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, querendo realçar "o sinal grandioso no céu" de que fala o Apocalipse. Deste modo, queremos também pôr em prática a exortação do Concílio, que olha para Maria como um "sinal de esperança segura e de consolação para o Povo de Deus peregrino". E essa exortação foi expressa pelo Concílio com as seguintes palavras: "Dirijam todos os fiéis súplicas instantes à Mãe de Deus e Mãe dos homens, para que ela, que assistiu com suas orações aos começos da Igreja, também agora, no Céu, exaltada acima de todos os bem-aventurados e dos anjos, interceda junto de seu Filho, na comunhão de todos os santos, até que todas as famílias dos povos, quer as que ostentam o nome cristão, quer as que ignoram ainda o seu Salvador, se reúnam felizmente, em paz e concórdia, no único Povo de Deus, para glória da santíssima e indivisa Trindade". 146

CONCLUSÃO

51. Ao terminar a Liturgia das Horas quotidiana, entre outras, eleva-se esta invocação da Igreja a Maria:

"Ó Santa Mãe do Redentor, porta do Céu sempre aberta, estrela-do-mar, socorrei o vosso povo, que cai e anela por erguer-se. Vós que gerastes, com grande admiração de todas as criaturas, o vosso santo Genitor"!

"Com grande admiração de todas as criaturas"! Estas palavras da antífona exprimem aquela admiração de fé, que acompanha o mistério da maternidade divina de Maria. E acompanha-o, em certo sentido, no coração de tudo o que foi criado e, directamente, no coração de todo o Povo de Deus, no coração da Igreja.

Quão admiravelmente Deus, Criador e Senhor de todas as coisas, se deixou levar longe na "revelação de si mesmo" ao homem! 147 Quanto se nos torna patente que ele traspôs todos os espaços daquela "distancia" infinita que separa o Criador da criatura! Se Ele, em si mesmo, permanece inefável e imperscrutável, é ainda mais inefável e imperscrutável na realidade da sua Incarnação, no facto de "se ter feito homem", nascendo da Virgem de Nazaré.

Se Ele quis chamar eternamente o homem para ser "participante da natureza divina" (cf. 2 Pdr 1, 4), pode dizer-se que predispôs a "divinização" do homem em função das suas condições históricas, de modo que, mesmo depois do pecado, está disposto a "resgatar" por elevado preço o desígnio eterno do seu amor, mediante a "humanização" do Filho, que lhe é consubstancial. Tudo o que foi criado e, mais directamente, o homem não pode deixar de ficar estupefacto diante deste dom, de que se tornou participante no Espírito Santo: "Com efeito, Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho unigénito" (Jo 3, 16).

No centro deste mistério, no mais vivo desta admiração de fé está Maria. Santa Mãe do Redentor, ela foi a primeira a experimentá-la: "Vós que gerastes, com grande admiração de todas as criaturas, o vosso santo Genitor"!

52. Nas palavras desta antífona litúrgica está expressa também a verdade da "grande mudança de situação" para o homem, determinada pelo mistério da Incarnação. Trata-se de uma autêntica reviravolta, que afecta toda a sua história, desde aquele princípio que nos é revelado nos primeiros capítulos do Génesis, até ao termo derradeiro, na perspectiva do fim do mundo, de que Jesus não nos revelou "o dia nem a hora" (cf. Mt 25, 13). É uma mudança de situação incessante e contínua, entre o cair e o erguer-se, entre o homem do pecado e o homem da graça e da justiça. A liturgia, especialmente no Advento, coloca-se no ponto nevrálgico desta reviravolta e alude ao seu incessante "aqui e agora", ao mesmo tempo que exclama: "Socorrei o vosso povo, que cai e anela por erguer-se"!

Estas palavras referem-se a cada um dos homens, a todas as comunidades humanas, às nações e aos povos, às gerações e às épocas da história humana: referem-se à nossa época, a estes anos do Milénio que está a caminhar para o fim: Socorrei, sim, socorrei o vosso povo que cai"!

É esta a invocação dirigida a Maria, "Santa Mãe do Redentor"; é a invocação dirigida a Cristo, que por meio de Maria entrou na história da humanidade. De ano para ano, a antífona é elevada ao Céu, em louvor de Maria, evocando o momento em que se realizou esta essencial reviravolta histórica, que perdura irreversivelmente: a mudança de situação entre "o cair" e "o erguer-se".

A humanidade fez descobertas admiráveis e alcançou resultados portentosos, no campo da ciência e da técnica; realizou grandes obras nos caminhos do progresso e da civilização; e, nos tempos mais recentes, dir-se-ia que conseguiu acelerar o curso da história; mas a transformação fundamental, a reviravolta que pode dizer-se "original", essa acompanha sempre a caminhada do homem e, através das diversas vicissitudes históricas, acompanha a todos e a cada um dos homens. É a mudança de situação entre "o cair" e "o erguer-se", entre a morte e a vida. Tal reviravolta constitui também um desafio incessante às consciências humanas, um desafio a toda a consciência histórica do homem: o desafio para seguir os caminhos do "não cair", com os recursos sempre antigos e sempre novos, e do "ressurgir", se caiu.

À medida que a Igreja se vai aproximando, juntamente com toda a humanidade, da fronteira entre os dois Milénios, ela por sua parte, com toda a comunidade dos que acreditam em Deus e em comunhão com todos os homens de boa vontade, aceita o grande desafio que se encerra nas palavras da antífona sobre "o povo que cai e anela por erguer-se"; e, conjuntamente, dirige-se ao Redentor e à sua Mãe com a invocação: "Socorrei"! Com efeito, a mesma Igreja vê - e atesta-o esta oração litúrgica - a Bem-aventurada Mãe de Deus no mistério salvífico de Cristo e no seu próprio mistério; vê-a radicada profundamente na história da humanidade, na eterna vocação do homem, segundo o desígnio providencial que Deus predispôs eternamente para ele; vê-a presente como mãe e a participar nos múltiplos e complexos problemas que hoje acompanham a vida das pessoas individualmente, das famílias e das nações; vê-a como auxílio do povo cristão, na luta incessante entre o bem e o mal, para que "não caia" ou, se caiu, para que "se erga".

Faço ardentes votos de que também as reflexões contidas na presente Encíclica aproveitem, para que se renove esta visão no coração de todos os que acreditam.

Como Bispo de Roma, eu envio a todos aqueles a quem estas considerações são destinadas, o ósculo da paz, com saudações e a bênção em nosso Senhor Jesus Cristo. Ámen!

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 25 de Março - Solenidade da Anunciação do Senhor - do ano de 1987, nono do meu Pontificado.

IOANNES PAULUS PP. II

(Nota: Revisão da tradução para português por ama)

Copyright © Libreria Editrice Vaticana
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*Notas (em latim):
(141) Cfr. Litt. Enc. Fulgens Corona (8 Septembris 1953): AAS 45 (1953) 577-592. Pius PP. X Litt. Enc. Ad diem illum (2 Februarii 1904) instante L anno a definito dogmate Immaculatae Conceptionis Beatae Mariae Virginis indixerat et ipse Iubilaeum extra ordinem aliquot mensium: Pii X P. M. Acta, I, 147-166.
(142) Cfr. Const. dogm. Lumen Gentium de Ecclesia, 66, 67.
(143) Cfr. S. LUDOVICUS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, Traité de la vraie dévotion à la sainte Vierge. Cum hoc Sancto sociari merito potest S. Alfonsus Maria de' Liguori, cultus hoc anno celebratur bis centenarius dies mortis. Cfr. inter opera eius: Le glorie di Maria.
(144) Const. dogm. Lumen Gentium de Ecclesia, 69.
(145) Homilia in Petriana Basilica habita die 1 Ianuarii 1987.
(146) Const. dogm. Lumen Gentium de Ecclesia, 69.
(147) Const. dogm. Dei Verbum de Divina Revelatione, 2: « Hac itaque revelatione Deus invisibilis ... ex abundantia caritatis suae homines tamquam amicos alloquitur ... et cum eis conversatur ... ut eos ad societatem Secum invitet in eamque suscipiat ». 

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